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4 Análise dos resultados

4.2 Funções estratégicas de governo

4.2.1 Análise de riscos

O IBGC (2016) recomenda que os órgãos de governança devem regularmente analisar junto com o principal executivo possíveis vulnerabilidades, tais como: controle do orçamento realizado versus o planejado, prestação de contas, novos marcos regulatórios, contingências diversas, novos projetos, investimentos, associação de imagem com terceiros, parcerias, dentre outros.

Mais uma vez, a ideia desse tipo de mecanismo de governo na esfera da estratégia pareceu boa, mas muito longe do cenário da realidade da maioria das organizações que não têm tamanho e musculatura de estrutura suficiente para isso. Além disso, a ideia de que esse tipo de preocupação deva ser dos voluntários do sistema imposto de governança não pareceu coerente ou razoável.

(...) Não tem análise de risco; é numa linguagem cristã agora, a gente vive pela graça; então existem muitos riscos e tudo o que você pode imaginar, risco financeiro de ter coisa para comprar e risco de violência; a gente trabalha com várias comunidades de risco aqui, de uma certa frequência, espero que tenha diminuído, a gente recebe caso de violência doméstica, violências de abuso sexual com crianças pequenas esses absurdos que eu nem gosto de falar, mas então a gente lida com isso; a responsabilidade em tese é da diretoria, sempre respaldada pela a assembleia, mas eu diria que ninguém se preocupa de fato; ou você tem pessoas comprometidas voluntarias que infelizmente são raros ou você tem recursos suficientes para contratar alguém que faça; difícil as duas coisas; não tem outro caminho diferente desses (...). (O1a)

(...) Eu entendo perfeitamente o que é isso, mas é difícil você encontrar ONGs, que já tenham essa maturidade de profissional, que isso é maturidade profissional; se o conselho tem profissionais capacitados maduros pra fazer análise de risco e estratégias, a ONG nem tem planejamento estratégico, como é que vai ter análise de risco? Mas eu acho que deveria ter tudo (...). (O2a)

Não, essas análises de riscos são feitas nessas reuniões, geralmente quando é apontada, elas são feitas, por uma suspeita, uma necessidade, por exemplo, tem uma mãe que trabalha junto, é a “fulana”, as vezes ela está lá na administração, ela sentia que tem algo que não está se encaixando, então ela alerta, a gente junta todo mundo, para resolver e minimizar aquele dano, mas não levo isso pra assembleia não (...) (O2b)

(...) Não tem como fazer; ele nem tem finanças para fazer análise de risco; se uma instituição feito “org” não tem nenhum patrocinador, e não tem nenhum centavo em caixa, ele vai fazer análise de qual risco? (...) (O9a)

Em algumas respostas fica claro que essa análise, quando acontece, é feita por uma pessoa, que realmente governa a organização:

(...) Corro o risco na área orçamentária deficiente, de um mês você manter a despesa, outro dia você não manter, essa coisa de insegurança da ONG tenho riscos por mudanças de leis mesmo, que a gente corre atrás, porque a “org” não é só de doações, só receber; a gente elabora leis, a gente já fez uma lei de políticas públicas, a gente já implantou uma lei aqui em Pernambuco, então assim, a nossa batalha, então o nosso risco também é político. (O2b)

(...) “fulana” se preocupa, ela se preocupa sim; não temos tempo nem estrutura pra perceber pequenas coisas que podem acontecer e ser um risco; é mais pela a convivência, pela experiência e também pela ajuda que “fulano” dá pra a gente, no nosso caminhar, ele vem amadurecendo a gente, vem formando, ele vai conseguindo perceber algumas coisas estratégicas; muitas as vezes a gente aprende na tentativa e no erro, fazendo e errando sabendo que por aqui não dá pra caminhar, porque já caminhei e não é legal , não vai dar certo, mas a gente não tem alguém que fique pensando vinte e quatro horas nos riscos (...). (O3a)

(...) Tinha um conselheiro nosso, “fulano” que a gente chegou até marcar uma vez só pra tratar disso, depois acabou se perdendo; aí a gente tinha com ele uma formação específica para a diretoria, então ele vinha da formação para a diretoria, e aí dentro dessa formação a gente tinha esse momento de avaliação de riscos (...) mas não rolou acabou todo mundo se afastando (...) eu só fiz na hora que a crise chegou, então fui ver o que é que a gente está trabalhando, o que a gente pode cortar e o que não pode, o que é arriscado e não vale a pena entrar; o que agora não é inviável pra ONG (...). (O3b)

(...) Também tentei fazer; a gente precisa fazer pra entregar no porto social, que são algumas práticas de gestão que tem que ter, mas precisa que todo mundo se reúna, e essa questão é bem difícil; não dá pra mim definir isso só, não tem como, tem que ser definido com eles (...) eles até reconhecem a importância, mas não fazem; na hora de ir pra prática, por exemplo, o que eu percebo, do pensamento de “fulano” mesmo, ele não admite que é possível ter práticas administrativas em questão de ONG (...). (O4a)

Mas houve quem entendesse que a análise era feita de forma satisfatória:

(...) Acredito que o executivo apresenta o relatório e o conselho avalia esse relatório de riscos, com os dados que o presidente fornece. No nosso conselho, os membros eles se preocupam avaliando todos os relatórios, mas no dia a dia o presidente é que se encarrega disso (...). (O5b)

(...) a gente fez uma boa análise quando a gente decidiu abortar e direcionar os trabalhos para a população de rua; ali a gente viu que algo mudou; ali foi bem uma reunião bacana (...) entre nós duas; a assembleia não participa da organização; eu já disse, os nomes estão ali só por uma questão legal (...). (O6b)