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Os documentos também apresentam variabilidade quanto ao formato, inicialmente, ao observar as dimensões dos documentos, verificou-se que 4% das publicações possuem mais de quatrocentas páginas. Os livros do Japão, da Coréia e da Argentina, que estão nesse universo, são documentos que exageram em particularizar as questões de defesa. No caso do documento japonês, com 626 páginas, antecedendo a introdução, foi inserido um panorama geral com informações resumidas de todo o documento, com vistas a facilitar a consulta.

Das publicações de defesa com mais de trezentas páginas existem cerca de 3% do total e com mais de duzentas páginas cerca 8,5% e dentre esses, inclusos nesse universo, países como Brasil, Paraguai e Nicarágua. Cerca de 15% da documentação de defesa publicada apresenta-se com número de páginas superior a duzentas, e cerca de 50% desses documentos pertencem a países da América Latina, deixando evidências quanto a influência de Chile e Argentina no processo de elaboração desses documentos dentro do continente.

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Outros textos se apresentam com menor dimensão, observando-se 47% do total de livros entre duzentas a cinquenta páginas e com menos de cinquenta páginas 37,5%. É interessante destacar que 62% das publicações de defesa, com menos de cinquenta páginas, foram produzidas na Europa, mas, nem por isso, os livros menores hesitam em inserir as questões mais relevantes para o Estado. Não apresentam riqueza em detalhes e grafismos, mas não pecam por falta de clareza, muito pelo contrário, o livro branco Inglês, de 2003, tem vinte e oito páginas de informação necessária e suficiente para o setor de defesa se preparar conforme as metas estabelecidas no documento.

Outros países membros da OTAN também apresentam documento com menor número de páginas, inserindo somente assuntos relacionados à segurança e defesa, omitindo outras informações que podem ser encontradas em outros documentos, enciclopédias ou até mesmo em páginas eletrônicas na internet.

Diversos países, como: Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Portugal, Itália e outros incluem dados que não representam grandes novidades para a comunidade internacional, informações sobre geografia, história, economia do país e a estrutura de defesa são conhecidas e omitidas pelos livros não por falta de transparência e sim por um excesso de objetividade.

Climenhage e Klepak (2001) afirmam que o livro branco é um plano do governo para esclarecer a sociedade e a comunidade internacional sobre os propósitos gerais do setor de defesa. Para Edmunds (2012), os objetivos definidos para as organizações militares devem ser transmitidos de forma clara e sensata, esclarecendo exatamente as prioridades do emprego militar, com vistas a garantir o efetivo cumprimento das tarefas, conceito perseguido por países que possuem publicações de defesa de menor conteúdo.

Os livros, em geral, após a capa, iniciam com o prefácio, podendo vir antes ou depois do sumário com a rubrica do ministro da defesa ou de autoridade superior. Em vários documentos, as autoridades discorrem sobre a importância e a finalidade, mas nem sempre pode ser verificada essa contribuição no prefácio pelas autoridades do executivo, responsáveis pela elaboração.

Em seguida, é comum que sejam divididos em média de cinco a nove capítulos, porém documentos maiores chegam a contar com mais de vinte capítulos. O livro branco do Chile, com trezentas e trinta e três páginas, foi dividido em seis partes, cada uma dispondo de três a quatro capítulos, totalizando vinte e três no total.

No entanto, no outro extremo, foram notados documentos que sequer podem ser classificados por uma estrutura capitular. O livro branco da Dinamarca é um exemplo, a

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partir da introdução somente foi respeitada a estrutura de parágrafos. Todas as informações foram discorridas dentro de uma lógica cartesiana, ou seja, o documento inicia esclarecendo os objetivos do setor de defesa e na sequência como serão atingidos. A última parte do documento deveria ser a conclusão, seria aceitável que os grupos de trabalho destinassem no mínimo uma página ou até mesmo pelo menos um parágrafo para conceituarem de maneira genérica todo o trabalho, contudo, também não é possível considerar essa parte, o livro branco da Romênia, da Mongólia, da Malásia, da Macedônia, do Paraguai, do Brasil e de muitos outros, por exemplo, encerram sem concluir, sendo incomum encontrar algum documento que apresente uma conclusão, como fizeram os livros inglês e libanês.

Por fim, os elementos pós-textuais em geral aparecem na maioria dos documentos, destacando-se os apêndices e o glossário. Os apêndices trazem variadas informações que a complementam, alguns livros utilizam-se de elementos pós-textuais para inserir as etapas efetivadas na elaboração, bem como, a designação nominal de todos os participantes. Também são apresentados mapas, gráficos, acordos e tratados diplomáticos com vistas a facilitar o entendimento e a consulta pelo leitor.

Os elementos pós-textuais aumentam consideravelmente o número de páginas dos livros brancos, sendo pouco observado em livros com menos de cinquenta páginas. O caso do livro branco mongol pode ser aproveitado como exemplo, o total de páginas desse documento é de cento e trinta e três e destas, cinquenta e quatro foram destinadas aos apêndices, ou seja, 40% de todo conteúdo. O livro branco do Vietnã, com cento e cinquenta e seis páginas, reservou 32% para elementos pós-textuais, incluindo até insígnias, símbolos e uniformes militares. Para o caso do documento espanhol, 35% do total de páginas foram definidas para apêndices, que disponibilizam informações sobre estrutura de defesa, controle de armamento, missões de paz e humanitárias e outros documentos de segurança e defesa.

Os livros brancos e outros documentos de defesa não seguem um padrão de estrutura de texto nem na forma e nem no tamanho, mas em geral os documentos terão no máximo umas cento e cinquenta páginas com abertura do documento, feita pelo Ministro da Defesa, seguido por uma introdução, que situa o leitor quanto à finalidade do documento, e uma dezena de capítulos, que terminados se segue aos elementos pós- textuais sem o fecho de uma conclusão.

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