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CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 A Importância da Equipe de Projeto no Desenvolvimento de Produto

2.2.2 Características fundamentais do potencial criativo do indivíduo

Os autores, Mason (1974), Torrance (1976) e Alencar (1996) reconhecem que todo ser humano é criativo e os poderes da mente humana são ilimitados. A caracterização do indivíduo para o pensamento criativo, segundo esses autores, está na sensibilidade para com os problemas, fluência das idéias, originalidade, flexibilidade e força impulsionadora. No entender de Mason (1974) existem outras características secundárias que, embora possam ser subdivisões das quatro primeiras, merecem menção especial: capacidade para redefinir, capacidade de separar, capacidade de sintetizar e capacidade de organizar.

Com a finalidade de compreender e facilitar essa mensuração no contexto do perfil do indivíduo para a formação da equipe de projeto, adota-se a análise das características para o pensamento criativo, com base nas ações e atividades de projeto, proveniente do processo de desdobramento do objetivo estratégico relacionado ao desenvolvimento de produtos.

Portanto, esse processo vem ao encontro das teorias de Mason (1974) e Torrance (1976), que defendem que todas as características do projeto, após agrupadas, indicam tão somente um

potencial para a criatividade, fazendo, assim, parte de um todo. Mas isso não impede que pessoas fortaleçam sua capacidade potencial em qualquer uma dessas características específicas.

Com base nesses conceitos, serão apresentadas cinco características individuais para o processo do pensamento criativo, que consistem na facilidade para acrescentar variedades de detalhes num produto, partindo de um esboço vago até uma estrutura organizada, de modo a contribuir para a construção da equipe de projeto, conforme a visão de Mason, Torrance e Alencar:

− Sensibilidade para com os problemas – é a capacidade de reconhecer que existe um problema. Para Mason (1974) essa característica é vital para a criatividade, pois o indivíduo não pode resolver um problema até que saiba o que ele é ou, pelo menos, se está às voltas com um. Para Alencar (1996) essa característica se constitui na habilidade de questionar o óbvio, reconhecer deficiências e defeitos, tanto em suas próprias idéias como em aspectos do ambiente observado. É interessante observar que essa característica pressupõe uma forma de capitalizar uma oportunidade, ou seja, essa atitude para os problemas é provavelmente o atributo principal que distingue a pessoa sensível;

− Fluência nas idéias – sua característica diz respeito à abundância ou quantidade de idéias diferentes sobre um determinado assunto, ou seja, a capacidade das pessoas em elaborar idéias com relação a um dado problema. Observa-se nessa característica que seu valor está no fato de que, quanto mais idéias a pessoa tiver para solucionar um problema, tanto maior será a chance para encontrar uma idéia realmente nova. Para Pinto (1996), essa característica representa a facilidade com que o indivíduo utiliza seu conhecimento, a partir de informações pessoais registradas, para apresentar uma resposta a um problema ou estímulo existente, e cujas funções encontram-se parcialmente conhecidas. Para Torrance (1976) o escore é dado simplesmente pelo número de diferentes respostas apresentadas;

− Originalidade – sua característica consiste na apresentação de respostas inusitadas e remotas à uma necessidade, cujas funções são conhecidas. Significa dizer que a originalidade está na habilidade do indivíduo em descobrir novos ou diferentes meios de solucionar um problema. Para Pinto (1996), o escore dessa característica está na presença de respostas raras, não freqüentes, ou incomuns, e salienta que é o indicador da originalidade do pensamento;

− Flexibilidade – esta característica está na disposição para considerar ampla variedade de meios de abordar um problema (MASON, 1974). Alencar (1996) refere-se à flexibilidade, com a

capacidade de alterar o curso de pensamento ou conceber diferentes categorias de respostas. Pinto (1996) esclarece esses conceitos, quando enfatiza que o indivíduo, com essa característica, dispõe de falta de rigidez quanto à interpretação das funções de um produto, provocando-lhe mudanças no significado, na interpretação ou uso do produto, mudança na estratégia de fazer um dado produto, ou na direção da reorganização das suas funções. Observa-se que as metodologias de desenvolvimento de produtos seja ela qual for, introduzem rigidez do pensamento criativo, pois regula a fantasia, direcionando a solução do problema a caminhos determinados, para assim obter melhores resultados. Observa-se que o ponto chave da flexibilidade é dado pelo número de diferentes interpretações em que as respostas possam ser enquadradas e como conseqüência um processo de elaboração de projetos mais flexíveis;

− Elaboração – essa característica consiste na facilidade em acrescentar variedades de detalhes presentes em uma descoberta já produzida e o foco de elaboração é dado pelo número de detalhes nas respostas.

Embora todas essas características e habilidades tenham a ver com o pensamento criativo, o que pode ser observado é que alguns indivíduos tendem a se destacar mais em uma característica do que em outras, havendo também aqueles que se destacam em quase todas. Apesar das características mencionadas e abordadas atuarem permanentemente no indivíduo como habilidades intelectuais, percebe-se que características como a fluência, flexibilidade e originalidade parecem ter, segundo as definições, identidades com produtos cujas funções já estão parcialmente organizadas. Observa-se em relação às características que, quanto maior o número de respostas, maior a probabilidade de se apresentarem soluções que se enquadrem em distintas categorias para se chegar a uma resposta original.

Tendo em vista a importância das características humanas para o processo do pensamento criativo, que resultam na potencialidade do indivíduo, faz-se necessário a identificação das características gerais do comportamento criativo como referencial para identificação dos traços de personalidade. Considerando sua abrangência, Torrance (1976) advoga que há uma concordância geral em que fatores de personalidade são importantes na realização criativa. Através de pesquisa, elaborou uma lista organizada com as características gerais do indivíduo, conforme mostra a Figura 2.11, independentemente do processo de criatividade que venha adotar para a execução ou resolução de problemas.

Item Características do comportamento dos Indivíduos

Item Características do

comportamento dos Indivíduos

1 Aceita desordem - - - - - -

2 Aventuroso 63 Senso de humor

3 Afeição forte 64 Sensível a beleza

4 Altruística 65 Evita o poder

5 Consciente de outro 66 Sincero

6 Sempre perplexo diante de alguma coisa 67 Não interessado em minúcias

7 Atraído para desordem 68 Especulativo

8 Atraído para o misterioso 69 Animado em discordância 9 Tenta serviços difíceis 70 Tem objetivos distantes

10 Extremamente tímido 71 Obstinado

11 Construtivo na crítica 72 Temperamental

12 Corajoso 73 Tenaz

13 Convenções conscientes 74 Emoções ternas

14 Desafia convenções de cortesia 75 Tímido 15 Desafia convenções de saúde 76 Meticuloso

16 Desejo de sobressair-se 77 Desinteressado por poder

17 Determinação 78 Um tanto inculto e primitivo

18 Hierarquia de valores diferenciados 79 Simples e ingênuo

19 Descontente 80 Não aceita palavras de alguém

20 Perturba organização 81 Visionário

21 Dominador – não em sentido de poder 82 Versátil

- - - - - - 83 Disposto a assumir riscos

- - - - - - 84 Um tanto retraído e quieto

Nesse contexto, cria-se um elo entre as características do comportamento do indivíduo com a formulação e desenvolvimento de um projeto, onde o escore está na diversificação das atividades ou tarefas que serão executadas e a exigência do potencial humano e, por fim, a importância para a concretização das tarefas. Portanto, o direcionamento dessas características e potencialidades do indivíduo para a realização do desenvolvimento do produto será um critério fundamental para a formação da equipe de projeto.

Ao examinar a questão da potencialidade e características do indivíduo no contexto das organizações, Alencar (1996) salienta a necessidade de lembrar que vários são os fatores que contribuem para sua expressão. Alguns desses fatores dizem respeito à empresa e outros ao indivíduo. Dentre esses fatores estão: a cultura organizacional - inclui as crenças, valores, normas e sentimentos compartilhados pelos membros da organização; o clima psicológico – engloba o estímulo ao comportamento de correr riscos, liberdade para inovar e a expressão de opinião. Observa-se que há uma influência recíproca entre esses dois grupos de fatores – organização e indivíduo – como apresentado na Figura 2.12.

Figura 2.12 – Relação organização – indivíduo. (ALENCAR, 1996)

Na Figura 2.12, observa-se que as características individuais e da organização interagem, podendo a empresa usar mais amplamente o potencial criativo dos seus recursos humanos ou, pelo contrário, impedir a sua expressão. Ao se fazer referência a esse axioma, observa-se que não basta o indivíduo apresentar uma atitude criativa, é necessário, também, que a organização esteja ciente das potencialidades e características criadoras do indivíduo e seja devidamente reconhecido e aproveitado no ambiente de trabalho.

ORGANIZAÇÃO INDIVÍDUO

Atitudes e comportamento do indivíduo influenciam e são influenciados pelo sistema organizacional