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5. Sistema de Gestão Ambiental baseado na NBR ISO 14001

5.5. Análise pela administração

O SGA deve ser analisado em intervalos planejados, pela alta administração para assegurar sua continuada adequação, pertinência e eficácia. Análises devem incluir a avaliação de oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações no sistema da gestão ambiental, inclusive da política ambiental e dos objetivos e metas ambientais. Os registros das análises pela administração devem ser mantidos. A análise crítica é o momento em que o ciclo se fecha e novos objetivos, metas e programas são definidos, reiniciando o processo, consistente com o comprometimento com a melhoria contínua. As práticas levantadas durante a revisão bibliográfica sistemática para esta fase são apresentadas a seguir:

- Avaliação qualitativa baseada na Lógica Paraconsistente Anotada de Dois Valores;

Bispo e Cazarini 2006 (Artigo 77 – Apêndice A) com o intuito de realizar uma avaliação final do sistema de gestão ambiental como um todo, verificando contradições durante as etapas, discutem a ferrramenta experimental denominada avaliação qualitativa baseada na lógica paraconsistente anotada de dois valores. A técnica empregada no artigo, utiliza os fundamentos de uma das lógicas paraconsistentes (Costa et al., 1991) para realizar uma avaliação qualitativa no processo de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, baseado na norma NBR ISO 14001: 2004. Na técnica proposta, a paraconsistência estará sempre averiguando se existe algum nível de inconsistência, divergência ou contradição nas diferentes opiniões durante uma avaliação qualitativa (o sistema é avaliado por duas equipes diferentes), por isso recebe o nome de avaliação qualitativa paraconsistente. Os autores complementam dizendo que o confronto entre as duas avaliações proporcionará o real grau de qualidade do sistema, diferente do resultado apresentado quando se trabalha apenas com o levantamento do grau de certeza ou de confiança na qualidade do sistema.

- Environmental Performance Assessment - Avaliação de Desempenho Ambiental (EPA);

Além de se relacionar diretamente com as etapas 2.1 Aspectos Ambientais e 4.1 Monitoramento e medição do SGA, EPA possui o intuito de acompanhar o desempenho ambiental da implementação do SGA através de sua avaliação e monitoramento contínuo. Logo, seu objetivo também condiz com o intuito desta etapa.

- Ecomapping – Ecomapa e SIG – Sistema de Informação Geográfica;

Por auxiliar a avaliação dos resultados, as práticas além de se relacionarem com os objetivos das etapas 2.1 Aspectos Ambientais, 3.2 Competência, treinamento e conscientização e 4.5 Auditoria interna do SGA, também pode auxiliar a análise pela administração, última etapa do SGA.

- Cumulative sum - Soma cumulativa (CUSUM);

A prática CUSUM além de auxiliar o cumprimento da legislação como primeiramente indicada nas etapas 2.2 Requisitos legais e outros e 4.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros do SGA, pode ser classificada para auxílio à análise pela administração uma vez que também é utilizada para medição e avaliação de desempenho ambiental.

- Environmental Performance Measurement - Medição de desempenho ambiental (EPM);

Classificada anteriormente na etapa 4.1 Monitoramento e medição do SGA, a prática EPM também pode auxiliar a análise pela administração uma vez que dentre seus objetivos estão avaliar as informações com base nos critérios previamente estabelecidos para revisão e melhoria do processo.

- Enterprise Knowledge Development – Desenvolvimento de Conhecimento Empresarial

(EKD);

A prática classificada anteriormente na etapa 2.3 Objetivos, metas e programas do SGA pode ser útil para esta etapa, análise pela administração pois seu intuito é avaliar o desempenho ambiental de implementação do sistema.

Segue a classificação da prática, no Quadro 10, em relação a natureza do seu objetivo principal, tipo, nível de maturidade, existência de método de avaliação de impacto ambiental e nível de detalhamento.

Quadro 10: Classificação das práticas encontradas para a etapa 5. Análise pela administração

Nº do artigo e Nome da prática

Natureza Tipo Nível de

Maturidade Método de avaliação ambiental Nível de detalha- mento 77 Avaliação qualitativa baseada

na Lógica Paraconsistente Anotada de Dois Valores

Comparativa Guia Experimental Não Completo

206 Enterprise Knowledge Development – Desenvolvimento de Conhecimento Empresarial (EKD)

Prescritiva Guia Consolidado Não Sucinto

208 Cumulative sum – Soma cumulativa (CUSUM)

Comparativa Matriz Experimental Não Sucinto 228 EPM (Environmental

Performance Measurement – Medição de desempenho ambiental)

Comparativa Guia Experimental Não Sucinto

192 Environmental Performance Assessment – Avaliação de Desempenho Ambiental (EPA)

Comparativa Guia Consolidado Não Sucinto

194 Environmental Performance Assessment – Avaliação de Desempenho Ambiental (EPA)

Comparativa Guia Experimental Não Sucinto

291 Ecomapping – Ecomapa Comparativa Matriz Consolidado Não Superficial 241 Sistema de Informação

Geográfica (SIG)

Comparativa N/A Consolidado Sim Superficial

Pode-se observar que a única prática apresentada com nível de detalhamento completo é a Avaliação qualitativa baseada na Lógica Paraconsistente Anotada de Dois Valores, o que sugere que as demais práticas necessitam de mais estudos para análise do seu uso. Em sua maioria são do tipo guia, com exceção de CUSUM e Ecomapping (Artigo 291) que são do tipo matriz. Em relação à apresentação de método de avaliação de impacto ambiental, somente Ecomapping e SIG possuem, o que sugere que seja uma ferramenta mais completa para auxiliar análise pela auditoria.

Para facilitar a visualização, o Quadro 11 apresenta em quais etapas do SGA todas as práticas mencionadas acima estão relacionadas. O intuito é mostrar de forma direta e resumida quais as práticas que podem estar relacionas às etapas do SGA.

Quadro 11: Práticas levantadas na revisão bibliográfica sistemática classificadas nas etapas do SGA.

Etapas do SGA Práticas relacionadas

1 POLÍTICA AMBIENTAL 2 PLANEJAMENTO

2.1 Aspectos ambientais SOSEA; Ecopoint; ACV e

Inventário de ciclo de vida (ICV); SE; EPA; Five Attributes of an EMS to Support Decision-Making - Cinco atributos de um SGA para Apoio à Tomada de Decisão; Ecomapping e SIG; Prática proposta por Zobel et al (2002); Prática proposta por Lundberg, Balfors e Folkeson (2007); Ciclo PDCA e método numérico; Modelo DPSIR; SDM; Ecological–economic model - Modelo Ecológico- econômico; GreenPro-I.

2.2 Requisitos legais e outros CUSUM;

2.3 Objetivos, metas e programas Five Attributes of an EMS to Support Decision-Making - Cinco atributos de um SGA para Apoio à Tomada de

Decisão; EKD; Prática

proposta por Barbiroli e Raggi (2001).

3 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO 3.1 Recursos, funções, responsabilidades e

autoridades

3.2 Competência, treinamento e conscientização EoCM; Norwegian CP methodology - Modelo Norueguês; Five Attributes of an EMS to Support Decision- Making - Cinco atributos de um SGA para Apoio à Tomada de Decisão; Ecomapping e SIG.

3.3 Comunicação EMA

3.4 Documentação 3.5 Controle de documentos

3.6 Controle operacional Cost of Environmental Model – Custo do Meio Ambiente. 3.7 Preparação e resposta à emergências ERM;

4 VERIFICAÇÃO

4.1 Monitoramento e medição EMA; EPM; ACV e ICV;

Environmental Performance Tool – Ferramenta de

Desempenho Ambiental; Cost of Environmental Model – Custo do Meio Ambiente; EPA.

4.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros

CUSUM; 4.3 Não-conformidade, ação corretiva e ação

preventiva

4.4 Controle de registros

4.5 Auditoria interna BCPT; Fuzzy-logic operator

based evaluation system - Sistema de avaliação baseado em operador de lógica Fuzzy; Ecomapping e SIG.

5 ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO Avaliação qualitativa baseada na Lógica Paraconsistente Anotada de Dois Valores; EPA; Ecomapping e SIG; CUSUM; EPM; EKD

Concluindo, o levantamento de práticas relacionadas ao SGA, Rohrich e Cunha, (2004) entendem que as organizações localizadas no Brasil têm demonstrado diferentes

comportamentos quanto aos aspectos que tangem à gestão ambiental. Mesmo nos casos em que se observa a existência de um Sistema de Gestão Ambiental certificado conforme a NBR ISO 14.001, há diferenças consideráveis entre as organizações.

Emilson e Hjelm (2002) apontam que implementar SGAs de acordo com as normas oficiais (como o EMAS e ISO 14001) pode ser uma forma, mesmo que limitada, para assegurar que uma organização está em conformidade com a legislação, gerenciar e reduzir os impactos ambientais de uma organização. Além disso, comentam que vários obstáculos são inerentes à implementação do SGA. Os mesmos autores afirmam que a questão da transparência pode ser questionada quando se trata de ISO 14001: como a política ambiental é o único documento que tem de ser acessível ao público de acordo com a norma. Uma organização com a ISO 14001, pode ser considerada uma campeã ambiental, mas, na verdade um SGA não significa automaticamente que a organização tem uma maneira proeminente de gestão das questões ambientais. O único fato que pode ser estabelecido é que existe um gerenciamento de aspectos e impactos para a melhoria contínua.

Durante a revisão bibliográfica sistemática foi levantada uma prática utilizada para tomada de decisão para aplicação do SGA. Sambasivan e Fei (2008) apontam AHP (Analytical Hierarchy Process – Processo de Hierarquização Analítica) como um método poderoso para resolver problemas de decisão complexa. AHP tem sido usada para estudar os determinantes críticos na adoção da ISO 14001. Qualquer problema complexo pode ser decomposto em vários sub-problemas utilizando AHP em termos de níveis hierárquicos, onde cada nível representa um conjunto de critérios ou atributos relativos a cada modelo de decisão do sub-problema para avaliar os determinantes da adoção de SGA, utilizadas também em indústrias em Hong Kong. Os principais determinantes estudados por eles são as seguintes: os custos operacionais, imagem da empresa, a tendência do mercado, o desempenho da empresa, e conservação ambiental.

No próximo capítulo serão apresentadas a discussão e estruturação das etapas de P+L, realizada através da revisão bibliográfica tradicional e as práticas encontradas a partir da revisão bibliográfica sistemática para cada uma dessas etapas, alinhadas por seus objetivos.