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A análise da solução do estudo de caso Titanic II e a questão da autonomia

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.2 Análise estatística descritiva

4.2.2 A análise da solução do estudo de caso Titanic II e a questão da autonomia

Como apresentada na metodologia, a função básica da aplicação do caso Titanic II como pós- teste serve de comparação entre a turma que foi instruída pela metodologia de ABP com a turma que foi exposta ao curso de Contabilidade de Custos baseado na metodologia tradicional, quanto à habilidade em adquirir e gerenciar os recursos necessários para a consecução de dado objetivo. Dentre as várias características de autonomia pontuadas por Rué (2009) citamos diretamente aqui novamente, algumas mais relevantes para este contexto:

a) Autonomia pressupõe aprender a desenvolver uma gestão eficiente da informação, saber usar as possíveis fontes, os meios tecnológicos para chegar a elas etc.

b) Significa desenvolver um amplo conjunto de habilidades ligadas à gestão eficiente do tempo disponível, com planejamento funcional e realista da própria atividade de aprendizagem ou de atuação, e a capacidade de estabelecer metas factíveis que suponham certa dose de desafio pessoal.

c) Implica, também, desenvolver habilidades de trabalho, de estudo e de pesquisa, tanto individual como em equipe, e estimular a autocrítica necessária ao aperfeiçoamento do trabalho, para, assim, gerar novas ações, em um constante ciclo de renovação.

d) Requer amadurecimento de atitudes como flexibilidade, imaginação, abertura a novas informações e a outras situações e metodologias.

Neste contexto, o caso Titanic II, que versa basicamente sobre o Custeio Baseado em Atividades (ABC), teve como função básica servir de comparação entre as turmas no sentido de analisar o quanto se aproximam da solução de um problema cujo tema principal não era

conhecido pela maioria das pessoas participantes. Neste caso o tema foi o custeio ABC, tema não abordado no curso de Contabilidade de Custos nem pelo método ABP nem pelo método tradicional até este ponto do quase-experimento.

O percentual de acerto dos integrantes dos grupos de controle e experimental no pré-teste, que tinha por finalidade checar o nível de conhecimento básico de Contabilidade de Custos dos grupos, nas questões pertinentes ao custeio ABC foi como segue:

Tabela 5 – Desempenho dos Estudantes nas Questões Referentes ao Custeio ABC

Questões ABC Pré-teste Pós-teste Etapa I Pós-teste Etapa II

Turma A 36,8% 32,6% 84,0%

Turma B 45,0% 25,0% 64,3%

Para a Turma A o primeiro pré-teste aplicado no início do experimento, em meados de fevereiro de 2011, a média de acertos foi de 36,8% nas questões pertinentes ao Custeio ABC. No final da primeira etapa do experimento, no final de abril de 2011, no momento imediatamente anterior ao início da segunda etapa, e ainda, antes da aplicação do pós-teste que versava sobre ABC a média de acertos foi de 32,6%. Como podemos ver na Tabela 5, no momento anterior à aplicação do pós-teste, o nível de conhecimento sobre o Custeio ABC junto a Turma A, pode ser considerado baixo.

A Turma B fez igualmente o primeiro pré-teste no início do experimento, apresentando uma média de acertos de 45% nas questões pertinentes ao Custeio ABC. No final da primeira etapa do experimento, no momento imediatamente anterior ao início da segunda etapa, e ainda, antes da aplicação do pós-teste que versava sobre ABC a média de acertos foi bem menor, de 25%, demonstrando assim, um conhecimento baixo ou ainda não consolidado.

Das quinze questões presentes no pré-teste, duas versavam sobre o custeio ABC. Uma questão foi extraída do trabalho de Guerreiro et. al. (2004) e a outra extraída do trabalho de Martins e Rocha (2008). Observa-se dessa maneira, que houve uma melhora significativa no aproveitamento dessas questões por parte das duas turmas após a solução do caso proposto como pós-teste, mas com destaque para a Turma A.

O caso Titanic II, em resumo, trata da caracterização de uma indústria automobilística onde são fabricados três modelos de veículos. Um modelo luxo, um modelo médio e um modelo compacto. Apresenta informações sobre a demonstração do resultado da empresa pelo método de custeio por absorção e apresenta as diversas atividades que abordam a produção e a administração desta empresa fabricante de veículos. Essas atividades já são apresentadas junto com os direcionadores de custos e as proporções que cada produto consome das atividades apresentadas. A solução do caso está basicamente dividida em uma parte quantitativa, mais trabalhosa, onde é requisitado que se faça uma demonstração de resultado unitário, por produto, baseado em atividades, e ainda, mais uma demonstração de resultado consolidada para toda a empresa, também baseada em atividades. Uma segunda parte da solução deste caso está estruturada em cima de testes de múltipla escolha referentes a conhecimentos sobre Custeio ABC, preponderantemente. E finalmente, uma terceira parte refere-se à questões dissertativas sobre as condições ambientais e estratégicas da empresa fabricante e que, para a solução dessas questões é necessário que as partes anteriores do caso sejam satisfatoriamente resolvidas, principalmente a primeira parte, sendo então, pré-requisito para a solução desta última.

Para efeito de avaliação dos resultados apresentados pelos grupos no experimento, os pesos das notas foram distribuídos da seguinte forma: Média da nota atribuída para a primeira parte da solução (a parte quantitativa – Parte A), para a parte de testes (Parte B) e para a parte dissertativa (Parte C) do caso de ensino. Tendo em vista amenizar o efeito da subjetividade na avaliação dos trabalhos entregues, os resultados foram submetidos a três avaliadores, inclusive o autor deste trabalho, alunos de pós-graduação em Contabilidade do programa da FEA-USP, de tal modo que a média das três notas é que configuraram como sendo a base de análise de comparação entre os grupos. Os pesos dados a cada questão e o processo de formação das notas seguiram os parâmetros previamente definidos no quadro de exemplo que segue:

Quadro 8 – Parâmetro de atribuição de notas ao trabalho Titanic II – Quadro de Exemplo Nota Obtida pelo Grupo Nota Máxima Possível Breve Justificativa

Grupo X Parte A Quadros de atribuição de direcionadores de custos A1 3

Demonstração de lucro por produto A2 3

Demonstração de resultado A3 4

Total obtido na parte A A = A1 + A2 + A3 10

Parte B Total de acertos nos testes B1 + B2 + ...+ B10 10

Total obtido na parte B B 10

Parte C Questão 1 C1 2

Questão 2 C2 4

Questão 3 C3 4

Total obtido na parte C C = C1 + C2 + C3 10

Nota atribuída ao trabalho = média das três partes Nota = (A + B + C) / 3 10

A Turma A e a Turma B foram divididas em grupos menores para efeito de formação de equipes para a solução do problema. Sob essa configuração, os resultados encontrados e mostrados na Tabela 6 nos informam que os grupos 1, 2, 3 e 4, pertencentes a Turma B, submetidos ao ensino tradicional até a aplicação do estudo de caso , obtiveram avaliação média de 3,5 pontos enquanto que os grupos 5,6,7,8 e 9, pertencentes à Turma A exposta à ABP até o momento do estudo de caso, obtiveram média de 5,3 pontos. Quanto a Turma B, a pontuação mínima obtida por um dos grupos foi de 2,7 e pontuação máxima foi de 3,7. Na Turma A, a pontuação máxima foi de 7,8 e a mínima chegou a 3,8 pontos. Dos nove trabalhos apresentados, quatro pertenciam ao grupo de controle e cinco pertenciam ao grupo experimental.

Não foram demonstradas muitas discrepâncias entre as notas dos avaliadores fazendo com que os resultados apresentados possuíssem certa homogeneidade. A Tabela 6 que segue oferece as notas atribuídas por cada avaliador e a média final de cada grupo.

Tabela 6 – Notas atribuídas pelos diferentes avaliadores ao trabalho Titanic II – Pós-teste

Resultado do Pós-teste 2 - Caso Titanic II - Notas de 0 a 10 - Avaliador 1 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Média PoT2 - Turma B (Turma de Controle) 4,00 3,50 3,50 3,58 3,65 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Média PoT2 - Turma A (Experimental) 6,92 6,17 4,00 5,42 3,92 5,28 Resultado do Pós-teste 2 - Caso Titanic II - Notas de 0 a 10 - Avaliador 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Média PoT2 - Turma B (Turma de Controle) 3,20 2,70 3,00 3,70 3,15 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Média PoT2 - Turma A (Experimental) 7,80 6,70 4,30 4,80 3,80 5,48 Resultado do Pós-teste 2 - Caso Titanic II - Notas de 0 a 10 - Avaliador 3 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Média PoT2 - Turma B (Turma de Controle) 4,83 4,33 2,92 3,52 3,90 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Média PoT2 - Turma A (Experimental) 7,33 7,42 4,02 3,69 3,58 5,21 Resultado do Pós-teste 2 - Caso Titanic II - Notas de 0 a 10 * Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Média PoT2 - Turma B (Turma de Controle) 4,01 3,51 3,14 3,60 3,57 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Média PoT2 - Turma A (Experimental) 7,35 6,76 4,11 4,63 3,77 5,32 * Média das notas atribuídas por três avaliadores

O Gráfico 8 mostra o comportamento das notas obtidas pelos grupos tendo em vista a média final de cada grupo.

0,00 1,50 3,00 4,50 6,00 7,50 9,00 Grupo 1 Grupo 4 Grupo 2 Grupo 3

Média Ens. Trad. 4,01 3,60 3,51 3,14 3,60 Grupo 5 - 7,35 Grupo 6 -6,76 Grupo 8 - 4,63 Grupo 7 - 4,11 Grupo 9 - 3,77 Média ABP - 5,30 Turma B (Ens. Tradicional) Turma A (ABP)

Gráfico 8 – Resultado do Pós-teste 2 - Estudo de Caso Titanic II - Notas de 0 a 10