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Competências comuns do enfermeiro especialista

4. AVALIAÇÃO

4.1. Reflexão sobre o desenvolvimento das competências do Enfermeiro

4.1.1. Competências comuns do enfermeiro especialista

Independentemente da sua área de atuação existe um determinado perfil de competências comuns que o enfermeiro especialista deve desenvolver nesta fase de crescimento e progressão profissional. Neste sentido,

“a certificação das competências clínicas especializadas assegura que o enfermeiro especialista possui um conjunto de conhecimentos, capacidades e habilidades que mobiliza em contexto da prática clínica que lhe permitem ponderar as necessidades de saúde do grupo-alvo e atuar em todos os contextos de vida das pessoas, em todos os níveis de prevenção” (OE, 2010a, p.2).

Com a implementação do projeto foi possível desenvolver competências nos quatro domínios de competência comuns do Enfermeiro Especialista, a saber,

responsabilidade profissional, legal e ética, melhoria contínua da qualidade, gestão de cuidados e desenvolvimento das aprendizagens profissionais (OE, 2010a), que serviram de base à seguinte análise.

No domínio da responsabilidade profissional, ética e legal, considera-se ter sido desenvolvida uma prática profissional e ética durante o planeamento e implementação deste projeto, na medida em que todas as tomadas de decisão foram baseadas em juízos fundamentados no conhecimento científico e na experiência profissional e suportadas por princípios e valores éticos e deontológicos pelos quais se rege a profissão. No planeamento das atividades definidas no projeto, todas as estratégias de resolução de problemas e tomadas de decisão foram desenvolvidas em parceria com o doente e a sua família, sendo tida em consideração a sua individualidade e promovendo a sua autonomia e poder de decisão. Tratando-se de um projeto de intervenção, houve um compromisso em participar na construção de tomadas de decisão em equipa desde o primeiro momento, com a definição da problemática, até à implementação do mesmo, onde foram obtidos contributos para a melhoria das estratégias de implementação das atividades desenvolvidas. Para além do trabalho em equipa, considera-se ter sido revelada a capacidade de autonomia através do julgamento fundamentado que se refletiu nas tomadas de decisão relativamente à escolha das atividades a serem realizadas. Durante e após a implementação do projeto, foi desempenhado o papel de consultoria relativamente aos cuidados à pessoa com RHTA, liderando de forma efetiva os processos de tomada de decisão em relação a esta problemática, não apenas junto da equipa de enfermagem, mas também como elo de ligação entre a equipa multidisciplinar. Todo o processo de implementação do projeto e os resultados das tomadas de decisão foram avaliados, ponderados e partilhados com a restante equipa de cuidados, no sentido de promover a melhoria das práticas e do trabalho realizado perspetivando o futuro, o que ficou demonstrado pelas várias sessões de formação realizadas. Em todas as atividades planeadas e desenvolvidas foram promovidas práticas de cuidados que respeitaram os direitos humanos e as responsabilidades profissionais, assegurando a segurança do doente, o direito à privacidade, confidencialidade e o acesso à informação, bem como o respeito pelos seus valores, costumes e crenças. Alguns destes foram garantidos através do pedido de autorização institucional para o desenvolvimento das atividades inerentes ao projeto, para aceder às equipas de saúde e para prestar cuidados aos doentes

nas várias organizações, do pedido de consentimento verbal para a realização do estudo de situação e da manutenção do anonimato nas várias situações analisados no relatório. Com a implementação do projeto foi ainda reconhecida a necessidade de prevenir e identificar práticas de risco e a importância de adotar uma conduta preventiva e antecipatória através da promoção de medidas preventivas apropriadas de acordo com o conhecimento que foi adquirido, no sentido de aumentar a segurança do doente e identificar as intervenções necessárias em cada situação específica. Estas intervenções foram retratadas na revisão scoping da literatura e a sua relevância foi transmitida à equipa de enfermagem através da sessão de formação para a sua capacitação.

No domínio da melhoria da qualidade, a implementação deste projeto permitiu colaborar na conceção e concretização de um projeto institucional na área da qualidade, tendo sido promovida a incorporação dos conhecimentos obtidos durante a sua realização na melhoria da qualidade da prestação de cuidados à pessoa com RHTA. O seu desenvolvimento permitiu o planeamento de um programa de melhoria da qualidade, na medida em que foi identificada uma problemática como uma oportunidade de melhoria, foram estabelecidas prioridades e selecionadas estratégias através do planeamento dos objetivos e atividades, sendo obtido como um dos resultados da sua implentação, a elaboração de um guia orientador de boas práticas no cuidado à pessoa com RHTA, baseado na evidência científica e nas normas relativas à qualidade dos cuidados. Foi também tida em consideração a promoção de um ambiente de cuidados seguro e centrado na pessoa, que se torna uma condição imprescindível para a efetividade terapêutica e para a prevenção de incidentes, tendo sido considerada a promoção do bem-estar do doente e a gestão do risco relacionado com as RHTA. Muitas das atividades desenvolvidas foram neste sentido, destacando neste caso, a capacitação da equipa na gestão das RHTA, as medidas adotadas na educação do doente/família e o desenvolvimento de normas de atuação, para além do incentivo à documentação detalhada da reação e à contínua notificação deste evento adverso.

No domínio da gestão de cuidados, a atuação foi sobretudo na gestão de cuidados ao nível da otimização das respostas da equipa de enfermagem e a articulação na equipa multidisciplinar, aspeto fundamental nesta área específica de cuidados. Para além de ter havido uma intervenção ao nível da melhoria da informação para o processo de cuidar, foi disponibilizada assessoria à equipa da

enfermagem e foi promovida a colaboração nas decisões da equipa multiprofissional e a importância de negociar e referenciar para outras especialidades sempre que necessário. No fundo, considera-se ter sido reconhecido que todos os membros da equipa têm papéis e funções distintas e interdependentes, pelo que se pretendeu promover um ambiente positivo e favorável na equipa durante implementação do projeto.

No domínio do desenvolvimento das aprendizagens, a implementação do projeto permitiu desenvolver o autoconhecimento e a assertividade, tendo sido demonstrado ao longo deste percurso uma elevada consciência pessoal e profissional ao reconhecer humildemente os recursos e limites pessoais e profissionais e a consciência da influência pessoal no estabelecimento das relações terapêuticas e multiprofissionais. Outro aspeto fundamental desenvolvido neste domínio tem que ver com o facto de o projeto ser um meio facilitador da aprendizagem no contexto de trabalho nesta área de intervenção e, a nível pessoal, foi adotada com grande empenho a função de elemento formador oportuno no contexto de trabalho, ao diagnosticar necessidades formativas e favorecer a aprendizagem, a destreza nas intervenções e o desenvolvimento das competências dos enfermeiros, avaliando o impacto da formação. Toda a prática clínica inerente à implementação do projeto foi suportada na investigação e no conhecimento científico relacionado com esta área de intervenção, tendo sido elaborada uma revisão

scoping da literatura, em que os resultados provenientes do estado de arte foram

interpretados, organizados e divulgados de forma a alicerçar a prática nesta evidência e, assim, contribuir para a melhoria da práticas e para o desenvolvimento do conhecimento em Enfermagem. Foram igualmente desenvolvidas competências ao nível da demonstração de conhecimentos e aplicação dos mesmos na prestação de cuidados especializados, seguros e competentes, para além de rentabilizar as oportunidades de aprendizagem e tomada a iniciativa na análise de situações críticas, nomeadamente através da elaboração do estudo de situação e das análises e reflexões críticas efetuadas ao longo deste percurso e descritas neste relatório.

4.1.2. Competências específicas do enfermeiro especialista em enfermagem em