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Como explicado anteriormente, foi empregado o documento polonês e o argentino como textos de referência, os quais foram atribuídos valores estimados (1,-1), respectivamente, para o cálculo dos valores brutos estimados dos livros que serão referenciados. Das 2921 palavras possíveis de serem submetidas a cálculo, 2838 foram aproveitadas, ou seja, 97,16% do total de vocábulos que os livros referência toleraram.

Tabela nº 9 - Valor bruto do número de vocábulos dos livros brancos e outros documentos de defesa

Fonte: dados retirados das publicações de defesa dos países considerados

Para que se tenha uma noção aproximada das perdas e da frequência de vocábulos, foi disponibilizado na tabela nº 9 o número total de palavras de cada documento, que somados resultam em um total de 2.455.412 palavras para toda a amostra dos 71 documentos de defesa, ou seja, uma média de 34.583 palavras por documento.

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Como esclarecido anteriormente, o cálculo bruto do aplicativo FREQ apresentou 16.382 vocábulos distintos para toda a amostra, contudo, durante o tratamento dos textos, inúmeras palavras inexistentes foram geradas e o programa entende como termo a ser quantificado, sendo preciso realizar um tratamento manual na matriz de palavras, procedendo com a eliminação daquelas que contavam com frequência relativa média inferior a 1, ou seja, as palavras que apareceram menos de 71 vezes em toda a amostra foram excluídas de forma forçada.

Na tabela a seguir, são apresentados todos os países da amostra que possuem documentos de defesa em convergência com a dimensão ATIVA. Considerando somente o valor ajustado, certifica-se a intensa atração que a OTAN exerce para sua dimensão, principalmente sobre países que formalizaram a adesão nos últimos 15 anos, que é o caso de Hungria, Estônia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia.

Alguns países mais antigos são observados com valores próximos da média, em que pese ainda permanecerem no universo da dimensão ATIVA, apresentam alguns conceitos da dimensão PASSIVA própria de países que se encontram à margem da aliança.

Vinte e dois países, que não pertencem à aliança, se apresentaram nesta dimensão, confirmando o vigor da influência da OTAN. A Organização tem firmado parcerias com várias instituições internacionais e também de forma bilateral com outros países. Pode ser considerado que o acordo com a Euro-Atlantic Partnership Council (EAPC) congregou a Armênia, Áustria, Azerbaijão, Bósnia, Finlândia, Montenegro e Rússia, e bilateralmente a Nova Zelândia para a dimensão ATIVA.

Entretanto, deve ser considerado que Bélgica, Bulgária, Holanda e Macedônia para valores inferiores, considerando o intervalor de confiança de 95%, podem também entrar na dimensão PASSIVA, ou melhor, a de países que expressam suas políticas de defesa com menor influência da OTAN.

Outra informação que pode ser extraída da análise da tabela na dimensão ATIVA é com relação ao surgimento das novas ameaças e as medidas que países impactados estão adotando. No caso da Indonésia, sua última publicação foi apresentada em 2003, pouco depois dos graves atentados em Bali no mês de outubro de 2002. Em que pese os documentos oficiais de defesa carregarem na estrutura missões não tradicionais, mostram-se determinados no combate ao terror, que se constitui na constante ameaça para os países que lideram a aliança do Atlântico Norte, bem como para Malásia e Singapura.

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Tabela nº 10 - Dados calculados pelo Wordscore para documentos na dimensão ATIVA

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Gráfico nº 12 - Dispersão dos documentos de defesa na dimensão ATIVA com valores ajustados

Fonte: dados retirados das publicações de defesa dos países considerados e gerados pelo Wordscore

Os testes realizados pelo Wordscore também revelaram a dimensão da política declatória de defesa dos não membros da OTAN. Os dez países que mais se afastam da dimensão ATIVA são latinos, e, deste total, nove estão fora do continente europeu, confirmando novamente que a proximidade terrestre é fator influente na política de defesa.

Dentre os 28 países referenciados na dimensão PASSIVA somente cinco fazem parte da OTAN e dentre estes, a Noruega, para valores superiores, considerando o intervalo de confiança de 95%, poderia estar integrando a dimensão ATIVA. Pode-se considerar, então, que a dimensão PASSIVA poderia contemplar entre 32 e 27 países, da amostra, que elaboraram políticas de defesa com maior afastamento da OTAN. Entretanto verificou-se evidências que entre 44 a 39 países elaboram documentos de defesa sob forte influência dessa aliança, ratificando que esses documentos atualmente se mostram em duas dimensões bem definidas.

A dimensão PASSIVA caracteriza-se pela formulação da política de defesa influenciada por uma doutrina conservadora, mais direcionada para a defesa convencional e o emprego do aparelhamento militar em tarefas não tradicionais, com vistas a atender as demandas sociais e econômicas do Estado.

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A dimensão também é caracterizada pelo posicionamento menos cooperativo, considerando o emprego militar com prioridade na defesa da pátria, e, portanto, revelando uma atitude mais defensiva, não que a dimensão ATIVA seja ofensiva, uma vez que foi dito anteriormente que somente os americanos apelam para essa postura, mas sendo imperativo apontar qual dimensão seria mais defensiva, certamente a dimensão PASSIVA tem menor relação com o caráter ofensivo.

Tabela nº 11 - Dados calculados pelo Wordscore para documentos na dimensão PASSIVA

Fonte: dados retirados das publicações de defesa dos países considerados e gerados pelo Wordscore

A China é uma potência nuclear que teve seu documento incluído na dimensão PASSIVA, o documento chinês apresenta consistente afastamento da média. Não obstante seu poder militar, a tradição histórica do povo chinês, materializada pela

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impressionante Grande Muralha, consolidou a natureza defensiva de um povo que priorizava a agricultura e não a guerra como forma de vida. Além disso, a construção da muralha absorveu milhares de soldados desempregados, atraindo parte da estrutura de defesa para a construção, internalizando na cultura militar chinesa o emprego dos militares em atividades de não tradicionais.

Gráfico nº 13 - Dispersão dos documentos de defesa na dimensão PASSIVA, considerando os valores ajustados

Fonte: dados retirados das publicações de defesa dos países considerados e gerados pelo Wordscore

O emprego de militares na construção é prática antiga. O Exército Brasileiro herdou das tradições portuguesas, durante o período colonial, a prática da engenharia militar, na construção de inúmeras edificações e fortalezas em locais estrategicamente bem demarcados, para promover a segurança e o desenvolvimento da localidade por meio da presença militar.

O conceito também pode ser aproveitado para os países da América Latina, que também sofreram a influência da prática do emprego do poder militar em missões não tradicionais, pois durante cerca de três séculos, portugueses e espanhóis exploraram, conquistaram e estabeleceram cidades com o emprego de força militar em toda a América, portanto, não surpreende os documentos da maior parte dos países da América

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Latina, a exceção da Colômbia, Belize e Jamaica, que estão na amostra, se agruparem nessa mesma dimensão.

Também pode ser justificado o posicionamento do Defense of Japan (2014) nessa dimensão, considerando que ainda no ano de 2015 foi aprovada pelo congresso japonês uma polêmica reforma militar, que passou a conceder a possibilidade do Japão participar de guerras em defesa de aliados, contrariando sua constituição pacifista anterior. Assim, a próxima versão do livro branco do Japão, que é anual, deverá conter modificações que contribuirá para aproximá-lo mais da dimensão ATIVA.

Os demais países que convergem para a média representam a parcela de Estados que fazem parte da dimensão, mas que também consideram o emprego do poder militar em missões de combate ao terror, e em tarefas tradicionais que somente com disciplina e organização se torna possível de serem realizadas.