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Analisar a prática da equipa multidisciplinar à pessoa em regime de

3. EXECUÇÃO DAS TAREFAS PREVISTAS

3.1. Desenvolver competências técnicas, científicas e relacionais que

3.1.2. Analisar a prática da equipa multidisciplinar à pessoa em regime de

cuidados relacionados com as reações de hipersensibilidade à terapêutica antineoplásica

Benner (2001, p.12) considera que “as práticas crescem através da aprendizagem experiencial e através da transmissão dessa aprendizagem nos contextos de cuidados”. Neste sentido, pretendeu-se com a definição deste objetivo, um olhar aprofundado sobre a prática em diferente contextos, de forma a obter um conhecimento mais abrangente sobre os cuidados no doente oncológico em geral e na abordagem das RHTA em particular.

Segundo Rycroft-Malone, Seers, Titchen, Harvey, Kitson & McCormack (2004), a aquisição do conhecimento não se esgota na literatura e na investigação, considerando que o conhecimento utilizado na prática clínica pode ser gerado a partir de quatro tipos diferentes de evidência disponível, que se denominam de acordo com a sua fonte, podendo neste caso ser adquirido através da pesquisa/investigação, da experiência clínica/conhecimento profissional, das experiências/preferências dos doentes e seus cuidadores e do contexto/ambiente dos cuidados. Os mesmos autores (2004) referem que a evidência demonstra que os enfermeiros, bem como os restantes profissionais de saúde, utilizam esta diversidade de fontes de informação para informar e sustentar as suas tomadas de decisão. Neste caso, a análise da prática de cuidados das equipas multidisciplinares dos vários contextos de estágio, definida neste objetivo, foi possível através da consulta de documentação orientadora de boas práticas relacionadas com as RHTA existente em todos os serviços, sobretudo na forma de protocolos de atuação, normas de procedimento e material de apoio diverso; pela observação dos peritos existentes nas equipas, sobretudo clínicos de oncologia e de imunoalergologia e enfermeiros destas duas áreas, com experiência na abordagem de RHS, no cuidado ao doente oncológico e na realização dos diversos procedimentos relacionados com as RHTA; pela partilha de experiências com os colegas a partir da convivência e de conversas informais, bem como na observação das suas intervenções; finalmente, através da colaboração na prestação de cuidados à pessoa em regime de tratamento antineoplásico e suas famílias, mobilizando os conhecimentos teóricos

pré-existentes, com os adquiridos nos contextos da prática e os obtidos através da evidência científica.

É reconhecido que os profissionais de saúde devem igualmente assegurar que as pessoas recebem cuidados baseados na melhor evidência científica possível (Rycroft-Malone et al., 2004). A prática baseada na evidência melhora a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde, melhora os resultados em saúde, para além de diminuir a variação geográfica nos cuidados e reduzir os custos (Melnyk, 2017). De forma a garantir que a análise e reflexão crítica sobre as práticas relacionadas com os cuidados à pessoa com RHTA iam de encontro à melhor evidência científica disponível sobre o tema, foi realizada uma revisão scoping da literatura (Apêndice X). A revisão scoping é um método rigoroso e transparente que permite mapear a evidência científica existente numa determinada área de interesse em termos do seu volume, natureza e características da investigação primária, que normalmente está a emergir e ainda não foi desenvolvida (Arksey & O´Malley, 2005), pelo que se relevou adequada a sua utilização neste âmbito. Este tipo de análise permite identificar lacunas na evidência, para além de apresentar os seus resultados de forma simples, sumária, acessível e eficaz (Arksey & O´Malley, 2005).

De acordo com os resultados obtidos após elaboração da revisão scoping, constatou-se que emergiram da evidência quatro principais áreas de intervenção do enfermeiro nos cuidados à pessoa com RHTA, sendo possível categorizar a sua atuação relativamente ao diagnóstico, gestão e prevenção das RHTA e, ainda, na educação do doente com RHTA. Estes resultados nortearam toda a conceção, desenvolvimento e implementação do projeto, nomeadamente os objetivos delineados, as atividades desenvolvidas, bem como a análise crítica sobre as práticas observadas e as aprendizagens realizadas.

Por forma a garantir uma observação mais fidedigna e proveitosa nos contextos de estágios, foi criado um instrumento para registo de observação dos peritos das equipas multidisciplinares no cuidado à pessoa com RHTA (Apêndice XI). O instrumento foi criado de acordo com o sugerido pela evidência científica relativamente às melhores práticas perante as RHTA. A sua aplicação foi possível nos três locais de estágio, sempre que se considerou pertinente a sua utilização de acordo com as práticas observadas, tendo sido ultrapassado o número mínimo de observações inicialmente estipulado para cada contexto (mais de um registo de observação efetuado por semana).

No sentido de dar utilidade prática e retirar contributos das observações efetuadas, foi realizada uma reflexão crítica sobre as práticas vivenciadas em cada local de estágio, onde foram integrados os resultados obtidos através da observação dos peritos, da consulta do material normativo e orientador de boas práticas do serviço, da participação na prestação de cuidados e da partilha de experiências com os profissionais, para além de mobilizados os resultados da evidência científica adquiridos com a realização da revisão scoping (Apêndice XII). Nesta reflexão optou-se por analisar as práticas de cada contexto de estágio individualmente. Para cada local foi realizada uma descrição da organização e da dinâmica das práticas do serviço relativas ao cuidado à pessoa com RHTA, seguida da análise dos resultados da utilização do instrumento de observação dos cuidados e, posteriormente, uma análise crítica e reflexiva relativa aos procedimentos observados em articulação com a evidência científica nesta área de intervenção.

A realização deste documento de reflexão vai de encontro à opinião de Benner (2001), ao considerar que refletir sobre o conhecimento clínico que é evidenciado através das narrativas da aprendizagem experiencial, permite dar visibilidade a esta aprendizagem. Estas narrativas geram um conhecimento fundamental no processo de tomada de decisão dos profissionais de saúde e revelam ser um alicerce da prática clínica (Rycroft-Malone et al., 2004). Pretendeu- se com esta atividade refletir sobre a prática e sobre os cuidados prestados ao doente oncológico com RHTA, adotando uma perspetiva crítica, de aprendizagem e de encadeamento entre a teoria e a prática, que pudesse trazer contributos favorecedores da mudança e da melhoria dos cuidados.

Durante a observação das práticas nos diversos contextos de estágio, foi possível verificar a existência de alguns aspetos que poderiam ser melhorados, tendo em consideração a evidência científica estudada relativamente aos cuidados associados às RHTA. Aproveitando a temática em estudo e a utilidade prática destes estágios, considerou-se pertinente desenvolver algumas atividades nos serviços que, apesar de não terem sido inicialmente planeadas no projeto, vieram deixar um contributo para a melhoria dos cuidados naqueles contextos. Durante a realização dos Estágios I e II verificou-se que os serviços não disponham de qualquer suporte informativo escrito direcionado ao doente com RHTA que suportasse o ensino que era realizado ao doente, ao contrário do preconizado na evidência, que faz referência à importância de toda a informação transmitida ao

doente e família ser providenciada, não apenas de forma verbal, mas também através de um suporte escrito (Vogel, 2014). Benner (2001, p.103), no domínio de competências do enfermeiro relacionado com a Função de Educação e de

Orientação, refere que “sempre que possível, as enfermeiras avisam os doentes

sobre o que devem esperar, corrigem as más interpretações e fornecem explicações quando se produzem mudanças físicas”. Neste sentido, foram elaborados em ambos os serviços um panfleto informativo para ser entregue ao doente que teve uma RHTA, com informações relativas às RHS no geral e sobre os procedimentos que poderiam vir a ser submetidos, quando encaminhados para a consulta de imunoalergologia. Uma vez que os panfletos elaborados são semelhantes em termos de conteúdo, optou-se por apresentar neste relatório apenas o panfleto que foi realizado no Estágio II (Apêndice XIII). Em ambos os estágios os documentos foram elaborados com o devido conhecimento e consentimento da enfermeira responsável do serviço, enfermeira de referência e alguns elementos da equipa médica de oncologia e imunoalergologia, os quais deram contributos para a sua melhoria em termos de conteúdos. Aquando do término dos estágios, ambos os panfletos encontravam-se a ser revistos pelos departamentos próprios para considerarem a sua implementação.

3.1.3. Descrever a articulação existente entre o Hospital de Dia de Oncologia e o