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Análise das propostas de preços e documentação técnica das empresas licitantes

3.2 Fase Licitação

3.2.3 Análise das propostas de preços e documentação técnica das empresas licitantes

3.2.3.1 Análise da habilitação técnica

Na fase de habilitação da licitação de uma obra ou serviço de engenharia, o art. 30 da Lei n. 8.666/93 relaciona a documentação que deve ser apresentada relativa à qualificação técnica. O

engenheiro que assessora a comissão de licitação deve avaliar se os documentos solicitados no edital foram atendidos pelas empresas licitantes.

Um primeiro aspecto a ser considerado é verificar se a empresa apresentou o registro ou inscrição no conselho profissional competente, por exemplo, se o objeto a ser licitado for a execução de uma obra, a empresa licitante deve comprovar a sua inscrição junto ao CREA regional. Verificar nessa certidão o nome dos responsáveis técnicos, a validade da certidão, se as atividades descritas na certidão estão coerentes com o objeto a ser executado e, se necessário, verificar a autenticidade da certidão, uma vez que essa certidão é emitida no site do CREA e nela contém a chave para verificação da autenticidade.

Segundo o art. 30, inciso II, da Lei n. 8.666/93, a comprovação de aptidão técnica para executar o objeto contratual, garantindo que já executou obras ou serviços de engenharia compatíveis em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação e que possui capacidade de mobilizar equipamentos, pessoal técnico adequado e disponível para a realização do empreendimento ou serviço, será feito mediante a apresentação de atestados de capacidade técnico-profissional e técnico-operacional. É claro que a exigência dos dois tipos de atestados irá depender do vulto da obra ou serviço de engenharia. Por oportuno, à título aprofundamento, vale destacar os conceitos de capacidade técnico-profissional e técnico-operacional sugeridos por Mendes (2013, p.113):

A capacidade técnico-operacional é um atributo da empresa e reflete sua aptidão para realização de determinado tipo de obra sob o aspecto gerencial, ou seja, para mobilizar apropriadamente equipamentos e pessoal, montar canteiros, administrar suprimentos, ter capacidade de aquisição de insumos em volume compatível. Já a capacidade técnico- profissional é um atributo dos profissionais da empresa, daqueles que serão responsáveis técnicos pelo empreendimento e reflete sua experiência na realização daquele tipo de serviço.

É necessário verificar se os atestados de capacidade técnico-profissional e técnico-operacional estão em nome de algum responsável técnico presente na certidão de registro da empresa junto ao conselho ou em nome da empresa licitante, respectivamente; se os atestados referem-se a obras ou serviços executados com características semelhantes aos do objeto da licitação; verificar se os respectivos atestados estão devidamente registrados na entidade profissional; caso o edital solicite a comprovação de quantitativos mínimos no caso dos atestados de

capacidade técnico-operacional10 , verificar se os atestados apresentados atendem tais

exigências; diligenciar junto ao site do conselho a autenticidade dos atestados apresentados. Ressalte-se que o relatório de análise da habilitação técnica vai estar sempre amparada nas exigências contidas no edital.

3.2.3.2 Visita ao local da obra

A visita técnica ao local onde será executada a obra tem o objetivo de mostrar as condições e peculiaridades inerentes à natureza dos trabalhos a serem desenvolvidos. O edital de licitação pode solicitar que esse documento seja emitido pelo órgão licitante, conforme consta no inciso III, art. 30 da Lei n. 8.666/93, ou pode ser suprida por declaração dos próprios licitantes de que conhecem as condições locais para a execução do objeto. Caso a obrigatoriedade dessa declaração esteja contida no ato convocatório e seja imprescindível a visita por razões técnicas, é recomendável não agendar em um único dia e horário a visita para todos os licitantes, evitando-se assim que se conheçam previamente. Tal atitude evitará fraude na licitação inibindo a possibilidade de conluios prévios.

3.2.3.3 Análise da proposta de preços

A análise dos preços das propostas dos licitantes é uma etapa muito importante pois dela resultará a classificação das empresas e posterior definição daquela que realizará o objeto licitado. O art. 40, inciso X da Lei n. 8.666/93 determina que nos editais contenha o critério de aceitabilidade dos preços unitários e global com a fixação de preços máximos e a proibição de preços mínimos. Já anteriormente mencionado, os preços a serem adotados na elaboração da planilha de referência serão obtidos das composições de custos unitários das tabelas referenciais SINAPI, SICRO como determina o Decreto n. 7.983/2013, sendo esses os preços unitários máximos. Portanto, os preços apresentados pelos licitantes em sua proposta não podem ultrapassar o preço global e unitários da planilha de referência, exceção feita quando for adotado o regime de execução por preço global. Nesse caso, o art. 13, inciso I do Decreto n. 7.983/2013 admite custos unitários diferentes dos praticados na planilha de referência, desde que o preço

global e os preços de cada etapa previstas no cronograma físico-financeiro fiquem iguais ou abaixo dos preços de referência. Além disso, como bem lembra Rocha (2013, p.123) “os preços unitários dos serviços constantes nas propostas orçamentárias não podem ser simbólicos, irrisórios, ou seja, ter valores abaixo do mínimo necessário para garantir a sua execução, nem tampouco nulos”.

Em suma, os limites superiores são conhecidos previamente, enquanto que os inferiores deverão ser avaliados pela comissão após o recebimento das propostas. No caso do preço global é utilizado a fórmula de cálculo do limite mínimo onde se envolve o valor de todos os licitantes, situação detalhada no próximo subitem. Em relação aos preços unitários mínimos, caso o licitante apresente preço unitário abaixo do preço da planilha de referência ou muito abaixo do preço de mercado, deverá comprovar documentalmente que dispõe de estoque de materiais ou é proprietário de equipamentos abrindo mão dos valores correspondentes à compra dos materiais, reposição e depreciação dos equipamentos. Acontecendo esse fato, alguns preços estarão abaixo

aos de mercado, porém, aceitáveis pela Lei11, desde que apresente essa declaração antes ou

durante a fase de habilitação.

Atenção especial a esse tema deve ser dada pelo engenheiro que vai analisar as planilhas dos licitantes. Altounian (2014, p.46) explica que: “A preocupação básica é evitar a contratação de preços acima dos parâmetros de mercado ou, então, a de preços inicialmente vantajosos, mas que, pela distribuição de seus valores unitários, se convertam em prejuízo da Administração no decorrer de eventuais aditivos”.

3.2.3.4 Análise dos preços globais inexequíveis

É comum se concluir que a proposta mais vantajosa para a administração pública seja sempre a de menor preço global. No entanto, necessário se faz a realização da verificação detalhada das propostas dos licitantes. O art. 48 da Lei n. 8.666/93 determina os critérios para a desclassificação das propostas com valor global inexequível ou superior ao limite estabelecido. O parágrafo 1º do art. 48 fixa a metodologia para a avaliação do preço global mínimo. Valores das propostas abaixo desse valor serão consideradas inexequíveis:

Art. 48, § 1° Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:

a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinquenta por cento) do valor orçado pela administração; ou

b) valor orçado pela administração (BRASIL, 1993, não paginado).

O exemplo a seguir ilustra a análise de da aceitabilidade do preço global em um determinado certame hipotético.

Quadro 22 - Análise de da aceitabilidade do preço global

Propostas Valor (R$)

Preço global máximo de referência R$ 8.000,00

Empresa A R$ 6.200,00

Empresa B R$ 8.000,00

Empresa C R$ 3.800,00

Empresa D R$ 3.000,00

Empresa E R$ 9.000,00

Fonte: Elaboração do autor.

Inicialmente serão desclassificadas as propostas com preço global acima do preço de referência conforme previsto no art. 48, inciso II. Portanto, a empresa E estará desclassificada.

Em seguida verifica-se a exequibilidade das propostas baseada na metodologia apresentada pelo art. 48 da Lei n. 8.666/93:

1 – Calcular a média aritmética dos valores propostos superiores a 50% do valor global máximo de referência.

Deverão ser excluídas, para efeito desse cálculo, as propostas das empresas C e D pois estão com valores inferiores a 50% x R$ 8.000,00 = R$ 4.000,00.

Média aritmética das propostas restantes (6.200,00+8.000,00)/2 = R$ 7.100,00.

Comparando-se a média aritmética das propostas restantes com o valor orçado pela administração tem-se que o menor valor é R$ 7.100,00. Logo, o que for inferior a 70% de R$ 7.100,00 (R$ 4.970,00) é considerado inexequível. No caso, as propostas apresentadas pelas

Das propostas classificadas (A e B), a empresa A foi a vencedora por apresentar o menor preço.