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2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

2.4 MÉTODOS DETERMINÍSTICOS PARA A AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS

2.4.2 Método do Valor Presente Líquido (VPL)

O conceito de valor presente foi utilizado no século XVI, entretanto os fundamentos teóricos do valor do dinheiro no tempo foram estabelecidos por Fisher (1930). Harvey (1986) informa que Irving Fisher propôs, em 1907, um consumo baseado na teoria da taxa de juros que refletiria o equilíbrio entre a renda de hoje e a renda marginal do período seguinte.

Grant (2003) informa que Fisher conseguiu estabelecer uma ligação fundamental entre o valor presente líquido de uma companhia e o movimento de desconto do fluxo de caixa esperado.

O cálculo do VPL é tradicionalmente determinado pela equação 1 ou 2:

I r FC r FC r FC r FC FC VPL n f n f t f f             ) 1 ( ... ) 1 ( ... ) 1 ( ) 1 ( 2 2 1 0 (1) I r FC VPL n t f t t   

0 (1 ) (2) Em que:

é o fluxo de caixa líquido esperado para o período t; e a taxa de desconto (TMA livre de risco);

é o número de períodos a que se refere o fluxo de caixa; e é o investimento inicial.

Para Hirschfeld (1998), o método do VPL tem como finalidade determinar um valor no instante inicial, a partir de um fluxo de caixa formado de uma série de receitas e dispêndios. Em outras palavras, Brigham e Houston (1999, p. 383) citam: “VPL é igual ao valor presente dos fluxos de caixa líquidos descontados ao custo marginal do capital”.

Para Fisher (1954), o valor de um bem é determinado considerando o valor presente dos benefícios futuros que ele proporcionará, calculados com a utilização de uma taxa de desconto. Assim, o método do VPL vale-se dos conceitos do FCD.

Cohen, Gompers e Vuolteenaho (2002) indicam que projetos com VPL zero ou positivos não devem ser previamente descartados pelo investidor, enquanto os com VPL negativos, sim.

Lapponi (2000) revela que o VPL é uma técnica adotada como parâmetro para analisar a sensibilidade dos projetos, possibilitando sua a aceitação ou rejeição.

A abordagem do VPL pressupõe a perpetuidade do negócio e se baseia na técnica do FDC, que requer que os fluxos de caixa do projeto e a taxa de desconto sejam estimados.

Brennan e Schwartz (2001) explicam que o padrão da técnica do VPL permanece inalterado desde o surgimento do modelo desenvolvido por Fisher, com adaptações de Dean,

t FC f r n I

em 1951, e de Bierman e Smidt em 1960. Shrieves e Wachowicz Jr (2000) esclarecem que o método do VPL é a forma mais tradicional de aplicação do FCD, embora outras técnicas que requerem o FCD também são úteis: fluxos de caixa livre, para avaliação de empresas, e modelos de desconto de dividendos, para avaliação do capital próprio.

Segundo Chadwell-Hatfield (1997), embora os praticantes da avaliação de investimentos não indiquem preferência pelo VPL sobre as demais técnicas, os teóricos de finanças fazem essa recomendação, uma vez que o uso do VPL seleciona, consistentemente, projetos que maximizam a riqueza dos acionistas.

Copeland e Antikarov (2001) ressaltam que o VPL é a ferramenta mais utilizada pelas grandes empresas em análise de investimentos. Contudo foram necessários mais de vinte anos para que as empresas americanas começassem a recorrer à técnica do VPL, em substituição ao Payback.

Como qualquer empreendimento implica investimentos, pressupõe-se que os investidores, ao realizarem suas aplicações, façam uma análise prévia de seus negócios. Há de se ponderar que a técnica do VPL é útil para as tomadas de decisão de investimentos em projetos e que persiste, ao longo do tempo, como um dos métodos mais empregados em termos de análise financeira (BREALEY e MYERS, 2000).

O VPL constitui-se no somatório de diferenças entre entradas e saídas líquidas de caixa, descontadas a uma TMA, para o presente, e representa o valor atualizado de um projeto. As principais características do método do VPL são: considera como certos os fluxos de caixa futuros do empreendimento; utiliza períodos determinados; usa taxas de desconto fixas para atualizar o fluxo de caixa.

Trigeorgis (1996) cita que existe também o caso de projetos interdependentes de considerável importância estratégica, pois, ainda que o VPL individual seja negativo, a sua aceitação é justificada por ter o potencial de gerar uma nova oportunidade de investimento lucrativo no futuro, em um projeto dependente deste.

O VPL é um método defendido por Contador (1988, p. 44), que indica ser “melhor enfocado, isento de falhas matemáticas, pois considera o valor do dinheiro no tempo sem cair nas contradições de outros indicadores”.

Ross, Westerfield e Jaffe (2007, p. 123) procuram evidenciar que “o fluxo de caixa como um instrumento ideal, porque representa entradas e saídas de recursos financeiros

diferentemente do lucro, que é uma medida contábil, contendo no seu valor não só as movimentações financeiras, mas também as econômicas”.

As críticas ao método VPL são referentes ao não tratamento das incertezas. Trigeorgis (1996) julga que a técnica tradicional do VPL deva ser vista como uma entrada para o método do VPL Expandido, baseado em opções.

Copeland e Antikarov (2001) argumentam que o método do VPL apresenta falhas em relação às expectativas de fluxos de caixa futuro e subestima as oportunidades de investimentos. Dixit e Pindyck (1994) destacam como um problema do VPL o fato de ele pressupor um cenário fixo, no qual a organização inicia e completa o projeto, gerando um fluxo de caixa sem contingência para a toda a vida esperada do projeto.

A abordagem realizada por Trigeorgis (1996) ressalta que o padrão de critério do fluxo de caixa descontado subestima as oportunidades de investimento, conduzindo a decisões míopes, de subinvestimento, e a eventuais perdas de posição competitiva, porque esses critérios ainda ignoram, ou não avaliam corretamente, estratégias importantes. Para Rocha (2001), o VPL não leva em conta fatores como o valor agregado pelo gerenciamento eficiente do futuro ativo, a incerteza de variáveis-chave ou as mudanças das políticas regulatórias.

Folta e O’brien (2002) avaliam o VPL como um dos instrumentos mais importantes desenvolvidos nas últimas décadas em termos de teoria de investimento. Entretanto o VPL subestima o retorno dos investimentos, uma vez que estes estão sujeitos à incerteza contínua e que parte do investimento é irreversível. Além disso, há de se considerar que o investidor poderia suspender a decisão de aplicações durante algum tempo.

Mason e Weeds (2003) argumentam que a literatura sobre investimento irreversível sob incerteza utiliza a regra do VPL, e que esta está incorreta, pois determina somente a decisão do tipo “agora ou nunca” e falha na apreciação do adiamento do investimento.

Ao se referir à metodologia de tomada de decisão sobre investimentos de capital de risco, Soon (2002) informa que as avaliações tradicionais do VPL são inadequadas para muitos projetos arriscados.

A avaliação econômica pelo VPL tradicional conduz à tomada de decisão com uma visão estreita, pois não considera a flexibilidade gerencial, nem futuras oportunidades de negócios. Sobre o método do VPL, os autores acima pesquisados, neste item, apontam as suas limitações e indicam a necessidade de incrementar o método com procedimentos que

reconhecem o risco e a possibilidade de postergação da decisão. Então, torna-se pertinente traçar considerações sobre decisões de investimento sob condições de incerteza.