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Análise dos perfis encontrados não descritos na teoria

No documento Perfis de carreira da geração Y (páginas 130-133)

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.3 Classificação dos respondentes conforme suas atitudes de carreira

5.3.2 Análise dos perfis encontrados não descritos na teoria

Apesar de serem usados pontos sementes relacionados com a teoria, o agrupamento estatístico encontrou centroides de 3 grupos que não eram relacionados com os perfis descritos por Briscoe e Hall (2006). Esses 3 grupos serão descritos nessa subseção.

Grupo 2

Esse grupo apresentou alta presença de autodirecionamento e orientação pelos valores, ou seja, as duas dimensões da carreira proteana, baixa mobilidade psicológica e mobilidade física neutra. 283 indivíduos, ou 12% da amostra integram esse grupo. Essas pessoas se apresentam como atores de carreira proteana, ou seja, apresentam adaptabilidade, autonomia e autogestão da carreira, sendo direcionadas pelos seus valores ao invés de serem direcionadas pela organização (HALL, 2002).

No entanto, não se apresentam como atores de carreira sem fronteiras, porque buscam estabilidade e continuidade e não demonstram atitude de iniciar ou procurar relacionamentos profissionais além de um único empregador. Isso pode acontecer por não terem conhecimentos e experiências que os permitam transitar em diferentes ambientes ou por não possuírem qualificação para fazer esse movimento (SULLIVAN; ARTHUR, 2006).

Um elemento interessante desse perfil é a neutralidade da mobilidade física, ou seja, esses indivíduos estão no limiar entre o movimento e a inércia entre os limites de organizações. Provavelmente a baixa mobilidade psicológica faz com que os movimentos físicos sejam mais

raros, mas a orientação proteana pode fazer com que eles aconteçam se o ator de carreira julgar necessário para o seu desenvolvimento profissional ou para manter o alinhamento com seus valores.

Devido a essas características esse grupo foi nomeado “Proteano estável”.

Grupo 3

É composto por indivíduos com baixo autodirecionamento, alta orientação pelos valores, baixa mobilidade psicológica e alta mobilidade física. É o terceiro maior grupo da amostra com 312 pessoas, representando 13% do total. Esse grupo apresenta um misto entre a carreira proteana e sem fronteiras na medida em que apresenta uma dimensão de cada constructo.

Observa-se que suas características marcantes são a orientação pelos valores e a mobilidade física, indicando que seus valores pessoais funcionam como bússola para a tomada de decisão e que os movimentos entre as fronteiras acontecem com facilidade. No entanto, esses indivíduos não tem um gerenciamento ativo de suas carreiras, não reconhecendo seu papel de protagonista em suas carreiras, provavelmente atribuindo essa função a terceiros, a organizações ou ao mercado de trabalho.

A baixa mobilidade psicológica associada à alta mobilidade física indica que esses indivíduos estão dispostos a mudanças físicas de local de trabalho ou organização por motivos pessoais, mas que buscam continuidade e similaridade entre essas diferentes ocupações (SULLIVAN; ARTHUR, 2006). A falta de mobilidade psicológica gera uma busca por atividades e funções semelhantes que não necessitem de grande esforço de adaptação ou mudança.

Concluindo, são indivíduos que tem baixo gerenciamento de suas carreiras e buscam posições e atividades semelhantes que os poupem de grandes esforços de adaptação, mas por outro lado, buscam alinhamento a seus valores pessoas e se movimentam fisicamente com facilidade, se julgam interessante ou necessário.

Por essas características, esse grupo foi chamado de “Viajante orientado”, “viajante” devido a sua alta mobilidade física e “orientado” devido a sua orientação pelos valores e busca de opções semelhantes que não exijam o esforço de adaptação. A palavra “orientado” também

remete a um direcionamento, mas sem a visão de controle ou gestão, já que esse perfil também apresenta baixo autodirecionamento da carreira.

Grupo 4

Esse grupo apresenta baixo autodirecionamento, orientação pelos valores neutra, alta mobilidade psicológica e alta mobilidade física. É composto por 302 pessoas, sendo responsável por 13% da amostra. É um grupo sem fronteiras, já que apresenta alta presença das duas dimensões desse constructo, mas é um grupo com pouca orientação proteana.

Sullivan e Arthur (2006) indicam que pessoas com altas atitudes sem fronteiras apresentam muitas mudanças físicas enquanto mudam sua orientação psicológica de carreira frequentemente, tais como, indivíduos que mudam de emprego e buscam oportunidades de aprendizado e desafios ou buscam atender necessidades pessoais ou familiares. Eles têm um grande nível de flexibilidade e capacidade de adaptação. É possível que suas escolhas possam fazer sentido apenas para o ator de carreira em sua busca de autonomia, equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, desenvolvimento, etc.

Analisando as dimensões da carreira proteana nesse grupo, observa-se que o baixo autodirecionamento indica que esses indivíduos não apresentam um gerenciamento ativo de suas carreiras. Além disso, apresentam uma neutralidade em sua orientação pelos valores, sugerindo que algumas decisões são orientadas pelos valores pessoais e outras não. Essas decisões não orientadas pelos valores podem ser direcionadas por elementos externos, tais como, o empregador, colegas, familiares, etc. É provável que um desses elementos externos seja um grande influenciador desse ator de carreira, funcionando inclusive como modelos.

Esse perfil faz sentido em uma amostra de jovens que estão em uma caminhada de autoconhecimento e reflexão sobre seus valores pessoais, sendo influenciados pelo sucesso objetivo e por terceiros em suas decisões, mas com grande facilidade em movimentar-se física e psicologicamente.

Observando o desenvolvimento da orientação pelos valores, descrita por Sargent e Domberger (2007), esses jovens podem estar em um momento de teste de seus valores relacionados ao trabalho, advindos de modelos como os pais, colegas e pares. A experiência prática de

trabalho provê o espaço de experimentação necessário para a confirmação ou rejeição dos valores emergentes. O resultado desse processo é a confirmação dos valores pessoais que serão utilizados no futuro, com base nas preferências pessoais do ator.

Considerando essa descrição, esse perfil foi denominado “Buscador”, que sugere esse movimento contínuo e o amplo espaço que esse indivíduo possui para ampliar seu autoconhecimento, identificar o papel dos valores em sua vida e reconhecer seu protagonismo em relação a sua carreira.

5.4 Análise da influência das características demográficas e profissionais nas atitudes

No documento Perfis de carreira da geração Y (páginas 130-133)