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4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.5 Questão de pesquisa – hipótese 2

Como ponto de partida para a elucidação da segunda hipótese, iniciamos por lembrá-la. A segunda hipótese diz que a abordagem complexa da realidade no ensino da Contabilidade, por intermédio da metodologia de ABP, oferece melhor percepção e maiores ganhos de aprendizado aos estudantes, se comparada à abordagem de ensino tradicional baseada em aulas expositivas. Desta forma, dá-se prosseguimento à análise dos dados coletados e ao embasamento das explicações que confirmem ou não a hipótese colocada inicialmente.

Como já explicitada em várias ocasiões neste trabalho, a percepção de aprendizagem é manifestada pelos alunos por meio de suas opiniões e concordâncias a respeito de várias características relacionadas à autonomia, aprendizagem e aquisição de habilidade em solução de problema, e para isso, diversos questionários foram dirigidos às turmas estudadas. Adicionalmente, outros elementos entram em cena para corroborar ou não, essas opiniões dentro das turmas. Os instrumentos de pré e pós-testes ministrados ao longo do experimento fazem parte dessa tentativa de checagem da percepção discente, e para isso, o questionário de conhecimento de Contabilidade de Custos segundo Guerreiro et.al.(op. cit.) e Martins e Rocha (op. cit.) são submetidos a testes de comparações estatísticos para que possamos primeiro verificar a evolução da turma comparado a si mesma e segundo, para que possamos comparar os grupos de controle com os grupos experimentais.

Inicialmente estabelecemos as comparações através do teste de t de Student para comparação de duas médias populacionais a partir das amostras relacionadas, ou seja, compara-se os resultados dos testes de uma turma antes e após um evento. O evento neste caso são os cursos na metodologia tradicional e na ABP. O nível de significância estabelecido para o teste foi de α = 5%. Os pressupostos de normalidade das amostras e homogeneidade das variâncias para a execução do teste t de Student foram satisfeitos com base nos resultados dos testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk para o caso da normalidade, e também, por meio do teste de Levene para o estudo de homogeneidade das variâncias (FÁVERO et. al., op. cit., p. 129).

Tabela 12 – Resultados do Teste t de Student de comparação entre as médias das turmas

Primeira Etapa Sig. (2-tailed) Primeira Etapa Sig. (2-tailed)

Comparação das médias de antes do Curso ABP com as médias obtidas depois do curso

ABP

,005

Comparação das médias antes do Curso Tradicional

com as médias obtidas depois do curso

Tradicional

,910

Segunda Etapa Sig. (2-tailed) Segunda Etapa Sig. (2-tailed)

Comparação das médias antes do Curso Tradicional com as médias obtidas depois do curso

Tradicional

,874

Comparação das médias de antes do Curso ABP com as médias obtidas depois do curso ABP

,001

Turma A Turma B

Comparação do desempenho dos alunos antes e depois do curso de Contabilidade de Custos

A análise dos resultados de p. value (Sig. 2-tailed) nos mostra que para a Turma A, a primeira etapa compreendida na aplicação do curso de Contabilidade de Custos pela metodologia ABP exerceu efeitos sobre os resultados dos testes de conhecimento de Contabilidade de Custos uma vez que o resultado que compara o desempenho dos alunos antes do início do curso e exatamente depois da primeira etapa, nos mostra um p value de 0,005. Para valores abaixo de

p value 0,05 refuta-se a hipótese nula que diz que as médias dos resultados do questionário de

Contabilidade de Custos são iguais, levando a consideração que há uma diferença estatística entre os valores das médias dos resultados dos alunos antes e depois da exposição ao curso (Ibid., p. 130).

O que já havia sido demonstrado pela simples análise das médias de cada turma em cada etapa do experimento fica agora melhor evidenciado e ratificado nos testes de t de Student. As médias das turmas de ensino de ABP obtiveram evolução após o curso.

Na segunda etapa quando a Turma A passa a ser grupo de controle e fica exposto ao curso de Contabilidade de Custo pelo método tradicional, o resultado do teste é p value igual 0,874. Para resultados de p value acima de 0,05 não é refutada a hipótese nula que diz que as médias da turma que estão sendo comparadas não possuem diferenças estatísticas relevantes (Ibid., p. 130). Ou seja, esse índice demonstra que não houve diferenças significativas entre o desempenho dos estudantes antes e depois do curso na metodologia tradicional expositiva. Ou ainda, não houve evolução no conhecimento dos estudantes neste período, mensurado pelo instrumento já citado, o questionário sobre conhecimento básico de Contabilidade de Custos.

O mesmo raciocínio é valido para a Turma B. Tendo começado como grupo de controle exposto ao curso pela metodologia tradicional, não apresentou evolução em suas médias, fato esse corroborado pelo p value de 0,910. Ao participar do curso pela metodologia ABP uma evolução já foi notada e o p value de 0,001 suporta essa conclusão.

Adicionando a essa análise a visualização das médias de acertos das turmas já apresentadas neste capítulo, em resumo, as evoluções são notadas durante as fases em que a metodologia de ABP estava em vigor durante o experimento.

Assim como feito para a análise da hipótese de autonomia, quanto às percepções discentes, se fizermos uma síntese das percepções no contexto da análise da média dos graus de concordância dos alunos sobre as questões de aprendizagem teremos uma idéia da tendência de concordância das questões levantadas nos questionários que se referem ao tema aprendizagem. O Gráfico 25 sintetiza as percepções dos alunos quanto à concordância ou não em relação aos pontos levantados sobre a aprendizagem.

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Escala 1 Escala 2 Escala 3 Escala 4 Escala 5

ABP - Primeira Etapa - Grupo A

ABP - Primeira Etapa - Grupo A 0% 10% 20% 30% 40% 50% Escala 1 Escala 2 Escala 3 Escala 4 Escala 5

ABP - Segunda Etapa - Grupo B

ABP - Segunda Etapa - Grupo B 0% 10% 20% 30% 40% 50% Escala 1 Escala 2 Escala 3 Escala 4 Escala 5

Tradicional - Primeira Etapa - Grupo B Tradicional - Primeira Etapa - Grupo B 0% 10% 20% 30% 40% 50%

Escala 1 Escala 2 Escala 3 Escala 4 Escala 5

Tradicional - Segunda Etapa - Grupo A

Tradicional - Segunda Etapa - Grupo A

Gráfico 25 – Percepção discente sobre o ganho de aprendizagem

No sentido horário observamos nos dois primeiros quadrantes o nível de concordância média com a metodologia ABP na percepção dos alunos das Turmas A e B. Pelo gráfico vemos que

a concentração está predominantemente recaindo sobre as escalas de concordância, principalmente para a Turma B, onde as escalas de discordância quase não entram no gráfico. Nos quadrantes inferiores que demonstram as percepções para as turmas que foram expostas ao ensino tradicional, de uma forma geral, os níveis de discordância se sobressaem dentro da Turma B enquanto que para a Turma A tivemos uma percepção de maior concordância, apesar de centralizada na escala 3, tendo, portanto, um padrão diferente da Turma B.