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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 Avaliação dos Danos e Prejuízos

5.2.2 Análise dos danos e prejuízos dos desastres por SE

Foi possível observar que 28,93% dos relatórios de danos contabilizados para desastres por SE no Semiárido brasileiro foram oriundos do estado do Ceará (186 relatórios) e foram registrado entre os anos 2003, 2004, 2008 e 2009 (Figura 12).

Figura 12. Frequência dos formulários de danos por SE dos estados do Semiárido do Brasil, 2003 a 2017

Fonte: Brasil, 2017. Elaborado pela autora

A segunda maior frequência de relatórios de avaliação de danos corresponde ao estado da Paraíba, com 20,68%, seguido pelo Rio Grande do Norte com 13,69%.

Foi disponibilizado apenas Notificação Preliminar de Desastres - NOPRED16 dos relatórios de danos (Anexo D) para os municípios de Santana do Ipanema, Olivença, Mata Grande e Quebrangulo (Alagoas), Josenópolis e Salinas (Minas Gerais), Águas Belas (Pernambuco), Jandaíra, Santa Cruz e São Tomé (Rio Grande do Norte). Vale destacar que todos os desastres com a presença de NOPRED são do tipo enxurrada.

Neste sentido, serão expostos os danos e as áreas afetadas pelos desastres por SE apenas dos 643 formulários (Anexo E). É importante destacar que os 643 relatórios de avaliação de danos para desastres hidrometeorológicos por SE que foram analisados correspondem a 489 municípios do Semiárido do Brasil, pois em alguns municípios houve frequência de mais de uma ocorrência de SE.

Com relação às áreas afetadas, nos 489 municípios analisados a categoria urbano/rural possui o maior número de pessoas afetadas (2.449 registros). Destaca-se o estado do Rio

16 NOPRED – Notificação Preliminar de Desastre: é um formulário utilizado para comunicar ao Órgão Estadual de Defesa Civil e à Secretaria Civil, em Brasília,

no Distrito Federal, a ocorrência do evento adverso, antes da decretação de situação de anormalidade. PB 133 CE 186 BA 85 Se 4 RN 88 PI 46 PE 72 MG 19 AL 10

Grande do Norte (1.398), representando 57,08% das ocorrências totais. Na categoria urbano (1.494 registros), o estado do Rio Grande do Norte representa 65,33% dos resgistros (976), conforme é apresentado na tabela 9 a seguir.

Tabela 9. Áreas afetadas deflagradas por SE na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017 ÁREAS AFETADAS

Tipo de Ocupação Urbano Rural Urbano/Rural Total

Residencial 1.339 373 1.986 3.698 Comercial 80 22 94 196 Industrial 42 12 19 73 Agrícola 01 466 87 554 Pecuária 03 197 93 293 Extrativismo Vegetal 02 19 08 29 Reserva Florestal / APA 02 05 08 15 Mineração 04 60 49 113 Turismo / Outros 21 90 105 216 Total 1.494 1.244 2.449 5.187

Fonte: SEDEC, 2003-2017. Elaborado pela autora

Observa-se que a área residencial dos municípios foi a mais afetada pelos desastres, com um total de 71,29% dos registros, acarretando prejuízos econômicos no que se refere ao saneamento básico dos municípios, no abastecimento de água, no atendimento de saúde e educação, além de prejuízos na agricultura, com a perda das culturas de milho, mandioca, feijão e algodão, na pecuária, com a morte de animais (caprinos, ovinos e bovinos), além das atividades de serviços e comércio, de acordo com as informações dos relatórios dos danos.

Áreas de reservas florestais também foram atingidas, com a danificação de passagens molhadas que dão acesso a alguns muncípios, além do rompimento de barragens.

A tabela 10 mostra o montante dos danos humanos gerados pelos desastres hidrometeorológicos por SE na região Semiárida. Observa-se que os impactos foram bastante significativos, com um total de 377.880 pessoas afetadas. Os maiores danos relacionam-se ao número de pessoas desabrigadas e desalojadas, conforme apresentado na tabela abaixo.

Tabela 10. Danos humanos deflagrados por SE na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017

DANOS HUMANOS

Tipos de Danos Número de pessoas afetadas

Mortos 109 Feridos 1.409 Enfermos 28.521 Desabrigados 113.749 Desalojados 234.071 Desaparecidos 21 Total 377.880

Fonte: SEDEC, 2003-2017. Elaborado pela autora

No que tange à ocorrência das 109 mortes registradas, 37 óbitos ocorreram no estado do Pernambuco, ocasionados por desastres do tipo chuvas intensas e enxurradas nos anos 2004 e 2010, 32 óbitos no Ceará, ocasionados por chuvas intensas, enxurradas e inundações (2004, 2008, 2009 e 2013), 16 óbitos ocorreram na Bahia, provocados por chuvas intensas, enxurradas e inundações (2004 e 2010), 11 óbitos ocorreram no estado da Paraíba, gerados por chuvas intensas no ano de 2004, seis óbitos foram registrados no estado do Piauí, provocados por chuvas intensas, enxurradas e inundações (2004, 2008 e 2009), cinco mortes ocorreram no estado do Sergipe, ocasionadas por chuvas intensas e enxurradas no ano de 2004, em Minas Gerais foi registrado um óbito no ano de 2003, provovado por uma chuva intensa e uma morte ocorreu no estado do Rio Grande do Norte no ano de 2004, ocasionada por um desastre do tipo chuva intensa. O estado de Alagoas não registrou óbitos provenientes de desastres hidrometeorológicos por SE.

Quanto ao número de pessoas afetadas, destaca-se o estado do Ceará (173.116 pessoas afetadas), no qual ficaram 115.355 pessoas desalojadas e 48.295 pessoas desabrigadas, correspondendo a 45,81% dos afetados, seguido pelo estado do Rio Grande do Norte (44.327 pessoas afetadas), tendo ficado 23.376 pessoas desalojadas e 12.257 desabrigadas, correspondendo a 11,73% dos afetados pelos desastres de SE na região Semiárida entre 2003 e 2017.

Das 28.521 pessoas enfermas em virtude dos desastres, 8.985 delas foram afetadas por desastres ocasionados no estado do Ceará e 8.526 no Rio Grande do Norte, correspondendo a 61,40% das pessoas enfermas.

No que tange aos danos materiais (Tabela 11) oriundos dos desastres por SE no Semiárido entre 2003 e 2017, as áreas afetadas apresentam maior quantitativo de unidades danificadas (83.253 unidades) do que em unidades destruídas (33.366 unidades).

Cabe destacar que na pavimentação de vias urbanas houve 1.496.818,30 Mil m² de vias danificadas e 145.337,63 Mil m² destruídas, além de 21.019,95 km de estradas destruídas e 209.781,90 km danificadas, em toda a região Semiárida do Barsil atingida pelos desastres hidrometeorológicos por SE.

Tabela 11. Danos materiais deflagrados por SE na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017

DANOS MATERIAIS

Edificações Destruída Danificada

Instituições Públicas de Saúde 59 281

Instituições Públicas de Ensino 61 1.436

Instituições Particulares de Ensino 04 09

Instituições Particulares de Saúde 00 48

Instituições Públicas Prestadoras de Outros Serviços 2.059 11.853

Instituições Públicas de Uso Comunitário 27 1.575

Unidades Habitacionais 18.098 53.636

Obras de Infraestrutura Públicas 1.492 413

Obras de Arte (Quantidade) 1.729 4.498

Rurais / Açudes 9.715 3.337

Industriais 50 59

Comerciais 72 6.108

Total 33.366 83.253

Fonte: SEDEC, 2003-2017. Elaborado pela autora

Conforme observado na tabela 11, os locais mais afetados pelos desastres hidrometeorológicos foram as unidades habitacionais (urbanas e rurais, armazéns e galpões), muitas das quais foram danificadas (53.636 unidades) ou destruídas (18.098 unidades), destacando-se o estado do Ceará com 23.018 unidades danificadas e 4.068 destruídas.

Como já mencionado, os danos ambientais são abordados no AVADAN por intensidade. Neste sentido, percebe-se que quanto aos danos ambientais (Tabela 12), as áreas mais afetadas pelos desastres hidrometeorológicos por SE registram-se nas classes de média intensidade (286 registros) e alta intensidade (232) contabilizando 70,57% dos registros (518), conforme observado na tabela.

Tabela 12. Danos ambientais (AVADAN) deflagrados por SE na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017

DANOS AMBIENTAIS

Recursos Naturais Baixa Média Alta Muito Alta Total

Água Esgoto Sanitário 50 70 56 08 184

Água Efluentes Industriais 03 06 00 01 10

Água - Outros 05 08 13 03 29 Solo Erosão 45 121 89 33 288 Solo Deslisamento 24 39 30 05 98 Solo Contaminação 08 13 07 02 30 Solo - Outros 03 03 05 01 12 Flora Desmatamento 02 10 10 00 22 Flora Queimadas 03 03 07 00 13 Flora - Outros 05 06 05 01 17

Fauna Caça Predatória 07 05 05 00 17

Fauna - Outros 04 00 05 02 11

Total 160 286 232 56 734

Fonte: SEDEC, 2003-2017. Elaborado pela autora

No que se refere às áreas mais afetadas, observa-se uma maior ocorrência sobre a erosão do solo (288 registros), em todas as classes de intensidade, com maior frequência na classe de média intensidade (121), seguida pela área de esgoto sanitário (184), em que houve desastres de todas as classes de intensidade e com maior frequência na média intensidade (70).

A tabela 13, apresenta os danos ambientais informados em alguns FIDE para os estados do Ceará, Minas Gerais e Piauí, lembrando que os danos ambientais nos relatórios FIDE são tratados por porcentagem.

Observa-se que nestes relatórios, nos danos ambientais a área mais afetada registrou-se na classe 0,5% (baixa), com cinco registros.

Tabela 13. Danos ambientais (FIDE) deflagrados por SE na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017 DANOS AMBIENTAIS Recursos Naturais 0-5% (Baixa) 5-10% (Média) 10-20% (Alta) >20%

(Muito Alta) Total

Contaminação da água 01 01 00 01 03

Contaminação do Solo 02 00 00 00 02

Contaminação do Ar 02 00 00 00 02

Total 05 01 00 01 07

Fonte: SEDEC, 2003-2017. Elaborado pela autora

A área mais afetada foi a de contaminação da água (três registros), de classe baixa no estado do Piauí, média, no Ceará e muito alta em Minas Gerais. Houve registro de contaminação do solo e do ar, de classe baixa nos estados do Ceará e Piauí.

referente aos danos materias gerados pelos desastres hidrometeorológicos por SE é estimado em R$ 417.910.919,81.