• Nenhum resultado encontrado

A presente pesquisa que teve um de seus objetivos baseados na coleta e identificação dos bioindicadores de qualidade ambiental presentes no Parque Estadual Vitório Piassa, obteve como resultado das coletas de campo, 945 coleópteros da família Scarabaeidae, subfamília Scarabaeinae, coletados e devidamente identificados.

──────────

15 Disponível em: http://www.patobranco.com/ver-noticia/6511-beto-richa-e-prefeito-zucchi-anunciam- estruturacao-do-parque-ambiental.

As três áreas de coleta apresentaram 22 espécies de nove gêneros diferentes, evidenciando a grande diversidade de insetos ainda presentes naquele ambiente, levando-se em consideração a grande fragmentação florestal e as alterações que o parque vem sofrendo ao longo dos anos. No entanto, um número maior de indivíduos e espécies foi encontrado nas áreas menos antropizadas e fragmentadas do Parque. As principais perturbações ambientais que remetem à fragmentação e à perda de espécies nos ecossistemas são causadas principalmente por pressões antrópicas (WINK, 2005; BEGON et al., 2007; GARDNER et al., 2008). No caso do PEVP, isso se dá principalmente pela proximidade em que o parque se encontra do centro urbano do município de Pato Branco – PR.

A fragmentação de habitats que vem ocorrendo ao longo dos anos tem sido uma das principais causas da extinção de espécies no planeta. Quando grandes áreas são fracionadas, seja por estradas, cidades, lavouras ou várias outras atividades humanas, ocorre o distanciamento entre essas áreas, levando ao aparecimento do efeito de borda e consequente empobrecimento das comunidades presentes nesses ecossistemas (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). O efeito de borda faz com que áreas que antes eram internas, se tornem externas pelo efeito da fragmentação. As áreas 2 e 3 apresentaram um número menor de indivíduos e espécies, o que pode ser resultado do efeito de borda, visto que, estas duas áreas encontrarem-se em sucessivo estágio de regeneração e com presença mínima de vegetação mais densa.

Em vista disso, uma faixa ao longo desse fragmento é exposta às altas temperaturas, ocasionadas pelo aumento da luminosidade solar, frequente incidência de ventos, que causam a derrubada de árvores que antes contribuíam para a manutenção da umidade do solo. Consequentemente, algumas espécies adaptadas aos fatores internos da floresta, como, umidade e sombreamento, são eliminadas por não se adaptarem à nova condição imposta àquele habitat (LAURANCE e VASCONCELOS, 2009). A ausência destes indivíduos, inevitavelmente, atingirá outras guildas, reduzindo assim as interações entre as espécies, causando um efeito em cascata nas demais espécies, por dependerem ecologicamente entre si para sobreviverem (PIRES et al., 2006).

As maiores alterações entre as espécies são encontradas em ambientes altamente fragmentados, o que comprova a relação existente entre a mudança na composição de espécies e a fragmentações de habitats, causados principalmente pelas ações antrópicas nos ambientes naturais (ALMEIDA e LOUZADA, 2009). Algumas espécies são bastante sensíveis aos efeitos da fragmentação de ambientes, como por exemplo, os insetos, sapos, mamíferos e aves insetívoras (BIERREGAARD et al., 1992). Os insetos em especial, são fortemente influenciados pela cobertura do dossel e altura de serapilheira (HALFFTER e ARELLANO,

2002). Frequentemente são percebidos efeitos sobre a riqueza e a composição de espécies destes ambientes fragmentados (PRIMACK e RODRIGUES, 2001; LAURANCE e VASCONCELOS, 2009).

Em relação aos insetos coletados no PEVP, foi possível observar que os besouros encontrados nas áreas de coleta 1 e 2, diferem bastante das espécies apresentadas na área 3 nesta pesquisa. Pode-se observar que a área 1 possui a mesma riqueza de espécies que a área 2 (S = 18), porém, com menor abundância de indivíduos. A área 1 obteve 366 indivíduos de 18 espécies diferentes, já a área 2, apresentou 291 indivíduos de 18 espécies. A área 3 foi a que apresentou o menor número de indivíduos coletados e também a menor riqueza de espécies dentre todas as áreas amostradas. Foram identificados nesta área, 288 indivíduos de 16 espécies.

O fato das áreas 1 e 2 apresentarem o mesmo número de espécies, sendo que estes ambientes se encontram em diferentes estágios de conservação, pode ser explicado através da Hipótese do Distúrbio Intermediário (CONNELL, 1978). Esta teoria afirma que áreas intermediárias podem conter uma alta diversidade, pois podem comportar espécies adaptadas a ambientes mais preservados e também espécies de áreas mais degradadas, ou seja, áreas de florestas e áreas mais abertas (SANTOS, 2004; DIAS et al., 2006; GIACOMINI, 2007; COSTA et al., 2011; FREY, 2011), como é o caso da área de coleta 2. Ricklefs (2010) afirma que quando ocorrem perturbações nas comunidades, isso faz com que novas espécies colonizem o ambiente, iniciando-se assim um ciclo de sucessões por espécies adaptadas às novas condições deste ambiente. Da mesma forma Halffter e Arellano (2002) em estudo que analisou os efeitos da fragmentação sobre a biodiversidade, demonstram que em áreas onde a cobertura florestal foi modificada, espécies nativas foram substituídas por espécies de áreas abertas. Quando estas perturbações são em escala moderada, elas fazem com que uma comunidade se torne um mosaico de fragmentos de habitats em diversos estágios de regeneração, que juntos, englobam todas as espécies inerentes a determinada comunidade. Esta é a ideia que caracteriza a Hipótese do Distúrbio Intermediário proposto por Connell (1978). Este conceito se afirma nos resultados obtidos na pesquisa, pois os índices de diversidade (Shannon e Simpson) que avaliam a relação entre o número de espécies e o número de indivíduos em cada área e o índice de equitabilidade (Pielou) que analisa como está distribuída a abundância total entre as espécies de cada área, foram maiores na área 2. Este sítio de amostragem se caracteriza por sua vegetação secundária e o fato de estar exatamente localizada em uma clareira no meio da mata, favorecendo assim o efeito de borda, estabelece esta relação na riqueza de espécies destas áreas que podem estar em algum momento compartilhando algumas espécies que toleram estes dois ambientes em específico.

Se levarmos em consideração os índices de similaridade, que fazem uma comparação entre as áreas e as agrupa conforme as semelhanças encontradas, é possível identificar, através do índice de Jaccard, que a área 3 é a menos similar dentre as três áreas. Este índice leva em consideração apenas a composição (presença/ausência) de espécies. Este resultado sugere que as espécies encontradas nesta área são diferentes das espécies encontradas nas áreas 1 e 2, comprovando que áreas mais antropizadas e degradadas possuem menor riqueza de espécies. As espécies presentes na área 3 caracterizam um subconjunto das espécies presentes nas outras áreas, com exceção de duas espécies que foram restritas a essa área: Cantidium lucidum e

Onhetrus sulcator, entretanto, estas espécies foram singletons, apresentando somente um

indivíduo de cada espécie.

Quando analisamos a similaridade entre as áreas através do índice de Bray – Curtis, que leva em consideração a abundância de espécies, pode-se então notar que a área 1 apresenta menor similaridade com as demais áreas, sugerindo que a fauna de escarabeíneos ali encontrada possui uma maior riqueza de espécies que nas demais áreas. Isto comprova que áreas mais conservadas abrigam maior abundância e riqueza de espécies. Além disso, esta área abriga duas espécies restritas: Canthon auricollis e Dichotomius sp. Outro fator importante da análise é a abundância de espécies grandes nesta área, como: Coprophanaeus saphirinus, Deltochilum

brasiliense, Deltochilum morbillosum, Deltochilum rubripenne, Dichotomius mormon e Ontherus azteca, que são espécies que precisam de áreas florestais em bom estado de

conservação para viver. Este resultado sugere indiretamente que a área 1 possui grande quantidade de mamíferos em atividade, fornecendo assim alimentos para estes besouros. A área 2 teve apenas Eurysternus caribaeus como espécie exclusiva deste ambiente.

Algumas características importantes sobre as espécies mais abundantes também fornecem subsídios que comprovam as características mais acentuadas de cada área onde estes indivíduos foram coletados: Dichotomius mormon que apresentou 275 indivíduos coletados, sendo assim a espécie mais abundante desta pesquisa, e que se caracteriza principalmente por habitar áreas fortemente antropizadas. Hernández (2013), em estudo sobre a diversidade de besouros indicadores em fragmentos florestais nativos e exóticos, na região de Anitápolis – SC, determinou que esta espécie foi indicadora de florestas de Pinus. Eurysternus parallelus apresentou 213 indivíduos, sendo tipicamente espécie indicadora de áreas em estágio avançado de sucessão, mata em estágio inicial de sucessão, Pinus e Eucalipto (HERNÁNDEZ, 2013). Em estudos sobre avaliação de alterações ambientais em fragmentos de Mata Atlântica e cultivos de milho convencional e transgênico (CAMPOS, 2012), Eurysternus parallelus foi indicadora de fragmentos em meio à plantação de milho transgênico. Dichotomius sericeus, que apresentou

neste trabalho 165 indivíduos, foi apontada como espécie dominante em áreas de Mata Atlântica no trabalho de (SCHIFFLER et al., 2003), quando analisou a diversidade de coleópteros em Mata Atlântica no município de Linhares – ES. A quarta espécies mais abundante foi

Onthophagus catharinensis com 132 exemplares. A maior abundância de Onthophagus catharinensis foi encontrada nas áreas 1 e 2, confirmando o que propõem Lopes et al., (2011),

de que esta espécie pode ser indicadora de áreas preservadas.

Portanto, os resultados apresentados através das coletas dos besouros no PEVP, comprovam que em áreas que sofrem maior pressão antrópica e consequente fragmentação de ambientes, a composição das comunidades destes insetos, bem como sua riqueza de espécies, estão fortemente relacionados a estes fatores.

Analisando pontualmente o fragmento de Mata Atlântica, objeto desta pesquisa, que desde o ano de 2009 foi decretado como Parque Estadual, alguns fatores requerem análises mais aprofundadas sobre a situação em que se encontra esta Unidade de Conservação. Tomando por base a legislação brasileira, alguns aspectos encontrados nesta UC se contrapõem ao que regulamenta a Lei 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC. De acordo com os critérios e normas para a “criação, implantação e gestão” das UC’s, cabe ressaltar alguns aspectos observados no PEVP que se encontram em desacordo com estas normas do SNUC.

O capítulo III da lei do SNUC trata das categorias das UC’s. O Art. 7º deste capítulo dispõe sobre as características necessárias para o enquadramento de uma UC em um dos grupos, seja de Proteção Integral ou de Uso Sustentável. A categoria “Parque”, seja ele Nacional, Estadual ou Municipal, está inserida no grupo de Unidades de Proteção Integral. O objetivo primordial de uma UC desta categoria é o de preservação da natureza, admitindo a intervenção humana apenas de forma indireta do uso dos seus recursos naturais. O Art. 11 que trata em especial da categoria “Parque”, dispõe que o objetivo básico dos parques é a preservação dos ecossistemas naturais, possibilitando a realização de pesquisas científicas, o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e turismo ecológico.

No § 2º que determina sobre a visitação pública, define-se que as restrições devem seguir o que está estabelecido no Plano de Manejo da unidade. Eis que aqui encontramos a primeira irregularidade: o PEVP não dispõe de um Plano de Manejo elaborado até o momento, visto que a lei determina que dentro de um prazo máximo de cinco anos, a contar da data de criação da UC, este documento deve estar devidamente concluído (Cap. IV, art. 27, § 3º). Desta

forma, conclui-se que não existe nenhum regulamento específico até o momento desta unidade, desde seu decreto, há sete anos.

A ausência de Planos de Manejo pode ser considerada um dos principais fatores responsáveis por ocasionar diversos tipos de pressões antrópicas nas UC’s. De acordo com o Departamento de Unidades de Conservação - IAP/DIBAP (2012), o Paraná possui 68 Unidades de Conservação Estaduais das quais apenas 39 possuem Plano de Manejo.16 A ausência de planos de manejo é uma realidade presente na maioria dos parques e muitas discussões são geradas em torno dessa problemática. O caso do Parque Nacional de São Joaquim no Estado de Santa Catarina é um exemplo desta situação. O parque foi criado no ano de 1961, e mesmo após 50 anos de existência esta UC ainda não possui um Plano de Manejo elaborado para que a unidade possa ser aberta à visitação pública. No entanto, o parque dispunha de visitação mesmo em desacordo com a Lei do SNUC. No ano de 2012 o ICMBio autorizou a visitação ao parque mesmo sem a existência do Plano de Manejo, atitude que foi revogada quando houve troca de diretoria do Órgão. A nova diretoria do ICMBio cancelou as visitações pelo fato de que a grande quantidade de turistas circulando estava causando impactos negativos e degradantes em algumas áreas do parque. Contudo, políticos, agentes de turismo e usuários da UC resistem à proibição de uso e visitação da área, alegando que as atividades turísticas dos municípios que integram a UC estão sendo prejudicadas (O ECO, 2015).

É possível que a falta de um Plano de Manejo seja um dos descasos que oportuniza a prática de atividades automotoras no PEVP, bem como as coletas de espécies in situ pela população em geral. Agrava o problema a ausência de cercas de contenção em toda sua periferia, portões ou cadeados; excesso de ruídos; ausência da zona de amortecimento; cultivo de plantas geneticamente modificadas (transgênicas) em suas adjacências; a presença de espécies exóticas invasoras; a habitação no interior do Parque.

A zona de amortecimento das Unidades de Conservação tem a função de diminuir os impactos negativos que possam ocorrer e também normatizar as atividades humanas no entorno da UC. O capítulo IV da Lei do SNUC, art. 25 determina que as UC’s devem possuir uma zona de amortecimento, exceto as Áreas de Proteção Ambiental (APA) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

A área do entorno do Parque Estadual Vitório Piassa, onde deveria coexistir a zona de amortecimento, é constituída por lavouras em sua face norte e pela área urbana da cidade de Pato Branco em sua face sul. Ao sul do Parque, lindeira a este inclusive, encontra-se a Estação ──────────

de Tratamento de Esgoto (ETE) da Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR. Muitas são as reclamações da população em geral que habitam nas circunvizinhanças desta ETE, devido ao constante mau cheiro que a área apresenta, fazendo-se presente também na área do PEVP.

Ainda neste quesito, no art. 46 do cap. VII da Lei do SNUC determina que a instalação de rede de esgoto bem como infraestrutura em geral do ambiente urbano em UC dependem de aprovação do órgão responsável pela administração da UC, sem que causem danos que exijam avaliação de impactos ambientais. Esta mesma condição é válida para as áreas correspondentes à zona de amortecimento de Unidades de Conservação definidas no grupo de Proteção Integral, e áreas de propriedade privada que estejam dentro dos limites destas unidades, porém, ainda não indenizadas. Cabe aqui esclarecer que a zona de amortecimento não é parte da UC, mas pela Lei que rege as UC’s esta área é parte obrigatória, e, portanto, possui restrições e normas quanto a sua utilização.

As atividades agrícolas em que se plantam OGMs17 também são citadas no § 4º do art.

27, do cap. IV, da Lei 9.985/2000 o qual prevê que as informações decididas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio devem ser levadas em consideração e poderão também estar alinhados no Plano de Manejo de cada UC. Quando da inexistência de um Plano de Manejo e definição da Zona de Amortecimento, o Poder Executivo é quem estabelecerá os limites para o plantio de OGM nas áreas circundantes às UC’s sempre com base em informações obtidas por equipes técnicas da CTNBio (SNUC, CAP. VII, ART.57-A).

De acordo com capítulo VII da Lei 9.985/2000 que trata das “disposições gerais e transitórias”, este prevê que “a área de uma Unidade de Conservação inclusa no Grupo de Proteção Integral é considerada como zona rural para efeitos legais” (art. 49) e desse modo o SNUC inclui ainda, que as zonas de amortecimento destas unidades, uma vez definidas, não podem ser transformadas em área urbana. Esta é outra questão delicada que não se encaixa na atual situação do PEVP, visto que este se encontra inserido na própria área urbana do município. Tal incompatibilidade e problemática é abordada também no trabalho de Costa et al. (2011) em estudo realizado em parques da cidade do Rio de Janeiro, (em especial o Parque Estadual da Pedra Branca), onde ainda não se estipularam as ZA, e este se encontra dentro da área urbana. O SNUC, no que trata das Zonas de Amortecimentos, prevê sobre as Unidades de Conservação no cap. IV, art. 25, § 2º que a determinação dos limites da Zona de Amortecimento e as definições de uso desta área “poderão ser definidas no ato da criação da unidade ou ──────────

posteriormente” pelo órgão responsável pela administração da UC. No caso do PEVP, segundo o seu Decreto a administração da UC fica por conta do Instituto Ambiental do Paraná – IAP em parceria e gestão compartilhada com a Prefeitura Municipal de Pato Branco (DECRETO 5169/09, ART. 3º, § 1º).

Pelo fato de a Lei do SNUC não definir o momento exato de delimitação da ZA, esta pode ser efetuada com o Plano de Manejo, entretanto, jamais após a aprovação deste (Art.27, § 1º). Neste sentido, a Resolução nº 428, de 17 de dezembro de 2010 do CONAMA, “alterada pela Resolução nº 473/2015 (altera o §2º do art. 1º e o inciso III do art. 5º) ” decreta:

§2º Durante o prazo de 5 anos, contados a partir da publicação da Resolução nº 473, de 11 de dezembro de 2015, o licenciamento de empreendimento de significativo impacto ambiental, localizados numa faixa de 3 mil metros a partir do limite da UC, cuja ZA não esteja estabelecida, sujeitar-se-á ao procedimento previsto no caput, com exceção de RPPNs, Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e Áreas Urbanas Consolidadas. (REDAÇÃO DADA PELA RESOLUÇÃO Nº 473/2015).

Art. 5º Nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos não sujeitos a EIA/RIMA o órgão ambiental licenciador deverá dar ciência ao órgão responsável pela administração da UC, quando o empreendimento:

[...] III – estiver localizado no limite de até 2 mil metros da UC, cuja ZA não tenha sido estabelecida no prazo de até 5 anos a partir da data da publicação da Resolução nº 473, de 11 de dezembro de 2015. (REDAÇÃO DADA PELA RESOLUÇÃO Nº 473/2015).

No entanto, um informativo de 24 de novembro de 2010, do Ministério do Meio Ambiente apud Caminha (2010), intitulado “Conama define Zona de Amortecimento de UC sem plano de manejo”, torna ainda mais urgente a definição da Zona de Amortecimento em UC’s, pois declara de forma complementar que:

Os órgãos responsáveis pela administração das unidades de conservação - tanto federal quanto estaduais e municipais - têm, de acordo com a nova resolução, prazo de cinco anos contados da publicação da resolução para definir os planos de manejo das UC’s que ainda não os possuem. Após esse prazo, para as UC’s sem plano de manejo, a zona de amortecimento passa a não existir.

A regra revogada - resolução Conama 13/1990 - estabelecia que, para unidades de conservação sem plano de manejo, a zona de amortecimento seria sempre de 10 mil metros [...] (CAMINHA, 2010).

Diante da complexidade das leis que envolvem a conservação das áreas adjacentes aos parques e da indiferença do poder público quanto à implantação deste requisito essencial para as UC’s, revela-se um futuro incerto para este modelo de conservação. Evitar o efeito de borda nas Unidades de Conservação, bem como delinear as possibilidades de uso sustentável das áreas

de entorno, é fator essencial para minimizar as pressões e os impactos negativos à unidade, e garantir que os objetivos destas sejam alcançados. A realidade presente no PEVP caracteriza um fato preocupante, principalmente por constatar esta indefinição no cumprimento das normas exigidas para esta modalidade de conservação ambiental. O PEVP, prestes a completar seu 7º aniversário de criação ainda não possui um Plano de Manejo, bem como suas definições de uso do entorno desta UC de Proteção Integral.

Costa et al., (2011) ao estudarem a importância da Zona de Amortecimento especialmente em UC’s urbanas, afirmam que a falta de medidas eficientes por parte do poder público faz com que os parques se transformem em verdadeiras “ilhas” rodeadas por populações humanas e diversos outros tipos de atividades exercidas nestas áreas de entorno, ocasionando a redução da biodiversidade de acordo com o aumento do uso de seus recursos naturais. Os autores mencionam que a preocupação com o plano de manejo das UC’s é recente, com início a partir do ano 2000. Porém, o que preocupa é que tais problemas são diagnosticados, mas não passam de registros de estudos para ações efetivas para a mudança deste cenário atual presente

Documentos relacionados