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CAPÍTULO 5 PESQUISA QUALITATIVA E SEUS DESDOBRAMENTOS

5.6 ANÁLISE DE CONTEÚDO COMO TÉCNICA DE TRATAMENTO DE

O percurso da pesquisa é fortemente marcado pelos elementos constitutivos do processo numa abordagem qualitativa, e devido a essa opção metodológica, sendo necessário que os elementos obtidos no decorrer da mesma sejam analisados por meio de uma técnica que permita uma análise detalhada dos dados.

Desta forma, para a realização da análise dos dados obtidos por meio da entrevista episódica e subsidiada pela pesquisa bibliográfica, optamos pela análise do conteúdo, categorizada por Bardin (1977; 2011), sendo esta “um conjunto de técnicas de análise das comunicações”, que tem como uma de suas principais características, realizar a análise “do que foi dito” pelo entrevistado ou observado pelo pesquisador, o que Bardin (2011. p. 50) define como “o trabalhar a fala e suas significações”.

Para a autora, a análise do conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça, tendo por finalidade “efetuar deduções lógicas e justificadas, referentes à origem das mensagens tomadas em consideração (emissor e o seu contexto, ou, eventualmente, os efeitos dessas mensagens)”.

Para Bardin (2011. p. 48), pode-se designar sobre o termo análise de conteúdo:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e ou reprodução (variáveis inferidas) dessas mensagens.

Ao considerarmos o posicionamento da autora relativo ao conceito atribuído á técnica de análise de conteúdo proferido por ela, julgamos importante destacar que sua conceituação pode ser concebida de diferentes formas considerando, por exemplo, a vertente teórica ou mesmo a intencionalidade do pesquisador que desenvolve a pesquisa, sendo desta forma uma técnica que considera o caráter social da pesquisa, uma vez que tem como intuito propulsor produzir inferências de um determinado texto, para o seu contexto social.

É nesse aspecto que identificamos ser esta a técnica a que julgamos pertinente ao encontro aos objetivos propostos para esta tese, uma vez que a mesma buscou obter dados que possam trazer à tona os elementos que caracterizam a especificidade da atuação de pedagogos e coordenadores de curso da Educação Profissional, vislumbrando a possibilidade de ações que promovam mudanças significativas nos processos de formação continuada dos profissionais envolvidos neste contexto.

Acreditamos que os elementos apontados por meio dos instrumentos propostos (entrevista episódica, questionário e pesquisa bibliográfica), ao serem tratados em consonância com os pressupostos da análise do conteúdo, tiveram seus conteúdos (verbais e não verbais) analisados com o rigor da objetividade científica e por sua vez, considerando os aspectos das subjetividades considerando certo grau de intuição, imaginação e criatividade, visando obter as informações contidas nos dados que são marcados pela multidimensionalidade das significações, nos sistemas de pensamentos, valores, representações, emoções, afetividade e afloração de seu inconsciente.

Para tal, evidenciamos que a análise de conteúdo é uma técnica bastante refinada e delicada, que exige do pesquisador que haja disciplina, dedicação, paciência, organização e tempo para que o tratamento dos dados, ou seja, sua codificação, seja realizado com o rigor e a ética necessários em uma pesquisa.

5.6.1 Sistema de Categorização

Para que seja possível conduzir a análise dos dados, conferindo significação aos mesmos, julgamos necessário compreender as etapas da técnica inerentes à análise do conteúdo, descritas por Bardin (1977; 2011), que são organizadas em três polos cronológicos: 1) pré-análise, 2) exploração do material e 3) tratamento dos resultados, inferência e interpretação. (BARDIN, 2011, p. 125)

A fase da pré-análise é caracterizada por Bardin (2011, p.125) como “a fase da organização propriamente dita”, na qual será “realizada a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final”.

Um período de intuições, mas tem por objetivo tornar operacionais as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise. [...] trata-se de estabelecer um programa que, podendo ser flexível (quer dizer, que permita a introdução de novos procedimentos no decurso da análise), deve, no entanto, ser preciso.

O objetivo desta fase está voltado para a sistematização das ideias iniciais apontadas pelo referencial teórico e estabelecer indicadores para a interpretação dos dados obtidos. Esta fase compreende também a leitura geral do material definido para a análise, que nesta pesquisa refere-se ás entrevistas episódicas, que já estavam degravadas. Após a realização desta organização, a autora indica as operações que compreendem a exploração sistemática dos documentos compreendendo de acordo com Bardin (2011, p. 125):

a) Leitura flutuante (primeiro contato com os documentos da coleta de dados- entrevista episódica), b) Escolha dos documentos (definição do corpus de análise), c) Formulação das hipóteses e objetivos (definição das direções e dimensões da análise a partir da leitura inicial dos dados), d) Referenciação dos índices e elaboração de indicadores (organização sistemática de índices em função das hipóteses levantadas) e, e) A preparação do material (preparação formal ou edição do material).

Ao concluir a primeira fase, indica-se que se dê início à segunda fase, definida por Bardin (2011) como a fase da exploração do material. Esta etapa da análise do conteúdo consiste na construção das operações de codificação, levando em consideração os recortes de textos, refere-se ao texto das entrevistas e organizados em unidades de registros (palavras, frases, parágrafos), a definição de regras de contagem e a classificação e agregação das informações em categorias simbólicas ou temáticas.

Tendo concluída a etapa anterior, inicia-se a segunda etapa que se configura como a fase da análise propriamente dita, a qual consiste em codificar, decompor ou enumerar os resultados obtidos na pesquisa.

A terceira fase diz respeito ao tratamento dos resultados, a inferência e interpretação, visando à captação dos conteúdos latentes contidos no material contido nas entrevistas, documentos de referência e observações. Nesta fase é realizada uma análise comparativa por meio da justaposição das diversas categorias existentes em cada análise, destacando os aspectos que se assemelham e os concebidos como diferentes ou distintos.

É importante destacar que a análise de conteúdo se caracteriza como um procedimento pertinente que aqui se apresenta, uma vez que sua elaboração esquemática, sustentada passo a passo, permite que o processo de análise possa se apresentar de forma clara e factível em função do rigor que a mesma apresenta.

Sendo assim, Bardin (2011) defende a ideia de que o pesquisador possua clareza teórica do campo de estudo que se pretende analisar, possibilitando que sejam realizadas as inferências e interpretações previstas no conjunto de técnicas descritas anteriormente, subsidiando a elaboração das categorias de análise e atribuindo maior credibilidade e legitimidade às interpretações a serem realizadas.

Neste sentido, apresentamos no capítulo a seguir, um resgate histórico sobre a Educação Profissional Técnica de Nível Médio no contexto das políticas públicas promovidas pelos governos federal e estadual no Brasil, desde os primeiros registros até os dias atuais, constituindo desta forma o panorama histórico, político e social a que se refere esta tese.

CAPÍTULO 6 - PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PEDAGOGOS E