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Fase 4: Determinação do custo dos processos e atividades empresariais

CAPÍTULO 4 – PROPOSIÇÃO DE UM MODELO ECONÔMICO DE CONTROLE E

4.3 Proposta metodológica

4.3.4 Fase 4: Determinação do custo dos processos e atividades empresariais

Nesta fase calculam-se os custos incorridos nos processos e atividades empresariais e, após, discretiza-se aqueles existentes em função da questão ambiental. Mais adiante se classificam os custos ambientais, objetivando auxiliar na Fase 6 – análise estratégica ambiental de custo-benefício. Ressalta-se que as atividades ambientais podem estar concentradas em um mesmo setor, ou distribuídas pelos diversos departamentos da empresa, sendo realizados por vários funcionários. A Fase 4 é composta por três etapas, as quais estão detalhadas a seguir.

4.3.4.1 Etapa 1: Cálculo do custo empresarial

O método a ser utilizado para a obtenção dos custos específicos de cada recurso utilizado nos processos e atividades empresariais será o do Custeio Baseado em Atividades (ABC), o qual parte do mapeamento dos processos realizado na Fase 2. Para a formalização desta fase acrescenta-se ao cabeçalho da planilha de processos e atividades anteriormente mapeados (Figura 26), a lista de recursos, como apresentado na Figura 28, o que enriquece o painel de informações sobre os processos empresariais.

Para tanto, são necessários dados de despesa e custo da organização, advindos da área de controladoria ou contábil e que pertençam ao mesmo período, em geral de 1 ano. Tendo-se em mãos a lista de recursos constante no plano de contas da empresa, busca-se saber a origem de cada conta e como a mesma está sendo efetivamente discriminada, podendo até elaborar-se um plano de contas adaptado às necessidades de informação de custos das atividades.

Processos ... ...

Atividades

... ...

Tarefas

Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa k Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa k Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa k ... Analisar pedidos Organizar pedidos por área Consolidar volumes por produo Informar pedidos à produção Receber posição pedidos Consolidar prazos com prdução Ajustar volume e data entrega por pedido Consolidar pedidos por representante Comunicar representantes ... Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa k Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa k Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa k

$$ Recurso 1 Recurso 2 ... Telefone Energa Elétrica Manutenção ... Recurso n

Processo 1 Acertar expedição Processo m

Atividade 1 Atividade 2 Atividade n Receber pedidos Negociar fornecimento Confirmar pedidos Atividade 1 Atividade 2 Atividade n

Figura 28: Representação dos custos incorridos nos processos, atividades e tarefas Por exemplo, supondo que em uma determinada conta de nomenclatura “Manutenção” estejam contidas as manutenções mecânica e elétrica, e que para o presente trabalho seja necessário conhecer-se o valor por tipo de manutenção realizada. Então, no plano de contas adaptado far-se-á uma discretização da conta “manutenção” em duas outras: “manutenção mecânica” e “manutenção elétrica”.

Paralelamente a análise do plano de contas atribui-se para cada atividade um valor por recurso que retrate a relatividade entre as atividades. Tais valores podem ser levantados a partir do manual dos equipamentos, como potência instalada, vazão de água, vapor e ar comprimido; por apontamento de dados específicos, como horas de manutenção; por área utilizada; por observação in loco; através de entrevista etc.

Tais dados são, então, compilados e transformados em valores relativos, o que mostrará a parcela do recurso absorvida em cada atividade. Por fim, somam-se todos os custos referentes a cada atividade, obtendo-se o custo total de cada uma no tempo. Assim, as mesmas poderão ser comparadas e analisadas. Para definir o

custo das tarefas de determinadas atividades, procede-se da mesma maneira, atribuindo-se o valor da atividade em cada recurso por peso relativo absorvido pelas tarefas, chegando-se ao final com um valor absoluto por tarefa.

4.3.4.2 Etapa 2: Identificação dos processos e atividades ambientais, incluindo seus custos

Para determinar quais processos e atividades têm foco ambiental, parte-se do mapa de processos elaborado na Fase 2 e mensurado na Fase 3, a fim de analisar- se as ações empresariais realizadas sobre os aspectos e impactos ambientais identificados. Primeiramente verificam-se as atividades diretas, ou seja, que existem pela finalidade única de controlar, prevenir, recuperar ou, até, de eliminar os efeitos adversos das atividades produtivas. Alguns exemplos dessas atividades podem ser aquelas integrantes da manutenção de um SGA, de um sistema de reaproveitamento de água de processo, de um sistema de tratamento de efluentes, de redução de volume de resíduos sólidos, de pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e tecnologias de produção mais limpas, entre outras.

Após, analisam-se as atividades geradoras de resíduos – principais causadoras de impactos ambientais negativos (e positivos, se houverem), pois as mesmas podem, indiretamente, realizar alguma tarefa que contribua para a mitigação de tais efeitos, como a separação de pigmentos para reutilização em processos de tingimento, a separação de lixo seco, orgânico e inorgânico nos processos fabris e administrativos em geral, o asseio do local de trabalho etc.

Por fim, elabora-se uma outra tabela, somente com os processos, atividades e tarefas ambientais identificados, junto aos seus respectivos custos.

4.3.4.3 Etapa 3: Classificação dos processos e atividades ambientais identificados

Além da classificação usual de controle, preservação ou recuperação do meio ambiente, referente ao objetivo do processo ou atividade estudado, sugere-se utilizar mais outras duas classificações: a primeira quanto a sua tangibilidade – processo e/ou atividade tangível ou intangível, quanto ao retorno ambiental proporcionado à empresa, e a segunda quanto a sua função principal – se de ação mitigadora direta ou indireta ao meio ambiente. Salienta-se que esta classificação será utilizada

durante a análise da situação da organização frente à estratégia organizacional e à sustentabilidade almejada. A fim de visualizar esta classificação apresenta-se a mesma na Figura 29.

Processos Atividades Direta Indireta Tangível Intangível Controle Prevenção Recuper.

Atividade 18 1,0 1,0 0,2 0,6 0,2 Atividade 19 1,0 1,0 1,0 Atividade 20 0,8 0,2 0,4 0,6 1,0 Atividade 32 1,0 0,8 0,2 1,0 Atividade 33 1,0 1,0 0,8 0,2 Atividade 34 1,0 1,0 1,0 Atividade 35 0,3 0,7 1,0 0,3 0,7 Atividade 51 1,0 1,0 0,8 0,2 Atividade 52 1,0 0,7 0,3 1,0 ... ... Atividade n 1,0 1,0 1,0 Processo 4 Processo 7 Processo 11

Figura 29: Classificação dos processos e atividades ambientais

O cruzamento das informações constantes na Figura 28 - Representação dos custos incorridos nos processos, atividades e tarefas - permitirá a obtenção de resultados intermediários importantes, tais como a quantidade de atividades de prevenção tangíveis, o valor das atividades de controle indiretas etc. É importante observar que uma mesma atividade poderá ter características híbridas tendo, por exemplo, 80% dos seus recursos tangíveis e 20% intangíveis. O mesmo poderá ocorrer nas demais classificações.

De outra forma a classificação dos custos destes mesmos processos, atividades e/ou tarefas ambientais, poderá ser realizada por meio de uma das classificações apresentadas nesta pesquisa, e resumidas a seguir.

• Ribeiro (1998a) classifica os custos ambientais tangíveis em função da proteção ao meio ambiente, como: amortização, exaustão e depreciação; aquisição de insumos para controle, redução ou eliminação de poluentes; tratamento de resíduos dos produtos; disposição dos resíduos poluentes; tratamentos de recuperação e restauração de áreas contaminadas; mão-de-obra utilizada nas atividades de controle, preservação e recuperação do meio ambiente.

• Moraes (2000) classifica os custos ambientais de acordo com a Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA), como: custos convencionais; custos potencialmente ocultos; custos com contingências, e custos de imagem e relacionamento.

• Campos (1996) classifica os custos ambientais em decorrência das falhas ocorridas para o controle ambiental, como: custos de controle ambiental - custos ambientais de prevenção, e custos ambientais de avaliação; e custos das falhas do controle ambiental - custos ambientais das falhas internas, e custos ambientais das falhas externas.

Sugere-se que a empresa utilize em primeira instância a classificação de Campos para, então, refiná-la com a classificação estabelecida pela EPA. Desta forma poderão ser observados os custos ambientais sob vários ângulos e, consequentemente, poderão ser utilizados em diferentes tomadas de decisão.

4.3.5 Fase 5: Estruturação das perspectivas ambientais para a