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Questionários 1-Texto sobre o entendimento dos alunos a respeito da lógica interna da

4 COMPARTILHANDO AS DISCUSSÕES E OS RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÈDIO NOTURNO: o

4.3 Análise dos questionários

Para análise dos dados foram utilizados diferentes formas de questionários, a saber: a) o entendimento dos alunos à respeito da lógica interna da classificação dos esportes (apêndice B); b) avaliação diagnóstica da intervenção pedagógica; e c) avaliação final da proposta de desenvolvimento de uma unidade temática sobre ‘esporte’ baseada na classificação dos esportes (GONZÁLEZ, 2012) e o uso das mídias. É preciso lembrar que os questionários “B” e “C” foram analisados comparativamente, devido a aplicação ter ocorrido em momentos distintos, mas utilizados as mesmas questões, havendo apenas a mudança na sequência.

4.3.1 Análise do questionário sobre o entendimento dos alunos à respeito da lógica interna da classificação dos esportes

A questão abordada no estudo teve a seguinte indagação: Como vocês se basearam para agrupar aqueles determinados esportes e quais são os esportes que fazem parte desse grupo? É importante frisar que a escolha do professor/pesquisador pelos esportes olímpicos e paralímpicos ocorreu por ser um evento conhecido mundialmente e de grande propagação pelas mídias, como também, os pictogramas disponíveis na internet facilitam o processo de ensino-aprendizagem. Veja no quadro abaixo os achados da pesquisa:

Quadro 22: O entendimento dos alunos a respeito da lógica interna da classificação dos esportes

Classificação dos esportes na lógica interna dos alunos Números de grupos (%)

1-Esporte de Corrida ou velocidade 2-Esportes aquáticos

3-Esportes praticados com bola 3-Esportes praticados com armas

5-Esporte praticados com cavalo ou montaria 5-Esportes que utiliza peso

5-Esporte de lutas 5-Esportes com tiros 9-Ginástica

9-Esportes com acessórios

11-Esportes praticados com lançamentos de projéteis; natação; canoagem ou remo; pentatlo moderno; saltos; tacos; raquetes; de contato; precisão; vôlei; variados; basquete; tênis; terra; aéreo; sincronizado; atlético; com movimentos; e com animais

6 (100%) 5 (83,3%) 4 (66,6%) 4 (66,6%) 3 (50%) 3 (50%) 3 (50%) 3 (50%) 2 (33,3%) 2 (33,3%) 1 (16,6%)

Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.

Ao analisar os resultados do quadro acima, se nota que 06 (100%) dos grupos dos alunos classificaram os esportes de corrida ou velocidade como sendo o mais significativo dos achados. Para Da Marques & Iora (2009) o caminhar, correr, saltar e lançar são movimentos realizados pelos seres humanos e que carregam traços construídos culturalmente. Por isso, os alunos, desde do nascimento, já executam esses movimentos, ou sejam, já trazem os conhecimentos herdados de gerações anteriores e que poderão serem aperfeiçoados durante as aulas de Educação Física.

As formas tradicionais do Atletismo, como correr, saltar e arremessar, não devem se restringir a base para as transformações didático-pedagógicas dos outros esportes. No entanto, suas formas devem ampliar as múltiplas experiências de aprendizagens para os alunos e não apenas serem canalizadas para os modelos padronizados de realização dessas atividades (KUNZ, 1998).

Se percebe que os esportes aquáticos foram relatados em 05 (83,3%) dos grupos dos alunos. Segundo Moises (2006) práticas aquáticas têm se constituído como atividade física muito indicada não só como esporte, mas também como terapia, exercício físico e sob os aspectos de sobrevivência no meio aquático. O esporte tem sido objeto de diferentes classificações com o objetivo de identificar quais os aspectos universais, estruturantes e/ou dinâmico dos esportes e, consequentemente, entender a lógica interna (GONZÁLEZ, 2012).

A organização de um sistema de classificação propostas pelos estudantes, geralmente, partem de critérios diferenciados, com o propósito específico para cada grupo

de esportes classificados, seja relacionado aos movimentos corporais; ao meio ambiente e/ou a utilização de um implemento. Podemos citar como exemplo, o agrupamento dos esportes praticados na água ou aqueles que utilizam o implemento bola ou armas. Os esportes não necessariamente são aqueles estudados nas aulas de Educação Física, mas conhecidos em outros ambientes, tais como: clubes; meios de comunicação, familiares, comunidade e dentre outros.

4.3.2 Análise comparativa entre a Avaliação Diagnóstica (AD) e a Avaliação Final (AF) Nesta sessão, se irá confrontar os dados da Avaliação Diagnóstica com os da Avaliação Final, com intuito de verificar se a intervenção pedagógica contribuiu ou não no processo de aprendizagem dos alunos. Para isso, é necessário trazer para as discussões alguns elementos observados nas descrições das intervenções e fazer um diálogo com autores que tratam da temática em questão.

A partir dos resultados dos dados foi possível elaborar um gráfico demonstrando o percentual de acertos dos alunos nas questões que tratava determinados conceitos da classificação dos esportes. É preciso lembrar que foram analisados de acordo com os conceitos, diferente da sequência das provas. Por exemplo, o 1º item analisado era a 1° questão na AV e 6º questão na AF. Vejamos o gráfico logo abaixo:

Gráfico 1: Análise comparativa entre a Avaliação Diagnóstica (AD) e a Avaliação Final (AF)

Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.

Ao analisar os resultados do gráfico acima, se percebe que a evolução mais significativa ficou por conta dos nomes dos esportes de invasão, que saíram de 55,6% para 83,3%, uma progressão de 27,8% de acertos na questão. Para Betti (2001) as mídias exercem influência constante e decisiva na cultura corporal de movimento dos alunos,

0 20 40 60 80 100

Análise comparativa entre a Avaliação Diagnóstica e a Avaliação Final

informando, direcionando e (re)construindo significados e meios de entretenimento e consumo.

Se pode observar isso principalmente nos esportes de invasão, tais como: o Futebol; o Futsal; e o Basquete, que vendem camisetas, jogos e objetos de recordações por um valor jamais visto. Os nossos alunos consomem com mais frequência, os resultados adquiridos no processo de rivalidade entre mídia, escola e família, ganhando assim, o papel de grande fomentadora de valores e atitudes.

Em seguida vêm os nomes dos esportes técnico-combinatórios, que saíram de 18,65 para 45,8%, totalizando um aumento de 27,2% dos acertos. Segundo Souza (1997) os esportes técnico-combinatórios, em especial, a ginástica tem no seu processo histórico uma relação íntima com a história do homem, e que durante muito tempo foi sinônimo de Educação Física, mesmo não sendo muito trabalhada nas aulas de Educação Física atualmente ainda tem a disseminação fora do ambiente escolar, tais como: clubes e academias.

Na terceira mais significativa em ordem decrescente, aparece os 7 tipos de classificação dos esportes, que saíram de 18,6% para 45,8%, ocorrendo um aumento de 27,2% de acertos. Percebe-se por se tratar de uma classificação historicamente recente na pedagogia dos esportes, desconhecida pela maioria dos professores atuantes na Educação básica no momento.

Ela é fruto da falta de aproximação ou inexistência na formação inicial desses professores que estão inseridos num tempo histórico-social. Esses fatores interferiram negativamente nos números de acertos das questões na AD. Já no decorrer da intervenção pedagógica ocorre uma progressão até a AF.

Em compensação, o item que aborda o conceito de esporte de marca, há uma regressão no percentual de acertos, saindo de 70,4% para 66,6%. Diminuindo assim 3,8% dos acertos.

Se observa que na análise das descrições das intervenções referentes à 9º aula, é possível, tensionar a dificuldade de compreender o conceito em questão pelos alunos. Isso ficou demonstrado nos relatos 2 e 3 dos alunos, mediante aos questionamentos feitos pelo professor quanto no início da aula como no final, podendo ter gerando uma dúvida no entendimento epistemológico.

Ao fazer uma análise do maior e menor valor percentual das avaliações comparadas, é possível, verificar que os nomes dos esportes de precisão e dos esportes

técnico-combinatórios apresentaram os respectivos índices, ou seja, os esportes de precisão obtiveram 83,3% na AV e 85,2% na AV.

Já os esportes técnico-combinatórios conseguiram 18,6% na AV e 45,8% na AF. Nota-se que os esportes de precisão (golfe, tiro esportivo, sinuca, arco e flecha) trazem em seu conceito “[...] o principal objetivo é acertar um alvo específico” (GONZÁLEZ, 2012). Nesses esportes valoriza-se a boa pontaria. A maioria dos alunos quando crianças já conheciam ou brincavam de algum tipo desses esportes. Esse conhecimento prévio ajudou no alto índice de acertos nas duas avaliações. Em contrapartida, os esportes técnico- combinatórios não se encontram dentro do contexto escolar nos dias atuais, por vários fatores, e o mais específico é a carência de discussões mais aprofundadas sobre estes elementos da cultura corporal na formação inicial dos professores de Educação Física (NISTA-PICCOLO, 2005).

Outro ponto de destaque dos achados da pesquisa foi a manutenção do percentual da questão que tratava sobre o conceito de taco e campo, permanecendo 51,9% tanto na AV como na AF.

Se nota que os esportes de taco e campo (beisebol, críquete, softbol) são pouco difundidos no Brasil, em especial, no contexto a qual a escola está inserida. Uma das hipóteses dos pesquisadores é o fato de que durante a intervenção foi desenvolvido o jogo do tacobol e não os esportes desta classificação, assim, dificultando o processo de transposição de conhecimento, consequentemente, a estabilização do processo de aprendizagem.

Para Bracht (2005) o esporte faz hoje parte, de uma ou de outra forma, da vida da grande maioria das pessoas no mundo todo. Hoje ele é, em praticamente todas as sociedades, uma das práticas sociais de maior unanimidade quanto a sua legitimidade social.

Diante dessas análises tratadas anteriormente, quais os limites e possibilidades podemos perceber durante uma intervenção pedagógica?. Na próxima seção iremos discorrer sobre o assunto.

4.4 Análise dos limites e das possibilidades de uma unidade didática sobre a