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8 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

8.4. ANÁLISE DE APLICABILIDADE DO MODELO DE GRANT

Todas as propostas analisadas mantêm-se no detalhamento do “que” deve ser tratado na governança de CSC como base em experiências, governanças pública e de TI, mas não aprofundam no “como” este trabalho pode ser feito.

O modelo proposto por Grant et al. (2006) está fundamentado nos conceitos de governança de TI. Os elementos de governança foram agrupados em oito grandes categorias semelhantes ao pentágono (cinco elementos de governança) do Instituto de Governança de TI (ITIG; 2005), com algumas adições com o suporte na literatura.

Com a estrutura multi-camadas de governança de serviços compartilhados e os oito elementos essenciais que devem ser incorporados a essa estrutura, um modelo é proposto com base na obra de De Haes e Grembergen (2006a, b), que propuseram um modelo de governança com três componentes: estrutura, processo e mecanismos relacionais.

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Estruturas envolvem a existência de funções de responsabilidade, tais como executivos e comitês de TI diversos. Os processos são relativos a decisões e monitoramento das estratégias por meio de modelo adotado. Os mecanismos de relacionamento envolvem a participação do pessoal de negócios e de TI, diálogos de entendimento sobre estratégias, aprendizado compartilhado e comunicação apropriada.

O IT Governance Institute (ITGI) foi estabelecido em 1998 para melhoria do pensamento e dos padrões internacionais de direção e controle da tecnologia da informação nas organizações. Uma governança de TI efetiva ajuda a garantir que a TI suporte os objetivos de negócios, otimize os investimentos em TI e, apropriadamente, direcione os riscos e as oportunidades relacionados à TI. O ITGI oferece pesquisa original, recursos eletrônicos e estudos de caso para auxiliar os líderes de organizações e o conselho de diretores nas suas responsabilidades de governança de TI. Com esse objetivo, o ITGI elaborou publicação intitulada CobiT 4.1, primordialmente como recurso educacional para chief information officers (CIOs), gerência sênior, gerência de TI e profissionais de controle (COBIT 4.1).

O CobiT 4.1 suporta a governança de TI provendo metodologia para assegurar a efetividade das áreas de foco de governança de TI (pentágono). Essas áreas descrevem os tópicos que os executivos precisam atentar para direcioná-las dentro de suas Gerentes operacionais usam os processos para organizar e gerenciar as atividades contínuas de TI. O CobiT provê um modelo de processos genérico, que representa todos os processos normalmente encontrados nas funções de TI, fornecendo um modelo de referência comum compreendido por gerentes operacionais de TI e de negócios. O modelo de processos do CobiT foi mapeado contendo as áreas de governança de TI, criando uma ponte entre o que os gerentes operacionais precisam executar e o que os executivos desejam controlar (COBIT 4.1).

Pode-se identificar o alinhamento estratégico que visa garantir a harmonia entre os objetivos da organização e os da TI; a entrega de valor, que está vinculada à entrega de produtos ou serviços com qualidade, prazo e custo apropriados e que permitam atingir os objetivos previamente acordados; o gerenciamento de riscos, que se refere ao tratamento de incertezas e à preservação de valor; o gerenciamento de recursos, que visa assegurar a existência de capacidade de dar suporte às atividades demandadas pelo negócio, otimizando custos e demais recursos disponíveis; e, por fim, o monitoramento do desempenho das atividades de TI, com o propósito de garantir o

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gerenciamento de todo o ambiente (SOUZA, 2013).

Esta proximidade e vinculação dos estudos sobre CSC e TI são recorrentes. O estudo dos aspectos da governança de CSC realizado demonstra com muita clareza o porquê disso.

É importante reconhecer o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como alavanca para grandes mudanças organizacionais, mas, ao mesmo tempo, como um grande desafio de posições e práticas existentes no âmbito da administração pública. A indústria de TIC está movendo-se em direção à modularização de grandes sistemas de informação.: Em vez de um pacote de software integrado, vê-se que as aplicações são mais frequentemente desenvolvidas em módulos separados que podem ser integrados, juntamente com a ajuda de interfaces padronizadas. Mais especificamente, um sistema integrado promete atenuar a preocupação de sistema único, permitindo funcionalidades personalizadas que podem ser incluídas em uma base de infraestrutura comum TIC. No entanto, percebe-se uma adoção mais lenta dessa tendência pelos principais sistemas fornecedores de Enterprise Resource Planning (ERP) em seus produtos, e muito mais lenta em sua base instalada (WAGENNAR, 2006).

Assim, em seu estudo de governança de CSC no setor público, Wagennar (2006) define que aspectos de governança referem-se primordialmente à tomada de decisão, mas também à organização e gestão da mudança, tendo as TIC como alavanca central, conforme apresentado na Figura 4.

Figura 4 – Aspectos de governança de centro de serviços compartilhados

Fonte: Wagennar (2006).

O sucesso na implantação da Central de Serviços está intimamente associado à implantação de um eficaz sistema de informações que apoie os processos de trabalho e a comunicação com as principais partes interessadas – órgãos e entidades clientes,

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licitantes, fornecedores e sociedade.

O uso dos sistemas possibilita integrar as várias áreas e atividades dos processos, suprindo com informações:

 a Central de Serviços – seu corpo técnico e gerencial –, sobre os elementos necessários para a operação e gerenciamento dos processos;

 os clientes, sobre as demandas;

 os licitantes, sobre os certames licitatórios de interesse;

 os fornecedores, sobre a gestão dos contratos e atas de registro de preços; e  a sociedade, incrementando a transparência da gestão e do controle social. Assim, a informação passa a ter tratamento estratégico. A unificação das funções de suporte permite a construção de bases de dados unificadas, assegurando o melhor controle da execução de políticas públicas de gestão.

Nesse sentido, apoiar uma proposta de modelo de governança de CSC em fundamentos do framework COBIT 4.1 de governança de TI demonstra-se adequado. No entanto, esse framework sofreu profundas alterações para uma nova versão, dando lugar ao COBIT 5. Essas alterações tiveram como um dos principais fatos motivadores a separação entre governança e gestão.

Neste sentido, este estudo passa a aprofundar-se na linha das pesquisas anteriores, tendo como referência o framework de governança de TI COBIT 5.

8.5.ANÁLISE DA APLICABILIDADE DO FRAMEWORK DE GOVERNANÇA