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3.5.1 Medidas ecológicas

Após coletados os besouros de cada armadilha, foram analisadas as características das espécies apresentadas, abundância ao longo dos meses e preferência alimentar das espécies mais abundantes. Em seguida, a população de besouros de cada ambiente amostrado foi classificada com base em medidas ecológicas tais como: riqueza de espécies, abundância de indivíduos de cada espécie, índices de diversidade (Shannon e Simpson), usados para identificar as diferenças entre os grupos amostrados e equitabilidade (Pielou), que mede a forma de distribuição da abundância total entre as espécies de cada área. Este índice apresenta uma variação entre 0 a 1, de modo que, quanto maior este índice, mais bem distribuída está a abundância entre as espécies de determinada área.

3.5.2 Comparação entre áreas de coleta

As três áreas onde se realizaram as coletas, foram comparadas com base na composição e na abundância das espécies coletadas em cada área, por meio de índices de similaridade. Para esta comparação foram utilizados índices qualitativos (índice de Jaccard) e quantitativos (índices de Bray-Curtis). O índice de Jaccard indica a similaridade das áreas quanto à composição apenas, enquanto o índice de Bray-Curtis leva em consideração a abundância relativa das espécies em cada área de amostragem. Estas análises foram realizadas nos programa PAST 3.1 (PAleontological STatistics, HAMMER et al., 2001), um software livre disponível na internet.

Estudos utilizando esses índices qualitativos e quantitativos são abundantes na literatura (MARTINS et al., 2005; ENDRES et al., 2007; CARVALHO et al., 2008; FALCÃO et al., 2008; SILVA, 2008; PAZ et al. 2008; DE ANDRADE e KUNIYOSHI, 2009; PASSOS et al., 2010; CHIOSSI, 2013; TELES et al., 2013).

Endres et al., (2007) aplicaram o índice qualitativo de Jaccard (que considera presença e ausência de espécies), para comparar a diversidade de Scarabaeidae em duas áreas distintas (Mata Atlântica e Tabuleiro Nordestino), localizadas na Reserva Biológica Guaribas, Estado da Paraíba.

Paz et al., (2008) utilizaram-se do índice quantitativo de Bray-Curtis para analisar a efetividade de áreas protegidas na conservação da qualidade das águas e biodiversidade aquática em sub-bacias no rio das Velhas, em Minas Gerais. Da mesma forma, os índices de Bray-Curtis vêm sendo utilizado amplamente por vários pesquisadores como o principal índice quantitativo em diversas análises de avaliação de qualidade.

3.5.3 Análise das pressões socioambientais

Para a identificação e análise das pressões socioambientais que o Parque sofre, foram colhidos dados através de fotografias, observação a campo, imagem aérea, elementos que foram cotejados com os dispositivos da Legislação Brasileira vigente no que se refere às áreas de proteção integral, dando maior ênfase em relação a lei sobre a categoria “Parque”.

De acordo com o SNUC, as Unidades de Proteção Integral, têm como principal objetivo a conservação da biodiversidade. Entretanto, de acordo com Araújo (2012) apud Pellin et al. (2014), nenhuma das categorias de UC’s estão cumprindo o que a legislação propõe, principalmente a categoria “Parque” que está distante de alcançar os objetivos previstos pela Lei 9.985/2000 quanto à conservação, pesquisa e uso público destas áreas. Pellin et al. (2014) salienta ainda que no caso dos parques próximos a centros urbanos, o desafio de preservação é ainda maior. A multiplicidade de ameaças e pressões que atuam sobre estes ambientes, resulta em alterações significativas nos ecossistemas, colocando a biodiversidade dos parques em risco.

As autoras ainda destacam que quando bem manejadas, estas áreas fornecem múltiplos benefícios à população, muito além da conservação da biodiversidade, mas como um instrumento importante e capaz de despertar sentimentos e interesses em grupos sociais, bem como conectar a sociedade urbana à natureza. Diversos trabalhos abordam sobre as pressões socioambientais que os parques urbanos apresentam frequentemente.

Simon (2005) aborda sobre os conflitos socioambientais e o modelo de gestão do Parque Estadual da Serra da Tiririca. A autora conclui que os conflitos presentes nesta UC são provenientes da falta de adequação do espaço social com o espaço de conservação. Pontua que as dificuldades de conservação se encontram no “... campo da ineficiência estatal, uma vez que o Estado não estaria cumprindo suas atribuições no trato da conservação ”. Sendo assim, os conflitos observados estão “diretamente ligados à incapacidade institucional, técnica, financeira e operacional” que descumprem os objetivos de conservação da UC. A falta de medidas sócio políticas dificulta a relação da população do entorno com a UC (SIMON, 2005, p. 34).

Bueno e Ribeiro (2007) em seus estudos discutem a importância das UC’s e a maneira como estas podem influenciar ou serem influenciadas pela população do entorno do Parque Estadual Sumaúma localizado na zona urbana de Manaus. De acordo com Bueno e Ribeiro (2007, p. 1), transformar uma UC em espaço público disponível a “socialização, aprendizado e lazer, representa um grande desafio e envolve reflexões sobre a ação humana” e os meios de avaliação do processo de transformação ambiental associado a conservação da biodiversidade. Cunha e Araújo (2014), ao desenvolverem um trabalho no Parque Nacional de Ubajara, unidade localizada no norte do Estado do Ceará, com o objetivo de avaliar a efetividade da gestão do Parque, com base nas principais pressões e ameaças presentes nesta UC. Após investigações pontuais e detalhadas de alguns itens essências para a efetivação do plano de manejo da área, constata-se que o índice de gestão do Parque é pouco satisfatório, visto que a unidade apresentou diversos fatores de pressões causadas por atividades potencialmente impactantes. Os autores destacam a presença de moradias, espécies invasoras,

plantas exóticas, esgotos residenciais, lixos, resíduos sólidos, caça, vandalismo entre outros fatores prejudiciais ao Parque. Mesmo sendo uma UC antiga, decretada em 1959 e ampliada no ano de 2002, a situação fundiária do Parque ainda se encontra irregular, apresentando diversas famílias residentes na área. De modo conclusivo, os autores destacam as pressões crescentes e ameaçadoras à biodiversidade destas áreas, tornando cada vez mais indispensável o envolvimento da população do entorno na gestão destas áreas.

Pellin et al. (2014) abordam o caso do Parque Estadual da Pedra Branca, este que é considerado o maior parque urbano do Brasil, situado no estado do Rio de Janeiro, ocupando 10% do território urbano da cidade. Embora o enfoque dado pelas autoras tenha sido os benefícios que o parque oferece a população, vários pontos negativos afloraram em suas entrevistas com o público que frequenta o parque. Na maioria dos casos citados, evidenciou-se como principal problema das Unidades de Conservação em área urbana, a falta de gestão eficiente destas áreas.

No caso do PEVP, além dos registros visuais que trazem à tona as pressões que atuam sobre o Parque, os resultados das análises estatísticas dos bioindicadores coletados em áreas distintas do parque também comprovam a diferença existente entre áreas com diferentes estados de conservação, por meio da diversidade de espécies encontrada em cada sítio de amostragem.

CAPÍTULO 4

BIONDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL E PRESSÕES SOCIOAMBIENTAIS NO PARQUE ESTADUAL VITÓRIO PIASSA

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa. Primeiramente são expostas as análises dos dados ecológicos, acompanhado de o número de indivíduos coletados, identificação das espécies, preferência alimentar, distribuição por área de amostragem, riqueza de espécies e os índices de similaridade e diversidade de cada área. Estes dados estão mais bem exemplificados nos gráficos elaborados a partir dos resultados da pesquisa de campo. Posteriormente são apresentadas e discutidas as pressões socioambientais encontradas no Parque Estadual Vitório Piassa e discutidas à luz da Legislação Brasileira sobre Unidades de Conservação e Meio Ambiente.

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