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Ocorrências de desastres hidrometeorológicos por intensidade e por tipo,

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Distribuição espaço-temporal dos desastres hidrometeorológicos, 2003 a 2017

5.1.2 Ocorrências de desastres hidrometeorológicos por intensidade e por tipo,

Sabe-se que os desastres naturais são classificados quanto à sua intensidade, que os desastres classificados como causas de Situação de Emergência - SE são sistematizados como de nível I e II (pequena e média intensidade) e que os desastres classificados como causas de Estado de Calamidade Pública - ECP são sistematizados como de nível III (grande intensidade), Brasil (2016).

O maior número de decretos de ocorrências dos desastres por intensidade na série analisada corresponde a desastres de níveis I e II (Figura 5), com 1.148 decretos. Os decretos de nível III correspondem a apenas 47 ocorrências.

Figura 5. Percentual de ocorrências dos desastres hidrometeorológicos por intensidade na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017.

SE 96,07% ECP

3,93%

Fonte: Brasil, 2017. Organizado pela autora.

É importante relatar que os maiores quantitativos de ocorrências tanto para SE como para ECP ocorreram no ano de 2004, com 435 decretos de situação de emergência, correspondendo a 36,37% de todos os desastres registrados. É importante destacar que os decretos de ECP só foram registrados nos anos de 2004, 2010, 2011 e 2013.

De acordo com os Boletins Climanálise (INMET, 2004), no ano de 2004 foi observada uma predominância de chuvas abaixo ou próxima à média histórica em quase toda a região Nordeste do Brasil. Entretanto, em algumas localidades14, os máximos de precipitação

14 Localidades no Nordeste com chuvas acima da média climatológica em 2004: JANEIRO- Picos, no Piauí, com 436 mm, quando a média para o mês é

correspondente a 127 mm; Barra, na Bahia, com 280 mm, quando a média para o mês é de 180 mm; Quixeramobim, no Ceará, com 252 mm, quando a média para o mês é de 78 mm. FEVEREIRO- quase toda a região apresentou precipitação acima da média histórica. MARÇO- Chuvas acima da média no centro-sul da Bahia. ABRIL- Chuvas acima da média no interior do Piauí e no sul da Bahia. MAIO- Chuvas acima da média no oeste do Pernambuco, estendendo-se até o sul do Ceará e norte da Bahia (INMET, 2004).

excederam entre 50 e 300 mm a mais do que a média climatológica, o que pode explicar o quantitativo de ocorrências de desastres naturais de ordem hidrometeorológica na região do Semiárido do Brasil.

Observa-se que, dos 15 anos em análise, em 2003, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2012, 2014, 2016 e 2017 foram registradas apenas ocorrências de SE, compondo 45,07% dos decretos da região Semiárida. Quanto as ocorrências de ECP, estas foram registradas com maior frequência no ano de 2004 (43 ocorrências), conforme mostra a figura 6.

O ano com o menor quantitativo foi 2017, com apenas uma ocorrência (SE). No ano de 2015 não houve nenhum decreto de ocorrências de desastre hidrometeorológico.

Figura 6. Número de ocorrências anuais dos desastres hidrometeorologicos por intensidade na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017. 0 43 0 0 0 0 0 2 1 0 1 0 0 0 0 24 435 6 7 36 241 196 108 61 7 6 10 0 11 1 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 N  d e O c o r r ê n c ia s Anos ECP SE

Fonte: Brasil, 2017. Organizado pela autora.

No tocante as ocorrências anuais dos desastres hidrometeorológicos por tipo na região Semiárida do Brasil, a figura 7 mostra que das 1.196 ocorrências, 412 (34,45%) correspondem a desastres deflagrados por inundações (Prancha 4A), compondo o maior número de decretos reconhecidos para a região Semiárida do Brasil, distribuídos, em sua maioria, entre os anos de 2003 e 2009, tendo o ano de 2008 o maior número de ocorrências deste tipo (166 ocorrências), representando 40,39%.

Os desastres do tipo chuvas intensas (Prancha 4B) correspondem a 31,77% (380 ocorrências), distribuídos entre os anos de 2003, 2004, 2014 e 2016, havendo o ano de 2004 tido o maior número de ocorrências deste tipo (351 ocorrências), representando 92,62%.

Os desastres hidrometeorológicos do tipo enxurradas (Prancha 4C), contabilizam 26,42% das ocorrências, distribuídos entre os anos de 2004 a 2013, 2016 e 2017, tendo o ano

2008 tido o maior número de ocorrências (75 ocorrências), correspondendo a 23,74% dos desastres deste tipo.

Os desastres do tipo alagamentos (Prancha 4D), representam apenas 1% das ocorrências (12), tendo o ano de 2010 tido o maior número de ocorrências (quatro ocorrências). Quanto aos desastres do tipo enchentes (Prancha 4E), representam 6,35% das ocorrências (76), distribuídos entre os anos de 2010 a 2012, tendo o ano de 2010 tido o maior número de ocorrências (45), correspondendo a 59,21% dos desastres deste tipo.

Figura 7. Prancha do número de ocorrências anuais dos desastres hidrometeorológicos por tipo na região Semiárida do Brasil, de 2003 a 2017 A INUNDAÇÕES B CHUVAS INTENSAS C ENXURRADAS D ALAGAMENTOS

E

ENCHENTES

Anos

Fonte: Brasil, 2018. Organizado pela autora.

O ano de 2004 corresponde ao maior número de ocorrências, como já mencionado, com registros do tipo chuvas intensas (351 ocorrências), correspondendo a 73,43%, enxurradas (50 ocorrências), correspondendo a 10,46% e inundações (77 ocorrências), correspondendo a 16,11%, seguido pelo ano de 2008, com 166 decretos do tipo inundações (68,88%) e 75 decretos de enxurradas (31,12%).

A tabela 2 mostra a variação espacial por estados e por municípios do total de desastres reconhecidos (SE/ECP), assim como o ranking das ocorrências por município entre 2003 e 2017.

Tabela 2. Ranking das ocorrências de desastres hidrometeorológicos por estados federativos e municípios na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017

Ranking por estado Ranking por município

UF N° de

Desastres

Ranking UF N° de

Desastres

Ranking

Paraíba 270 1° Crato (CE) 7 1°

Ceará 237 2° Campina Grande (PB) 6 2°

Rio Grande do Norte

160 3° Juazeiro do Norte (CE) 5 3°

Bahia 154 4° Chã Grande (PE)

Piauí 140 5° Poço Dantas (PB) 5 4°

Pernambuco 139 6° Itabaiana (PB)

Minas Gerias 52 7° Novo Cruzeiro (MG) 4 5°

Alagoas 31 8° Senhor do Bonfim

(BA)

Sergipe 13 9°

Jardim do Seridó (RN) 3 6°

Quebrangulo (AL) 3 7°

Total 1.196 - Total 33 -

Fonte: Brasil, 2018. Organizado pela autora.

A tabela 2 mostra que todos os estados da região Semiárida possuem registros de ocorrências de desastres. O estado que mais decretou foi a Paraíba (270 ocorrências), seguido pelo Ceará (237 ocorrências) e o Rio Grande do Norte (160 ocorrências).

Das 270 ocorrências de desastres hidrometeorológicos que foram reconhecidos no estado da Paraíba, 256 são do tipo SE e 14 do tipo ECP, 108 desastres ocorreram só no ano de 2008, todos do tipo SE. No que se refere às ocorrências de ECP, todas ocorreram no ano de 2004.

Quanto ao ranking das ocorrências por municípios no Semiárido, o município do Crato, no Ceará, foi o que mais decretou desastre, com 07 decretos, seguido por Campina Grande, na Paraíba, com 06 decretos, e Juazeiro do Norte, no Ceará, com 05 decretos. O município de Juazeiro do Norte foi classificado em 3° no ranking pois houve a ocorrência de um ECP nas seus reconhecimentos, enquanto os municípios classificados em 4° (Chã Grande, no Pernambuco, Poço Dantas e Itabaiana na Paraíba) possuem apenas ocorrências de SE. O mesmo critério foi utilizado para classificar o município Jardim de Seridó no Rio Grande do Norte em 6° lugar (03 decretos).

Com relação aos decretos por ECP, apenas Paraíba e Pernambuco tiveram 14 ocorrências cada, durante os 15 anos de análise. A figura 8 mostra a distribuição espacial das ocorrências e os tipos de desastres hidrometeorológicos por municípios da região Semiárida do Brasil, reconhecidos por Estado de Calamidade Pública no período de 2003 a 2017.

O tipo inundações teve o maior número de ocorrências (25 ocorrências), seguido pelos desastres do tipo enxurradas (20 ocorrências) e desastres de chuvas intensas, que tiveram apenas duas ocorrências.

Os desastres do tipo chuvas intensas foram decretados apenas nos estados Paraíba e Pernambuco. Já os desastres do tipo enxurradas foram decretados nos estados de Alagoas e Bahia, com apenas um reconhecimento cada, na Paraíba (13 ocorrências) e no estado do Pernambuco, com cinco ocorrências. Apenas no estado do Pernambuco a frequência é de até duas ocorrências por município.

Os desastres do tipo inundações foram decretados nos estados do Ceará (11 ocorrências) e do Rio Grande do Norte (14). A frequência é de até duas ocorrências por municípios no Rio Grande do Norte e apenas uma ocorrências por município no Ceará.

A ausência, ou pouca frequência, de ocorrências por ECP, ocorre mais em virtude de uma questão técnica e administrativa da gestão, do que da própria existência de fenômenos climáticos deflagradores de desastres hidrometeorológicos reconhecidos por ECP na região do NEB, conforme revelam Moura et al. (2016).

No que tange à frequência das ocorrências por municípios, descata-se o estado do Rio Grande do Norte, onde quatro municípios tiveram a frequência máxima de ECP, a saber: Ielmo Marinho, Jardim do Seridó, Pau dos Ferros e Venha-Ver, todos com desastres do tipo

inundações.

Vale ressaltar que a frequência dos registros de ECP é maior no ano de 2004 (43 ocorrências), que foi considerado um ano excepcionamente chuvoso na região. Isso ocorreu devido a uma maior atuação da ZCIT nesse ano no setor Norte do Nordeste. Este padrão também foi observados por Moura et al. (2016).

A figura 9 mostra a distribuição espacial das ocorrências de desastres hidrometeorológicos do tipo enxurradas, por municípios da região Semiárida do Brasil, reconhecidos por SE, observa-se que os desastres do tipo enxurradas foram decretados em municípios de todos os estados que compõe a região Semiárida.

A frequência é de até quatro ocorrências por município para os desastres do tipo enxurradas que ocorreram no município de Senhor do Bomfim, no estado da Bahia, nos anos de 2008 (duas ocorrências), 2011 (uma ocorrência) e 2016 (uma ocorrência). Já a frequência de três ocorrências por SE para desastres do tipo enxurradas foi registrada em municípios dos estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Bahia, e a frequência de até duas ocorrências por municípios foi registrada nos estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia.

As ocorrências de enxurradas correspondem a 23,68% dos 1.149 ocorrências por SE na região Semiárida do Brasil. Os estados com maior número de ocorrências foram Pernambuco (88 ocorrências), Paraíba (64 ocorrências) e Bahia (57 ocorrências). Os estados de Sergipe e Piauí apresentaram os menores quantitativos de ocorrências por SE para enxurradas, com duas e nove ocorrências, respectivamente.

Os anos que apresentaram maior número de ocorrências foram 2009 (65 ocorrências), 2010 (59 ocorrências), 2008 (50 ocorrências), 2004 (34 ocorrências) e o ano de 2011 (30 ocorrências). No ano de 2012 houve o menor número de decretos por SE, com apenas três ocorrências de desastres do tipo enxurradas.

Figura 9. Mapa da distribuição dos desastres hidrometeorológicos do tipo Enxurradas por SE na região Semiárida do Brasil, 2003 a 2017.

Os desastres do tipo chuvas intensas e enchentes correspondem a 39,43% das ocorrências por SE decretados na região Semiárida, sendo 76 ocorrências de desastres do tipo enchentes e 377 ocorrências de desastres do tipo chuvas intensas.

Observa-se na Figura 10 que os desastres hidrometeorológicos do tipo enchentes tiveram maior número de ocorrências nos estados da Paraíba (26 ocorrências), Piauí (25 ocorrências) e Minas Gerais (18 ocorrências), já os menores quantitativos de ocorrências ocorreram nos estados do Ceará, com cinco ocorrências, e na Bahia, com apenas duas ocorrências. Os demais estados não apresentaram nenhuma ocorrência desse tipo.

As ocorrências de enchentes ocorreram nos anos de 2010 (45 ocorrências), 2011 (28 ocorrências) e no ano de 2012, com apenas três ocorrências. A frequência é de até duas ocorrências por municípios na Paraíba e todos foram efetuados no ano de 2011. Nos demais municípios, a frequência é de apenas uma ocorrências.

As ocorrências de desastres do tipo chuvas intensas correspondem a 32,81% dos decretos reconhecidos por SE na região semiárida. Nota-se na Figura 10 um maior número de ocorrências por municípios no Piauí (73 ocorrências), Bahia (61 ocorrências) e Paraíba (56 ocorrências). O estado com menor número de decreto é Sergipe (11 ocorrências). Cabe destacar que houve registros de desastres do tipo chuvas intensas por SE em todos os estados da região Semiárida.

A frequência é de até três ocorrências por municípios no Ceará e de até duas ocorrências por municípios na Bahia e no Ceará. Já nos estados de Alagoas, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte registrou-se apenas uma ocorrência por município.

A Figura 11 apresenta a distribuição espacial e os desastres hidrometeorológicos do tipo alagamentos e inundações (inundações graduais) por município no Semiárido brasileiro, reconhecidos por SE.

Os estados com ocorrências por inundações são Ceará (147 ocorrências), Paraíba (108 ocorrências), Rio Grande do Norte (52 ocorrências), Piauí (34 ocorrências), Bahia (23 ocorrências), Minas Gerais (16 ocorrências), Pernambuco e Alagoas. Houve apenas duas ocorrências por inundações em cada estado.

Dos 108 decretos reconhecidos na Paraíba, 107 foram no ano de 2008, sendo este o ano com maior número de ocorrências (165 ocorrências), seguido pelo ano de 2004 (53 ocorrências).

A frequência é de até três ocorrências por município no estado do Ceará, dois municípios na Bahia, no Ceará, em Minas Gerais, na Paraíba, no Piauí e no Rio Grande do Norte. A frequência de uma ocorrências ocorreu nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí e no Rio Grande do Norte, para desastres hidrometeorológicos por SE do tipo inundação. O estado do Sergipe foi o único que não decretou este tipo de desastre por SE.

Os desastres hidrometeorológicos do tipo inundações e alagamentos totalizam 34,46% das ocorrências por SE decretados na região Semiárida do Brasil. Quanto aos desastres do tipo alagamentos, observa-se que as ocorrências foram registrados em municípios da Bahia, Pernambuco e Minas Gerais. Não houve recorrência desse tipo de desastre nos municípios, ou seja, a frequência foi de apenas um decreto por município.

Das 12 ocorrências por SE do tipo alagamento, oito ocorreram no estado da Bahia, três no estado de Minas Gerais e apenas uma decreto no estado do Pernambuco. O ano com maior número de ocorrências foi 2010, com quatro ocorrências, seguido pelos anos de 2011, 2014 e 2016, com duas ocorrências cada, e pelo ano de 2017, com apenas uma ocorrência de desastre do tipo alagamento.