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3. METODOLOGIA DA PESQUISA CAMINHOS METODOLÓGICOS E SEUS

3.3 A análise dos dados

Para alcançar os objetivos da pesquisa desenvolveu-se a análise dos dados através da Análise Textual Discursiva – ATD (MORAES; GALIAZZI, 2011), que foi organizada sob dois níveis:

2º Nível: Diferenças e semelhanças nas mudanças das docentes.

No sentido de analisar os dados da pesquisa, a ATD corresponde a uma metodologia de análise de dados e informações de natureza qualitativa com a finalidade de produzir novas compreensões sobre os fenômenos e discursos produzidos nas investigações propostas. Na ATD busca-se aprofundamento do pesquisador sobre o processo desconstrutivo de unitarização, que é recursivo de mergulho nos sentidos atribuídos aos textos em análise. Desse modo, representa um tipo de metodologia que possibilita desde a análise de conteúdo tradicional até a de discurso, o que exige também do pesquisador um movimento interpretativo de caráter hermenêutico (MORAES; GALIAZZI, 2011).

Desse modo, conforme Moraes e Galiazzi (2011) examina-se a ATD, organizando argumentos em torno de quatro focos:

I) Desmontagem dos textos: desconstrução e unitarização

O primeiro elemento do ciclo de análise começa pela desconstrução ou unitarização dos textos, em que se faz “a incursão sobre os significados da leitura e sobre os diversificados sentidos que esta permite construir, a partir de um mesmo texto” (MORAES; GALIAZZI, 2011, p. 35). Esse primeiro elemento de desmontagem dos textos, a partir do corpus26 da análise textual discursiva, implica, segundo Moraes e Galiazzi (2011), em examinar detalhadamente todos os fragmentos do texto, ao ponto de produzir sentido nas unidades constituintes, enunciados referentes aos fenômenos estudados.

II) Estabelecimento de relações: o processo de categorização

De acordo com a proposta de Moraes e Galiazzi (2011), partindo da fragmentação dos textos e codificação de cada unidade, da reescrita dessas unidades de modo que assumam um significado, atribui-se uma denominação para cada unidade para, a partir de então, dar início ao processo denominado de categorização. Os sistemas de categorias, por sua vez, envolvem construção de relações entre as unidades de base, combinando-as e classificando-as, reunindo os elementos unitários na formação de conjuntos que congregam elementos próximos.

Assim, na ATD, o pesquisador precisa assumir-se como intérprete e autor de textos do mundo. Segundo Moraes e Galiazzi (2011), busca-se nessa perspectiva, a ampliação da discussão no processo analítico, atingindo uma produção textual entendida como pesquisa produtiva de novos significados, a partir da interação de diferentes vozes, como modo de

26 Segundo Moraes e Galiazzi (2011, p. 38), “a Análise Textual Discursiva concretiza-se a partir de um conjunto

de documentos denominado corpus. Este representa as informações da pesquisa e para a obtenção de resultados válidos e confiáveis requer uma seleção e delimitação rigorosa. Seguidamente não se trabalha com todo o corpus”.

intervenção em discursos nos quais o pesquisador se envolve em reconstruir entendimentos sociais, incluindo-se interlocutores empíricos e teóricos.

Neste tipo de procedimento, as categorias de análise podem ser definidas a priori ou do tipo teorias emergentes. No primeiro, o pesquisador traz explícito o olhar teórico desde o início, caracterizando-se como método dedutivo. No segundo, pelo método indutivo, o pesquisador constrói a teoria a partir da pesquisa. Contudo, os métodos podem mesclarem-se à medida que necessário (MORAES; GALIAZZI, 2011). Na pesquisa realizada, partimos de categorias iniciais relacionadas (a) ao Ensino Interdisciplinar de Ciências; (b) ao uso da TIC em sala de aula, (c) às possibilidades de usar a TIC para o Ensino Interdisciplinar das Ciências; às mudanças e continuidades de concepções sobre o Ensino Interdisciplinar em Ciências e o uso de TIC: O “antes” e o “depois” das reuniões de estudo de cada uma das docentes; na sequência buscou-se identificar as diferenças e semelhanças no processo antes-depois das docentes. Sendo assim, a investigação pautou-se na análise e interpretação desses dados, em que, além da categorização, as constatações foram interpretadas à luz do conhecimento produzido.

III) Captação do novo emergente:

Diante da intensa impregnação nos materiais da análise desencadeada nos dois focos anteriores nos colocamos na emergência de uma nova compreensão do todo – o metatexto – que representa, segundo Moraes e Galiazzi (2011), o resultado do esforço de explicitar a compreensão que se apresenta como produto de uma combinação dos elementos construídos por meio das categorias e subcategorias resultantes da análise. Dessa forma, todo o processo de ATD volta-se à produção do metatexto, em que, partindo-se da unitarização e categorização estabelecem-se pontes entre elas, e investigam-se possíveis sequências que podem ser organizadas no sentido de expressar com clareza as intuições e compreensões atingidas.

Sendo assim, o novo emergente se dará através do movimento de reconstruir argumentos já formulados, submetidos à crítica e obtidos através da validação das compreensões atingidas entre as interlocuções teóricas e empíricas entrelaçadas entre si. Em que a ATD se caracteriza, principalmente, em um “modo de teorização fenomenológico- hermenêutico que se propõe a construir novas teorias a partir do exame do material do corpus” (MORAES; GALIAZZI, 2011, p. 59). Diante disso, uma nova compreensão dos fenômenos pode ser comunicada e validada pela construção do metatexto que culminou da descrição e interpretação atingidos, a partir da impregnação intensa com o corpus da análise.

Mesmo os metatextos sendo descritivos e interpretativos, organizados a partir das unidades de significados e das categorias, ainda assim, seus produtos não se constituem em simples montagem ou sobreposições textuais. Os textos adquirem significados, pois, são resultados de processos intuitivos e auto-organizados. Logo, a ATD, culminando numa produção de metatextos, pode ser descrita por Moraes e Galiazzi (2011, p. 63) como “um processo emergente de compreensão, que se inicia com um movimento de desconstrução, em que os textos do corpus são fragmentados e desorganizados, seguindo-se um processo intuitivo auto-organizado de reconstrução”. Esse movimento é emergente de novas compreensões que necessitam ser comunicadas e validadas em forma de produções escritas cada vez com mais clareza.

Desse modo, a investigação passou por dois processos analíticos principais, sendo o movimento da qualificação ou inicial (pré-banca), e da defesa, como movimento reorganizado (pós-banca). Como movimento analítico inicial (pré-banca), a escrita/análise do trabalho, estava pautada no 1º nível, predominantemente descritivo, pois, tratava-se de uma etapa necessária para alcançar o próximo nível de análise.

Sendo assim, nesta versão (pós-banca), para a defesa, como movimento reorganizado e reinterpretativo, o 1° nível de análise foi reorganizado no segundo, como fora sugerido pela banca de qualificação. Avançada essa etapa, passou-se ao terceiro nível, em que, além da categorização, as constatações foram interpretadas à luz do conhecimento produzido.

A partir das descrições realizadas nessa seção, podemos observar os principais elementos que fizeram parte e que influenciaram no contexto de desenvolvimento e também de produção dos dados e resultados da presente pesquisa de dissertação. Assim, após o percurso metodológico descrito anteriormente, a seguir, na seção quatro, discorremos sobre a apresentação e a discussão dos resultados dessa pesquisa.

Para a discussão e interpretação dos dados produzidos, nesta seção, dialogamos com teóricos que tratam dos temas centrais de nossa pesquisa. Em relação ao Ensino Interdisciplinar na área de CN debatemos com importantes nomes como Japiassu (1976), Fazenda (2013; 2014), Maldaner e Frison (2014), dentre outros. Em relação ao uso das TIC em contexto escolar dialogamos, principalmente, com Jonassen (2000), Coll e Monereo (2010), Champangnatte e Nunes (2011), Lang (2016). Além disso, abordamos os preceitos do TPACK em que nos amparamos, principalmente, nos estudos de Mishra e Koehler (2006; 2008; 2009), Koehler e Mishra (2009).