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Lista de Abreviaturas / Legenda

CAMPEONATO DA EUROPA DE FUTSAL (HUNGRIA 2010)

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. Análise Descritiva

5.1.2 Análise Descritiva das Condutas Estruturais

A análise da Figura 13 revela uma supremacia da zona média ofensiva (zona 3) comparativamente às demais. Se a isto juntarmos o facto de a zona ofensiva (zona 4) ser a segunda onde ocorrem mais ações de jogo, pode-se concluir que as situações de SNO se desenrolam preferencial e primordialmente no meio-campo ofensivo.

134 208 702 2560 1217 0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 1 2 3 4

Figura 13: Frequência Absoluta relativa às condutas de Espacialização. Frequência Absoluta

É precisamente nestas zonas que as equipas arriscam mais, no sentido de tornar o contexto interaccional favorável, procurando introduzir desequilíbrios ou ruturas na organização defensiva do adversário e assim promover situações de superioridade numérica ofensiva que propiciem a criação de situações de finalização ou a finalização propriamente dita.

Além disso, quando em processo defensivo, a recuperação da bola no meio-campo ofensivo ou nas zonas mais próximas da baliza adversária, favorece a criação de superioridade numérica ofensiva, pelo aproveitamento da eventual desorganização, de um desacerto no posicionamento defensivo ou da ausência de equilíbrios defensivos do adversário que se encontrava na fase de construção ofensiva e por isso balanceado para o ataque.

A propósito da zona de recuperação da posse de bola, Hughes (1990) e Garganta et al. (2002) acrescentam que esta pode influenciar a eficácia ofensiva de uma equipa. À medida que a recuperação da bola é realizada nos setores mais próximos da baliza adversária, estabelecem-se condições mais vantajosas para criar situações de perigo para a baliza adversária.

Amaral (2004) afirma que é na zona 3 que o ataque mais procura criar desequilíbrios na estrutura defensiva adversária, nomeadamente através de situações de 1x1, que ocorrem maioritariamente nesta zona visto ser aquela que, juntamente com a zona 4, oferece uma relação risco/benefício mais favorável à equipa atacante.

No entanto, tendo ainda como referência a consciencialização da relação risco/benefício de uma determinada ação de jogo, em função da zona do

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campo onde é levada a cabo, Amaral (2004) verificou que a maior parte das condutas registadas ocorreram nas zonas 2 e 3, indiciando um maior volume de jogo nas zonas mais centrais do terreno. Estes resultados são, em parte, contraditórios com os obtidos na presente investigação, onde se obteve um maior volume de jogo no meio-campo ofensivo (zonas 3 e 4), o que poderá ser explicado por objetos de estudo diferentes. Enquanto no presente caso, o estudo versa unicamente nas situações de SNO, Amaral (2004) registou todo o processo ofensivo, debruçando-se mais particularmente sobre as situações de 1x1.

Os valores obtidos são ainda consistentes com o elevado número de situações de SNO em que se faz uso do GR avançado, porquanto a circulação de bola nestas condições e todo o fluxo comportamental que englobam, ocorre fundamentalmente nas zonas média ofensiva e ofensiva, contribuindo dessa forma para os valores elevados registados nestas zonas do campograma.

Quanto ao critério do tempo de jogo, que decidimos incluir no instrumento de observação com o intuito de averiguar se algum período do jogo é mais suscetível à ocorrência de situações de SNO que os restantes, a Figura 14 denota uma clara supremacia do quarto e último período de jogo (T4).

600 649 982 2456 0 500 1000 1500 2000 2500 T1 T2 T3 T4

Figura 14: Frequência Absoluta relativa às condutas do Tempo de Jogo. Frequência Absoluta

A maioria das situações de SNO ou das condutas que as integram aconteceram na segunda parte do jogo e, especialmente, nos últimos dez minutos do mesmo, ou seja, no quarto período do jogo.

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Estes valores poderão ter sido novamente inflacionados pelas situações de SNO com GR avançado que, tendo surgido em número significativo, se registaram quase exclusivamente no quarto período do jogo. Por constituir uma solução de elevado risco para a equipa que a põe em prática, uma vez que fica com a baliza totalmente desguarnecida e à mercê dos adversários no caso de perda da bola, as equipas só utilizam esse recurso quando se encontram em desvantagem no marcador e quase em “desespero de causa”, isto é, como última solução para anular ou reverter essa desvantagem, o que a remete normalmente para os minutos finais dos jogos.

Na competição analisada, face à reduzida dimensão dos grupos e do número de jogos em cada grupo, os resultados finais da quase totalidade dos jogos eram decisivos no que toca ao apuramento para a segunda fase da prova, e uma vez nesta fase qualquer resultado negativo implicava a eliminação. Nestas condições, as equipas que se encontram em desvantagem, quando atingidos os minutos finais dos jogos, não tendo conseguido alterar o rumo dos acontecimentos com base noutras soluções táticas que implicam menor risco, recorrem a mais um jogador de campo com o intuito de criar mais situações de finalização e finalizar com êxito.

As sequências com GR avançado englobam normalmente muitas condutas, decorrentes de uma circulação de bola paciente e cuidada de forma a diminuir a percentagem de erros e o risco de perda de bola. Nesse sentido, por serem constituídas por muitas ações de jogo até se identificar uma situação de finalização, poderão ter contribuído para os valores mais elevados de condutas ou ações de jogo observadas no último período do jogo.

Contudo, mesmo não contabilizando as sequências com GR avançado, estamos em crer que os resultados relativos ao período do jogo apontariam na mesma direção, isto é, que as restantes situações de SNO ocorrem também primordialmente no último período do jogo, no qual normalmente as equipas arriscam mais, em função do menor tempo de que dispõem para conseguir os seus intentos. Nesta fase do jogo as equipas recorrem a ações de risco mais elevado como o drible, passe de rutura ou duelo, entre outras, aumentando a probabilidade de surgirem situações de SNO. Da mesma forma, essa procura

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mais acentuada de ações de rutura, poderá contribuir para que se exponham de uma forma mais significativa ao erro, estando portanto mais suscetíveis de incorrerem em situações de inferioridade numérica defensiva.

5.2. Análise Sequencial

Finda a análise descritiva dos dados, procedeu-se posteriormente a uma análise sequencial dos mesmos, procurando indagar da presença de padrões de conduta ou padrões comportamentais nas situações de superioridade numérica ofensiva verificadas nos jogos constantes da amostra, recorrendo à técnica de retardos ou transições, para aceder às medidas de sequencialidade que traduzem as relações de dependência no fluxo comportamental evidenciado.

De salientar, todavia, que estas relações de dependência não devem ser entendidas desde um ponto de vista determinista ou preditivo, mas sim através de uma perspetiva probabilística, ou seja, em que o primeiro evento é simplesmente o antecedente e o segundo o consequente, com um determinado grau de probabilidade de transição de carácter associativo (Castellano Paulis & Hernández Mendo, 2002).

A apresentação dos resultados consiste em isolar cada conduta critério (CC) e agrupar em cada retardo as condutas objeto (CO) associadas. Para cada CC e em cada retardo em que se observe um padrão de conduta ou padrão comportamental (até se atingir o retardo máximo ou Max-Lag) será possível observar as condutas regulares ou comportamentais, bem como a situação relativa à espacialização e ao tempo de jogo.

A direcionalidade das transições sequenciais assenta numa lógica relacionada com a dinâmica do próprio jogo, pelo que algumas categorias são analisadas apenas do ponto de vista prospetivo, outras desde uma perspetiva retrospetiva, enquanto outras são analisadas tanto prospetiva como retrospetivamente (ver Quadro 13), através da associação entre as três análises realizadas com as condutas objeto pretendidas (com as condutas

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regulares ou comportamentais, com o critério da espacialização do terreno de jogo e com o critério do tempo de jogo) (Barreira, 2006; A. Silva, 2004).

De realçar que para a realização deste estudo foi assumido, tal como em Barreira (2006), que mesmo realizando três análises em separado, é possível agrupar a informação em cada retardo e inferir sobre a mesma de uma forma conjunta.

Nos pontos seguintes são apresentados os padrões comportamentais obtidos através da análise sequencial.

5.2.1. Padrões de Jogo para as Condutas de Início de Superioridade