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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.4 Experiências de planejamento colaborativo

Experiências que envolvem o desenvolvimento de planejamento colaborativo, que visam ações dialógicas entre pesquisadores e professores das escolas de educação básica têm sido apresentadas como oportunidades para a reflexão crítica sobre as concepções e práticas referentes ao trabalho docente. Diversos estudos e de diversas naturezas (MONTEIRO; MONTEIRO, 2010; SANAVRIA, 2014; SILVA, M., 2014; GONZÁLEZ; BORGES, 2015; BASSOLI; LOPES, 2017; PAIVA; GUIDOTTI, 2017), que apostaram em propostas colaborativas, obtiveram manifestações positivas capazes de possibilitar a reconstrução da prática dos educadores em função do desenvolvimento de estudos e reflexões em conjunto com seus pares, em parcerias com pesquisadores das universidades.

Desse modo, experiências em contextos de colaboração que utilizam as TIC nos processos de ensino e de aprendizagem, em diversos estudos (SANAVRIA, 2014; SILVA, M., 2014), especialmente, em possibilidades de uso na formação inicial e continuada de professores das mais diversas áreas do conhecimento, também se mostram eficientes na reconfiguração das práticas docentes em diversos contextos.

Sanavria (2014) investigou como um grupo de formação continuada com enfoque colaborativo pode contribuir para um uso reflexivo dos recursos da Web 2.0 por professores de Matemática, pode fornecer elementos sobre o desenvolvimento de práticas colaborativas com o uso de TIC. As constatações do autor revelam que o grupo partícipe do trabalho se consolidou como colaborativo, sendo as metas estabelecidas conjuntamente e o compartilhamento visto como um elemento que contribuiu para as práticas com as TIC; de que os professores passaram a apresentar novas percepções sobre o uso das tecnologias, considerando mais os aspectos interativos das ferramentas e, principalmente, o aluno assumindo mais a produção das atividades e conteúdos; além disso, o processo vivido contribuiu para a reflexão-na-ação e reflexão-sobre-a-ação a partir do uso das tecnologias, em um nível inicial que tende a consolidar-se com o tempo; e ainda, que a colaboração mostrou-se um elemento diferenciador no processo formativo desenvolvido (SANAVRIA, 2014).

O estudo apresentado por Silva, M. (2014) analisou os conhecimentos e as práticas docentes vivenciadas por professores e alunos do 8º ano do Ensino Fundamental em uma escola participante do Projeto Um computador por Aluno (UCA), durante o planejamento e a execução

de um projeto colaborativo em rede. Os resultados evidenciaram que práticas colaborativas com o suporte do laptop educacional e da internet favoreceram o ensino e a aprendizagem, dinamizaram o fazer pedagógico e propiciaram o desenvolvimento de atitudes como colaboração, solidariedade, coautoria, corresponsabilidade e sentido de pertença ao grupo. Para tanto, a autora salientou de que é necessário oferecer formação docente, acompanhamento do trabalho didático-pedagógico e suporte tecnológico (SILVA, M., 2014).

Dentre as experiências colaborativas, também nos interessa aqueles trabalhos desenvolvidos em contextos do Ensino de Ciências (MONTEIRO; MONTEIRO, 2010; BASSOLI; LOPES, 2017), pois, ensinar nessa área tem sido um grande desafio não somente para os educadores, mas também para pesquisadores em nosso País.

Diante disso, algumas possibilidades são os programas criados em parcerias entre comunidade escolar e a administração pública, que se apresentam como possiblidades de melhorias para o Ensino das Ciências. O trabalho de Monteiro e Monteiro (2010), analisou o processo de implantação, bem como as dificuldades enfrentadas pela coordenação e os meios adotados para a sua superação, de um programa desenvolvido em um município do interior de São Paulo. A intenção do programa era a incorporação de atividades didáticas significativas nas aulas de Ciências das escolas municipais de Ensino Fundamental, a fim de propiciarem o desenvolvimento de habilidades e competências das crianças em pensar cientificamente (MONTEIRO; MONTEIRO, 2010).

Na análise dos resultados, os autores destacam que, apesar de ocorrerem resistências iniciais das docentes envolvidas, no transcorrer dos trabalhos, a implementação de um trabalho de pesquisa contribuiu para que a resistência diminuísse, pois, as professoras tiveram a oportunidade de refletir sobre sua prática pedagógica, compreendendo e atribuindo significado às inovações propostas pelo Programa. Além disso, destacaram que o processo reflexivo implementado contribuiu, apenas para a ampliação da consciência do professor quanto aos problemas relativos às ações em sala de aula, mas não permitiu que fatores extrínsecos a essa realidade, mas que interfere decisivamente no microcosmo de sala de aula, pudessem ser percebidos (MONTEIRO; MONTEIRO, 2010). Desse modo, os cursos de formação continuada devem levar em conta a busca de processos reflexivos que não apenas limitem a instrumentar o professor, mas que sejam capazes de desencadear a reflexão da própria prática.

Além disso, podemos destacar experiências em diferentes contextos como uma alternativa de desenvolvimento de propostas Interdisciplinares na área de CN, em que o planejamento colaborativo proporciona aos partícipes momentos de estudos coletivos, reflexões e de diálogos acerca de conteúdos pedagógicos e específicos das disciplinas que lecionam.

Evidências positivas desse tipo de trabalho são encontradas em estudos como de Paiva e Guidotti (2017), em que estiveram envolvidas três educadoras dos anos iniciais de uma escola municipal.

No intuito de compreender como o planejamento colaborativo contribui com a formação das educadoras dos anos iniciais envolvidas no trabalho, foi desenvolvida uma proposta de formação continuada, fundamentada na metodologia do planejamento colaborativo, que oportunizou o compartilhamento de ideias, experiências e conhecimentos entre os docentes de uma escola municipal de ensino fundamental (PAIVA; GUIDOTTI, 2017).

Dessa maneira, na análise das informações do estudo, Paiva e Guidotti (2017) apresentam duas categorias emergentes do processo: 1 – o Planejamento Colaborativo como elemento motivador da pesquisa, estudo e trocas de vivências, e, 2- a possibilidade de uma prática Interdisciplinar, a partir da construção coletiva de uma sequência didática. Já as categorias finais de análise do estudo mostraram que o trabalho desenvolvido na escola proporcionou aos professores momentos de estudos coletivos, reflexões e de diálogos acerca de conteúdos específicos da Física e da prática docente (PAIVA; GUIDOTTI, 2017).

Diante das experiências de planejamento colaborativo apresentadas, pode se constatar que, independentemente dos contextos e situações em que ocorrem, precisam levar em consideração as formas de colaboração entre docentes de modo que possam favorecer a reflexão crítica sobre a própria prática. Os resultados desses trabalhos apontam que existem possibilidades de mudança na forma de trabalho dos professores que participam dessas experiências, mas há de se considerar as dificuldades e os desafios que emergem no processo de seu desenvolvimento para construir condições efetivas de mudanças (GONZÁLEZ; BORGES, 2015; BASSOLI; LOPES, 2017).

Diante disso, no ensejo de alcançar os objetivos propostos para essa pesquisa, na seção três, próximo capítulo, descrevemos os caminhos metodológicos percorridos para o desenvolvimento do processo investigativo. De cunho qualitativo, a pesquisa foi estruturada para a obtenção dos dados, sob as perspectivas da Pesquisa-ação Colaborativa (OLIVEIRA, 2012), em que se amparou, para a análise dos dados, nos pressupostos teóricos de Moraes e Galiazzi (2011), por meio de Análise Textual Discursiva (ATD).

3. METODOLOGIA DA PESQUISA - CAMINHOS METODOLÓGICOS E SEUS