• Nenhum resultado encontrado

5. Sistema de Gestão Ambiental baseado na NBR ISO 14001

5.4. Verificação

5.4.1 Monitoramento e medição

A etapa de monitoramento e medição tem o intuito de informar o desempenho ambiental, os controles operacionais pertinentes e a conformidade com os objetivos e metas da empresa. Deve ser implementada e mantida através de procedimentos, incluindo documentação de todas as informações levantadas.

O processo de medição é uma forma de avaliação do desempenho ambiental essencial para o SGA. Sem uma medição efetiva do desempenho com base em parâmetros objetivos, não é possível realmente melhorá-lo (SEIFFERT, 2006). De acordo com Alejandro (2002), a medição de avaliação é considerada essencial para o sucesso de um SGA, pois os resultados obtidos servem para demonstrar que a organização está funcionando de acordo com o programa de gestão ambiental estabelecido.

A seguir são apresentadas as práticas encontradas, cujos objetivos se relacionam com a etapa de Monitoramento e medição do SGA:

- Environmental Management Accounting – Gerenciamento de custos ambientais (EMA);

De acordo com Staniskis e Stasiskiene (2005) (Artigo 183 Apêndice A) no desenvolvimento de um sistema de gestão ambiental (SGA) para uma empresa, os esforços iniciais devem incidir sobre as técnicas de contabilidade ambiental para medir o desempenho, seguido pelo desenvolvimento de um sistema de auditoria e publicação de relatórios ambientais para se comunicar com as partes interessadas.

Os autores afirmam que as empresas precisam estimar custos ambientais da mesma forma que contabilizam os demais custos, pois os custos ambientais afetam o seu balanço final. Os custos ambientais podem ser uma parte substancial dos custos totais de uma empresa, embora muitas empresas não estejam conscientes da real magnitude deles. Os custos e benefícios totais dos sistemas de produção existentes e alternativos são mascarados pela prática contábil convencional. Sendo assim, as experiências da APINIa mostram que os gestores das empresas não vão investir recursos em P+L, se não virem os custos ambientais dos sistemas existentes e óbvios benefícios econômicos da P+L.

Ao identificar, avaliar e alocar custos ambientais, a metodologia de investimento em desenvolvimento de projetos de P+L desenvolvida pela APINI e Nordic Environmental Finance Corporation (NEFCO), ou seja, a utilização do método EMA, permite monitorar sua produção e identificar uma série de oportunidades de economia de custos. A metodologia baseia-se em:

a

Institute of Environmental Engineering (EU Centre of Excellence in Sustainable Industrial Development (APINI e SID))

1. Identificação do impacto ambiental atual da indústria (incluindo o transporte, as unidades de produção de energia, etc) e outros fatores econômicos mais estreitamente associados a esse impacto;

2. Identificação das opções disponíveis para melhorar o desempenho ambiental e econômico da empresa e para restaurar ecossistemas degradados.

Uma vantagem importante da metodologia proposta é que todos os custos relevantes e significativos são considerados na tomada de decisões de negócios, que influenciam diretamente o preço dos produtos.

Finalmente, as empresas se beneficiarão incluindo probabilidades e dificuldade de estimar os custos na alocação de custos, investimentos de capital, design de processo/produto e outros processos de tomada de decisão. EMA pode ser um instrumento eficaz para apoiar a implementação de inovações de P+L, sistemas de gestão ambiental (SGA), desenvolvimento de relatórios ambientais das empresas e para a seleção de indicadores ambientais.

Jasch (2002) (Artigo 455 Apêndice A), também discute a mesma prática, com abordagem combinada, que prevê a transição de dados da contabilidade financeira, contabilidade de custos e balanços de fluxo de material para aumentar a eficiência dos materiais, reduzir o impacto ambiental e de risco e reduzir os custos da proteção ambiental. As métricas de EMA para processo de decisão interno incluem: métricas físicas para consumo de material e energia, fluxos e disposição final, métricas monetarizadas para custos, poupanças e receitas relacionadas com as atividades com potencial impacto ambiental.

Os campos de aplicação-chave para a utilização dos dados de EMA são: -Avaliação anual dos custos/despesas ambientais;

-Preço do produto; -Orçamento;

-Análise de investimentos, calculando opções de investimento; -Calculando os custos e economias de projetos ambientais; -Design e implementação de sistemas de gestão ambiental;

-Avaliação do desempenho ambiental, indicadores e benchmarking; -Definir metas quantificadas de desempenho;

-Produção Mais Limpa e projetos de ecodesign;

-Divulgação externa dos gastos ambientais, investimentos e responsabilidades; -Relatórios externos de meio ambiente e sustentabilidade;

-Outros relatórios de dados ambientais para agências de estatística e as autoridades locais. Burritt, Herzig e Tadeo (2009) (Artigo 182 – Apêndice A), Gale (Artigo 181 – Apêndice A) e Scavone (2006) (Artigo 87 Apêndice A) também discutem EMA e complementam as informações dos outros autores dizendo que a prática pode auxiliar as organizações na gestão buscando sustentabilidade econômica e ambiental. Além disso, pode fornecer as bases para os governos alcançarem os seus resultados de política ambiental, através da promoção voluntária de EMA e não através de regulamentações de comando e controle. Pode ser considerada uma parte da infra-estrutura de contabilidade fornecendo informações relacionadas com o ambiente para os gestores com o intuito de ajudar a aumentar a consciência dos impactos ambientais da empresa e para descobrir benefícios financeiros e economias de custo que podem ser adquiridas ao se solucionar os desafios ambientais enfrentados pela empresa.

- Environmental Performance Measurement - Medição de desempenho ambiental (EPM);

Lundberg, Balfors e Folkeson (2009) (Artigo 228 Apêndice A) discutem sobre a ferramenta EPM. De acordo com os autores, EPM geralmente se refere ao processo de seleção de indicadores, coleta e análise de dados, avaliação de informações com base em critérios estabelecidos, relatórios e comunicação, e periodicamente revisão e melhoria do processo. Os autores propõem o uso da ferramenta EPM no setor público, nesse caso o governo sueco, e focam na medição do progresso em relação aos objetivos ambientais.

Os autores complementam, indicando que o principal método para coleta de dados foram entrevistas com grupos focais. A estrutura de trabalho foi determinada utilizando cadeia de causas com pressão-estado-resposta (PSR - pressure-state-response) e sistema de gestão denominado gestão por objetivos (MBO - management-by-objectives), respectivamente, medindo e gerenciando o desempenho para ambos os objetivos estratégicos e operacionais. Um sistema de gestão ambiental serve como uma caixa de ferramentas, abrangendo e coordenando os objetivos ambientais e as ferramentas para medição de desempenho.

- Avaliação de ciclo de vida (ACV);

A prática ACV, classificada anteriormente no item 2.1 Aspectos ambientais, também auxilia a etapa de monitoramento e medição à medida que entre seus objetivos principais

estão a identificação e quantificação de energia e materiais usados e resíduos liberados para o meio ambiente, avaliando a carga ambiental associada ao produto. Dessa forma, monitora todo o processo.

- Environmental Performance Tool (Ferramenta de Desempenho Ambiental);

Nagel (2002) (Artigo 316 – Apêndice A) apresenta uma ferramenta em fase experimental de natureza comparativa e de forma bem detalhada para avaliação de desempenho ambiental de empresas denominada Environmental Performance Tool (Ferramenta de Desempenho Ambiental).

Os processos de produção em geral usam materiais, compostos auxiliares, água, energia e materiais de embalagem para transportar o produto para o cliente e geram emissões atmosféricas e resíduos sólidos e líquidos. O monitoramento e medição destes sete elementos de carga ambiental determinam o desempenho ambiental de indústria de produção. Estes elementos formam a base para um modelo de gestão ou Environmental Performance Tool.

A carga ambiental gerada de 1 kg de componentes através da utilização de materiais, compostos auxiliares, energia, água e materiais de embalagem, etc é inversamente proporcional ao desempenho ambiental. Baseado em um desempenho ambiental por indústria de produção, as instalações podem ser geridas por um desempenho ambiental tangível e mensurável. Sem a aplicação de ferramentas de desempenho ambiental é impossível determinar o desempenho ambiental de uma instalação de produção, o que significa que a política interna em termos de melhoria mensurável não pode ser executada e a política externa em termos de melhoria da imagem da marca não pode ser comunicada.

- Cost of Environmental Model – Custo do Meio Ambiente;

Classificada anteriormente na etapa 3.6 Controle operacional, a prática pode também auxiliar o monitoramento e medição de suas operações a partir dos custos ambientais. Dessa forma, se relaciona diretamente com o objetivo desta etapa.

- Environmental Performance Assessment - Avaliação de Desempenho Ambiental (EPA);

A prática EPA, previamente relacionada à etapa 2.1 Aspectos ambientais, pode também auxiliar a etapa de monitoramento e medição, uma vez, que dentre seus objetivos principais está o monitoramento e avaliação do desempenho ambiental da organização.

O Quadro 8 apresenta as práticas de acordo com a natureza do seu objetivo principal, tipo, nível de maturidade, existência de método de avaliação de impacto ambiental e nível de detalhamento classificadas a partir dos estudos encontrados na revisão bibliográfica sistemática.

Quadro 8: Classificação das práticas encontradas para a etapa 4.1 Monitoramento e medição

Nº do artigo e Nome da prática

Natureza Tipo Nível de

Maturidade Método de avaliação ambiental Nível de detalha- mento 150 Cost of Environmental Model

– Custo do Meio Ambiente

Comparativa Guia Experimental Não Sucinto 87 Environmental Management

Accounting - Gerenciamento dos custos ambientais (EMA)

Comparativa Guia Consolidado Não Sucinto

181 Environmental Management Accounting - Gerenciamento dos custos ambientais (EMA)

Comparativa Lista de checagem

Consolidado Não Sucinto

182 Environmental Management Accounting - Gerenciamento dos custos ambientais (EMA)

Comparativa Guia Consolidado Não Sucinto

183 Environmental Management Accounting - Gerenciamento dos custos ambientais (EMA)

Comparativa Guia Experimental Não Sucinto

192 EPA (Environmental Performance Assessment – Avaliação de Desempenho Ambiental)

Comparativa Guia Consolidado Não Sucinto

194 EPA (Environmental Performance Assessment – Avaliação de Desempenho Ambiental)

Comparativa Guia Experimental Não Sucinto

228 EPM (Environmental Performance Measurement – Medição de desempenho ambiental)

Comparativa Guia Experimental Não Sucinto

316 Environmental Performance Tool -Ferramenta de Desempenho Ambiental

Comparativa Matriz Experimental Não Completo

455 Environmental Management Accounting - Gerenciamento dos custos ambientais (EMA)

Comparativa Guia Consolidado Não Superficia l

A partir da classificação das práticas levantadas para a etapa 4.1 do SGA, é possível observar que todas são do tipo guia e lista de checagem e, portanto, de fácil aplicação. Nenhuma possui método de avaliação de impacto ambiental ou nível de detalhamento completo. Todas apresentaram natureza comparativa do seu objetivo principal.