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Análise dos métodos tangíveis frente a questão ambiental

CAPÍTULO 3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA GESTÃO ESTRATÉGICA DAS

3.1 Utilização de métodos de custeio para apoiar a gestão estratégica de

3.1.5 Análise dos métodos tangíveis frente a questão ambiental

Os quatro métodos supra apresentados mostram-se frágeis quanto ao tratamento da questão ambiental, em especial em empresas de produção de bens de consumo geradoras de elevado impacto ambiental negativo, como abatedouros, curtumes, indústrias petroquímicas, químicas, têxteis, alimentícias, farmacêuticas, de celulose etc., e particularmente aquelas dispostas a entrar no mundo globalizado das exportações, devido ao alto grau de exigências ambientais.

Mas, os mesmos podem, em parte, ser utilizados para a mensuração e avaliação de impactos ambientais, desde que obedeçam às seguintes condições:

• que os impactos sejam localizados, fazendo parte do ambiente de trocas da empresa, e

• que a base de dados advinda dos impactos possa ser valorada monetariamente, isto é, que o valor econômico total (VET) seja igual ao valor de uso (VU), de forma que seja possível a sua precificação pelo mercado.

O método do custo-padrão pode ser utilizado para a determinação dos quantitativos de matéria-prima e materiais de consumo específico, descartados em função da produção e dos materiais utilizados para o tratamento e/ou disposição dos resíduos gerados no chão-de-fábrica.

O método dos centros de custos pode ser utilizado para empresas que mantém o sistema de departamentalização, onde também as obrigações e atitudes ambientais possam ser detectadas como de responsabilidade de um setor em específico.

O método das unidades de esforço de produção pode ser utilizado na mensuração das operações fabris voltadas à redução dos danos ambientais, seja através do reuso, reciclagem, tratamento ou disposição dos resíduos fabris. Em contra partida não é adequado para mensurar as operações administrativas, sejam elas de objetivo ambiental ou não.

O método do custeio baseado em atividades pode ser utilizado por qualquer empresa, seja para mensurar atividades produtivas ou administrativas voltadas à redução dos danos ambientais. Para atividades produtivas pode mensurar o reuso, a reciclagem, o tratamento ou a disposição dos resíduos fabris. Para atividades administrativas pode mensurar atividades típicas ambientais como o conhecimento e cumprimento das obrigações ambientais, o treinamento de funcionários para a melhoria ambiental, a implantação de um sistema de gestão ambiental, entre outras.

Os métodos em questão, além de serem voltados estritamente aos aspectos financeiros, têm uma visão bottom-up (de baixo para cima), onde as ações situam-se mais em nível da gestão operacional, sem enfatizar a relação estratégica de causa e efeito que poderá haver entre as mesmas.

Concluindo, pode-se dizer que, diante da perspectiva que se espelha enquanto o meio ambiente estiver sendo saqueado e degradado de forma irresponsável,

nenhum dos quatro métodos atende às atuais necessidades de informes monetários demandados pela sustentabilidade ambiental, tão almejada pelas organizações como diferencial competitivo. A melhor configuração seria utilizar parte de cada um dos métodos apresentados, com exceção do método dos centros de custos, o qual não se adequa mais às novas tecnologias de produção e informes gerenciais. Assim, sugere-se a seguinte combinação:

• método do custo-padrão: mensuraria os níveis de desperdício de matérias primas e insumos do processo produtivo;

• método UEP: mensuraria as operações realizadas para a mitigação dos danos ambientais, realizadas no chão-de-fábrica, como a disposição de resíduos, efluentes e emissões gerados pelos processos fabris, e

• método ABC: mensuraria as atividades ambientais realizadas pela equipe administrativa e de apoio à produção.

Mesmo assim, a Combinação de Métodos deveria ser adaptada para a valoração ambiental, já que a mesma não reconhece o custo da poluição como sendo um desperdício de recursos e esforços, que podem resultar na diminuição de valor para o consumidor final. Atualmente é preciso que a organização tenha uma visão clara de que os subprodutos resultantes dos processos produtivos são desperdícios, uma ineficiência gerada pelos mesmos. A minimização dos subprodutos leva a redução do impacto ambiental e, por conseguinte, dos custos de fabricação, o que melhora a qualidade do produto e, simultaneamente, aumenta sua competitividade. O ideal seria que a prevenção ambiental ocupasse o lugar da correção ambiental, para que impactos ambientais futuros pudessem ser previamente detectados e corrigidos, ao invés de desperdiçar recursos em eventos passados, geralmente realizados de forma urgente e de difícil controle.

Observa-se que a Combinação de Métodos aqui proposta foi desenvolvida, testada e aprovada, pela autora desta pesquisa, resultando em sua contribuição científica para o seu trabalho de dissertação – vide referência bibliográfica Kraemer (1995).

Pode-se afirmar, ainda, que esta combinação de métodos, como método gerencial de custeio (informes monetários) pode ser aplicada com sucesso em qualquer tipo de empresa de produção de bens de consumo, já que consegue abstrair e mensurar qualquer tipo de atividade ou operação realizada, sejam as

mesmas de objetivo fabril, administrativo, comercial, ambiental ou de qualquer outra natureza.

Constata-se também que há um movimento no processo evolutivo das metodologias apresentadas quanto à precisão e tempo de resposta dos informes quantitativos - aspectos financeiros – das organizações e onde questões de ordem mais subjetiva, ainda não eram incorporadas. Mas, atualmente, dependendo do momento pelo qual a empresa esteja passando, visualiza-se a necessidade de metodologias que apóiem a gestão estratégica das organizações. Além das questões de ordem financeira, enfocando também outras questões importantes, como o relacionamento com fornecedores, a captação de clientes, os serviços periféricos de suporte oferecidos, o capital intelectual, a conformidade ambiental e social, entre outros. Surge então, ainda na década de 90, um sistema gerencial estratégico das organizações, denominado Balanced Scorecard, mais conhecido por BSC. Este sistema utiliza por metodologia o mapa estratégico e os parâmetros de causa e efeito. Também se propõe em traduzir a estratégia e a visão, identificando e mensurando os aspectos financeiros tangíveis, bem como os aspectos não- financeiros, de caráter subjetivo e intangível. Tal sistema, quando bem aplicado, oportuniza o sucesso das empresas em longo prazo.

3.2

Gestão estratégica de ativos tangíveis e intangíveis –