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3.5 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS

4.1.2 Análise Fatorial

Com o propósito de identificar padrões de correlação entre os itens, bem como examinar a existência de dimensões subjacentes às variáveis, foi realizada uma análise fatorial exploratória e em seguida uma análise confirmatória.

Para fins de análise fatorial, a amostra final de 260 participantes foi considerada válida. Dancey e Reidy (2006) indicam que para a análise fatorial deve- se considerar um mínimo de 100 participantes e ter pelo menos cinco vezes mais participantes que variáveis. Esse dimensionamento também é estabelecido por Hair et al. (1998) que indicam o tamanho mínimo recomendado é de 5 participantes por variável independente. Considerando que a EVT possui 45 itens, multiplicado por 5, temos o mínimo necessário de 225 sujeitos para que esse estudo seja considerado

válido, ou seja, a amostra é considerada válida para aplicação da análise fatorial. Pasquali (2012) explora a temática da amostra a ser utilizada numa análise fatorial. Segundo ele, melhores resultados são obtidos com amostras heterogêneas do que com homogêneas. Assim, observou-se, também, que a amostra obtida nessa pesquisa contribui para a análise fatorial de forma significativa.

Objetivando estimar o número de componentes e examinar a fatorabilidade dos dados, os 45 itens foram submetidos à análise dos componentes principais, obtendo-se os seguintes indicadores, com uma medida de adequação amostral Kaiser-Meyer-Oklin (KMO) igual a 0,896. O KMO indica se a análise de fatores é apropriada para a amostra. Valores entre 0,5 e 0,7 são considerados “medíocres”; valores entre 0,7 e 0,8 são “bons”; entre 0,8 e 0,9, “ótimos”; e acima de 0,9, “magníficos” (PASQUALI, 2012; FIELD, 2009; DANCEY; REIDY, 2006). Portanto, a amostra desse estudo em termos de adequação pode ser considerada ótima.

O teste de esfericidade de Bartlett testa a hipótese nula de que a matriz de correlação original é uma matriz identidade. Um teste significativo (p menor que 0,05) nos mostra que a matriz de correlações não é uma matriz identidade, e que, portanto, há algumas relações entre as variáveis que se espera incluir na análise (FIELD, 2009). O resultado do teste de Bartlett foi altamente significativo (p < 0,001), indicando as correlações entre os itens são suficientes para a realização da análise. A realização da análise fatorial em termos de tamanho da amostra se justifica.

Tabela 9. KMO e Teste de Bartlett

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy. 0,896 Bartlett's Test of

Sphericity

Approx. Chi-Square 7921,550

Graus de liberdade 990

Significância 0,000

Fonte: Dados da pesquisa (2012)

Para a determinação do número de fatores foram utilizados os mesmos critérios adotados por Porto e Tamayo (2003): valor dos eigenvalues maior que 3. O gráfico de sedimentação indicou 4 fatores, conforme Gráfico 5.

A análise dos componentes principais (Principal Component Analysis - PAC4) indicou a possibilidade de 4 fatores, explicando 54,4% da variância, com eigenvalues maiores que 3. O gráfico de sedimentação mostrou que os quatro componentes estão posicionados antes da inflexão.

Gráfico 5: Gráfico de sedimentação

Fonte: Dados da pesquisa (2012)

Foram conduzidas extrações de 4, 5 e 6 fatores, por meio do método de fatoração dos eixos principais (Principal Axis Factoring – PAF5), com rotação

Promax, seguindo a mesma opção de Porto e Tamayo (2003), com a finalidade de observar a variação dos resultados. A solução de 4 fatores foi a que apresentou melhor consistência teórica. A variância explicada na PAF foi de 54,4%, conforme observado anteriormente, permanecendo o mesmo resultado na PAF. Esse

4Principal Component Analysis – PAC: a análise dos principais componentes tem por objetivo agrupar em conjunto as variáveis

relacionadas. Esse agrupamento é chamado de componentes. O método está interessado em reduzir ao máximo o número de

componentes que expliquem a maior parte possível da variância original das variáveis, isto é, é uma técnica exploratória para reduzir um grande conjunto de dados a um menor. Esse método não possui modelo teórico e busca apenas a simplificação e ortogonalização das variáveis (PASQUALI, 2012; DANCEY e REIDY, 2006).

5 Principal Axis Factoring – PAF: a análise fatorial busca o menor número de variáveis hipotéticas, chamadas de fatores, para explicar a

maior percentagem possível da covariância entre as variáveis. Esse método possui um modelo teórico que afirma que a covariância entre as variáveis é produto, efeito de uma casa comum entre elas. A PAF tem sido utilizada no sentido confirmatório, no sentido de confirmar se um pequeno conjunto de é o que de alguma forma influencia o conjunto de variáveis observado (PASQUALI, 2012; DANCEY e REIDY, 2006).

resultado confirma a estrutura fatorial de 4 fatores proposta por Porto e Tamayo (2003).

A análise fatorial confirmou, em parte, a agregação dos itens nos quatro fatores propostos por Porto e Tamayo (2003). Apenas o item 64 - Enfrentar desafios migrou do fator Prestígio, cuja carga fatorial era 0,412, para o fator Realização profissional, com carga fatorial 0,422. A

Tabela 10 apresenta as cargas fatoriais e as comunalidades6 (H2) dos itens.

Tabela 10. Cargas fatoriais e comunalidades dos itens

Coeficiente α de Cronbach por fator/itens Fator

1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 H

2

Fator 1 – Realização Profissional

ITEM65 - Ser feliz com o trabalho que realizo ,828 ,696

ITEM32 - Gostar do que faço ,781 ,680

ITEM27 - Trabalho interessante ,754 ,587

ITEM24 - Ter prazer no que faço ,734 ,638

ITEM50 - Realização pessoal ,732 ,629

ITEM21 - Trabalho intelectualmente estimulante ,712 ,544

ITEM28 - Crescimento intelectual ,706 ,656

ITEM26 - Satisfação pessoal ,699 ,670

ITEM43 - Identificar-me com o trabalho ,644 ,598

ITEM9 - Realização profissional ,643 ,641

ITEM14 - Realizar um trabalho significativo para

mim ,572 ,586

ITEM71 - Trabalho que requer originalidade e

criatividade ,546 ,581

ITEM67 - Aprimorar conhecimentos da minha

profissão ,528 ,588

ITEM66 - Trabalho variado ,428 ,507

ITEM22 - Autonomia para estabelecer a forma de

realização do trabalho ,286 ,478

ITEM64 - Enfrentar desafios ,409 ,534

Cont.

6

Comunalidade: A variância total de uma variável é composta pela variância comum e variância única (unicidade). A variância comum indica que a variância é dividida com outras variáveis medidas, enquanto que a variância única trata da variância específica de cada variável. A comunalidade indica a qualidade de representação comportamental do traço latente pelas variáveis observáveis, ou seja, a proporção da variância explicada pelos fatores extraídos (PASQUALI, 2012).

Tabela 10. Cargas fatoriais e comunalidades dos itens (cont.) Coeficiente α de Cronbach por fator/itens Fator

1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 H

2

Fator 2 – Relações Sociais

ITEM48 – Ter compromisso social ,858 ,841

ITEM49 – Colaborar para o desenvolvimento da

sociedade ,818

,758

ITEM35 – Ser útil para a sociedade ,802 ,815

ITEM8 – Combater injustiças sociais ,801 ,763

ITEM72 – Colaborar com colegas de trabalho para

alcançar as metas de trabalho do grupo ,771

,751

ITEM36 – Auxiliar os colegas de trabalho ,760 ,853

ITEM61 – Ajudar os outros ,756 ,821

ITEM53 – Mudar o mundo ,569 ,517

ITEM39 – Bom relacionamento com colegas de

trabalho ,536

,648

ITEM45 – Amizade com colegas de trabalho ,491 ,612

ITEM25 – Conhecer pessoas ,484 ,605

ITEM37 – Preservar minha saúde ,388 ,440

Fator 3 – Prestígio

ITEM33 – Status no trabalho ,857 ,773

ITEM58 – Ter notoriedade ,804 ,726

ITEM54 – Ter fama ,785 ,656

ITEM46 – Competir com colegas de trabalho para

alcançar as minhas metas profissionais ,738

,605

ITEM16 – Competitividade ,696 ,586

ITEM38 – Ter prestígio ,681 ,640

ITEM44 – Supervisionar outras pessoas ,618 ,561

ITEM68 – Obter posição de destaque ,601 ,562

ITEM51 – Ter superioridade baseada no êxito do

meu trabalho ,591

,532

ITEM29 – Seguir a profissão da família ,313 ,293

Tabela 17. Cargas fatoriais e comunalidades dos itens (cont.) Coeficiente α de Cronbach por fator/itens Fator

1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 H

2

Fator 4 – Estabilidade

ITEM69 - Ter melhores condições de vida ,884 ,772

ITEM7 - Ser independente financeiramente ,866 ,778

ITEM23 - Poder me sustentar ,823 ,744

ITEM6 - Estabilidade financeira ,822 ,684

ITEM56 - Melhorar a qualidade de vida da minha família

,778 ,687

ITEM34 - Ganhar dinheiro ,713 ,588

ITEM63 - Suprir necessidades materiais ,613 ,530

Método de extração: Fatoração do Eixo Principal. Método de rotação: Promax com Normalização Kaiser. Fonte: Dados da pesquisa (2012)

Foi conduzida uma análise de consistência interna para cada fator, observando-se o alfa de Cronbach. Os índices de confiabilidade para todos os fatores foram superiores a 0,80 e observou-se uma alta correlação entre o fator 1 e o fator 2. A Tabela 11 apresenta o número de itens e a variância explicada por fator, a correlação entre os fatores e os índices de confiabilidade (alfa de Cronbach).

Tabela 11. Alpha de Cronbach, variância explicada, número de itens e correlações entre os fatores da análise fatorial exploratória

Fatores 1 2 3 4 Alpha de Cronbach 0,92 0,91 0,89 0,91 Variância explicada 26,75 11,13 10,21 6,31 Número de itens 16 12 10 7 Correlações Fator 1 0,50 0,19 0,33 Fator 2 0,39 0,16 Fator 3 0,20

Fonte: Dados da pesquisa (2012)

Conforme pode ser observado na Tabela 11, a estrutura final do Fator 1 – Realização Profissional – constou de 16 itens, com alfa de 0,92, explicando 26,75%

da variância. O item com carga fatorial mais significativa no fator o item 65 - Ser feliz com o trabalho que realizo, com carga de 0,83.

O Fator 2 – Relações Sociais – constou de 12 itens, com alfa de 0,91, explicando 11,13% da variância. O item com carga fatorial mais significativa no fator o item 48 - Ter compromisso social, com carda de 0,86.

Já o Fator 3 – Prestígio – constou de 10 itens, com alfa de 0,89 e explicou 10,21% da variância. O item com maior carga fatorial no fator é o item 33 - Status no trabalho, também com carga fatorial de 0,86.

E, finalmente, quanto à estrutura o Fator 4 – Estabilidade – constou de 7 itens, com alfa de 0,91, sendo que o item de maior carga foi o item 69 - Ter melhores condições de vida, com valor de 0,88.

O resultado da análise fatorial apresenta pouca diferença em relação aos resultados anteriores obtidos por Porto e Tamayo (2003). Apenas o item 64 – “Enfrentar desafios” migrou do Fator Prestígio para o Fator Realização Profissional.