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CAPÍTULO 3 FERRAMENTAL DE APOIO À CONSTRUÇÃO DO MODELO

3.1 Análise Gramatical Baseada no Processamento Computacional

A estratégia do desenvolvimento de um produto revela interação sistêmica de ações que procuram solucionar problemas e demarcar orientações para o futuro da empresa. Muitas vezes, é vista como a determinação de finalidades, objetivos e metas básicas da organização. Para Valadares (2002), tornar claro um objetivo estratégico de desenvolvimento de produtos significa conduzir a organização à competência competitiva.

Portanto, o passo inicial para tornar claro o projeto é identificar e extrair do objetivo estratégico do plano de desenvolvimento de produtos as orientações pertinentes ao projeto do produto, ou seja, o conceito chave, com o objetivo de balizar o desdobramento e a efetivação do plano de projeto em atividades de trabalho. Entende-se que essa extração não é tão evidente, sendo necessária a utilização de técnicas computacionais, de forma a sistematizar a extração de palavras ou frases principais, no sentido de facilitar o processo de identificação da idéia principal do objeto. Vale lembrar que a extração do conceito chave também poderá ser executada por meio de debates e reuniões realizadas entre o grupo de planejamento do projeto. A discussão dessa prática está na forma de como serão realizados e organizados esses debates, tendo em vista o rumo estratégico que a organização irá seguir.

Portanto, a extração do conceito chave de um objetivo, utilizando a linguagem computacional, está tão somente na otimização do tempo despendido para essa ação e na riqueza de informações para o entendimento do plano de projeto.

No caminho da elaboração das técnicas de extração de palavras ou conceito-chave, segundo Moreira (2000), busca-se nos conceitos de processamento de linguagem natural, isto é, programas utilizados em computadores que interpretam expressões escritas em uma linguagem humana natural, convertendo-a em uma linguagem que possa ser entendida pelo computador. Townsend (1990 p. 263) ilustra essa conversão através de algumas aplicações como:

a) “programas que convertem a linguagem humana natural para uma linguagem que pode ser entendida pelo computador;

b) programas que convertem expressões de saída do computador para uma forma mais facilmente entendida por um ser humano;

c) programas que convertem de uma linguagem natural (inglês, francês, alemão, russo etc.) para outra;

d) programas que executam checagem de gramática sofisticada em expressões específicas ou arquivos de linguagem”.

Entende-se que o processamento de linguagem natural ou o tratamento das línguas por computador é uma disciplina que se define como a utilização de conhecimentos sobre a língua e a comunicação humana, tanto para a comunicação com sistemas computacionais como para melhorar a comunicação entre os seres humanos. A tarefa de processar uma linguagem natural permite que os seres humanos comuniquem-se com os computadores da forma mais "natural" possível, utilizando a linguagem com a qual mais estão habituados. Elimina-se, dessa forma, a necessidade de adaptação às formas inusitadas de interação, ou mesmo o aprendizado de uma linguagem artificial, cuja sintaxe costuma ser de difícil aprendizado e domínio, a exemplo das linguagens de consulta a bancos de dados.

Se esses conhecimentos provêm, sobretudo de disciplinas como a semântica, o processamento de sinais ou a teoria da comunicação ou se, pelo contrário, têm de ser obtidos de maneiras não canônicas, segundo as áreas teóricas a que pertencem, essa é uma opção dependente da aplicação considerada, ou melhor, do problema que se tenta resolver.

Conforme Furtado (1987), uma expressão em dada linguagem possui uma sintaxe e uma semântica. Spencer (1991, p. 16-17) conceitua sintaxe como a “conjugação de uma regra gramatical com uma estrutura gramatical, independente das considerações sobre o significado da expressão considerada”. No parecer de Townsend (1990, p. 265), a conceituação é apresentada ao afirmar que “a sintaxe da expressão refere-se às regras governando a digitação e ordem dos símbolos”. Moreira (2000), explica essa definição ao colocar que, na linguagem em português, um advérbio, se for usado, geralmente segue o verbo a que se aplica e coloca que a semântica de uma expressão refere-se ao seu significado intencionado. A análise semântica mapeia palavras isoladas para os objetos apropriados na base de dados e ainda cria estruturas corretas que correspondem ao modo como os significados isolados combinam entre si. Nesse sentido, os computadores são excelentes na interpretação de sintaxe, mas muito fracos ao tentar resolver a semântica.

Para que um sistema computacional interprete uma sentença em linguagem natural, o analisador é um componente principal. Assim, o analisador, de um modo geral, identifica palavras ou expressões isoladas em uma sentença, sendo esse processo auxiliado por delimitadores (pontuação e espaços em branco). As palavras identificadas são classificadas de acordo com seu tipo de uso ou, em linguagem natural, categoria gramatical. De modo geral, um analisador divide

uma expressão em símbolos componentes e determina a sintaxe. Embora os analisadores só possam resolver problemas de sintaxe e semântica simples (Townsend, 1990).

Inúmeras são as razões que elegeram o processamento simbólico como a opção mais apropriada à resolução de um problema. Em primeiro lugar, o processamento simbólico é, inerentemente, voltado à manipulação de regras rígidas, como são as regras gramaticais de qualquer língua natural. Como conseqüência desse fato, observa-se que as principais aplicações da programação simbólica costumam apresentar as seguintes propriedades: raciocínio baseado em objetivos; análise de causas; análise gramatical (Furtado, 1987).

Dos vários tipos de analisadores existentes, Moreira (2000) classifica o analisador gramatical de cláusula definida (GCD), como provavelmente o mais utilizado no processamento de linguagem natural. Furtado (1987, p. 257) define GCD como um “formalismo que estende as gramáticas livres de contexto, possibilitando a identificação e utilização de inter-relacionamentos entre os componentes de uma regra gramatical”. Além de cobrir a principal carência das gramáticas livres de contexto, esse conceito não onera o processamento de sentenças de tamanho considerável, como o fazem as gramáticas sensíveis ao contexto.

Através do analisador gramatical, consegue-se um formalismo de grande capacidade de expressão, aliada à eficiência. Para Furtado (1987), a GCD mostra neste processo um bom desempenho na análise de sentenças e cobre a principal carência das gramáticas livres de contexto, que é a incapacidade de estabelecer e utilizar inter-relações entre os componentes de uma regra gramatical. Nota-se, nesse conceito, que o analisador utiliza as regras gramaticais básicas para interpretar expressões em uma linguagem natural.

Furtado (1987) e Saint-Dizier (1994) reforçam que o analisador de cláusula definida pressupõe que uma sentença é composta de uma frase-nome seguida de uma frase-verbo. A frase- nome é composta de detalhes (artigos, adjetivos, etc.) seguidos pelo nome; a frase-verbo é composta de um verbo sozinho ou um verbo seguido de uma frase nome. Dessa forma, por exemplo, se deixar fora os termos seguidos e simplesmente dizer que a sentença é composta de uma frase nome e uma frase-verbo, pode-se expressar a estrutura de uma sentença por meio de um conjunto de regras lógicas.

O conceito básico para a construção do analisador de cláusula definida –GCD, consiste em identificar o verbo que represente a ação desejada e o objeto (nome, substantivo) que sofrerá a ação. A cada conjunto (ação/objeto) edificado corresponde uma idéia que o texto está

transmitindo, dando origem a uma unidade descritiva. Observa-se que denominando os complementos da ação e do objeto, respectivamente, de detalhes da ação e objeto, pode-se estabelecer, conforme Moreira (2000, p.61), a seguinte igualdade:

Unidade descritiva = (Ação + ∑ Detalhes da Ação) + ( objeto + ∑ Detalhes do objeto). Para auxiliar no entendimento e identificação do conceito-chave, adota-se o exemplo de Moreira (2000, p.104), que utilizando o analisador gramatical de cláusula definida (GCD), extrai do objetivo estratégico a idéia-chave e identifica posteriormente as ações, os objetos e os seus respectivos detalhes pertinentes ao plano estratégico de cada áreas da empresa.