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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3 ANÁLISE DE REGRESSÃO, ANÁLISE DE VARIÂNCIA E TESTE DE HIPÓTESES

Para a realização da análise de regressão, primeiramente, foram realizadas as verificações de suposições inerentes a análise. Dessa forma, foram avaliados os índices de assimetria e curtose (Tabela 12), bem como a verificação da multicolinearidade das variáveis independentes e dependentes (Tabela 13).

Tabela 12 – Assimetria e curtose das variáveis do estudo (n=182)

Variável Assimetria Curtose

Recursos Físicos -1,112 1,053 Recursos Financeiros 0,250 -0,816 Recursos Organizacionais -0,843 0,155 Recursos Humanos -0,568 -0,426 Recursos Reputacionais -1,513 2,192 Inovação -0,632 -0,107 Desempenho -0,567 -0,327

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

Em relação a verificação de normalidade da distribuição de dados, conforme Kline (2005), são considerados dados extremamente assimétricos valores de assimetria superiores a 3,00. Enquanto que para a curtose, são considerados extremamente fora da distribuição de dados, valores superiores a 8,00. Assim, todas as variáveis preenchem os quesitos de

normalidade indicados por Kline (2005), não sendo observadas variáveis extremamente anormais na presente pesquisa. Conforme pode-se observar na Tabela 12, os valores de assimetria variaram de 0,250 (menor valor absoluto) para a variável ‘Recursos Financeiros’ a 1,513 (maior valor absoluto) para a variável ‘Recursos Reputacionais’. Enquanto que o valores de curtose variaram de -0,107 (menor valor absoluto) para a variável ‘Inovação’ a 2,192 (maior valor absoluto) para a variável ‘Recursos Reputacionais’.

Tabela 13 – Correlação de Pearson das variáveis do estudo (n=182)

Variável 1 2 3 4 5 6 7 1. Recursos físicos 1 2. Recursos financeiros 0,422** 1 3. Recursos organizacionais 0,179* -0,005 1 4. Recursos humanos 0,205** 0,088 0,622** 1 5. Recursos reputacionais 0,350** 0,167* 0,480** 0,391** 1 6. Inovação 0,220** 0,043 0,319** 0,232** 0,339** 1 7. Desempenho 0,099 0,020 0,293** 0,271** 0,222** 0,429** 1 a. * valor p<5% b. **valor p<1%

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

Na avaliação da correlação de Pearson das variáveis independentes, Tabela 13, verifica- se que não existem altas correlações, ou seja, maiores que 0,800, indicando que não ocorre multicolinearidade entre as variáveis independentes. Caso as variáveis independentes fossem muito correlacionadas as inferências baseadas na análise de regressão poderiam ser pouco confiáveis ou errôneas (MALHOTRA, 2012).

Assim, verificadas as suposições para a realização da análise de regressão foram gerados os modelos de regressão. Dois dos modelos gerados são do tipo regressão linear múltipla e visam verificar a influência que os recursos estratégicos (físicos, financeiros, organizacionais, humanos e reputacionais) sobre a inovação e sobre o desempenho. Posteriormente foi gerado um modelo do tipo linear simples para verificar a influência da inovação no desempenho. O resumo dos resultados dos coeficientes de determinação (R2) pode ser visualizado na Tabela 14.

Tabela 14 – Resumo dos modelos de regressão linear múltipla do estudo (n=182) Modelo Variável

Dependente Variáveis Independentes R R

2 R2 ajustado Erro padrão da estimativa 1 Desempenho Físicos, Financeiros, Organizacionais, Humanos, Reputacionais 0,403 0,162 0,138 0,928 2 Inovação Físicos, Financeiros, Organizacionais, Humanos, Reputacionais 0,323 0,104 0,079 0,959 3 Desempenho Inovação 0,442 0,195 0,191 0,899

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

Além disso, também foi ser realizado o teste de significância dos modelos obtidos (Tabela 15). Esse teste verifica a significância da equação global proposta. Assim, os três modelos propostos são significativos a nível de 1% (Tabela 15).

Tabela 15 – Análise de Variância dos modelos de regressão do estudo (n=182) Modelo Variável Dependente Variável Independente Item Soma dos Quadrados Graus de Liberdade Quadrado Médio F Significância 1 Desempenho Físicos, Financeiros, Organizacionais, Humanos, Reputacionais Regressão 29,335 5 5,867 6,808 0,000** Resíduos 151,665 176 0,862 Total 181 181 2 Inovação Físicos, Financeiros, Organizacionais, Humanos, Reputacionais Regressão 18,862 5 3,772 4,095 0,002* Resíduos 162,138 176 0,921 Total 181 181 3 Desempenho Inovação Regressão 35,347 1 35,347 43,682 0,000** Resíduos 145,653 180 0,809 Total 181 181 a. * valor p<1% b. **valor p<0,1%

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

O coeficiente de determinação (R2) varia de 0 a 1 e o seu resultado significa a proporção da variação da variável dependente é decorrente da variação das variáveis preditoras (HAIR JR. et al., 2005). Assim, o coeficiente de determinação mede a intensidade de associação entre a variável dependente e as preditoras (MALHOTRA, 2012), sendo que quanto maior o R2 maior o poder de explicação do modelo (PESTANA; GAGEIRO, 2000; MALHOTRA, 2012). Para os modelos estudados (Tabela 15), o menor poder de explicação é de 10,4% (R2 = 0,104) dado pelo modelo 2 que envolve os recursos estratégicos como preditores e a inovação como dependente. Enquanto que a melhor associação ocorre no modelo 3, de 19,5% (R2 = 0,195),

envolvendo inovação como preditor e o desempenho como dependente.

Embora os modelos de regressão tenham sido significativos, o poder de explicação dos recursos estratégicos, tidos como variáveis preditoras podem ser considerados baixos. Neste sentido, os modelos apresentam um coeficiente determinação (R2) menores que 0,195 (Tabela 14), explicando menos de 20% da variação do desempenho e da inovação. Desse modo, o acesso a recursos estratégicos por meio de redes interorganizacionais exerce pouca influência na inovação e no desempenho das empresas, indicando que outras variáveis, não contempladas no presente estudo, podem ter maior influência no desempenho e na inovação das empresas.

Entretanto, o acesso aos recursos estratégicos, embora baixos, indicam um certo grau de contribuição para o desempenho e a inovação das empresas. Como ressaltam alguns autores (CASTELLS, 1999; BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008; LAIMER, 2013), o atingimento de ganhos coletivos através de relações de cooperação está relacionado à capacidade dos atores e estabelecerem conexões entre si. Assim, a troca e compartilhamento de recursos estratégicos, que está vinculado ao estabelecimento de cooperação entre os atores de uma rede, conforme observados pelos modelos de regressão gerados, podem contribuir para a melhoria do desempenho e da inovação das empresas analisadas.

Após verificadas as significâncias dos modelos foi realizado o teste de significância dos coeficientes de regressão parciais das variáveis preditoras. Primeiramente, apresenta-se o teste de significância referente ao modelo de regressão 1 na Tabela 16.

Tabela 16 – Teste de significância dos coeficientes de regressão parciais do modelo de regressão com variável dependente desempenho e variáveis preditoras o acesso aos recursos estratégicos: físicos, financeiros, organizacionais, humanos e reputacionais (n=182)

Modelo Variável Dependente Variável Independente Coeficiente de regressão parcial (Beta não padronizado) t Significância 1 Desempenho Constante 0,000 0,000 1,000 Físicos 0,131 1,902 0,059 Financeiros -0,010 -0,139 0,890 Organizacionais 0,257 3,732 0,000* Humanos 0,124 1,793 0,075 Reputacionais 0,251 3,642 0,000* a. * valor p<0,1%

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

A partir da análise da significância dos coeficientes de regressão parciais das variáveis relacionadas com o acesso aos recursos estratégicos (físicos, financeiros, organizacionais,

humanos e reputacionais), é possível verificar quais desses recursos influenciam o desempenho das empresas (Tabela 16). Neste sentido, foram significativos (p<5%, Tabela 16) como preditores no modelo de regressão proposto apenas o acesso aos recursos ‘Organizacionais’ e ‘Reputacionais’. O acesso aos demais recursos, ‘Físicos’, ‘Financeiros’ e ‘Humanos’ não influenciaram o desempenho das empresas analisadas. A partir desse resultado, pode-se realizar a análise de algumas hipóteses do estudo.

A hipótese H1 é rejeitada, visto que o acesso aos recursos físicos, medido pela variável ‘Físicos’ não é um preditor significativo (com p>5%, Tabela 17) e assim não influencia o desempenho das empresas. O acesso aos recursos físicos, no presente estudo, está relacionado a facilidade que as empresas têm em adquirir matérias-primas, produtos, mercadorias, máquinas e equipamentos e a facilidade de melhorar sua infraestrutura física por meio de redes interorganizacionais.

A hipótese H2 também foi rejeitada, sendo que o acesso aos recursos financeiros, medido pela variável ‘Financeiros’, também não influencia o desempenho, conforme o teste de significância realizado (Tabela 16). O acesso aos recursos financeiros está relacionado ao grau de facilidade que as redes interorganizacionais proporcionam às empresas para a aquisição de empréstimos, financiamentos, incentivos econômicos e fiscais e na obtenção de auxílio financeiro.

Assim, o acesso aos recursos tangíveis, caracterizados nesta pesquisa pelos recursos físicos e financeiros, não influencia o desempenho das empresas inseridas em redes interorganizacionais. Este resultado refuta os pressupostos de alguns autores (AHUJA, 2000; RITTER; GEMUNDEN, 2003; BULGACOV; ARREBOLA; GOMEL, 2012) que propõe que os ativos físicos, como as trocas de produtos, serviços e dinheiro, promovem benefícios ou ganhos para os atores de uma rede.

Em relação aos recursos organizacionais, medido pela variável ‘Organizacionais’, este apresentou-se como um preditor significativo (p<5%, Tabela 16) do desempenho, admitindo assim a hipótese H3. Os recursos organizacionais são recursos intangíveis que correspondem ao auxílio que as empresas inseridas em redes interorganizacionais recebem para a melhoria de suas rotinas, capacidades, de seus processos de planejamento, controle e coordenação e na sua relação com o ambiente externo (COLLIS; MONTGOMERY, 1995; BARNEY; HESTERLY, 2011). Dessa maneira, um coeficiente de regressão parcial significativo para os recursos organizacionais sugere que as empresas que se utilizam das redes interorganizacionais para melhorarem suas rotinas e processos internos poderão ter melhores resultados financeiros e

operacionais. Complementando, pode-se dizer que esse é um dos importantes benefícios que as redes interorganizacionais podem proporcionar as empresas.

Neste sentido, outros autores também encontraram que um dos resultados competitivos mais significativos gerados pelas redes de cooperação é a melhoria de gestão (WEGNER; WITTMANN; DOTTO, 2010), a aprendizagem de habilidades e a aquisição de conhecimentos (PODOLNY; PAGE, 1998; AHUJA, 2000; BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008). A aquisição de conhecimentos e a aprendizagem de habilidades, aspectos importantes para a melhoria de rotinas e processos, tornam-se possível devido as ligações de colaboração (AHUJA, 2000). Assim, essas ligações ocorrem entre as empresas inseridas em redes interorganizacionais e servem de canais para o compartilhamento de avanços técnicos e de novas perspectivas para a resolução de problemas (AHUJA, 2000).

Em contrapartida, o acesso aos recursos humanos, medido pela variável ‘Humanos’, não influenciou significativamente o desempenho das empresas, refutando assim a hipótese H4. O acesso a recursos humanos está associado, nesse estudo, ao auxílio que as empresas recebem das redes interorganizacionais para a participação dos funcionários em treinamentos e cursos, para o desenvolvimento técnico dos colaboradores e para a formação de uma equipe multidisciplinar. Este resultado contrasta com as assertivas de alguns autores (WRIGHT; DUNFORD; SNELL, 2001; COLLINS; CLARK, 2003; HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2011; BARNEY; HESTERLY, 2011) relacionados a RBV. Esses autores afirmam que as práticas de recursos humanos têm um papel fundamental no desempenho das empresas. Porém no presente estudo, isso não se confirmou.

Não obstante, o acesso aos recursos reputacionais, medido pela variável ‘Reputacionais’, também foram verificados como preditores significativos (p<5%, Tabela 16) do desempenho. Este resultado estabelece a hipótese H5 como verdadeira. O acesso aos recursos reputacionais são caracterizados no presente estudo como a visibilidade, o prestígio, o respeito, a confiança e percepção de qualidade de estar inserido nas redes interorganizacionais pode proporcionar. Assim, a literatura relacionada a RBV colabora com o resultado encontrado ao explorar que uma forte reputação da marca pode ser um recurso valioso para a obtenção de um desempenho superior (GRANT, 1991; COLLIS; MONTGOMERY, 1995; HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2011). Além disso, algumas pesquisas relacionadas as redes interorganizacionais (PODOLNY; PAGE, 1998; WEGNER; WITTMANN; DOTTO, 2010; BULGACOV; ARREBOLA; GOMEL; 2012) revelam que a reputação é um importante recurso obtido a partir do estabelecimento de relações entre empresas.

Destarte, no que tange ao objetivo específico desta dissertação que busca verificar a influência do acesso aos recursos estratégicos por meio das redes interorganizacionais no desempenho das empresas, os resultados apontam que o a acesso a recursos organizacionais e reputacionais por meio de redes interorganizacionais foram identificados como preditores significativos do desempenho das empresas.

Em relação, ao objetivo específico que busca verificar a influência do acesso aos recursos estratégicos por meio das redes interorganizacionais na inovação das empresas, os resultados são observados na Tabela 17. Na Tabela 17 apresenta-se o teste de significância dos coeficientes de regressão parciais do modelo 2, que tem como variável dependente a inovação. Tabela 17 – Teste de significância dos coeficientes de regressão parciais do modelo de regressão com variável dependente inovação e variáveis preditoras o acesso aos recursos estratégicos: físicos, financeiros, organizacionais, humanos e reputacionais (n=182)

Modelo Variável Dependente Variável Independente Coeficiente de regressão parcial (Beta não padronizado) t Significância 2 Inovação Constante 0,000 0,000 1,000 Físicos 0,031 0,435 0,664 Financeiros 0,014 0,196 0,845 Organizacionais 0,203 2,848 0,005* Humanos 0,206 2,890 0,004* Reputacionais 0,139 1,944 0,053 a. * valor p<1%

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

Em relação a Tabela 18, pode-se observar que o acesso aos recursos organizacionais e humanos mostraram-se preditores significativos (p<1%) da inovação das empresas analisadas. Desse modo, toma-se como verdadeiras as hipóteses H8 e H9 relacionados ao acesso aos recursos organizacionais e aos humanos, respectivamente. No entanto,as hipóteses H7, H8 e H11, que respectivamente tratam do acesso aos recursos físicos, financeiros e reputacionais, são rejeitadas. Essas variáveis não foram significativas no modelo proposto (p>5%, Tabela 18). Consequentemente, no que se refere ao objetivo específico desse estudo que visa verificar a influência do acesso aos recursos estratégicos por meio das redes interorganizacionais na inovação das empresas, tem-se que o acesso aos recursos organizacionais e aos recursos humanos influenciam significativamente a inovação das empresas.

Assim, este resultado corrobora com as pesquisas de outros autores (RITTER; GEMUNDEN, 2003; ZENG; XIE; TAM, 2010; LEE et al., 2010) que demonstram que as

empresas que tem acesso aos recursos estratégicos por meio de redes interorganizacionais tem melhores resultados de inovação.

No que se refere aos recursos organizacionais e humanos, no presente estudo, estes estão associados a melhoria de rotinas e processo internos, bem como, a oportunidade de desenvolvimento técnico dos colaboradores e a formação de equipes multidisciplinares que ocorrem por meio da participação na rede. Kandemir, Calantone e Garcia (2006), corroborando assim com os achados desse estudo, exploram que a formação de uma equipe multidisciplinar, através da interpretação compartilhada e da integração dos indivíduos é um fator chave para o sucesso das inovações.

Em sequência foi avaliado a significância dos coeficientes de regressão parciais para o modelo 3 (Tabela 18) que busca verificar a influência da inovação no desempenho das empresas pesquisadas e assim testando a hipótese H12.

Tabela 18 – Teste de significância do coeficiente de regressão do modelo de regressão com variável dependente desempenho e variável preditora inovação (n=182)

Modelo Variável Dependente Variável Independente Coeficiente de regressão (Beta não padronizado) t Significância 3 Desempenho Constante 1,000 0,0000 1,000 Inovação 0,442 6,609 0,000* * valor p<0,1%.

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

O teste de significância apresentou valor p<0,1% e, portanto, significativo para a influência da inovação no desempenho das empresas, confirmando a hipótese H12. Desse modo, este achado evidencia que a inovação, caracterizada no presente estudo pela inovação de produtos e serviços e pela inovação de processos, contribui para melhoria de resultados econômicos e operacionais das empresas envolvidas em redes interorganizacionais.

Igualmente, esses resultados confirmam os pressupostos de outros autores (GEROSKI; MACHUN; VAN REENEN, 1993; LEIPONEN, 2000; BRITO; BRITO; MORGANTI, 2009; LOVE; ROPPER; DU, 2009; ROSENBUSCH; BRINCKMANN; BAUSCH, 2011; GRONUM; VERREYNNE; KASTELLE, 2012), os quais ratificam que a inovação é capaz de gerar diferenciação e competitividade nas empresas, proporcionando melhores resultados no desempenho.

Por conseguinte, foi avaliado a existência de diferenças significativas no acesso aos recursos estratégicos entre os três tipos de redes interorganizacionais pesquisadas (Tabela 19).

Tabela 19 – Análise de Variância do acesso aos recursos físicos, financeiros, organizacionais, humanos e reputacionais, do desempenho e da inovação em diferentes tipos de redes

Variável Tipo de Rede N Média ±

Desvio Padrão Valor F Significância

Recursos físicos Horizontal 94 4,84 ± 1,57a 2,872 0,059 Franquia 42 5,14 ± 1,56a Aglomerada 46 5,47 ± 1,10a Recursos financeiros Horizontal 94 2,69 ± 1,49a 9,535 0,000** Franquia 42 3,10 ± 1,47a Aglomerada 46 3,82 ± 1,29b Recursos organizacionais Horizontal 94 5,56 ± 1,19a 49,275 0,000** Franquia 42 5,72 ± 1,04a Aglomerada 46 3,50 ± 1,50b Recursos humanos Horizontal 94 4,87 ± 1,51a 16,017 0,000** Franquia 42 5,42 ± 1,40a Aglomerada 46 3,68 ± 1,58b Recursos reputacionais Horizontal 94 6,09 ± 1,23

a 5,797 0,004* Franquia 42 6,25 ± 0,85a Aglomerada 46 5,50 ± 1,16b Desempenho Horizontal 94 5,61 ± 1,23a 5,380 0,005* Franquia 42 5,32 ± 1,30a,b Aglomerada 46 4,84 ± 1,44b Inovação Horizontal 94 5,11 ± 1,17a 2,494 0,085 Franquia 42 5,55 ± 1,33a Aglomerada 46 4,97 ± 1,42a

a. Média± Desvio Padrão seguidos da mesma letra no mesmo bloco representam médias estatisticamente semelhantes.

b. *valor p<1% c. ** valor p<0,1%

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

No que tange a este resultado, pode-se observar que apenas o acesso aos recursos físicos apresentou médias estatisticamente semelhantes (p<1%) nas três redes observadas (Tabela 19). O acesso aos recursos organizacionais, humanos e reputacionais foi maior para as empresas associadas a redes horizontais e de franquias, enquanto que o acesso a recursos financeiros foi maior nos aglomerados produtivos. Estes resultados confirmam a hipótese H6, de que há diferenças significativas no acesso aos recursos estratégicos em diferentes redes interorganizacionais.

Além disso, a percepção de acesso a recursos para as redes horizontais e de franquias foi similar, sendo que, ambas obtiveram médias maiores e iguais para o acesso a todos os recursos estratégicos estudados. Neste sentido, o acesso aos recursos físicos, organizacionais, humanos e

reputacionais obtiveram médias maiores que 4,8 (Tabela 19), o que indica uma alta concordância com essas variáveis.

As redes horizontais e as franquias são compostas por empresas que são na maioria das vezes concorrentes e que decidem cooperar para melhorar seus resultados financeiros e operacionais (WEGNER; PADULA, 2010; MELO; ANDREASSI, 2010). Neste sentido, esse estudo contribui que, as empresas associadas a esse tipo de rede podem ter ganhos competitivos visto que, apresentaram acesso aos recursos organizacionais, humanos e reputacionais mais elevados.

O acesso a esses recursos é considerado importante para a competividade das empresas. As práticas de gestão de recursos humanos podem auxiliar as empresas em sua produtividade, na qualidade de seus produtos e serviços e na rapidez e qualidade das suas tomadas de decisões (ULRICH et al., 1991; ARMSTRONG, 2009), bem como contribuir para a inovação. Já os recursos organizacionais e reputacionais estão associados a melhores resultados financeiros e operacionais (GRANT, 1991; COLLIS; MONTGOMERY, 1995; HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2011).

Por outro lado, os aglomerados produtivos locais obtiveram médias inferiores a 4,00 para os recursos financeiros, organizacionais e humanos (Tabela 19). Este achado indica que esse tipo de rede não facilita o acesso a esses recursos estratégicos, visto que, as empresas responderam em média que discordavam das afirmações.

Os aglomerados produtivos locais são formados a partir da concentração geográfica de empresas de um mesmo setor estabelecendo-se relações informais entre elas (SCHIMTZ, 1997). Em relação a esse tipo de rede interorganizacional, pode-se dizer que as empresas não estão aproveitando as oportunidades que a concentração geográfica e setorial fornece. Conforme estabelece Schimtz (1997), os aglomerados produtivos têm amplas oportunidades para a divisão do trabalho entre empresas, para a especialização, ação conjunta e para obtenção de ganhos devido a eficiência coletiva. Porém, para que se acessem os benefícios ou se obtenha ganhos coletivos de uma relação interorganizacional são necessários alguns atributos, como: a existência de objetivos comuns, a interação e formas de gestão (GRANDORI; SODA, 1995; CASTELLS, 1999; BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008; LAIMER, 2013). Esses atributos podem não estar sendo desenvolvidos nos aglomerados analisados.

Nesse contexto, Schimtz (1997) e Becattini (1999) destacam que as relações em aglomerados produtivos são marcadas tanto pela cooperação quanto pela competição. Além disso, os autores afirmam que a densidade das transações e a incidência de ações em conjunto

nos aglomerados estão positivamente relacionadas com a confiança e a reciprocidade entre as empresas.

Além disso, outro resultado importante pode ser observado em relação as médias de desempenho e a inovação das três redes analisadas. Todas redes analisadas apresentaram médias altas (acima de 4,8, Tabela 19) para o desempenho e para a inovação. Desse modo, comparando esse resultado aos obtidos para o acesso aos recursos estratégicos entre as três redes interorganizacionais e relembrando os pressupostos da RBV, pode-se fazer algumas inferências. O acesso aos recursos estratégicos proporcionados pelas redes formais e/ou informais pode ser avaliado como um recurso inimitável e não substituível (LAVIE, 2006), valioso e único (HAFEEZ; ZHANG; MALAK, 2002; GANOTAKIS; LOVE, 2012). A partir do acesso e da combinação de diferentes tipos de recursos podem se estabelecer competências e habilidades (RITTER; GEMUNDEN, 2003) únicas e não imitáveis que são importante para um desempenho superior e para inovação. Essas competências dificilmente poderiam ser desenvolvidas por empresas individualmente (AHUJA, 2000; KETCHEN JR.; HULT; SLATER, 2007).

Por fim, são apresentados no Quadro 7 uma síntese do teste de hipóteses do estudo. Desse modo, pode-se verificar que seis das hipóteses formuladas foram rejeitadas. A rejeição às hipóteses (H1,H2,H4, H7, H8, H11) sobre a influencia do acesso a alguns recursos estratégicos no desempenho e na inovação, pode indicar que existem variáveis mediadoras da relação, ou seja, que o acesso a recursos por meio de redes não influenciam diretamente a inovação e o desempenho. Outros fatores ou outros mecanismos, como o nível de cooperação, a interação e os objetivos da participação na rede podem atuar como mediadores da relação entre o acesso a recursos, a inovação e o desempenho por meio de redes interorganizacionais como propõe alguns autores (RITTER; GEMUNDEN; 2003; ZENG; XIE; TAM, 2010; LEE et al.; 2010; GRONUM; VERREYNNE; KASTELLE, 2012).

Por conseguinte, não foram analisados os objetivos de cada empresa para a participação ou pertencimento a rede. Como defendem Castells (1999) e Balestrin e Verschoore (2008) as empresas associadas a redes devem ter coerência nos objetivos para que acessem os ganhos competitivos da rede. O acesso a alguns dos recursos estratégicos pode não estar sendo utilizado pelas empresas pesquisadas com o objetivo de inovação e desempenho e por isso, no presente estudo não estejam relacionados.

Além disso, algumas limitações da pesquisa podem contribuir para a obtenção de resultados não significativos, como a variabilidade da amostra, visto que é composta por

empresas pertencentes a três diferentes redes.

Quadro 7 – Resumo do teste das hipóteses de pesquisa

Hipótese Técnica de Análise Estatística Resultado

H1: O acesso aos recursos físicos, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente e o

desempenho das empresas.

Regressão Rejeitada

H2: O acesso aos recursos financeiros, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente o desempenho das empresas.

Regressão Rejeitada

H3: O acesso aos recursos organizacionais, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente o

desempenho das empresas.

Regressão Aceita

H4: O acesso aos recursos humanos, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente o desempenho das empresas.

Regressão Rejeitada

H5: O acesso aos recursos reputacionais, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente o desempenho das empresas.

Regressão Aceita

H6: Há diferenças significativa no acesso aos recursos

estratégicos entre os tipos de redes interorganizacionais. Anova Aceita

H7: O acesso aos recursos físicos, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente a inovação das empresas.

Regressão Rejeitada

H8: O acesso aos recursos financeiros, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente a inovação das empresas.

Regressão Rejeitada

H9: O acesso aos recursos organizacionais, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente a

inovação das empresas.

Regressão Aceita

H10: O acesso aos recursos humanos, por meio de redes interorganizacionais influencia positivamente a inovação das