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2. Materiais e Métodos

2.3. Protocolo de NRF

Primeira e Segunda Semana

Durante as duas primeiras semanas, iniciou-se o protocolo de NRF com exercícios de cinesioterapia passivos ou ativos assistidos, como exercícios de estação no CEP (Centro de Estação Passiva) durante 3 a 10 minutos, 4 a 6 vezes por dia, de modo a estimular os músculos posturais e os feixes motores descendentes como o feixe vestibuloespinhal e o feixe reticuloespinhal pontino. Após este exercício, com descanso ou não do doente durante 1 a 2 minutos, realizou-se movimentos de bicicleta com estimulação dos recetores sensoriais encontrados na região das almofadas plantares, uma vez que se realizou o exercício na AEC (Almofada de Estimulação Central), tendo sido realizado exercícios de 30 repetições de cada MP, 4 a 6 vezes por dia.

O TL foi dividido em dois tipos de abordagem, consoante a capacidade de movimento do doente, em TLB e em TLQ. No TLB, o doente foi colocado no TR numa posição bípede com ajuda de um técnico de reabilitação do HVA/CRAA, respeitando sempre a estabilidade da coluna vertebral, principalmente nos doentes de maneio pós-cirúrgico, estando outro técnico colocado caudalmente ao dorso do doente a realizar movimentos de bicicleta, tendo em consideração a pressão dos dígitos a nível do tapete rolante. No TLQ, o doente apresentava movimento voluntário dos MT, enquanto os MP eram ajudados como no TLB. O TLB e o TLQ foram prescritos a velocidades entre 1,3 a 2 km/h e sem inclinação, tendo sido realizados durante 3 a 10 minutos, 4 a 6 vezes por dia.

O treino locomotor no TRA (TLTRA) deve respeitar quatro regras impostas pelo reabilitador veterinário: colocação da linha de água a nível do côndilo lateral do fémur, embora no caso de doentes de maneio pós-cirúrgico se reduza a linha da água para uma posição entre esta proeminência óssea e o maléolo lateral da tíbia, de modo a evitar a contaminação da sutura dérmica; estabilização constante da coluna vertebral, utilizando um peitoral no doente com uma trela presa à frente do TRA que deve ser estirada de forma constante, ao mesmo tempo que o reabilitador veterinário realiza os movimentos de bicicleta dos MP, estirando o corpo do doente no sentido contrário; avaliação constante do tónus do músculo reto abdominal, da FR e dos

40 parâmetros de perfusão sanguínea como a coloração das MM e o TRC. O TLTRA foi prescrito uma vez por dia, a uma velocidade entre 1,5 a 2,5 km/h e tempo de duração entre 5 a 10 minutos. Para controlo da possível lactacidémia, os doentes realizaram o TLTRA sempre no período correspondido entre as 9 e as 14 horas. A todos os doentes que foi introduzido o TLTRA, foi realizado um ECG minutos antes e minutos depois do treino aquático, assim como a mensuração do lactato sanguíneo por venopunctura da veia jugular, durante as duas primeiras semanas de NRF.

Sabendo que os doentes com lesão medular toracolombar apresentam hipertonicidade dos músculos antigravitacionais e hipotonicidade do grupo muscular flexor dos MP, os animais do estudo realizaram EEF ao grupo muscular flexor, 2 vezes por dia, de modo a estimular o nervo periférico responsável pela co-contração alfa e gama. Sendo o nervo ciático, o nervo responsável pela contração do grupo muscular flexor, o elétrodo cátodo foi colocado junto à região da saída das raízes nervosas do nervo ciático, entre L6-S1, e o elétrodo ânodo foi colocado junto à região do ponto motor correspondente do grupo muscular flexor. Como resposta positiva a esta estimulação elétrica, pretende-se observar a contração do grupo muscular referido, associado à elevação da cauda e ainda a uma menor contração do grupo muscular flexor do membro contralateral. Com este tipo de abordagem, existe a possibilidade de estimular os ramos do nervo ciático, e ainda todas as interconexões neurais passiveis de estimulação elétrica, de modo a promover a sua neuroplasticidade. Para a modalidade EEF, prescreveu-se um ciclo de trabalho de 1:3 e 1:5, conforme a observação de fatiga muscular, associado a 60Hz e a 6 a 24 mA, com uma corrente bifásica e pulsada de rampa retangular. Terceira e Quarta Semana

Neste período do programa de NRF, a maioria dos animais apresentava locomoção voluntária ou involuntária, nem que esta se apresentasse de uma forma residual com demonstração de parte da flexão da fase de suspensão do andamento. Durante este período temporal, o protocolo consistiu na aplicação dos exercícios de cinesioterapia anteriormente descritos, com aumento da sua duração para 10 a 20 minutos, seguido de TLQ no TR durante 20 minutos, 4 vezes por dia, a uma velocidade de 2,5 a 3 km/h. O TLTRA foi realizado com a linha de água a nível do côndilo lateral do fémur, respeitando as regras descritas anteriormente, a uma velocidade de 2,5 a 3 km/h durante 20 a 30 minutos, uma vez por dia. Introduziu-se exercícios de cinesioterapia ativos assistidos e ativos como marcha em pisos com texturas diferentes, exercícios nas pranchas de desequilíbrio de duas direções e rotatórias, exercícios no trampolim e exercícios de

41 passagem de obstáculos baixos. Todos os exercícios prescritos foram realizados segundo esta sequência em séries de 4 repetições, 4 vezes por dia. Quanto à EEF, foi prescrito como referido anteriormente, mas com um decréscimo no número de aplicações, tendo sido realizado uma vez por dia, dentro da área de conforto do doente.

Quinta e Sexta Semana

Durante estas semanas, os exercícios de cinesioterapia passivos e ativos assistidos foram retirados do plano de NRF, embora o resto do protocolo tenha sido mantido com introdução de exercício de cinesioterapia ativos excêntricos como agachamentos no feijão de fisioterapia com séries de 30 repetições, 4 vezes por dia.

Sétima e Oitava Semana

Nesta fase, os doentes foram submetidos apenas a um treino de resistência composto por TLQ no TR durante 30 minutos, 3 vezes por dia, associado a TLTRA durante 1 hora, com a linha de água a nível do maléolo lateral da tíbia, uma vez por dia. O mesmo circuito de exercícios de cinesioterapia ativos, descrito anteriormente, foi realizado, tendo-se adicionado mais dois exercícios, subir e descer escadas e subir e descer rampas.

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