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Análise I: entrevista com estudante da Disciplina Introdutória à Lógica

4. ANÁLISES DOS DADOS

4.2. ANÁLISE DE ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS DOS ESTUDANTES

4.2.1. Análise I: entrevista com estudante da Disciplina Introdutória à Lógica

Para esta primeira análise, foi escolhida uma entrevista feita com uma estudante da DIL, identificada como participante 14. Desemprego consistiu no primeiro tema da entrevista e

reincidência de adolescentes em atos infracionais no segundo.

ENTREVISTADOR: O que causa o desemprego?

PARTICIPANTE: O que causa o desemprego? Essa é boa... eu acho que... tá falando aqui no Brasil ou de forma geral?

E: Da maneira que você preferir, que você souber responder, que você preferir responder.

P: Eu acho que o desemprego é mais um fator político mesmo... porque eu acho que a educação influencia muito na questão do desemprego e como não há investimentos então como deveria ter, isso acaba sendo deixado de lado, acho que isso é um fator importante na questão do desemprego.

A pergunta que abre a entrevista busca explorar que causas a entrevistada atribuiria ao desemprego. Neste primeiro momento, a participante elenca como causa “o fator político que

leva à falta de investimentos que leva à [falta de] educação que leva o desemprego”. A linha causal elaborada neste primeiro momento foi única.

E: Você consegue pensar em alguma outra causa?

P: Na verdade, eu acho que o fator político, e às vezes também o desinteresse... de certas pessoas... na questão de... trabalho. Eu acho que o que influencia mais é isso.

Quando perguntada sobre outras causas, a participante elabora uma segunda linha causal, “o desinteresse de certas pessoas”. Com esta resposta, sua teoria foi considerada como completa, sendo classificada como uma teoria de causas múltiplas, de linha causal múltipla alternativa. O termo “às vezes” denota que a segunda linha causal (“desinteresse de certas pessoas”) pode ser aplicada a alguns grupos, mas não a todos.

E: E qual dessas você diria que é a principal causa do desemprego? P: A política. Eu acho que é a principal causa do desemprego.

Das duas linhas causais alternativas elencadas pela entrevistada, ela elenca explicitamente que a principal consiste na política. Será a essa causa que a entrevistada direcionará as respostas seguintes.

E: E... Como você sabe que esta é a causa? P: Como eu sei?

E: Aham...

P: Eu não sei, eu acho (risos). Assim, pelo ponto de... de... pelo que eu vejo, eu acho que não há tanto investimento e, assim, um estímulo às vezes pros cidadãos, eles procurarem e terem oportunidade disso. A pergunta busca explorar as evidências que o entrevistado elabora para sustentar sua ideia. A participante dá um indicador de consciência de limite de seu conhecimento (“eu não sei, eu acho”). Seguinte a isto, elabora uma pseudoevidência do tipo instância específica, indicando o que geralmente ocorre, mas sem elaborações maiores.

E: E se você tivesse tentando convencer alguém de que o seu ponto de vista é correto, que evidências você daria pra tentar mostrar isso?

P: (risos) Hum... (risos) que evidências? Eu acho assim, como eu te falei, que é mais a questão política mesmo, entendeu? Quando a gente para pra olhar, realmente isso, que, que, que não há um investimento assim, principalmente na área da educação, porque eu acho que a educação é a base do que vai proporcionar, é... sair desse caminho... do emprego... da questão social... eu acho que é mais essa questão de analisar a política mesmo.

Esta pergunta buscou explorar explicitamente que evidências a participante elaborou para sua teoria causal. Entretanto, a entrevistada reitera sua teoria causal. A evidência oferecida

não se diferencia de sua teoria causal, sendo então classificada como uma pseudoevidência do tipo roteiro generalizado.

E: Você poderia ser bem específica, por exemplo, e me dizer algum fato particular, que você poderia citar pra convencer alguém de que o seu ponto de vista é correto?

P: Oportunidade. Tipo... Muita gente, às vezes, e têm pessoas que querem muito trabalhar... tem as que não querem, né (risos), e tem as que querem, mas que elas acabam no, no... acabam não conseguindo isso, por falta de oportunidade, que, que não é dada, pessoal, “não, tem uma oportunidade, tá aqui”, mas é, é... o acesso é difícil muitas vezes.

Esta pergunta buscou explorar mais a resposta da participante em relação ao suporte à sua ideia. A participante reitera sua teoria causal (“tem as que querem trabalhar, tem as que não querem”, ou seja, “desinteresse”.).

E: Existe algo mais que você poderia dizer pra ajudar a mostrar que o que você disse é correto? P: Hum... Assim, tem exemplos de várias pessoas que procuram e que não conseguem, agora, um exemplo mesmo assim, fixo, que tipo... comigo assim, eu nunca procurei um emprego, mas... tem gente da minha família que realmente procurou muito, e... que realmente não conseguiu. A... Na verdade, conseguiu, mas demorou muito tempo tentando.

Quando perguntada sobre algo que outra pessoa poderia dizer para complementar sua ideia, a participante responde com uma pseudoevidência do tipo ilustração não falseável, ao dar o exemplo de sua a família, que buscou emprego e não conseguiu. Em outras palavras, já que o exemplo é provado, a teoria é provada, então o exemplo seria a prova que a teoria é verdadeira. Em seguida, reestrutura essa ideia.

E: Existe algo mais que outra pessoa poderia dizer pra ajudar a mostrar que o que você disse é correto? P: Outra pessoa?

E: Sim.

P: Que eu tô falando que é correto? Eu acho que várias pessoas têm esse ponto de vista também, das oportunidades... Eu não sei dizer... Assim, eu conheço várias pessoas, mas assim... o nome delas, se você quer isso?

E: Não, não. Se alguma outra pessoa, que fosse defender a sua ideia, sustentar a sua ideia, ela diria algo em prol disso?

P: Eu acho...

E: Se ela diria algo pra sustentar sua ideia, alguma coisa pra complementar...

P: Sim... Acho que sim, porque devem ter... tipo, existem pessoas que tem essa mesma ideia, mas que tem um ponto de vista mais ampliado do que o meu, então ele poderia explicar melhor.

Quando perguntada sobre algo que outra pessoa poderia dizer para sustentar sua ideia, a participante expressa consciência das limitações de seu conhecimento.

P: Hum... Consigo. Quando eu tinha uns 18 anos, eu acho que, uns quatro anos atrás, foi quando eu me envolvi mais nessa questão, foi quando eu parei mais pra prestar atenção nessas coisas.

E: Você consegue se lembrar de qual foi o motivo que lhe levou a acreditar que essa é a causa do desemprego?

P: TV (risos). Sei lá, eu via muitas coisas absurdas na TV, que... sei lá, é muito tosco, a TV é muito tosca, sei lá, tipo... Ela passa informações que são úteis e ao mesmo tempo que você vê que aquilo não existe, que é uma coisa bem mais profunda do que aquilo, mas foi, tipo, tive uma visão crítica do que eu vi na TV, que eu comecei... a prestar mais atenção... nisso e... nas coisas ao meu redor... Nessa questão do desemprego, exatamente, foi, foi, tipo, a base, eu vi pessoas da minha família procurando e tal, mas sempre existia alguma dificuldade que ela não podia...

Quando perguntada sobre a origem de sua teoria causal, a participante elenca dois motivos: televisão e exemplos familiares. O segundo motivo alegado é coerente com a teoria defendida pela participante até aqui. Em relação ao primeiro motivo alegado, até o momento não é consistente com a teoria causal defendida.

E: Agora suponha que alguém discordou do seu ponto de vista, que essa é a causa do desemprego. O que esta pessoa poderia dizer pra tentar mostrar que você está errada?

P: Ela... podia dizer que... a política não tem nada a ver, meio que... seja apenas o desinteresse do povo, da população, que eu acho que não é o caso, eu acho que tem os dois motivos, mas que... a política influencia muito mais nessa questão.

Esta pergunta busca explorar se o participante vislumbra condições que possam falsear sua própria perspectiva. A entrevistada elabora um contra-argumento do tipo desconto total (“poderia dizer que a política não tem nada a ver”), negando a existência do antecedente alegado por ela. Em seguida, oferece outro contra-argumento, mas que se sobrepõe à sua teoria causal (“desinteresse do povo”). A entrevistada replica a esta ideia, refutando-a (“eu não acho que ´o caso”), porém, em seguida incorporando ambas à sua perspectiva, e elencando uma delas com uma influência muito maior (“a política influencia muito mais nessa questão”).

E: E... que evidências essas pessoas poderiam dar pra tentar mostrar que você está errada?

P: Ah, alguém poderia dizer que... Sicrano, vereador, ciclano, é... faz, faz tudo, dá, dá sim, oportunidades, mas que no fundo essas oportunidades não são acessíveis no... pra mim, entendeu? Eu acho que não são acessíveis, mas ele poderia dizer que eles dão oportunidades, e esse povo que é desinteressado, ele tem que ir lá e buscar, mas eu não acho que é assim tão fácil.

Esta pergunta buscou explorar contra-argumentos. A estratégia da participante consiste em negar a existência do antecedente (falta de oportunidades), replicando espontaneamente (“mas acho que...”). Em seguida, reitera a teoria alternativa que em partes se sobrepõe à sua própria (“poderia dizer que dão oportunidades e que o povo é desinteressado”).

E: E uma pessoa como essa, que a gente tava falando agora, que tem um ponto de vista diferente do seu, o que ela poderia dizer que é a principal causa do desemprego?

Ao ser perguntada explicitamente sobre uma teoria alternativa, a participante elenca o desinteresse da população, conforme já trazido anteriormente.

E: E você seria capaz de provar que essa pessoa tá errada?

P: Hum... Eu acho assim, que prova vai depender de quem vai querer acreditar na prova, mas é, é como eu te disse... aquela questão da política, no meu ponto de vista, e... desencadeia na economia e enfim, eu tentaria convencê-la por esse, por esse ponto, por esse caminho.

Esta pergunta busca explorar a réplica que o entrevistado ofereceria aos contra- argumentos e teorias alternativas anteriores. A participante demonstra consciência de que para convencer outra pessoa, precisa-se da abertura da outra pessoa.

E: Existe alguma coisa importante que, se ela pudesse ser feita, ela iria diminuir o desemprego? P: É como eu te disse, assim, o... o... o... o estímulo, mas eles têm que dar o estímulo mais, uma coisa acessível, e... principalmente... se basear na educação... do ponto de vista que aqui, no país da gente, a educação ainda é uma coisa muito... desvalorizada. É... principalmente... na base da educação, do ensino fundamental, do ensino médio, ainda tem várias pessoas que nem são alfabetizadas ainda, que não fizeram o ensino médio, e a gente tá numa época que isso já não deveria existir mais, né, (risos), não deveria existir mais. Eles poderiam fazer isso. Começar por aí.

Esta pergunta busca avaliar a consistência da teoria causal do entrevistado. Ao responder, o participante retoma a questão da educação, que seria necessário melhorá-la; assim como dar estímulo às pessoas. Desta forma, ela dá caracteres prospectivos a dois itens que a entrevistada elencou como causas do desemprego.

O segundo tema da entrevista consistiu na reincidência de adolescentes em atos

infracionais.

E: O que você acha que faz com que adolescentes que já se envolveram em atos infracionais, mesmo que já tenham cumprido alguma medida sócio-educativa, voltem a praticar infrações?

P: Eu acho assim... que... é o contexto em que ele tá inserido. Como eu te falei, a educação ela é muito importante, às vezes eles fazem isso porque a questão da oportunidade que não existe, e... quando... a gente... coloca assim... prende uma, uma pessoa... tem... Eu tava assistindo um filme, e tem uma parte do filme que ele fala da ilha de Salomão, que é quando o pessoal se reúne em volta, eles não cortam as árvores, eles se reúnem em volta das árvores e ficam xingando e com pouco tempo ela morre. Eu acho que esse não é o caminho, só, quando, quando você tenta dar uma medida de... de... prender, entre aspas, uma adolescente, acho que isso não é o caminho, você tem que incentivar coisas boas, não só reprimir, porque quando ele comete um ato não bom, no fundo ele teve algum motivo pra isso, com certeza algum motivo afetivo, alguma coisa que, que machucou ele, alguma coisa que entrou nele, não sei se tu tá entendendo.

Ao ser perguntada sobre a causalidade da reincidência de adolescentes em atos infracionais, a participante elenca duas causas: o contexto e motivo afetivo. Como evidências para o contexto, a participante traz uma pseudoevidência do tipo ilustração não falseável, o exemplo do filme que fala da Ilha de Salomão, de forma que, ao provar o exemplo, a teoria é provada, sugerindo que o exemplo é a prova de sua teoria causal.

E: Aham. Você consegue pensar em alguma outra causa? P: Causa do... do?

E: Da reincidência de adolescentes em atos infracionais, que eles voltem a cometer atos infracionais. P: A sociedade, ou seja, o meio que ele vive, que vai influenciar nos afetos dele, que... uma hora ele vai se sentir super-revoltado e vai fazer isso. Ele tem a chance de mudar, mas às vezes é tão complicado, que ele não consegue mudar, mesmo ele querendo ou não, ele não vê um caminho pra isso, isso se torna difícil.

Quando perguntada sobre outras possíveis linhas causais para a reincidência, a entrevistada desenvolve mais as suas duas linhas causais anteriores (contexto e motivação), de forma que o meio influencia os afetos que levam à reincidência. Ou seja, as duas linhas causais agora são construídas como uma só. Sua teoria foi classificada como causa única de linha

causal múltipla.

E: E qual dessas você diria que é a principal causa? P: O... Social.

E: E se você tivesse tentando convencer alguém de que o seu ponto de vista é correto, que evidências você daria pra tentar mostrar isso?

P: Eu pediria pra ele ver o que é que tá acontecendo realmente no...no mundo, aqui... no Brasil, essa questão do... da redução da maioridade penal, eu acho que.. muita gente... muitas pessoas falam “não, tem que diminuir”, só que, tipo, esse não é o caminho, se, se as pessoas tivessem mais educação, se elas tivessem mais oportunidade, se tivesse respeito, nada disso teria, estaria acontecendo. Sem falar que, que, como eu falei, essa questão de, de... de você prender, de você marginalizar, uma pessoa que você diz que tá marginalizado, é, é... o pior caminho de, de fazer a pessoa se reconstruir e... não fazer coisas ruins. Eu tava vendo uma rede social, que um homem postou um, uma (incompreensível) dizendo que um garoto de treze anos nos Estados Unidos ia pra prisão perpétua. Ele perguntava quem, quem achava correto, quem não achava, e, tipo, muitas pessoas disseram “sim”, mas tipo, pra ele... ele matou um mendigo, esse menino, mas pra ele fazer isso, ele devia tá perturbado com alguma coisa, eu tô dizendo, não tô dizendo que ele tá correto, mas a gente tem que ver todos os pontos que fizeram ele cometer esse ato. E será que realmente prender ele é o que vai fazer ele tornar bom... novamente? Se ele... enfim... é mais por esse lado que eu penso. Que eu tentaria convencer a pessoa...

Quando questionada sobre evidências que daria ao fenômeno, a entrevistada começa com uma não-evidência do tipo efeito como evidência para a causa, pois simplesmente reafirma o fenômeno ao trazer os debates que ocorrem sobre a reincidência. Uma evidência genuína do tipo covariação é trazida em “se elas tivessem mais oportunidade, se tivesse respeito, nada disso estaria acontecendo”, ou seja, compara ocorrências do antecedente com o consequente.

E: E como você sabe que o social é a principal causa da reincidência de adolescentes em atos infracionais?

P: É... A questão de, de você se ver inferir a outra pessoa socialmente, eu acho que isso causa uma revolta... você querer buscar uma coisa e... acabar não conseguindo essa coisa, por questões políticas, econômicas, pelo... por esse fato da sociedade, eu acho que isso causa uma revolta.

O objetivo desta pergunta foi a elaboração de evidências como suporte à sua própria teoria causal. A entrevistada faz uma pseudoevidência do tipo instância específica, ao trazer uma descrição superficial de alguns eventos específicos.

E: Existe algo mais que você poderia dizer pra ajudar a mostrar que o que você disse é correto? P: Hum... Algo mais? Não, eu acho que isso é o bastante, essa visão de você... olhar realmente e refletir se essa é a maneira correta, acho que isso é a única coisa que... eu tentaria fazer.

E: Existe algo mais que outra pessoa poderia dizer pra ajudar a mostrar que o que você disse é correto? P: Eu acho que ela poderia dar mais ênfase ao que eu falei, mais nesse caminho.

As duas perguntas anteriores buscaram pedir mais feedbacks à entrevistada, que não expande mais sua perspectiva.

E: E você consegue se lembrar de quando você começou a ter esse ponto de vista?

P: Há uns quatro anos atrás também (risos,), há uns quatro ou cinco anos atrás, quando, como eu te disse, passei a olhar pro mundo e passei a me importar mais com essas questões sociais (risos). Esta pergunta teve como objetivo sondar a origem do conhecimento do entrevistado e a consistência de sua teoria causal. A participante não explora muito em sua resposta a origem de suas ideias. Será que a entrevistada construiu esta perspectiva meramente em resposta à demanda?

E: Suponha agora que alguém discordou de seu ponto de vista, que essa é a causa da reincidência de adolescentes em atos infracionais. O que esta pessoa poderia dizer pra mostrar que você está errada? P: “Ah, aquele adolescente é um safado! E realmente é uma parte inferior do nosso mundo! E ele deve ser banido. Pra quê? Se ele não tá fazendo, se ele não tá servindo nada! Aquele inútil!” acho que essa pessoa poderia dizer isso, “quem é ruim vai ser ruim sempre! Pra quê dar uma chance a uma pessoa que matou cicrano, se fosse com você, fulana? Será que se um adolescente matasse sua mãe ou seu pai, você faria isso?” Ele poderia colocar isso, jogar contra mim isso, mas... é como eu te disse, a gente tem que levar em consideração não só... tipo... não ver só esse fato, o fato dele ter cometido algo ruim, mas... as outras coisas que levaram ele a fazer isso, claro, não justificando, mas se houvesse... um trabalho, desde o começo, desde a base, essa pessoa talvez, com muita chances, talvez, não fariam coisas assim. Quando perguntada sobre posicionamentos que poderiam falsear sua perspectiva, a entrevistada elabora uma teoria alternativa (“aquele adolescente é um safado!”), ao qual a entrevistada espontaneamente replica (“é como eu disse, a gente tem de levar em consideração não só o fato de ele ter cometido algo ruim...”).

E: E que evidências essas pessoas poderiam dar pra tentar mostrar que você está errada?

P: Quando uma pessoa faz, é presa, e faz de novo. Quando um aluno, ele, quando um adolescente ele faz alguma cosia ruim, é colocado em algum, me esqueci o nome, quando os adolescentes fazem coisas contra a lei, mas que quando eles saem dessas coisas, ele faz de novo.

Quando perguntada explicitamente sobre um contra-argumento, a entrevistada simplesmente reafirma o fenômeno causal, sugerindo que ela pode não ter compreendido a pergunta.

E: Uma pessoa como essa que a gente tava falando, que tem um ponto de vista diferente do seu, o que ela poderia dizer que é a principal causa?

P: Que é a principal causa? Eu acho que... o fato do adolescente ver coisas assim acontecendo e achar a maneira mais fácil de atingir ao seu desejo...

A pergunta busca explicitar uma teoria alternativa que o participante elaboraria para o fenômeno. Sua teoria alternativa consiste em “ver coisas assim e achar a maneira mais fácil de atingir ao seu desejo”.

E: E você conseguiria, você seria capaz de provar que essa pessoa tá errada? P: Hum...

E: Uma pessoa que tem um ponto de vista diferente do seu?

P: Sim. Porque... É... Num... Eu sei que muitos fazem coisas assim pra chegar ao seu desejo mais rápido, mas não é só isso, ele já tentou muito, ou... ou nem tentou, mas viu que se ele tentasse, não iria ajudar, não quis tentar, e acabou fazendo isso.

Após a elaboração da teoria alternativa, foi solicitado que a participante lhe replicasse. Sua réplica foi integrativa, pois integra aspectos da teoria alternativa (“chegar ao desejo mais rápido”) à própria perspectiva (“eu sei que muitos fazem assim para chegar ao seu desejo mais rápido”).

E: Existe alguma coisa importante que, se ela pudesse ser feita, iria diminuir a reincidência de adolescentes em atos infracionais?

P: Sim. A educação, de novo (risos). É... você... iniciar, se basear, ter a sua base na educação, cultivando respeito, harmonia, tendo pontos de vistas de que o mundo, ele tema sua velocidade, e que a gente tem que respeitar isso, cada um tem suas opiniões e que, tipo... é basicamente isso.

E: Mas por que isso diminuiria essa reincidência?

P: é... a questão do ponto de vista de você olhar no mundo, de que nem tudo é fácil, mas uma hora, se a