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ANÁLISES HISTOLÓGICAS E HISTOMORFOMÉTRICAS

No documento Biodiversidade e Biotecnologia no Brasil 2 (páginas 141-147)

DE PRATA NO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO EM QUEIMADURAS INDUZIDAS EM CAMUNDONGOS

Filho 3 e Nayana Pinheiro Machado de Freitas Coelho

3.2 ANÁLISES HISTOLÓGICAS E HISTOMORFOMÉTRICAS

A análise histológica das lâminas coradas com H.E permitiu a avaliação qualitativa do processo cicatricial por meio da investigação do processo inflamatório e de remodelação. Os achados histológicos são mostrados na figura 2 para os dois períodos de tratamento.

Figura 2. Aspectos qualitativos do processo cicatricial de queimaduras tratadas com

Biocompósitos de ZnO/AgNPs/X. americana nos períodos experimentais de 7 e 14 dias. As setas indicam células inflamatórias.

No tocante à análise qualitativa do processo inflamatório, observou-se que, no tempo experimental de sete dias, os espécimes do grupo tratado com o biocompósito da casca (BC) apresentaram uma menor quantidade de tecido de granulação, presença de fibroblastos e uma melhor organização das fibras colágenas quando comparados aos animais do grupo BF, caracterizando, portanto, a fase de proliferação no processo de cicatrização.

Aos 14 dias, o processo inflamatório nos animais do grupo CN foi reduzido e o número de fibroblastos foi aumentado, apresentando ainda tecido de granulação. Os animais do grupo BC apresentaram fibroblastos maduros, ausência de infiltrado inflamatório e uma completa modelação das fibras colágenas, quando comparados aos demais grupos, evidenciando nesse tratamento a concretização da fase de remodelação do processo de cicatrização normal do tecido.

O processo de cicatrização foi avaliado ainda de forma quantitativa e o número total de células inflamatórias é apresentado na figura 3.

Figura 3. Quantificação do número de células inflamatórias (und/20.000 μm2) nos grupos

estudados em períodos experimentais de 7 e 14 dias.

Em análise da figura 3, observa-se que no período de 7 dias, os grupos tratados com os biocompósitos da casca e folha de X. americana apresentaram redução no número de neutrófilos quando comparados aos grupos controles. No período de 14 dias, há novamente diminuição no número de neutrófilos, indicando que nos tempos de tratamento investigado, o grupo tratado com a associação ZnO/AgNP/Casca do caule de X. americana apresenta a maior redução do processo inflamatório.

A ação anti-inflamatória do biocompósito pode ser associada, por exemplo, à presença de metabólitos secundários na X. americana. Estudos anteriores com a mesma espécie reportam a sua ação anti-inflamatória no processo de tendinite experimental em ratos (LEAL et al., 2016). Além disso, as propriedades bactericidas das substâncias inorgânicas utilizadas também podem justificar a redução do processo inflamatório, dado que a ausência de infecção por microrganismos patógenos sinaliza um menor recrutamento de células inflamatórias. A prata já é utilizada na formulação de cremes e pomadas com fins cicatrizantes (CHERNOUSOVA; EPPLE, 2013). No entanto, quando em escala manométrica, seu potencial bactericida é potencializado (MARAMBIO-JONES; HOEK, 2010). O ZnO também assume propriedades bactericidas, favorecendo junto à prata o processo de cicatrização através da diminuição da infiltração de linfócitos e aumento da reepitelização (PATI et al., 2014).

O processo de cicatrização das queimaduras foi avaliado ainda pela investigação da fase de remodelação. A figura 4 traz a quantificação para o número total de fibroblastos.

Figura 4. Quantificação do número de fibroblastos (und/20.000 μm2) nos grupos estudados

em períodos experimentais de 7 e 14 dias.

Observa-se na figura 4 que no período de 7 dias de tratamento, os grupos biocompósitos da casca e folhas de X. americana apresentaram maior número de fibroblastos diferenciando-se significativamente do grupo controle negativo. Aos 14 dias, o aumento no número de células fibroblásticas é novamente maior nos grupos BC e BF, havendo diferença significativa entre BC e CN. Esses dados revelam que o biocompósito

formado por ZnO/AgNPs/Casca do caule de X. americana contribui de forma positiva no processo de remodelação do tecido.

Os fibroblastos são os principais responsáveis pela síntese de colágeno e regeneração da matriz extracelular, funcionando como indicadores da evolução do processo de cicatrização em análises histológicas (FERREIRA; PAULA, 2013).

4. CONCLUSÃO

Pela análise dos dados é possível inferir que a associação entre ZnO/AgNPs, extratos etanólicos das cascas do caule e folhas de X. americana atuaram positivamente no processo de cicatrização de queimaduras cutâneas induzidas em camundongos. Os achados macros e microscópicos indicam que o biocompósito das cascas do caule da X. americana se destacou através da redução da área da lesão em valores significativamente superiores aos grupos controles, além da redução do processo inflamatório e maior deposição de células fibroblásticas de forma organizada à superfície cutânea. Os resultados da pesquisam apontam que a utilização de plantas medicinais associadas a outras substâncias bactericidas mostram-se eficazes no processo de cicatrização de injúrias por queimaduras, podendo se tornar promissores bioprodutos na área biomédica.

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