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5. ANÁLISE DOS DADOS

5.3 ANÁLISES DO TEMA, SETORES ECONÔMICOS E SOFTWARES EMPREGADOS

Apresenta-se neste tópico, as considerações sobre o tema empregado no objeto de estudos dos trabalhos, o setor econômico em que o estudo se aplica e os softwares utilizados como auxílio na mensuração dos investimentos pela metodologia de opções.

Sob o aspecto do tema central, assunto ou proposição problemática que orientaram os pesquisadores a dissertar sobre o método da Teoria de Opções Reais, têm-se as seguintes áreas, como revelado na Tabela 5:

Tabela 5: Tema Principal das Dissertações/Teses Tema % Acumulado % Projeto de Investimento 74,6 74,6 Valor Econômico 17,1 91,7 Teórico 5,7 97,4 Cenários Econômicos 2,6 100 Fonte: Autor

Respaldados pelo tema de Cenário Econômico, apresentaram-se 2,6% dos trabalhos analisados, visando às tendências que têm levado as instituições a se preocupar com a continuidade das suas operações. A percepção é que os cenários que se configuram para as empresas, são um universo de possibilidades nem sempre favoráveis à sustentar a permanência destas no ambiente econômico. Assim, esses trabalhos buscaram mensurar, por meio, da TOR o risco e volatilidade de se empreender nesses ambientes, transformando informações que tenham importância estratégica em novas percepções. A utilização de cenários prospectivos permite, diante de mudanças ambientais e econômicas, planejamentos estratégicos mais coerentes e maior velocidade em suas decisões.

A temática de Projeto de Investimento corresponde a 74,6% dos trabalhos, e, em sua essência, consiste na aplicação de recurso de capital com a finalidade de obter vantagens econômicas futuras. Neste sentido, tem-se a análise mais restrita do ambiente, se comparado ao Cenário Econômico, anteriormente mencionado, uma vez que este último é restrito e aplicável a apenas um caso ou projeto em avaliação.

As demonstrações contábeis são, geralmente, impróprias para a determinação do valor econômico de uma empresa, pois, dentre outros fatores, normalmente, são fundamentadas em custos históricos afastados dos valores correntes. O valor de uma empresa é movido por sua capacidade de geração de fluxo de caixa ao longo prazo, sendo essa capacidade obtida pela empresa sobre os recursos financeiros investidos em relação ao seu custo de capital. Sob o tema de Valor Econômico, encontram-se 17,1% das teses e dissertações mapeadas, cujo foco se refere ao método de avaliação de empresas pela TOR, com a função de avaliar não apenas o valor das empresas em si, mas também auxiliar nas decisões de investimentos que maximizem este valor.

Finalizando sobre o tema abordado, 5,7% dos trabalhos o enfoque teórico eram o principal tema discorrido. Um texto teórico é aquele que toma a própria teoria como objeto de indagação, articulando teses e conceitos para impetrar os objetivos da pesquisa.

Passando à investigação do item 15, do Quadro 12, referente ao Setor Econômico de aplicação da TOR nos trabalhos mapeados, conforme exibido na Tabela 6, tem-se que o setor energético corresponde a 34% da produção teórica brasileira.

Tabela 6: Setores de aplicação da TOR

Setor Econômico % Acumulado %

Energético - Elétrico 16,6 16,6 Energético - Petróleo 15,5 32,1

Telecomunicações 6,7 38,9

Transporte e Concessões Rodoviárias 5,7 44,6 Tecnologia da Informação 4,7 49,2

Comércio 4,1 53,4

Mineral 4,1 57,5

Mercado Imobiliário e Construção Civil 4,1 61,7

Agronegócios 3,1 64,8 Siderúrgico e Metalúrgico 2,6 67,4 Florestal 2,6 69,9 Química 2,1 72,0 Serviços 2,1 74,1 Financeiro 2,1 76,2 Energético - Gás 1,6 77,7 Biotecnologia 1,0 78,8 Papel e Celulose 1,0 79,8 Petroquímica 1,0 80,8 Aeronáutico 1,0 81,9 Farmacêutico 1,0 82,9 Automobilístico 1,0 83,9 Sucroalcooleiro 1,0 85,0 Saúde 0,5 85,5 Naval 0,5 86,0 Licitações 0,5 86,5 Não especificado 13,5 100,0 Fonte: Autor

Ainda na análise do setor Energético, destaca-se o subsetor Elétrico, pois 16,6% dos trabalhos analisados têm como objeto de seus estudos, usinas geradoras de energia elétricas, Hidroelétricas e Termoelétricas. Já o subsetor Petróleo, com 15,5%, representa os investimentos em extração e produção de jazidas petrolíferas, e outros 1,6%, ligados à produção e exploração de Gás Natural.

Observa-se que o setor energético, somado aos setores de Telecomunicações, Transporte e Concessões Rodoviários, Tecnologia da Informação; Comércio e Mineral, correspondem, a 59% da utilização e estudos referentes à TOR.

De fato, a Teoria de Opções Reais é, predominantemente, utilizada em setores de extração de recursos naturais, como de Petróleo, Mineração e, no caso brasileiro, de Energia Elétrica, Hidroelétricas e Termoelétricas por suas características intrínsecas de irreversibilidade de parte do investimento, aliado a uma elevada taxa de riscos, altos investimentos e longo prazo de retorno do investimento.

Contudo cabe ressaltar que tais setores, conjuntamente ao de Telecomunicação passou, ao longo da última década, por profundas modificações, como no caso do setor de Elétrico, que, após a crise de 2001 e 2002, tornou-se foco de reestruturação e investimentos maciços, e que, ainda hoje, recebe grande parte dos recursos públicos para garantir sua ampliação, como corroborado pelas ações do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC.

Lançado em 2007, o PAC (2013), que prevê um investimento de R$ 503,9 bilhões, dos quais o setor de energia se beneficiará com 55% dos recursos, o eixo de logística ficará com 11%, e o social e urbano com 34%, reforçando a infraestrutura do país. Em 2011, se tem o lançamento da segunda fase, o PAC2, com investimentos da ordem de R$ 995 bilhões em infraestrutura e obras sociais.

A fundamentação do advento revelado pelo setor de Telecomunicações em terceiro lugar com um percentual de 7%, deve-se à conjectura vivenciada no âmbito de sua abertura em julho de 1998. Quando, a partir de então, ocorreu o processo de privatização do setor de Telecomunicações no Brasil. Passados 14 anos após a privatização da telefonia, o serviço que, antes, era incipiente, com 7,3 milhões de celulares em funcionamento, em 2012, alcançou 261,7 milhões, número 20,4 vezes maior que há 14 anos. A telefonia fixa, o número de linhas em funcionamento quase dobrou em uma década, saltando de 20 milhões, em 1998, para 44,3 milhões, segundo dados da ANATEL14(2013).

A chave da expansão foi o volume de investimentos, que, nos últimos 13 anos, chegaram a R$ 235 bilhões. De acordo com a Abrafix15(2013), somente no período de 1998 à 2008, as empresas de telefonia fixa investiram R$ 140 bilhões para a expansão da infraestrutura e melhoria dos serviços. A Acel16(2013) corrobora que do ano 2000 ao fim do segundo trimestre de 2008, as empresas de telefonia celular investiram R$ 60 bilhões.

Diante dessa proposição, a análise por Opções Reais encontra – se como ferramenta de análise de projetos de investimentos aos gestores do setor, que pode tê-la utilizado como diferencial, ao ponderar a emissão de capital ante as metodologias ortodoxas de investimentos.

Finalizando a Tabela 6, encontram-se outros 18 Setores Econômicos pulverizados em

14 Agência Nacional de Telecomunicações.

15 Associação Brasileira de Concessionárias de Serviço Telefônico Fixo. 16 Associação Nacional das Operadoras Celulares.

29% dos trabalhos sobre a teoria e outros 13%, que representam pesquisas teóricas ou que não apresentaram um setor específico.

A análise do item 16, do Quadro 12, referente ao recurso de softwares utilizado para o cálculo das opções em estudo, à luz da Teoria de Opções Reais, os autores das teses e dissertações, utilizaram-se das seguintes ferramentas computacionais, conforme estão arroladas na Tabela 7:

Tabela 7: Softwares utilizados para o cálculo das opções reais

Software % % Associado Principal Associação

@Risk 26,4 14 DLP

Desenvolvido pelo Autor 15,0

41 Linguagem Matlab 20 Linguagem VBA 7 Linguagem Acess 13 Linguagem C++ 10 Linguagem Fortram 9 Outras Linguagens Excel 10,4 21 Economática

Crystal Ball 6,2 66 Newave

Newave 5,2 - -

Eviews 1,5 - -

Outros 4,2 - -

Não Utiliza Software 31,1 - - Fonte: Autor

Dos trabalhos analisados, 26,4% utilizaram-se do software @Risk, que é um programa desenvolvido pela Palisade17, que se comporta como add-in à planilha Microsoft Excel. O programa executa análise de risco valendo-se da Simulação de Monte Carlo, para mostrar as probabilidades de ocorrência de cenário possíveis, e, consequentemente, seus resultados, o que significa poder avaliar os riscos a assumir e a evitar, permitindo a melhor tomada de decisão sob incerteza. Sendo que 14% dos casos de utilização do @Risk estavam relacionadas ao emprego do software DPL™18 (Decision Programming Language).

O software DPL é desenvolvido pela Syncopation Software, é uma ferramenta de modelagem matemática desenvolvida para a solução de problemas de análise de decisão, proporcionando flexibilidade na modelagem de projetos, incluindo múltiplas incertezas, opções com diferentes características de payoff e a aproximação binomial do processo

17www.palisade.com

estocástico Geométrico Browniano.

O modelo de análise mediante de árvores de decisão pode ser utilizado para modelar as flexibilidades gerenciais em tempo discreto, por meio da construção da respectiva árvore, onde os nós de decisão representarão as decisões que os gerentes podem tomar, de modo a maximizar o valor de um determinado projeto.

O desenvolvimento de software pelo próprio autor das teses e dissertações, representa 15% do total e que estes se associavam em 41% dos eventos com as linguagens de programação Matlab e 20% ao Visual Basic Applications - VBA. O Matlab é um sistema para cálculo científico que proporciona um ambiente com uma notação intuitiva, e ainda coloca à disposição do usuário as bibliotecas desenvolvidas nos projetos LINPACK e EISPACK. Estes projetos elaboraram bibliotecas de domínio público para álgebra Linear, onde a LINPACK tem rotinas para solução de sistemas de equações lineares, e a EISPACK rotinas para cálculo de autovalores. O VBA é uma linguagem derivada do Visual Basic, para a criação de aplicativos e automação de tarefas e rotinas incorporada no pacote de aplicativos Microsoft Office.

O software Crystal Ball da Oracle, que é um aplicativo para análise de risco e incerteza baseado em planilhas Excel, para a previsão, simulação e otimização, recorrendo à Simulação de Monte Carlo, foi utilizado em 6,2% dos trabalhos sendo que, em 66% dos casos, estavam associados ao programa computacional NEWAVE.

O modelo NEWAVE, desenvolvido pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - CEPEL é baseado na técnica de Programação Dinâmica Dual Estocástica, para planejamento da operação de sistemas hidrotérmicos, o qual é composto por quatro módulos computacionais: módulo de cálculo do sistema equivalente, módulo de energias afluentes, módulo de cálculo da política de operação hidrotérmica e módulo de simulação da operação.

A utilização de planilha eletrônica foi evidenciada em 10,4% dos trabalhos, neste caso, tem-se o emprego exclusivo deste software, uma vez que o @Risk e o Cristal Ball são executados sobre a plataforma de uma planilha eletrônica.

O Eviews, com 1,5% de representação nos trabalhos mapeados, é um programa de estatística para Windows, criado pela QMS, usado, geralmente, para análises econométricas e estatísticas.

de Opções Reais, com utilização exclusiva de planilha eletrônica em Excel.

A utilização de outros softwares que não os citados acima, corresponderam a 4% do levantamento desenvolvido neste trabalho, e a aplicação de tais programas remonta a um ou outro estudo, e, por esta razão, não lhes foram concebidos valores estatísticos, mas estão descritos a seguir:

Statgraphics é um programa para gerenciar e analisar valores estatísticos. Possui quatro módulos principais: um editor estatístico (StatReport), que prepara relatórios com dados variáveis; um assistente estatístico (StatWizard), que sugere os métodos mais adequados para recompilar e analisar dados; além de uma conexão estatística (StatLink), que conecta o livro de análise (Statfolio) com a fonte de dados. Este se destaca, especialmente, por suas capacidades para a representação gráfica de todo tipo de estatísticas e o desenvolvimento de experimentos, previsões e simulações em função do comportamento dos valores.

O Stochastic Dual Dynamic Programming - SDDP é um modelo de despacho hidrotérmico com representação da rede de transmissão com usinas individualizadas, com restrições de transmissão, que calcula a operação ótima estocástica em base mensal, para horizontes de médios e longos prazos. Como principais resultados, o SDDP permite a análise, em médio prazo, de parâmetros como vertedouros localizados, expectativa de armazenamento por reservatório, carregamento de linhas de transmissão considerando restrições energéticas simulando 80 a 200 séries de chuva, para gerar cenários de demanda termoelétrica e custos marginais de operação.

O uso dessa ferramenta reforça as análises eletroenergéticas. O modelo calcula a política operativa estocástica de mínimo custo de um sistema hidrotérmico, levando em consideração os detalhes operativos das usinas hidrelétricas e térmicas, representação de mercados "spot" e contratos de fornecimento, incerteza hidrológica, o sistema de transmissão, a variação da demanda e as restrições de suprimento de gás natural.

O SISPINUS, um sistema que permite a definição do melhor tipo de desbaste para a floresta de Pinus, a época e intensidade ideais para sua realização e a idade ideal para o corte final. Pode-se avaliar o estoque de madeira disponível no presente, e a cada ano futuro, em termos de volume total e volume por tipo de utilização industrial, como laminação, serraria, celulose e energia. O sistema possibilita, também, a análise da rentabilidade do povoamento.

estatístico de dados, com aporte a tomada de decisão, que inclui aplicação analítica, Data Mining, Text Mining e estatística.

Tem-se ainda a utilização do software Minitab Statistical, o Maple Gretl, pacote de software para análise econométrica, além do software Timing desenvolvido por Dias (1996) em VBA.