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3.2 Fase Licitação

3.2.2 Legislações referentes à Licitação

3.2.2.1 Constituição da República Federativa do Brasil

A Constituição Federal de 1988 já estabelecia regra para a contratação pública. O art. 37, que trata das normas e princípios obedecidos pela Administração Pública, em seu inciso XXI exige a obrigatoriedade do processo licitatório quando houver a necessidade de execução de obras,

serviços, compras e alienações. Recomenda também que a licitação pública assegure igualdade de condições a todos os concorrentes e consagra a regra da licitação. O art. 22, inciso XXVII estabelece a competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação.

3.2.2.2 Lei n. 8.666/93

Todo o procedimento licitatório, bem como os contratos da Administração Pública, deve seguir o que estabelece a Lei n. 8.666 de 21 de junho de 1993. Esta Lei regulamenta o art. Constitucional n. 37, inciso XXI, já comentado acima. A Lei de licitações, como é comumente chamada, de acordo com o parágrafo único do art. 1º, “subordina ao seu regime os órgãos da administração direta, as autarquias, as empresas públicas, [...], Estados, Distrito Federal e Municípios”. Altounian (2014, p.39) enfatiza que esta Lei: “É, sem dúvida alguma, o principal normativo afeto à licitação e contratação do setor público. Trata da absoluta maioria das questões referentes aos procedimentos e diretrizes que devem ser observados pelos gestores, desde a concepção até o recebimento definitivo do objeto”.

Para o profissional da engenharia que gerencia obra pública, é imprescindível o conhecimento desta Lei. É dela que se extrai os conceitos básicos, procedimentos e regras para que o objeto a ser executado seja bem caracterizado, planejado e entregue. É de fundamental importância que esses procedimentos sejam entendidos e seguidos para o sucesso de todo o processo da contratação Pública.

3.2.2.2.1 Formas de Execução das Obras e Serviços

As obras e serviços de engenharia, de acordo com o art. 10 da Lei de Licitações, poderão ser executadas de forma direta ou indireta. Altounian (2014, p.201) explica que “essa decisão sobre a forma de execução irá depender das possibilidades da Administração e das características do serviço”.

Na execução direta, a Administração executa o objeto pelos próprios meios6. Em regra, licita-se

a compra de materiais de construção, ferramentas e aluguel ou compra de equipamentos, mas a mão de obra utilizada na execução dos serviços deverá ser do quadro da Administração.

Na forma de execução indireta, a Administração Pública contrata terceiros para a execução do

objeto7 em troca de uma justa remuneração.

3.2.2.2.2 Regimes de execução Indireta

O tipo de regime de execução irá definir como será a forma de contratação da empresa para a execução da obra ou serviço de engenharia, explica Kuhn (2011, p.23). A execução indireta se divide em quatro regimes:

a) Empreitada por preço global: quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e total.

b) Empreitada por preço unitário: quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas;

c) Tarefa: quando se ajusta mão de obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;

d) Empreitada integral: quando se contrata um empreendimento em sua integralidade, caso em que o contratado assume inteira responsabilidade pela execução do objeto até a entrega à Administração contratante para uso.

É de suma importância que o Engenheiro gestor de obras saiba qual o tipo de empreitada constante no edital de licitação. Essa informação irá determinar a maneira de se realizarem as medições. Nas obras públicas os regimes de execução mais comumente utilizados são a empreitada por preço global e por preço unitário. Campelo e Cavalcante (2014, p.235) exemplificam que:

Nas empreitadas por preço unitário, mede-se cada unidade de serviço e os pagamentos far-se- ão mediante a multiplicação das quantidades executadas pelos seus respectivos preços unitários. Nesse caso, o boletim de medição será peça fundamental e detalhará as quantidades medidas. Nas empreitadas por preço global, medem-se as etapas de serviço de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra ou mediante o estabelecido no instrumento convocatório.

A opção pelo regime por preço global só será possível em função das seguintes características do projeto básico: Preferencialmente utilizar na licitação projetos executivos com maior nível de detalhamento fato que irá determinar a precisão do orçamento. Segundo Santa Maria (2011, p.41): “Quando se dispõe de projetos executivos, a necessidade de alteração contratual será significativamente reduzida e o orçamento poderá ser elaborado por etapas, facilitando a atuação da fiscalização”.

3.2.2.2.3 Modalidades de Licitação

As modalidades de licitação definem os procedimentos e formalidades que deverão ser observadas pela Administração Pública em cada licitação, explica Oliveira (2017, p.107). De acordo com o art. 22 da Lei n. 8.666/93, são as seguintes:

a) Concorrência: É a modalidade que possui maiores formalidades. Normalmente é utilizada

para contratações de grande valor. Obras e serviços de engenharia com valores estimados acima de R$ 1.500.000,00 devem utilizar essa modalidade. Outra peculiaridade dessa modalidade é a permissão da participação de todo e qualquer interessado, registrado ou não, desde que comprove possuir os requisitos mínimos de qualificação na fase de habilitação preliminar;

b) Tomada de Preços: É a modalidade de licitação em que os interessados devem estar

devidamente cadastrados ou que atenderem a todos as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas. Segundo Amorim (2017, p.69):

Em relação à concorrência, na tomada de preços o universo de competidores é, pois, mais restrito, porquanto é instituída uma obrigação aos interessados: a prévia habilitação ou cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas. Obras e serviços de engenharia com valor estimado até R$ 1.500.000,00 enquadram-se nessa modalidade.

c) Convite: É a modalidade mais simples de realização de um processo licitatório. Obras e

serviços de engenharia com valores estimados acima de R$ 15.000,008 e até R$ 150.000,00.

8 Art. 24, inciso I da Lei n. 8.666/93. “É dispensável a licitação: Para Obras e serviços de engenharia de valor até 10% do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior”, que tratam dos valores relativos à modalidade convite. Portanto, até esse limite pode-se proceder a dispensa da licitação.

A administração deve convidar, no mínimo, três interessados para participarem do convite. Devem ser convidados os interessados do ramo pertinente ao objeto da licitação e podem ser cadastrados ou não;

d) Concurso: Modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,

mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores. A utilização do concurso não depende do valor estimado do contrato. Portanto, o critério para escolha dessa modalidade é a natureza do objeto e não o valor;

e) Leilão: É a modalidade de licitação para a alienação, isto é, venda de bens imóveis

inservíveis para a administração, produtos legalmente apreendidos ou penhorados, alienação de bens imóveis cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento.

3.2.2.3 Pregão

Essa modalidade de licitação não está prevista na Lei n. 8.666/93, e sim, na Lei n. 10.520/2002. É utilizada para aquisição de bens e serviços comuns, independentemente do valor estimado do contrato. A modalidade pregão não pode ser utilizada para a contratação de obras de engenharia que possuam complexidade de especificações e de execução, deixando de se atender o caráter

comum, destaca o Acórdão n. 1.617/06 – TCU9, entretanto, o mesmo tribunal, por meio da

Súmula n. 257/2010, admite “o uso do pregão nas contratações de serviços comuns de engenharia”. Nessa modalidade há uma inversão de fases, isto é, a fase de julgamento antecede a fase de habilitação.