• Nenhum resultado encontrado

Classificação dos esportes e o uso das mídias: desenvolvendo uma unidade didática nas aulas de Educação Física no Ensino Médio noturno

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Classificação dos esportes e o uso das mídias: desenvolvendo uma unidade didática nas aulas de Educação Física no Ensino Médio noturno"

Copied!
131
0
0

Texto

(1)

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA EM REDE NACIONAL – PROEF

ANTÔNIO JANSEN FERNANDES DA SILVA

CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES E O USO DAS MÍDIAS: Desenvolvendo uma Unidade Didática nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno

NATAL- RN 2019

(2)

CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES E O USO DAS MÍDIAS: Desenvolvendo uma Unidade Didática nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional – PROEF, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP, para obtenção de título de mestre em Educação Física Escolar.

Orientador: Antônio de Pádua dos Santos

NATAL- RN 2019

(3)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Silva, Antônio Jansen Fernandes da.

Classificação dos esportes e o uso das mídias: desenvolvendo uma unidade didática nas aulas de Educação Física no Ensino Médio noturno / Antônio Jansen Fernandes da Silva. - 2019.

130f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Estadual Paulista, Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional. Natal, 2019. Orientador: Antônio de Pádua dos Santos.

1. Educação Física - Dissertação. 2. Ensino Médio -

Dissertação. 3. Classificação dos Esportes - Dissertação. 4.

Mídias - Dissertação. I. Santos, Antônio de Pádua dos. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 796

(4)

ANTÔNIO JANSEN FERNANDES DA SILVA

CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES E O USO DAS MÍDIAS: Desenvolvendo uma Unidade Didática nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional – PROEF, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP, para obtenção de título de mestre em Educação Física Escolar.

Aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ Prof. Dr. Antônio de Pádua dos Santos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Presidente da Comissão Examinadora

______________________________________________________ Prof. Dr. Márcio Romeu Ribas de Oliveira

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Examinador Interno

________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Eleni Henrique da Silva

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Examinador Externo

(5)

Dedico primeiramente a Deus, por me dar força, sabedoria e proteção para cumprir essa missão. Ao meu pai, José Carvalho da Silva, in memoriam, e minha mãe Maria Fernandes da Silva, pessoas amadas incríveis que batalharam arduamente para proporcionar meu processo formativo enquanto SER humano. Às minhas tias, Maria Núbia Carvalho e Maria Lúcia de Carvalho, tenho infinita gratidão.

(6)

esse percurso pessoal e acadêmico.

Ao Profº Dr. Antônio de Pádua dos Santos, pela brilhante orientação e outros adjetivos que não poderia deixar destacar (carinho, paciência, honestidade, parceria e respeito). Sou muito grato por não ganhar apenas um orientador, mas um amigo que levarei para a vida toda.

À Profª Dra. Maria Eleni Henrique da Silva, minha eterna gratidão por tudo que já fez e vem fazendo na minha vida, tem o meu respeito pelos ensinamentos a qual tenho passado no decorrer desses 10 anos juntos ensinando e aprendendo em busca da evolução enquanto “Ser Mais”.

Ao Profº Dr. Márcio Romeu Ribas de Oliveira, minha gratidão por ter um olhar sensível e cuidadoso, desde das aulas do mestrado até na elaboração deste trabalho.

A todos os professores do PROEF (Pádua, Márcio, Pereira, Cida, Alysson, Beth e Aguinaldo) que contribuíram significativamente para ser um professor mais reflexivo, mediante as discussões ocorridas durante as aulas. Peço licença aos demais do PROEF, para agradecer em especial, o Profº Pereira, pela relação de amizade que construímos neste período.

Ao secretário do PROEF (Felipe Brito) que prontamente atendia nossos pedidos sem medir esforços e de uma competência imensurável.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) através do Programa de Mestrado Profissional de Rede Pública da Educação Básica (PROEB), tem como objetivo apoiar a formação continuada em nível de pós-graduação stricto sensu para professores das redes públicas em Educação Básica. O PROEF é um dos componentes curriculares da Educação Básica que recebe o financiamento para tal realização do programa, o meu singelo reconhecimento.

Aos amigos de turma do PROEF (Alex, Alexandre, Bryan, Bruno, Celso, Cybele, Edilson, Eugênia, Joanilson, Marcelo, Leiva, Luciano, Patrícia, Renata), agradeço pelos diálogos realizados durante aproximadamente dois anos e pelo cuidado um com o outro. Nosso lema “Começamos juntos, terminaremos juntos”.

A(os) amiga(os) (Patrícia, Luciano, Bryan) agradeço por compartilhar momentos de viagens, hospedagens, angústias, anseios, debates e preocupações que favoreceram o nosso desenvolvimento humano.

(7)

Aos amigos do grupo de pesquisa Saberes em Ação (Alison, Atila, Ana Carla, Fátima, Dirlene, Ítala, Halisson, Johnson, Ronny, Liana, Naiara, Filipe, Silvano, Romilla, Stela, Lucas, Otoniel, Patrick), por sempre acolher com carinho e leveza nossos desafios do cotidiano escolar, como também, os momentos de estudos, viagens e confraternizações. Como também, ao Grupo de Estudos e Pesquisa sobre o Corpo e Cultura de Movimento- GEPEC, pelas discussões e ensinamentos.

(8)

da Escola Estadual Dias Macedo que permitiram desenvolver a pesquisa e se dedicaram da melhor forma possível.

Aos familiares, amigos e colegas que contribuíram de forma direta e indireta para o desenvolvimento deste trabalho.

(9)

“Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, nem aprendo e nem ensino”.

(10)

essas transformações inovadoras elegeu-se como objetivo geral deste estudo a construção coletiva, a implementação e a avaliação de uma unidade didática com a utilização das mídias como ferramenta pedagógica no ensino da classificação dos esportes para o Ensino Médio Noturno. Foi realizado um estudo de campo do tipo pesquisa-ação, utilizando o método qualitativo descritivo em uma escola da Rede Estadual de Ensino do Ceará, localizada em Fortaleza, com 34 alunos de uma turma do 3º Ano do Ensino Médio Noturno. Os instrumentos utilizados foram: a) observação participante das aulas de Educação Física, através da utilização do diário de campo; b) 03 questionários, 01 sobre o entendimento dos alunos a respeito da lógica interna da classificação dos esportes; 01 para a avaliação diagnóstica sobre a classificação dos esportes e 01 para avaliação final do desenvolvimento de uma unidade temática sobre esporte. A pesquisa foi aprovada com o parecer da plataforma Brasil nº 3.305.816. Os resultados foram divididos em planejamento participativo, descrições da intervenção pedagógica, análise dos questionários, análise das possibilidades e limites de uma unidade didática sobre a classificação dos esportes. O planejamento participativo tem muito a ajudar no processo de ensino-aprendizagem, assim como, na intervenção pedagógica é possível notar a participação dos alunos no processo de construção dos saberes, seja na relação dialógica, nas vivências das modalidades esportivas ou no uso das mídias. Os resultados dos questionários apresentam elementos que comprovam um aumento na aprendizagem dos alunos, na maioria, dos conceitos avaliados, demonstrando que a relação práxis pedagógica facilita na aprendizagem, tanto do aluno como do professor. Os limites são a mola propulsora para atingir novas possibilidades. Palavras-chaves: Educação Física; Ensino Médio; Classificação dos Esportes; Mídias.

(11)

of these innovative transformations, the general objective of this study was the collective construction, implementation and evaluation of a didactic unit using the media as a pedagogical tool in the teaching of sports classification for Night High School. An action research-type field study was carried out using the qualitative descriptive method in a school of the Ceará State School, located in Fortaleza, with 34 students from a 3rd Year Night Class. The instruments used were: a) participant observation of Physical Education classes, through the use of the field diary; b) 03 questionnaires, 01 about the students' understanding about the internal logic of sports classification; 01 for the diagnostic assessment of sports classification and 01 for the final assessment of the development of a thematic unit on sports. The research was approved with the opinion of platform Brazil No. 3,305,816. The results were divided into participative planning, descriptions of the pedagogical intervention, analysis of the questionnaires, analysis of the possibilities and limits of a didactic unit about sports classification. Participatory planning has a lot to help in the teaching-learning process, as in the pedagogical intervention it is possible to notice the participation of students in the process of knowledge construction, either in the dialogical relationship, in the sports experiences or in the use of the media. The results of the questionnaires present elements that prove an increase in the students' learning, in most of the evaluated concepts, demonstrating that the pedagogical praxis relation facilitates the learning of both the student and the teacher. The limits are the driving spring to reach new possibilities.

(12)

Quadro 1: Revistas pesquisadas para elaboração do estudo ... 32

Quadro 2: A relação entre a quantidade de artigos publicados anualmente em cada periódico e o resultado da busca do termo “Educação Física no Ensino Médio” ... 34

Quadro 3: A relação entre a quantidade de artigos publicados em periódicos e os achados dos descritores “educação física no ensino médio”... ... 35

Quadro 4: Classificação das categorias e subcategorias dos artigos referentes a educação física no ensino médio quanto a sua temática.... ... 35

Quadro 5: Classificação em função da relação de cooperação e oposição ... 42

Quadro 6: Classificação em função das características do ambiente físico onde se realiza a prática esportiva ... 43

Quadro 7: Sistema de classificação dos esportes em função: da relação com o adversário, lógica de comparação de desempenho, as possibilidades de cooperação e as características do ambiente físico onde se realiza a prática esportiva ... 45

Quadro 8: Sequência da intervenção pedagógica sobre a unidade temática ‘esporte’. 59 Quadro 9: Síntese dos instrumentos utilizados na pesquisa ... 60

Quadro 10: Descrição geral da 1º aula ... 65

Quadro 11: Descrição geral da 2º aula ... 66

Quadro 12: Descrição geral da 3º aula ... 68

Quadro 13: Descrição geral da 4º aula ... 69

Quadro 14: Descrição geral da 5º aula ... 70

Quadro 15: Descrição geral da 6º aula ... 71

Quadro 16: Descrição geral da 7º aula ... 73

Quadro 17: Descrição geral da 8º aula ... 75

Quadro 18: Descrição geral da 9º aula ... 77

Quadro 19: Descrição geral da 10º aula ... 78

Quadro 20: Descrição geral da 11º aula ... 80

Quadro 21: Descrição geral da 12º aula ... 80

Quadro 22: O entendimento dos alunos a respeito da lógica interna da classificação dos esportes ... 83

Quadro 23: Perfil dos alunos em relação aos aspectos legais do parágrafo 3, do artigo 26 da LDB ... 88

Quadro 24: Síntese limites e possibilidades de uma unidade didática sobre a classificação dos esportes e a utilização das mídias ... 97

(13)
(14)

Gráfico 1: Análise comparativa entre a Avaliação Diagnóstica (AD) e a Avaliação Final (AF) ... 84 Gráfico 2: Números de alunos dispensados da aula de educação física perante a lei... 88

(15)

BNCC - Base Nacional Comum Curricular

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CD - Disco Compacto

CONVRACE - Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte CEB - Conselho Nacional de Educação Básica

CEE - Conselho Estadual de Educação

DCN’s - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica DVD - Disco Versátil Digita

GTT - Grupo de Trabalhos Temáticos LDB - Lei de Diretrizes e Bases MEC - Ministério da Educação MP - Medida Provisória

OCNEM - Orientações Curriculares para o Ensino Médio PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais

PPP - Projeto Político Pedagógico

PROEB - Programa de Mestrado Profissional de Rede Pública da Educação Básica PROEF - Programa de Mestrado Profissional para professores da Educação Física RBEFE - Revista Brasileira de Educação Física e Esporte

(16)

1 INTRODUÇÃO ... 15 2 TECENDO CONHECIMENTOS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O USO DAS MÍDIAS ... 20 2.1 Aspectos Legais da Educação Física Escolar ... 20 2.2 Compreendendo a Educação Física no Ensino Médio Noturno ... 28 2.3 Ir além ao quarteto fantástico: uma forma diferente de classificar os esportes ... 39 2.4 Mídias na educação física escolar: compartilhando, comentando e curtindo ideias ... 47 3 CAMINHOS TRILHADOS QUE NOS DIRECIONAM AO MUNDO DA PESQUISA ... 57 4 COMPARTILHANDO AS DISCUSSÕES E OS RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÈDIO NOTURNO: o desenvolvimento de uma unidade didática sobre a classificação dos esportes e o uso das mídias ... 63 4.1 Planejamento Participativo da intervenção pedagógica ... 63 4.2 Descrições das intervenções pedagógicas ... 64 4.2.1 Descrição da 1º aula - Aplicação do quadro sobre a lógica interna da classificação dos esportes ... 65 4.2.2 Descrição da 2º aula – Apresentação geral da classificação dos esportes ... 66 4.2.3 Descrição da 3º aula – Aplicação da Avaliação Diagnóstica e prova do 1º bimestre ... 68 4.2.4 Descrição da 4º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Combate (sumô) ... 69 4.2.5 Descrição da 5º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Precisão (boliche) ... 70 4.2.6 Descrição da 6º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Rede divisória ou Parede (peteca) ... 72 4.2.7 Descrição da 7º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Taco ou Campo (tacobol) ... 73 4.2.8 Descrição da aula para tratar assuntos da intervenção pedagógica ... 74 4.2.9 Descrição da 8º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Invasão (futsal e bandeirante) ... 76 4.2.10 Descrição da 9º aula – Apresentação e vivências dos Esportes de Marca (atletismo) ... 77 4.2.11 Descrição da 10º aula – Apresentação e vivências dos Esportes Técnico-combinatórios (ginástica acrobática) ... 79 4.2.12 Descrição da 11º aula Aplicação da Avaliação Final e prova do 2º bimestre ... 80 4.2.13 Descrição da 12º aula – Apresentação dos vídeos sobre a classificação dos Esportes ... 81 4.3 Análise dos questionários ... 82

(17)

(AF) ... 84

4.4 Análise dos limites e das possibilidades de uma unidade didática sobre a classificação dos esportes e a utilização das mídias como ferramenta pedagógica nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno ... 87

CONSIDERAÇÕES TRANSITÓRIAS ... 92

REFERÊNCIAS ... 95

APÊNDICES ... 103

(18)

1 INTRODUÇÃO

A Educação Física sempre esteve presente em todos os momentos na vida do pesquisador, desde a infância até a fase adulta e durante o percurso escolar como estudante, principalmente durante o Ensino Fundamental, teve o desprazer de ter aulas de Educação Física, pautadas essencialmente na esportivização, no tecnicismo, na biomecânica e no biologicismo, nas quais houveram pouquíssimas discussões acerca do que se estava fazendo. Qual a finalidade daquele conteúdo para o meu cotidiano? Que outras formas poderiam ser elaboradas? Por que deveríamos repetir movimentos executados pelo professor de maneira uniforme e harmoniosa?

Estas eram algumas, entre outras indagações, que surgiam, mas as respostas não eram dadas durante as aulas de Educação Física no Ensino Fundamental, consequentemente, só iam aumentando as inquietações sobre as questões conceituais e atitudinais que permeiam o campo de conhecimento da Educação Física até o ingresso no Ensino Superior.

O professor da época não proporcionava momentos de discussões sobre a aula e antes de tecer hipóteses sobre a sua prática docente, se deve considerar o espaço temporal histórico, no qual o professor está inserido, para adoção de tais condutas e esse episódio ocorreu no Ensino Fundamental, no início da década de 1990, onde se percebeu a ação docente durante este período pautada no saber fazer.

Seguindo a trajetória escolar enquanto estudante no Ensino Médio do pesquisador, não teve mudanças significativas na essência das aulas, pois o professor da época deixava bem claro para os alunos que aula teórica seria na sala de aula e aula prática na quadra, havendo uma dissociação entre o saber fazer e o saber sobre o fazer (DARIDO, 2018; MARTINS & SILVA, 2015), ou seja, havia duas aulas totalmente distintas naquele dia.

Como por exemplo, a aula sobre o saber fazer era do conteúdo de lutas e a aula do saber fazer era direcionada para o aprendizado dos fundamentos técnicos e táticos dos esportes (futsal) de cunho competitivo. Essas reflexões não estavam presentes na época com tanta clareza, só surgiram agora na perspectiva docente. Vale lembrar, que os alunos das seleções esportivas eram dispensados das aulas de Educação Física, mas como sempre gostei da Cultura de Movimento não tinha problema em participar das aulas.

Se recorda o pesquisador, da maneira como o professor falava com os alunos, parecia o instrutor militar orientando os soldados ou aqueles treinadores mais falastrões: “[...] joga como homem; treino bom é aquele que quando termina você (atleta) não

(19)

consegue andar; está passeando em quadra sua “mocinha”. Uma breve contextualização do professor: graduado na década 70 e ex militar do exército brasileiro, que contribui para ingressar na carreira de docente da Educação Física.

Tendo como inspiração a trajetória como estudante, a atuação como professor de Educação Física da Rede Pública, atualmente reflete sobre questões sociais, culturais, econômicas, políticas e biológicas, que permeiam a prática pedagógica na escola. Se percebe que o modo como o pesquisador vivenciou a Educação Física na Educação Básica, foi um modelo reducionista da área, mesmo entendendo o período histórico. Diante disso, atualmente apresenta inquietações no tocante às práticas inovadoras no ensino da Educação Física, explanando as seguintes indagações: O aluno deve ser um mero reprodutor de movimentos corporais? O professor é detentor do conhecimento que dever ser transmitido ao aluno? Qual o papel da Educação Física na escola?

Uma das maiores indagações que teve e continua tendo, é a respeito de como as tecnologias podem possibilitar e potencializar o aprendizado dos alunos. O interesse pela temática da pesquisa aumentou quando começou a lecionar Educação Física no curso noturno do Ensino Médio, pois percebeu que os alunos passavam bastante tempo utilizando os celulares, seja ouvindo música ou mexendo nos aplicativos.

Segundo dados do IBGE (2017) 97% dos domicílios brasileiros acessam a internet por meio do telefone móvel (celular). Diante desta situação, desenvolveu um projeto na escola “Educação Física e Mídia”.1

Algumas possibilidades e limites de forma empírica permeiam os pensamentos e, infelizmente, não foi possível concluir a sequência do projeto, devido à greve dos professores do Estado do Ceará. Mas alguns frutos foram semeados, dentre eles: o entendimento dos alunos que poderíamos aprender algo de Educação Física, utilizando o celular e uma pesquisa em forma de relato de experiência apresentado em painel no II Congresso Nacional de Educação Física Escolar, Rio Claro, 2016.2

1 Projeto desenvolvido em uma escola do ensino médio noturno, com 03 turmas do 1º ao 3º ano (uma de cada ano), realizado em 2016. Vale lembrar que a turma pesquisada não é da mesma escola deste projeto.

2 O trabalho intitulado “O uso das mídias nas aulas de educação física no ensino médio noturno: um relato de experiência”, apresentado no formato de painel.

(20)

No entanto, há novas formas de práticas pedagógicas que podem ser desenvolvidas de maneira sistematizada com os alunos jovens, adultos e idosos do período noturno. Estes, na maioria das vezes, são trabalhadores durante o dia e não tiveram oportunidade de estudar devido a outras circunstâncias (trabalhar para ajudar na renda familiar, gravidez precoce, escolas distantes da sua residência e etc). Neste momento das suas vidas, os educandos procuram desenvolver e constituir seus conhecimentos, habilidades e valores que transcendem os espaços formais da escolaridade.

Não se pode negar que se vive num mundo crescentemente informatizado. Somos bombardeados diariamente por milhares de imagens, palavras e sons produzidos pelas mídias. Se fala mesmo no processo de alterações no uso e consumo dos novos modos culturais, ou seja, a cultura das mídias (SANTAELLA, 2003).

Além do mais, esse processo não é diferente na Educação Física e assim sendo, o processo de ensino e aprendizagem deve versar sobre como educar com a mídia, através da mídia ou para a mídia.

Outrossim, a mídia está em toda parte, como no outdoor, no rádio, no jornal, no smartphones, no corpo, nas redes sociais, no videocassete, nas revistas, na TV aberta e por assinatura, na internet, CD-ROM, DVD.

Ademais, estão cada vez mais integradas ao cotidiano, por intermédio do seu discurso apoiado numa linguagem audiovisual, que combina os sons, as imagens e as palavras, onde nos transmitem informações, alimentam nosso imaginário e constroem uma interpretação do mundo.

Se observa que é preciso considerar que muitas dessas informações possuem apenas a forma do espetáculo e do entretenimento, distante de preocupações educativas formais. O que as mídias televisivas propiciam, num primeiro momento, é um grande mosaico sem estrutura lógica aparente, composto de informações desconexas, em geral descontextualizadas e recebidas individualmente, não instaurando, portanto, um verdadeiro processo de comunicação.

Diante do exposto, a escola tem como uma das funções criticar, dialogar e reagrupar essas informações desconectadas do mundo e se propor a educar através das mídias, abordando reflexão crítica, onde o professor e o aluno devem compreender o sentido explícito e implícito das informações e estabelecer relações coerentes e críticas, entre o que aparece na tela e a realidade do mundo.

(21)

Desse modo, no ato de ensinar essa educação, se pode utilizar a linguagem audiovisual característica da televisão, ensinar os mecanismos técnicos e econômicos de funcionamento, oferecer orientação e recursos para a análise crítica dos programas, e que eduque incorporando elementos audiovisual na sala de aula para otimizar o processo ensino-aprendizagem.

Nesse contexto, a prática pedagógica em Educação Física precisa do diálogo com as unidades temáticas (brincadeiras e jogos, esportes, danças, lutas, ginásticas e práticas corporais de aventura) com as mídias, fazendo assim, uma aproximação com a juventude da atualidade que tem se mostrado cada vez mais conectada com a internet.

De acordo com os relatórios digitais da We Are Social e da Hootsuite (2018) a juventude internauta brasileira passa, em média, nove horas diárias conectada à internet, colocando o Brasil como a terceira nação mais conectada do mundo, atrás apenas das Filipinas e da Tailândia.

Diante do exposto, a problemática se faz a seguinte indagação: Como desenvolver aulas de Educação Física no Ensino Médio noturno na era das mídias?

Através de pesquisas realizadas nos meses de setembro à novembro de 2018, nas bases de dados da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, Google Acadêmico, Scielo The Scientific Electronic Library Online e periódicos da CAPES, se percebeu que há um aumento gradativo de estudos sobre o tema nos últimos anos no Brasil. Nota-se também, que durante o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE), realizado na cidade de Natal em 2019, foram apresentados no formato de comunicação oral 26 trabalhos, e 22 no formato de pôsteres no Grupo de Trabalhos Temáticos (GTT) “Comunicação e Mídia”, sendo 08 artigos e 10 resumos que versa sobre o âmbito escolar, respectivamente, demonstrando um aumento significativo, não o suficiente, mas um avanço.

Através das justificativas expostas nos parágrafos anteriores, surge a questão investigativa central do estudo: Como desenvolver uma unidade didática sobre a classificação dos esportes utilizando as mídias como ferramenta nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno?

Outras questões rodeiam a prática pedagógica utilizando as mídias: Avaliar uma unidade didática sobre a classificação dos esportes nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno? Quais os limites e as possibilidades de uma unidade didática sobre a

(22)

classificação dos esportes e o uso das mídias nas aulas de Educação Física do Ensino Médio Noturno?

O estudo tem como objetivo geral a construção coletiva, a implementação e a avaliação de uma unidade didática com a utilização das mídias como ferramenta pedagógica no ensino da classificação dos esportes para o Ensino Médio Noturno no município de Fortaleza-CE. Os objetivos específicos foram divididos em três, a saber: 1- desenvolver uma unidade didática sobre a classificação dos esportes e a utilização das mídias como ferramenta pedagógica nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno; 2- avaliar uma unidade didática sobre a classificação dos esportes nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno; 3- apontar os limites e as possibilidades de uma unidade didática sobre a classificação dos esportes e a utilização das mídias como ferramenta pedagógica nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Noturno.

Esta pesquisa buscou direcionar novas possibilidades de atuação no contexto escolar da Educação Física, a fim de contribuir para mudanças didático-pedagógicas, partindo das vivências dos alunos nas aulas de Educação Física utilizando as mídias, e consequentemente, a ampliação do campo de atuação dos professores de Educação Física.

(23)

2 TECENDO CONHECIMENTOS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O USO DAS MÍDIAS

A Educação, e em especial a Educação Física, vem sofrendo várias mudanças no decorrer de sua história, sendo influenciada pelos aspectos políticos, econômicos, culturais, religiosos, tecnológicos e sociais. Neste capitulo, se abordará questões relacionadas sobre a legalidade e a compreensão da Educação Física no Ensino Médio, em especial, o curso noturno, bem como, discutir o esporte para além do quarteto fantástico, utilizando uma classificação dos esportes e dialogar com o uso das mídias como ferramenta pedagógica com a classificação dos esportes.

Se iniciará o capitulo fazendo uma breve análise dos documentos oficiais da Educação Brasileira, dentre eles se pode destacar: as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; a Constituição Federal de 1988; os Parâmetros Curriculares Nacionais; as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica; as Orientações Curriculares para o Ensino Médio; as Matrizes Curriculares para o Ensino Médio do Ceará; a Medida Provisória nº 746/2016 que virou a lei da reforma do Ensino Médio Nº 13.415/2017; e a Base Nacional Comum Curricular. Diante disso, se identificará os limites e as possibilidades da Educação Física nesta modalidade de ensino.

2.1 Aspectos Legais da Educação Física Escolar

O Brasil no decorrer de sua história desenvolveu três Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): a primeira em 1961, a segunda em 1971, que reformulava a primeira, e a atual, promulgada em 1996.

A Educação Física na LBD de 1961, era considerada obrigatória nos graus primário e médio, até a idade de 18 anos. O objetivo naquela época era preparar o “físico” dos jovens para ingressarem no mercado de trabalho e aqueles que já eram alunos trabalhadores, tinham à disposição legal os pedidos de dispensa. Caso os alunos não utilizassem o seu direito de dispensa das aulas, em muitos casos, as direções das escolas incentivavam tal prática.

Já a reforma educacional ocorrida em 1971 trouxe mudanças significativas para a área da Educação Física Escolar, tornando-a obrigatória em todos os níveis de ensino, sendo sua participação facultativa aos alunos que estudassem no período noturno e trabalhassem mais de seis horas diárias, tivessem mais de 30 anos de idade, estivessem

(24)

prestando serviço militar ou se estivessem fisicamente incapacitados (CASTELLANI FILHO, 1998).

Neste período, em relação à Educação Física no Ensino Superior, mais exatamente em 1968, o Governo Militar, introduziu em todos os cursos de graduações a prática esportiva, com o objetivo de desmobilizar politicamente os estudantes e tornar o país uma potência olímpica desde a escola primária até a universidade, na busca de talentos esportivos para representarem a nação dentro e fora das fronteiras nacionais (BETTI, 1991).

Os incisos presentes na lei demonstram a concepção da época de que as atividades realizadas durante as aulas de Educação Física não necessitavam ser refletidas, pensadas, conceituadas, pois não dialogavam com os conhecimentos da área, enfim, eram voltadas exclusivamente para a prática (CASTELLANI FILHO, 1998).

Isso fica bem nítido no Decreto nº 69.450/1971 que atribui as especificidades da Educação Física, no seu primeiro artigo;

A educação física, atividade que por seus meios, processos e técnicas, desperta, desenvolve a aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando, constituindo um dos fatores básicos para a conquista das finalidades da educação nacional (BRASIL, 1971, p. 21).

A palavra atividade remete ao pensamento de uma Educação Física somente para ensinar a fazer sem um campo de conhecimento próprio da área, apenas uma experiência sem fins pedagógicos, desprezando o ensinar sobre o fazer.

A partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), a Educação Física passou a ser considerada como componente curricular em grau de igualdade das demais, trazendo consigo algumas mudanças significativas comparadas com as anteriores, dentre elas podemos destacar: a estruturação didática; a autonomia dada às escolas e sistemas de ensino e um enfoque maior à formação do cidadão. Em 1996 foi criada uma nova lei que tratava sobre a Educação Física escolar no país, passando de uma mera atividade para um componente curricular obrigatório. Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, em seu artigo 26º, parágrafo 3º: “A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996).

Através da análise da lei, se percebe que não ocorreram mudanças significativas para a área, especificamente neste artigo, pois o mesmo não detalhava o que se pretendia,

(25)

consequentemente, acabou deixando lacunas para diferentes interpretações, dentre elas: a justificativa de algumas escolas em dizer que estava cumprindo a lei, quando de fato, ofertavam apenas o componente curricular em algumas séries/anos da educação básica; e a utilização de outros profissionais ministrando aulas de educação física sem a devida formação acadêmica.

Em 2001 um fragmento da LDB do artigo 26, no parágrafo 3º, acrescentou o termo obrigatório na frente da palavra componente curricular, deixando explícita a cobrança da Educação Física no decorrer da educação básica.

Com aprovação da LDB de 1996, a Educação Física Noturna passou a ser facultativa para os alunos cursarem e para as escolas oferecerem, e caso oferecessem a disciplina, as aulas não eram contabilizadas na carga horária da escola (Parecer do Conselho Estadual de Educação (CEE) nº 178/98). O que revela que a Educação Física noturna continua não ocorrendo ou caso contrário, é desenvolvida em número reduzido de escolas e assim, foram excluídos quase a metade dos alunos do Ensino Médio, provavelmente os maiores beneficiados com os conhecimentos advindos da Cultura Corporal de Movimento (DARIDO, 2009).

Com o intuito de modificar o quadro citado anteriormente, em 01/12/2003, a facultabilidade foi alterada através da Lei nº 10.793 que determinou que as aulas de Educação Física passassem a ser facultativas não mais a todas as pessoas que estudassem no período noturno, mas sim àquelas que, independentemente do turno de estudo, se enquadrassem nas seguintes condições: mulheres com prole, trabalhadores, militares e pessoas com mais de trinta anos (BRASIL, 2003).

Nota-se que o objetivo formal da alteração da lei era resguardar a obrigatoriedade da Educação Física no ensino noturno, mas acabaram copiando o decreto nº 69.450 de 1969, auge da ditadura militar. Nesse sentido, o discurso construído na LDB apresenta contradições relacionadas às concepções da Educação Física escolar. Intencionalidades presentes no texto oficial demonstram interesses e visões diferentes, até mesmo contraditórias.

Enquanto se avançou na concepção da área quando esta se torna um “componente curricular”, ou seja, uma disciplina que tem um saber, conhecimento a ser apropriado, se retrocede quando é concebida como facultativa, pois reafirma a condição da Educação Física como atividade paralela dentro da estrutura curricular da escola (PICH; PURCOTE FONTOURA, 2013).

(26)

Posteriormente à LDB, surgiram outros documentos que legitimam a Educação Brasileira, dentre eles: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), que tiveram como objetivo orientar os professores nos respectivos componentes curriculares lecionados e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (DCN’s), que estabeleceram a Base Nacional Comum, responsável pela organização, articulação, desenvolvimento e avaliação das propostas de todas as redes de ensino brasileiras (BRASIL, 2013).

Segundo Brasil (1999, p.156), o PCN do Ensino Médio diz que “a Educação Física precisa buscar sua identidade como área de estudo fundamental para a compreensão e entendimento do ser humano, enquanto produtor de cultura”.

Os PCN’s também afirmam:

Uma Educação Física atenta aos problemas do presente não poderá deixar de eleger, como uma das suas orientações centrais, a da educação para a saúde. Se pretende prestar serviços à educação social dos alunos e contribuir para uma vida produtiva, criativa e bem-sucedida, a Educação Física encontra, na orientação pela educação da saúde, um meio de concretização das suas pretensões (BRASIL, 1999, p.156).

Diante do exposto nessa afirmativa, a Educação Física na escola também tem um importante compromisso em auxiliar na propagação e manutenção da saúde dos estudantes, combatendo o aumento da inatividade física que tem levado os estudantes a adquirirem problemas cardíacos, musculares, depressivos e imunológicos.

Os PCN’s trazem a Cultura Corporal de Movimento como objeto da Educação Física Escolar, apontando como conteúdos que devem ser tratados (jogos, esportes, ginásticas, lutas, danças, atividades rítmicas e expressivas, conhecimento sobre o corpo). Nesse sentido, o que se deseja do aluno no Ensino Médio, é uma ampla compreensão e atuação das manifestações da Cultural Corporal de Movimento.

As ideias de superação das práticas pedagógicas tradicionais estão presentes no documento quando diz “a educação física precisa buscar sua identidade como área de estudo fundamental para a compreensão e entendimento do ser humano, enquanto produtor de cultura” (BRASIL, 2000, p.34).

Os PCN’s do Ensino Médio assinalam a Educação Física como pertencente à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, mas não aprofunda o componente curricular com a área (DARIDO et al., 2017).

Em 2002, foi lançado um documento intitulado de “PCN+” que buscava ampliar o diálogo realizado nos PCN’s. O principal objetivo era esclarecer acerca do que o docente

(27)

deveria desenvolver no componente curricular da Educação Física relacionando com a área das linguagens, códigos e suas tecnologias (DARIDO et al., 2017).

Os PCN+ utilizam uma fundamentação teórica baseada na perspectiva de se compreender a linguagem corporal, através de conceitos como signo, símbolo, denotação e conotação, gramática, textos e dentre outros (BRASIL, 2002). Fica então a seguinte indagação: Como efetivar uma organização dos conteúdos nesse nível de ensino? Como podemos dialogar na mesma área de conhecimento, se o documento não esclarece os possíveis caminhos?

Para Matthiesen (2008), não ocorreu aprofundamento na justificativa para inserção da Educação Física na área de linguagem, códigos e suas tecnologias. A Educação Física enquanto linguagem corporal pouco tem se mostrado consistente tanto no meio acadêmico como no pedagógico. O que se percebe durante a formação inicial e a continuada é a falta de debates sobre como a Educação Física está inserida na área da linguagem.

Em 2006, o Ministério da Educação Brasileira trouxe novamente para o debate um documento intitulado de “Orientações Curriculares para o Ensino Médio”, que tinha como objetivo aprofundar a compreensão de pontos não tratados ou que não possuíam clareza para os professores da Educação Básica nos PCN’s e PCN+.

Através da leitura e análise das Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCNEM), se observa que não obteve o êxito esperado. Segundo Darido et al. (2017), dois fatores contribuíram significativamente para tal fracasso: a diferença das concepções epistemológicas e pedagógicas, pois o documento menciona críticas às políticas dos antecessores; e a baixa produção de conhecimento acumulados no decorrer dos anos acerca da Educação Física e da área de linguagens, códigos e suas tecnologias.

Nas DCN’s foram descritas as áreas que deveriam estar presentes na Base Nacional Comum dos currículos das escolas do Ensino Médio. São elas: Linguagens e Códigos e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas tecnologias; e Ciências Humanas e suas tecnologias. A Educação Física é enquadrada na área de Linguagens e Códigos e suas tecnologias. No artigo 10, parágrafo 2º, desse documento, é consentido que o Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas assegurem a interdisciplinaridade e a contextualização dos componentes curriculares da Educação Básica.

Para Darido (2009), as DCN’s do Ensino Médio, foram bem elaboradas e trazem um detalhamento pouco observado em outros documentos legais para a Educação. Elas não

(28)

apresentam um aprofundamento ou justificativas em considerar a Educação Física como parte da área de Linguagens e Códigos e suas tecnologias embora afirmem que essa área busca estabelecer correspondência não apenas entre as formas de comunicação – das quais as artes, as atividades físicas e a informática fazem parte inseparável – como evidenciar a importância de todas as linguagens enquanto constituintes dos conhecimentos e das identidades dos alunos.

Já em 2013, o MEC lança um novo documento sobre as DCN’s, revisto e ampliado, que discorre sobre questões do Ensino Médio, desde o papel político até as competências e as habilidades projetadas para essa etapa da Educação Básica.

Vale destacar no documento, o entendimento que a Educação Física não se resume ao “saber fazer”, mas que deve direcionar os alunos à reflexão, a criticidade sobre seus conteúdos, bem como a interpretação dos saberes dialogados durante as aulas, ou seja, ensinar o “saber sobre o fazer”.

Neste contexto de contradições e conflitos, a disciplina de Educação Física no Ensino Médio ainda está à procura de construir sua identidade sólida, e, a partir dela avançar na conquista de legitimidade dentro do ambiente escolar. A Educação Física escolar tem a colaborar com o aprimoramento do educando como pessoa humana, como cidadão e não apenas com a preparação física dos estudantes.

Os documentos oficiais destinados para a Educação Física têm muito a contribuir na melhoria da Educação Brasileira, mas é preciso alertar que sem a participação da comunidade escolar (professores, gestores, alunos, pais e etc.) o esforço será em vão.

O Ensino Médio tem uma necessidade maior em desenvolver práticas interdisciplinares, planejamento participativo, autonomia das escolas perante os sistemas de ensino estadual ou municipal. Os professores não precisam de “receitas de bolos” para exercer sua prática docente, mas sim serem ouvidos no momento da elaboração, do planejamento e da execução das políticas públicas educacionais.

A formação continuada dos professores, em caráter colaborativa, proporciona um modo mais democrático e participativo quando as ações partem dos professores, pois os mesmos são os protagonistas da sua própria história de vida, tanto pessoal quanto profissional (PIMENTA, 2005).

Em 2009 foi criado no Estado do Ceará as Matrizes Curriculares para o Ensino Médio, através da Coleção Escola Aprendente, com o propósito de atender as exigências

(29)

das DCNEM,traçadas pelo Conselho Nacional de Educação Básica (CEB), em 1998, para esse nível de ensino.

Segundo a Secretaria de Educação do Ceará (2009, p.5):

Ao encaminhar à escola as Matrizes Curriculares, como parte integrante da Coleção Escola Aprendente, o faz não como um documento pronto e acabado, mas como um instrumento norteador em termos de contribuição ao trabalho pedagógico na sala de aula e, com a certeza, de que os professores as tornarão realidade no que se refere ao componente curricular de sua disciplina.

A coleção Escola Aprendente está organizada por diferentes áreas do conhecimento, a saber: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Arte e Educação Física); Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias (Matemática, Física, Química e Biologia); e Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia e Sociologia). A matriz curricular estadual é composta pela apresentação do documento em apenas 02 páginas, além de competências, habilidades, conteúdos e detalhamento dos conteúdos do 1º ao 3º ano do Ensino Médio.

Se considera que o documento é muito reduzido para nortear a prática pedagógica dos professores de Educação Física no “chão da escola”, pois não aprofunda conceitos, habilidades e competências nas diferentes áreas de conhecimento isoladamente, imagine na interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.

Perante as necessidades, dificuldades e anseios citados no decorrer deste nível de ensino, o Governo Federal vigente no período, propôs uma reforma do Ensino Médio, que ocorreu em 22 de setembro de 2016 e foi promulgada a Medida Provisória (MP) nº 746 pelo então presidente da república Michel Temer, que tinha como objetivo reformular o Ensino Médio.

Essa MP gerou uma série de protestos proferidos por diferentes entidades, dentre elas: universidades, escolas, sindicatos, movimentos sociais, associações e etc. Podemos considerar que o governo da época só alterou do texto original apenas dois pontos, a saber: 60% do currículo seria preenchido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e 40% destinado aos itinerários formativos (antes era 50% para cada) e o retorno da obrigatoriedade dos componentes curriculares Educação Física, Sociologia, Arte e Filosofia, não estavam presentes no texto original, ficando para ser definido na BNCC de como deveria ocorrer a obrigatoriedade, seja parcial ou total durante o Ensino Médio (BASTOS; SANTOS JR; FERREIRA, 2017).

(30)

As principais mudanças ocorridas na LDB com a reforma do Ensino Médio foram as seguintes: o aumento gradativo da carga horária de 800h para 1.400h e o incentivo financeiro e logístico para a ampliação do tempo escolar dos alunos, partindo da escola regular para o tempo integral, o reconhecimento de profissionais de notório saber ou de graduados sem terem cursado alguma licenciatura na área especifica de atuação docente no Ensino Médio, a divisão do currículo em cinco itinerários formativos; a profissionalização como uma das opções formativas e a obrigatoriedade de estudos e práticas de Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia no Ensino Médio de acordo com a BNCC.

Em 2018 foi homologado um novo documento norteador para Educação Brasileira, a BNCC é um conjunto de orientações que norteia os currículos de todas as escolas públicas ou privadas do Brasil. O documento traz os conhecimentos necessários, as competências e as aprendizagens pretendidas durante cada etapa da Educação Básica. Tem como objetivo promover o aumento da qualidade do ensino no território brasileiro, através de um documento de referência obrigatório, respeitando a autonomia assegurada pela Constituição Federal (BRASIL, 2018).

Com a reforma do Ensino Médio o Art. 3° da LDB foi acrescido do seguinte art. 35-A:

A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento:

I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas tecnologias;

III - ciências da natureza e suas tecnologias; IV - ciências humanas e sociais aplicadas.

Diante do exposto, no referido artigo é possível verificar que desde a criação até esse momento, já se passaram aproximadamente dois anos, entre a lei e a BNCC, pouco foi produzido e pensado acerca do futuro do Ensino Médio na Educação Brasileira. Vale destacar que o documento referente ao Ensino Médio ainda se encontra em fase de elaboração, diferente dos níveis de ensino (Educação Infantil e Ensino Fundamental) que já foram homologados em 20 de dezembro de 2018.

Entretanto, os trabalhos que se propuseram a pensar sobre essa reforma do Ensino Médio, já apontavam cenários “tenebrosos” para a Educação Física. Se pode citar como exemplos as edições 26 e 29 da Revista Motrivivência, respectivamente, nos anos de 2016 e 2017. A primeira, de número 48, que retratou sobre as possibilidades de construção da

(31)

BNCC e a segunda, de número 52, que dialogou especificamente sobre a Educação Física no Ensino Médio.

No inciso § 2° do mesmo artigo afirma-se que “a Base Nacional Comum Curricular referente ao Ensino Médio, incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia”. Os termos “estudos e práticas” logo após a palavra obrigatoriedade, denotam um olhar direcionado para a atividade procedimental, voltado para o saber-fazer. Um retrocesso no debate sobre questões resolvidas pela área no século passado.

Na BNCC do Ensino Médio apenas cinco parágrafos discorrem sobre a Educação Física no capítulo da área de linguagens e suas tecnologias, diferente da disciplina Língua Portuguesa, que são 26 páginas inteiras, mostrando um desprestigio da área no documento. Outra questão em destaque no documento, é a falta de continuidade do que foi defendido na BNCC, para a Educação Física no Ensino Fundamental, nos s aspectos em formação de grupos de professores com conceitos epistemológicos diferentes que elaboraram o documento da Educação Básica, nos níveis Ensino Fundamental e Médio. A BNCC possui 07 competências especificas na área de linguagens e suas tecnologias, dentre elas, 03 dialogam com a Educação Física (01, 03, 05). Com ênfase maior na competência 05:

Compreender os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade (BRASIL, 2018, p. 2).

O documento como um todo não expressa os anseios da sociedade no contexto geral, pois foi publicado de forma arbitrária pelo governo federal sem levar em consideração aqueles que tiveram o cuidado de ler e expressar seus sentimentos durante as audiências públicas realizadas em Florianópolis, Fortaleza, Brasília ou aquelas audiências não realizadas por motivo das manifestações ocorridas nos locais do evento, tais como: São Paulo e Belém. Vale destacar, que em cada região do país ocorreu uma audiência pública. Nesta unidade se analisou a Legislação Educacional Brasileira, direcionando os olhares para a Educação Física, em seguida, se compreendeu como a mesma se insere no contexto do Ensino Médio Noturno, diante das diversas nuances, possibilidades e tensões.

(32)

O Ensino Médio Noturno tem suas especificidades com relação aos estudantes que compõem a escola no turno da noite, com suas características próprias. Em primeiro lugar, cabe destacar que a maioria dos estudantes são adolescentes, jovens e idosos. Uma parte dando continuidade aos estudos sem interrupção, mesmo que tenha tido alguma reprovação em outro turno. Outra parte, no entanto, está retornando aos estudos depois de haver interrompido em determinado momento.

O ensino noturno diferencia-se do ensino diurno, devido este último ter o estudo como principal atividade/interesse, enquanto os do noturno são, na maioria, trabalhadores antes de serem estudantes. Do ponto de vista das expectativas destes estudantes, uns objetivam prosseguir nos estudos ingressando no Ensino Superior, enquanto os outros pretendem manter ou retornar sua dedicação ao trabalho (BRASIL, 2013).

A própria Constituição Federal de 1988, no inciso VI do artigo 208, determina de forma especial a garantia da oferta do ensino noturno regular adequado às condições do educando. A LDB no inciso VI do artigo 4, reitera este mandamento como dever do estado. Uma pesquisa realizada por Machado (2005) questionou alunos de uma escola pública estadual do município de Campinas (SP) a respeito do que eles gostariam que mudassem na escola. Se percebeu que a maior necessidade era ampliar as atividades esportivas, artísticas e culturais. Vale destacar que no relato dos alunos a escola não possuía na sua integralização curricular a disciplina Educação Física no turno noturno.

Dessa forma, são necessárias adaptações, inovações e diversidades metodológicas para atrair a atenção e o interesse dos alunos que tem “distorções de aprendizado” (OLIVEIRA, 1999). O mesmo autor desenvolveu um programa de aulas de Educação Física no Ensino Médio noturno em uma escola de Maringá (PR), onde observou a viabilidade para o desenvolvimento de estratégias que possibilitem a participação dos alunos durante o processo de ensino-aprendizagem.

Outra pesquisa, realizada por Impolcetto et al. (2014) em sete escolas de Ensino Médio noturno, denuncia a falta de aulas desse componente curricular no período noturno, demonstrando o descaso da gestão escolar com a obrigatoriedade de a oferta da disciplina para os alunos escolherem a sua participação. Através da análise em profundidade das escolas, os autores notaram que quatro não ofereciam, sendo três delas, nem sequer constavam na organização curricular. Já as outras três escolas ofereciam aos sábados, mas em duas escolas todos os alunos eram dispensados por terem declarações que trabalhavam, contrariando, assim, o pensamento de Darido et al. (1999) que adverte sobre a maior

(33)

necessidade da prática da atividade física pelos alunos dos cursos noturnos, porém, o sistema de ensino não alcança essa população, seja por questões pedagógicas ou administrativas.

A Educação Física neste nível de escolarização passa por um momento delicado devido aos pontos da facultatividade presentes no artigo 26, parágrafo 3, apresentado no capítulo anterior, deixando algumas brechas na sua interpretação.

O aluno/trabalhador que geralmente tem uma carga horária superior a seis horas e/ou possui idade maior de trinta anos; mulheres com filhos e homens que prestem serviços militares não têm obrigatoriedade de participar das aulas práticas, consequentemente, boa parte da turma perde a possibilidade de vivenciar e conhecer através do ato de “se-movimentar” as diferentes práticas corporais (KUNZ, 1994).

As dispensas dos alunos das práticas nas aulas de Educação Física poderão trazer graves prejuízos para sua formação humana (cognitiva, motora, afetiva, social e etc.) ocasionando um déficit no processo ensino-aprendizado específico da área da Educação Física.

Quando é negada a participação dos alunos nas aulas de Educação Física, um direito constitucional está sendo subtraído, infringindo os princípios da isonomia e da democracia do ensino, ou seja, o ensino é direito de todos independente da raça, religião, crença, poder econômico, cultura e costumes. No entanto, infelizmente, o desrespeito a esse direito vem ocorrendo com maior incidência no Ensino Médio noturno. Desta forma, os conteúdos trabalhados na Educação Física não estão atendendo todos os alunos.

Para balizar a discussão sobre o Ensino Médio foi realizado um estado da arte 3para aprofundar a temática em questão e refletir sobre algumas indagações feitas logo na introdução desta pesquisa.

Nos últimos anos, pesquisas relacionadas com a Educação Física vêm adotando o uso da metodologia do “estado da arte” como forma de produção acadêmico-científica do conhecimento, apresentando o diagnóstico e as implicações para se compreender a construção do saber sobre determinada temática. Vale ressaltar que dados provenientes

3 O estado da arte foi realizado por um pesquisador entre janeiro à março de 2019, através dos periódicos acessados via internet. Como forma de classificá-los, utilizou-se a WebQualis da CAPES no quadriênio (2013-2016) na área 21, por meio do endereço eletrônico: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsu ltaGeralPeriodicos.jsf.

(34)

desta pesquisa estão localizados no tempo e no espaço, mas que servirão para estudos posteriores.

O estado da arte tem dois principais objetivos: 1- produzir conhecimento sobre o tema pesquisado; 2- fornecer um instrumento para jovens pesquisadores, e também para os experientes no campo da pesquisa, algo que facilite a localização do conhecimento já produzido (BRACHT et al., 2011).

A Educação Física historicamente possui um foco direcionado para a subárea da biodinâmica, em detrimento da subárea pedagógica. No estudo realizado por Bracht et al. (2011) apenas 16,5% dos artigos publicados nos nove principais periódicos nacionais nas últimas três décadas correspondiam a Educação Física Escolar, referente a subárea pedagógica.

Essa situação não é particularidade brasileira. Para Kirki (2010) e Antunes (2010) o mesmo fato ocorre internacionalmente, ou seja, a produção da subárea pedagógica é minoritária, se consideramos o campo como um todo (Educação Física?; Educação Física e Esporte? Ciência do Movimento? Motricidade?).

Na pesquisa realizada por Betti, Ferraz e Dantas (2011), apenas 18% dos manuscritos referenciavam “Educação Física Escolar”. Os autores utilizaram como processo investigativo para análise onze revistas nacionais da área, no período de 2004 a 2008. Observaram que a grande maioria dos achados sobre a Educação Física Escolar concentram-se no Ensino Fundamental.

A Educação Física Escolar busca superar a desvalorização da baixa produção acadêmico-científica através do aumento dos índices de pós-graduação no Brasil relacionadas a subárea pedagógica, dentre elas, se destaca o Programa de Mestrado Profissional para professores da Educação Física (PROEF) e a expansão de periódicos da área.

No decorrer deste trabalho se verificou que o mesmo vem alertando sobre a carência do diálogo acadêmico sobre o Ensino Médio, seja em fóruns, congressos, periódicos, dissertações, teses e etc. Para Rufino et al. (2016), os dados são alarmantes quando se concentra a análise neste nível de ensino, ainda se tem buscado compreender a Educação Física enquanto componente curricular obrigatório.

A escassez de publicações neste nível de ensino é notada no estudo realizado por Rufino et al. (2016), o qual observou que somente 1,97% dos artigos da Educação Física Escolar eram direcionados para esse nível de escolarização. A pesquisa foi desenvolvida

(35)

entre 2001 a 2010 com a produção acadêmico-científica das dissertações, teses, livros e artigos da área da Educação Física no Ensino Médio.

Portanto, é de suma importância desenvolver a continuidade do mapeamento da produção de conhecimento acadêmico-científico sobre a Educação Física no Ensino Médio. Vale destacar que a revisão de literatura pode contribuir significativamente para a compreensão do objeto de estudo.

Foi escolha metodológica dos pesquisadores deste trabalho em analisar apenas artigos publicados em periódicos como fonte da pesquisa. Para Bracht et al. (2011), a produção em periódicos, em grande parte, possui uma representatividade mais geral devido o mesmo material publicado em livros, anais, dissertações e teses, tendem em menor escala, serem veiculados, antes ou depois, em periódicos, sendo boa parte, fruto da pressão exercida pelos sistemas de avaliação da CAPES.

Se partiu com as seguintes perguntas norteadoras: qual a produção acadêmica sobre a Educação Física no Ensino Médio no Brasil? Quais os temas mais tratados no Ensino Médio pela Educação Física Escolar?

Os critérios de inclusão dos artigos científicos disponíveis nos periódicos nacionais foram os seguintes: 1- que os artigos fossem classificados de acordo com o estrato Qualis CAPES da revista, entre A1 e B2; 2- escritos em português, inglês ou espanhol, 3- os pesquisadores deste estudo fizeram a análise apenas dos artigos da subárea sociocultural e pedagógica das referidas revistas, excluindo subárea da biodinâmica. A seleção das revistas se deu devido à representatividade nas publicações na área da Educação Física das mais diversas temáticas. Estão dispostas no quadro abaixo:

Quadro 01: Revistas pesquisadas para elaboração do estudo.

Revista Universidade vinculada Qualis

Revista Movimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul– UFRGS A2

Revista Motriz Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho– UNESP Rio Claro

B1

Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (RBEFE)

Universidade de São Paulo B1

Pensar a prática Universidade Federal de Goiás B2

Motrivivência Universidade Federal de Santa Catarina B2

Fonte: Elaborada pelo autor, 2019.

Estes cincos periódicos investigados são alguns dos mais conceituados da área da Educação Física de acordo com a CAPES. O recorte temporal foi realizado do início de 2012 até o final de 2018.

(36)

Foram analisadas quase todas as edições das respectivas revistas, exceto a Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (RBEFE) das edições de 2018, que não se encontravam disponíveis no site da revista no período pesquisado.

A escolha por esse período se deu devido à disponibilidade de outros trabalhos de grande relevância para a área da educação física escolar que antecedem a esse estudo. Podemos citar as contribuições de Rufino et al. (2011) e Dias & Correia (2010).

Foram excluídos da pesquisa: teses, dissertações ou capítulos de livros, como também, os artigos que não eram publicados em português, inglês ou espanhol.

Os critérios de qualidade e validade metodológica utilizadas na pesquisa acompanharam as recomendações de Saur-Amaral (2011) e as investigações dos artigos aconteceram através do acesso ao site das revistas e, em seguida, pesquisando cada edição do período escolhido.

Logo após a amostra dos periódicos, começa a fase da triagem dos artigos. Utiliza-se o levantamento de busca através dos Utiliza-seguintes descritores: “Educação Física” e/ou “Ensino Médio”.

Por outro lado, foi adotado pelo pesquisador o procedimento de fazer o download das edições das revistas para análise do título do artigo, a leitura do resumo do artigo e a leitura das palavras-chaves.

Caso fosse encontrado algo sobre os descritores, eram baixados os artigos completos para o aprofundamento da temática. Esse procedimento foi realizado na seguinte sequência:

a) buscava os descritores, utilizando o recurso de busca do próprio programa do PDF;

b) identificava quantas vezes apareciam no corpo do texto algo relacionado com a Educação Física no Ensino Médio;

c) categorização inicial através da leitura do título e resumo;

d) leitura completa do artigo para o aprofundamento e agrupá-las em subcategorias elencadas pelo pesquisador.

Diante do exposto, se obteve os resultados da produção de conhecimento acadêmico-científica demonstrado no quadro abaixo:

Quadro 02: A relação entre a quantidade de artigos publicados anualmente em cada periódico e o resultado da busca do termo “Educação Física no Ensino Médio”.

Revista 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Total

(37)

Motriz 76-0 99-0 59-0 55-0 65-0 97-0 61-0 512-0 RBEFE 47-0 37-2 40-1 39-0 40-0 59-0 Indisponível 262-3 Pensar a prática 69-0 80-0 80-2 76-4 80-1 80-4 80-3 545-14 Motrivivência 37-0 37-1 41-0 49-0 57-0 66-8 65-0 352-9

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

De modo geral se identificou um número bastante variável entre os periódicos, não seguindo uma linearidade dos dados, seja ela, no número de publicações dos artigos ou na periodicidade das edições.

Se observa que a Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (RBEFE) não apresenta resultados no quadro em 2018, devido as edições não estarem disponíveis durante o período da investigação no site do periódico. Vale ressaltar que várias tentativas foram feitas, mas sem sucesso. Outra análise identificada no quadro acima é a baixa publicação total de artigos da RBEFE.

Se nota que o periódico com maior número de artigos publicados durante o período pertence à Revista Movimento. Isso por si só não legitima o quantitativo de artigos achados sobre a Educação Física no Ensino Médio, observado de acordo com o quadro na revista Pensar a prática. Em um estudo realizado por Bracht et al. (2011) sobre a Educação Física Escolar, que tinha como investigação a produção acadêmica durante três décadas, percebeu-se que a mesma revista conferia o maior destaque ao debate sobre o tema. Bracht et al. (2011, p. 20) diz o seguinte: “a Revista Pensar a Prática, até pelo seu título, parece estar voltada e ser entendida pela comunidade como um espaço fortemente vinculado à temática”, conferindo assim, a sua importância para o meio acadêmico.

Se considera que a Revista Motriz sofreu algumas alterações durante o percurso histórico. Em 2015 a revista deixa de ser publicada em português e passa a ser em inglês, como também a diminuição de publicações na subárea pedagógica.

A partir da investigação do que foi produzida de conhecimento acadêmico-científico entre 2012-2018 sobre a Educação Física no Ensino Médio, se notou que a quantidade de artigos publicados em periódicos, vêm aumentando nos últimos anos na área da Educação Física no contexto geral. Em contrapartida, não se observou o mesmo na Educação Física Escolar.

Os dados entre a quantidade de artigos publicados em periódicos e os achados dos descritores “Educação Física no Ensino Médio”, encontram-se no quadro abaixo:

(38)

Quadro 03: A relação entre a quantidade de artigos publicados em periódicos e os achados dos descritores “educação física no Ensino Médio”.

Revista Artigos publicados (2012-2018) Artigo “Ed. Física no Ensino Médio” %

Movimento 586 5 0,22% Motriz 512 0 0,00% RBEFE 262 3 0,13% Pensar a prática 545 14 0,63% Motrivivência 352 9 0,39% Total 2.257 31 1,37%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Mediante a análise dos dados, se identificou que dos 2.257 artigos publicados nas 05 revistas do âmbito nacional, apenas 31 estavam relacionadas com a Educação Física no Ensino Médio, correspondendo assim, 1,37% do total das publicações entre 2012-2018.

Após a obtenção dessas informações, se realizou o aprofundamento dos artigos através da leitura completa com aqueles que tinham relação com a temática. Se adotou como procedimento metodológico de análise dos dados, a criação de categorias e subcategorias, pois se entendeu ser possível e mais produtivo o estabelecimento de subcategorias, uma vez que é um trabalho que possibilita maior detalhamento das categorias adotadas.

Foi dividido em 07 categorias de ordem decrescente dos achados: conteúdos da Educação Física; intervenção pedagógica; reforma do Ensino Médio; fundamentação teórica; diagnóstico da realidade escolar; políticas públicas educacionais; e outros. Encontra-se no quadro abaixo a classificação das categorias e subcategorias dos artigos referentes à Educação Física no Ensino Médio:

Quadro 04: Classificação das categorias e subcategorias dos artigos referentes a educação física no ensino médio quanto a sua temática

Categorias em ordem decrescente; números de artigos (%)

Subcategorias/ Quantidades

1- Conteúdos da Educação Física- n=08 (25,8%) Dança- 03 Práticas Corporais- 01 Corporeidade- 01 Esporte- 01 Saúde- 01

Educação física inclusiva- 01

1- Intervenção pedagógica n=08 (25,8%) Prática Pedagógica- 03 Formação Profissional- 02 Avaliação em educação física- 02

Referências

Documentos relacionados

As pessoas precisam simultaneamente alcançar objetivos organizacionais (em função do seu cargo, da sua tarefa e da sua responsabilidade frente a empresa) e objetivos individuais

ligada a aspectos infantis (1º ao 5º anos) configura-se como uma fase de mudanças, com mais professores, com novos componentes curriculares, conteúdos mais complexos

O presente capítulo apresenta o Plano de Ação Educacional, que propõe o desenvolvimento de um espaço de reflexão que permita que a Secretaria de Estado de Educação do

Ao longo deste trabalho, analisamos como os profissionais da Escola Estadual Normandia, localizada na cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, promovem seus processos

As práticas de gestão passaram a ter mais dinamicidade por meio da GIDE. A partir dessa mudança se projetaram todos os esforços da gestão escolar para que fossem

O modelo proposto por este artigo teve como principal objetivo trazer insights para a mudança dos prazos e da nova forma do modelo de negócio que surgiu com o SNBN no mercado de

Nesse sentido, sob a perspectiva da Nova História Política e da História Cultural, tendo como fontes os principais jornais colombianos e brasileiros época;o discurso político

A Seleção Brasileira de Luta Greco-romana necessitou de uma metodologia para quantificar a prescrição do conteúdo de treinamento e mensurar o desenvolvimento do