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5. METODOLOGIA

5.4. ANÁLISE DESCRITIVA: DESCRIÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO

Como citado, a análise descritiva foi extraída dos Planos Nacionais de Saúde de 2004 – o primeiro ano em que foi elaborado – 2008, 2012 e 2016 e dos Relatórios dos Complementos de Saúde das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio de 1998, 2003, 2008 e da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013.

Os Planos Nacionais de Saúde foram utilizados neste trabalho pois é por meio deles que o Ministério da Saúde propõe os grandes objetivos para saúde para o quadriênio que segue sua elaboração, observando: i) o que foi estabelecido pelo Plano Plurianual do período e ii) as demandas da Conferência Nacional de Saúde, que é realizada a cada quatro anos e ocorre no ano de elaboração do Plano. Segundo o que foi descrito no Plano Nacional de Saúde (2004), ele é um instrumento básico do Pacto Nacional de Saúde no Brasil e constitui uma referência para as funções do Ministério da Saúde e para todo o sistema de saúde nacional. Foi criado pela Lei Nº 8.080/90 e legalmente definido pela Portaria Nº 548/2001 como o conjunto de “documentos de intenções políticas, de diagnósticos, de estratégias, de prioridades e de metas, vistos sob a ótica analítica, devendo ser submetidos na íntegra aos respectivos Conselhos de Saúde”.

O plano é elaborado a fim de traçar “novos rumos na busca da ampliação e da qualificação do acesso aos serviços e ações de saúde, no avanço em direção à equidade, na construção permanente da intersetorialidade das políticas” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004, p.3) se comprometendo com a identificação das questões regionais relevantes e a ação conjunta das três esferas de poder para alcançar os objetivos propostos. Além disso, destaca a importância de incentivar a participação dos atores sociais na modificação das realidades sanitárias e epidemiológicas indesejáveis para alcançar o desenvolvimento das condições de vida da população, enfatizando o exercício democrático na elaboração das políticas de saúde. Assim, o objetivo do Plano é modificar o quadro nacional, alcançando uma “situação em que haja melhor qualidade de vida, maiores níveis de saúde e bem-estar, e apoio ao desenvolvimento social” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004, p.6). A operacionalização ocorre por meio de programas e projetos que definem ações e atividades específicas, os cronogramas e recursos necessários, direcionando as políticas de saúde de cada uma das três esferas de poder.

O primeiro Plano Nacional de Saúde foi fundamentado no Plano Plurianual do Governo Federal (2004-2007) que contemplava três grandes objetivos: i) Inclusão social e redução das desigualdades sociais, ii) crescimento com geração de emprego e renda, ambientalmente sustentável e redutor das desigualdades regionais e iii) promoção e expansão da cidadania e fortalecimento da democracia. Objetivos dos Planos Nacionais de Saúde, por sua vez, envolvem cinco dimensões: a social, a econômica, a regional, a ambiental e a democrática.

Depois de ser realizada a análise situacional do primeiro Plano Nacional de Saúde, o principal problema identificado para ser tratado ao longo do século XXI para a saúde foi a desigualdade de forma geral. Por isso, foi estabelecido como principal objetivo daquele Plano, e acabou se estendo para os demais elaborados a partir dele:

Promover o cumprimento do direito constitucional à saúde, visando à redução do risco de agravos e a ampliação do acesso universal e igualitário às ações para sua promoção, proteção e recuperação, assegurando a equidade na atenção, aprimorando os mecanismos de financiamento, diminuindo as desigualdades regionais e promovendo serviços de qualidade oportunos e humanizados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004, p.10).

Assim, foram traçados cinco objetivos a serem alcançados por meio do Plano Nacional de saúde: i) redução das desigualdades em saúde, ii) ampliação do acesso com qualificação e humanização da atenção, iii) redução dos riscos e agravos, iv) reforma do modelo de atenção e v) aprimoramento dos mecanismos de gestão, financiamento e controle social.

Para organização do primeiro Plano foram definidos cinco eixos prioritários de discussão, também este trabalho se utiliza dessa divisão, retomando os eixos que foram relevantes no tema estudado para nomear as subseções da análise descritiva, são eles: i) Linhas de atenção à saúde, ii) Condição de saúde da população, iii) Setor saúde, iv) Gestão em saúde e v) Investimento em saúde. No Plano elaborado em 2008 os eixos foram redefinidos como: i) as condições de saúde da população e a organização de serviços, ii) determinantes e condicionantes de saúde fundamentais para a qualidade de vida da população e iii) Gestão em saúde. Apesar de pequenas modificações, nos anos posteriores a seleção dos eixos temáticos foi praticamente a mesma, sempre relacionados aos Determinantes Sociais de Saúde.

Os Relatórios das PNADs e da PNS 2013, também utilizados nos resultados de análise descritiva deste trabalho, foram, em parte, a base das análises situacionais dos Planos Nacionais de Saúde, que vão muito além desses Relatórios, mas estes também trazem com profundidade informações que não foram utilizadas nos Planos. A partir de 1998, as pesquisas relacionadas à saúde da população passaram a ser realizados com intervalos regulares de cinco anos, mantendo aspectos essenciais da investigação, o que possibilitou a comparabilidade dos resultados entre os três anos nos quais foram realizadas as pesquisas junto à PNAD, em 1998, 2003 e 2008, com a pesquisa independente, realizada em 2013.

Esses relatórios têm caráter descritivo e trazem informações sobre a natureza das pesquisas realizadas – plano de amostragem, conceitos e definições necessários para análise dos resultados apresentados – e sobre os resultados dessas pesquisas, como as principais necessidades de saúde da população no ano da pesquisa, as condições de acesso e utilização dos serviços de saúde e informações sobre a posse de plano de saúde para todo Brasil, divido por regiões, Unidades da Federação e algumas regiões metropolitanas.

Segundo o Relatório do complemento de saúde da PNAD de 1998, intitulado “Acesso e Utilização de Serviços de Saúde”, o principal objetivo daquela investigação era obter informações sobre a morbidade percebida, o acesso aos serviços de saúde, a cobertura por plano de saúde, a utilização dos serviços de saúde e os gastos com saúde, além de outras informações que pudessem ser capazes de mensurar as condições de mobilidade física das pessoas de 14 anos ou mais.

Como a periodicidade do complemento de saúde da PNAD era de cinco anos, o Relatório seguinte foi publicado em 2003 e também foi intitulado “Acesso e Utilização de Serviços de Saúde”, nele foi repetida a experiência de 1998, gerando informações atualizadas de base populacional sobre acesso e utilização dos serviços de saúde. O Relatório apresentou essencialmente a mesma estrutura utilizada em 1998, sendo a alteração mais importante a

inclusão da investigação relativa ao acesso a serviços preventivos de saúde para as mulheres de 25 anos ou mais de idade.

Em 2008 a pesquisa foi ampliada e o Relatório recebeu novo título, “Um panorama da saúde no Brasil: acesso e utilização dos serviços, condições de saúde e fatores de risco e proteção à saúde 2008”, e ganhou um novo bloco de análise sobre tabagismo. Além de trazer informações sobre o acesso e utilização dos serviços de saúde, ampliou o bloco sobre mobilidade física dos moradores e aquele sobre a realização de exames preventivos da saúde das mulheres.

Em 2013, a pesquisa de saúde se tornou independente da PNAD e deu início à série de Pesquisas Nacionais de Saúde, cuja primeira foi realizada em 2013 e também se espera que tenha periodicidade de quatro anos. As análises dos resultados dessa pesquisa foram divididas em três grandes relatórios: “Acesso e Utilização dos Serviços de Saúde, Acidentes e Violência”, “Percepção do Estado de Saúde, Estilo de Vida e Doenças Crônicas” e “Ciclos de Vida, resultado da organização da nova PNS, que foi fundamentada em três eixos principais: i) o desempenho do sistema nacional de saúde, ii) as condições de saúde da população brasileira e iii) a vigilância das doenças crônicas não transmissíveis e fatores de risco associados, sendo que os aspectos relacionados à equidade mereceram particular consideração na pesquisa (IBGE, 2015).

Em relação à ampliação dos blocos de pesquisa, no primeiro eixo a PNS incluiu os módulos de acesso e utilização dos serviços de saúde e o de cobertura de plano de saúde do Suplemento Saúde da PNAD na sua íntegra, com pequenas atualizações, de modo a possibilitar o acompanhamento da série quinquenal de indicadores de saúde de utilidade já consagrada. Pesquisou, também, questões para dimensionar o acesso à assistência médica em diferentes níveis de atenção, em termos de tempo de espera e dificuldades na obtenção do atendimento, bem como a avaliação da assistência de saúde sob a perspectiva do usuário. A PNS aprofundou do questionário de saúde ao abordar novos módulos temáticos, como o de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, que possibilitou dimensionar o acesso ao diagnóstico e à assistência prestada às doenças crônicas, com maior detalhamento para doenças como hipertensão arterial, diabetes e depressão. Em relação ao módulo sobre “estilos de vida”, a pesquisa passou a incluir uso de bebidas alcoólicas, prática de atividades físicas e hábitos de alimentação, além do consumo de tabaco, que já estava presente nas demais pesquisas.