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5.1 Resultado e análise dos dados quantitativos

5.1.2 Análise de fidedignidade

Conforme Malhotra (2001, p. 263), a partir da teoria da medida observa-se que o valor de uma medida pode ser representado pela seguinte equação:

Em que:

Vo representa o Valor Observado por meio da escala

Vv representa o Valor Verdadeiro da característica

Ea representa o Erro Aleatório

Es representa o Erro sistemático

O objetivo da análise de confiabilidade é verificar o quão livre a escala está do erro aleatório. Ou seja, se a escala for aplicada repetidas vezes às mesmas pessoas, ela deverá refletir valores estáveis para o fenômeno observado. Para ilustrar, considere o seguinte exemplo extraído de Phillips (1974, p.248):

Se uma balança é utilizada para medir o peso de um indivíduo e o

indicador aponta o mesmo número de Kg quando o indivíduo sobe e desce da balança diversas vezes, então provamos que a balança é um instrumento de mensuração no qual podemos confiar”.

Segundo o autor, um instrumento de mensuração é confiável (fidedigno) se mantém o mesmo resultado em aplicações repetidas do mesmo fenômeno. Além disso, a importância de

se ter um instrumento fidedigno deriva da confiança de que as variações nos dados da pesquisa não se originam de imperfeições do instrumento de medida em si.

Para avaliar as propriedades métricas das escalas no presente estudo, foi calculado o coeficiente Alpha de Cronbach desenvolvido por Cronbach, citado por Malhotra (1996) e Churchill (1995) e amplamente utilizado por renomados autores e pesquisadores.

O Alfa de Cronbach é calculado utilizando-se a seguinte fórmula (NORUSIS, 1997):

Em que:

N é o número de itens da escala

R é a relação entre a média de Covariância e a média de Variância entre os itens.

Segundo Hair Júnior et al. (1998), um valor de Alpha de Cronbach igual ou superior a 0,70 reflete uma fidedignidade aceitável, embora reconheçam que esse valor não seja um padrão absoluto. Os autores esclarecem, ainda, que valores de Alfa de Cronbach inferiores a 0,70 são aceitos se a pesquisa for de natureza exploratória. Já para Malhotra (1996), o valor de corte a ser considerado é 0,60, isto é, abaixo desse valor, o autor considera que a fidedignidade é insatisfatória. Nunnaly e Bernstein (1994), na mesma direção de Hair Júnior et al. (1998), apontam para um valor de 0,70 como sendo modesto. Nunnaly e Bernstein (1994) ressaltam que, se decisões importantes forem tomadas a partir das escalas avaliadas, faz-se necessário um esforço para que a confiabilidade do instrumento atinja valores de Alfa

de Cronbach acima de 0,90.

Quando o construto em estudo exibe mais de uma dimensão, Churchill (1995) recomenda o cálculo do coeficiente Alfa de Cronbach para cada uma das dimensões. Esse procedimento foi utilizado na avaliação do construto Incertezas Associadas à decisão

estratégica de investir em geração de energia elétrica. Considerando-se, conforme Pasquali

(1999, p.45) que construtos são “fronteiras que não podem ser ultrapassadas [e] fronteiras

que devem ser atingidas” esse construto exibe, segundo a teoria subjacente ao seu

desenvolvimento, quatro dimensões: 1 - incertezas associadas à abertura e globalização da N* R

1+(N-1)* R Alfa de Cronbach =

economia; 2 - incertezas associadas à atuação dos players no novo ambiente regulatório; 3 - incertezas associadas ao macroambiente; 4 - incertezas associadas ao cumprimento de contratos e compromissos. Nesse estudo foram consideradas fidedignas os subconjuntos de itens – escalas - cujos coeficientes Alfa de Cronbach : 0,82; 0,74; 0,82 e 0,73, conforme explicitado nas TAB.11, 12, 13 e 14.

A seguir, o Modelo Fatorial definido neste trabalho de pesquisa.

FIGURA 4 - Modelo fatorial de incertezas associadas à decisão estratégica do grande consumidor em investir em geração de energia elétrica

FONTE: Elaborada pela autora da tese.

Além do valor do coeficiente, Hair Júnior et al. (1998) sugerem a análise do grau de correlação que cada item da escala exibe com toda a escala e com cada item individualmente. Para os autores, o pesquisador pode considerar a seguinte regra prática: a correlação entre um determinado item e o total da escala deve ser superior a 0,50, e a correlação entre um determinado item e outro item, superior a 0,30126.

5.1.2.1 Fidedignidade das escalas de mensuração de incerteza TABELA 11

Valor da confiabilidade da escala que mensura a dimensão Incertezas associadas à abertura e globalização da economia

Abertura e Globalização da Economia

Correlação Item-total

Valor do Alfa sem o item

1. A privatização do setor de energia elétrica 0,69 0,76 3. A tendência organizacional a fusões, incorporações e

parcerias 0,65 0,78

2. O investimento direto estrangeiro no setor de energia elétrica 0,69 0,76 29.O mercado financeiro mais desenvolvido para negociar ações

do setor de energia elétrica 0,57 0,81 Alfa de Cronbach = 0,82

FONTE: Elaborada pela autora da tese.

Os coeficientes constantes da TAB.11 estão de acordo com as recomendações de Hair Júnior et al. (1998). Observa-se, também, que a retirada de qualquer um dos itens que compõem a escala implica diminuição do Alfa de Cronbach, indicando, pois, grande consistência interna entre os itens. O Alfa de Cronbach de 0,82 é considerado muito bom por autores tais como Nunnaly e Berstein (1994), Malhotra (1996) e Hair Jr et al. (1998).

TABELA 12

Valor da confiabilidade da escala que mensura a dimensão incertezas associadas à atuação dos players no novo ambiente regulatório

Atuação dos players no ambiente regulatório

Correlação Item-total

Valor do Alfa sem o item

13. A atuação da ANEEL, MAE e do ONS 0,54 0,68 32. O investimento de outras empresas da indústria de

transformação, na geração de energia elétrica 0,61 0,65 26. A indefinição da política tarifária para o setor de energia

elétrica 0,60 0,66

31. A carência de planejamento operacional entre a ANEEL,

ANP e ANA 0,47 0,72

Alfa de Cronbach = 0,74

FONTE: Elaborada pela autora da tese.

Também os coeficientes constantes da TAB.12 estão de acordo com as recomendações de Hair Júnior et al. (1998). Nessa dimensão da escala, observa-se que a retirada de qualquer um dos itens implica diminuição do Alfa de Cronbach. O valor do Alfa de Cronbach de 0,74 é aceito como fidedigno por autores renomados na área, tais como Nunnaly e Berstein (1994), Malhotra (1996) e Hair Júnior et al. (1998).

TABELA 13

Valor da confiabilidade da escala que mensura a dimensão Incertezas associadas ao macroambiente Macroambiente

Correlação Item-total

Valor do Alfa sem o item

7. A taxa de juros norte-americana 0,72 0,72 6. A instabilidade da taxa de juros interna 0,73 0,71 8. O câmbio interno (paridade) 0,60 0,84 Alfa de Cronbach = 0,82

FONTE: Elaborada pela autora da tese.

Tal qual na dimensão Abertura e Globalização da Economia (TAB.11), o Alfa de

Cronbach da dimensão Macroambiente (TAB.13) é bastante significativo e considerado como

fidedigno pelos autores, tais como Nunnaly e Berstein (1994), Malhotra (1996) e Hair Júnior

et al. (1998). A TAB.13 indica que a retirada do item O câmbio interno (paridade)

aumentaria o valor do Alfa de Cronbach de 0,82 para 0,84, mas optou-se por não fazer isso porque se entende que tal ganho não é significativo, e a magnitude do incremento não justificava a eliminação de tão importante item além do que a elaboração de um fator com apenas dois itens pode ser muito parcimonioso.

TABELA 14

Valor da confiabilidade da escala que mensura a dimensão incertezas associadas ao cumprimento de contratos e compromissos

Cumprimento de contratos e compromissos

Correlação Item-total

Valor do Alfa sem o item

16. A desconfiança em relação ao cumprimento dos contratos

comerciais no Brasil 0,60 0,64

27. A política de financiamento praticada pelos órgãos oficiais 0,44 0,70 23. As regras quanto ao repasse de energia entre região com

excedente, para a região com escassez de energia elétrica 0,50 0,68 17. A desconfiança em relação à atuação dos conselhos de

adminstração nas empresas brasileiras 0,55 0,66 10. O processo de regulamentação do setor no Brasil 0,41 0,72 Alfa de Cronbach = 0,73

FONTE: Elaborada pela autora da tese.

Também os coeficientes constantes da TAB.14 estão de acordo com as recomendações de Hair Júnior et al. (1998). Nessa dimensão do construto, observa-se que a retirada de qualquer um dos itens implica diminuição do Alfa de Cronbach, indicando, portanto, um nível de parcimônia aceitável para a elaboração da escala. O valor do Alfa de Cronbach de 0,74 é aceito como fidedigno por autores renomados na área, tais como Nunnaly e Berstein (1994); Malhotra (1996) e Hair Júnior et al. (1998).

Além do Alfa de Cronbach, como forma de avaliar a confiabilidade de consistência interna dos itens que compõem uma escala, Hair Júnior et al (1998) recomendam o cálculo das correlações item-total, que é a carga fatorial do item.

Neste trabalho, observa-se que algumas correlações se encontram abaixo, mas bem próximas do valor de 0,50 reputado por Hair Júnior et al (1998) como adequado, estando a maioria das correlações item-total acima do valor de 0,50 como pode também ser comprovado nas TAB.11, 12, 13 e 14.

Fundamentado em Nunnaly e Berstein (1994), em Malhotra (1996) e em Hair Júnior et

al. (1998) conclui-se, pois, que a se escala mostrou fidedigna uma vez que apresentou valor

mínimo de 0,73 para o Alfa de Cronbach.

Finalmente, é importante afirmar que os fatores explicitados nas tabelas acima estão em consonância com o referencial teórico, no âmbito da estratégia, do institucionalismo de base econômica e da governança corporativa utilizado nesta pesquisa.