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Implementar intervenções de enfermagem no âmbito da prevenção das

3. EXECUÇÃO DAS TAREFAS PREVISTAS

3.1. Desenvolver competências técnicas, científicas e relacionais que

3.2.3. Implementar intervenções de enfermagem no âmbito da prevenção das

No âmbito das RHTA, a prevenção é a primeira linha de defesa contra estes eventos adversos (Gobel, 2005). Com a implementação do projeto considerou-se necessário intervir em duas áreas distintas, por um lado ao nível da consulta de enfermagem e, por outro lado, ao nível da melhoria da articulação entre o HDO e o HDI da Unidade Hospitalar D.

Os enfermeiros devem estar familiarizados com estes eventos adversos e saber identificar os factores de risco que podem contribuir para desenvolver ou exacerbar uma RHTA (Breslin, 2007; Vogel, 2014), o que permite tomar medidas

preventivas e reduzir significativamente o risco de complicações mais severas (Vogel, 2010; Shelton & Shivnan, 2011). A consulta de enfermagem constitui, neste caso, um momento privilegiado para conhecer o doente e intervir do ponto de vista preventivo face às RHTA, pois permite intervir simultaneamente na identificação de factores de risco e na educação. Por definição, a consulta de enfermagem é uma intervenção que visa a realização de uma avaliação ou o estabelecimento de um plano de cuidados de enfermagem, de modo a ajudar o indivíduo a atingir a máxima capacidade de autocuidado (Portaria n.º 306 – A/2011, de 20 de Dezembro). Tendo em conta o diagnóstico de situação efetuado inicialmente, verificou-se a necessidade de melhorar a avaliação inicial realizada ao doente na consulta de enfermagem de acolhimento, sobretudo na recolha de informação detalhada sobre antecedentes pessoais e alérgicos, experiências em tratamentos anteriores, bem como otimizar o ensino realizado ao doente e familiares sobre as RHTA.

Neste caso específico, a família desempenha um papel fundamental e deve, sempre que possível, estar presente no momento da consulta de enfermagem de acolhimento, pois funcionada como uma importante fonte de informação na identificação de potenciais factores de risco, para além de ser um apoio para o doente no seu processo de aprendizagem face às RHTA. As intervenções de enfermagem são optimizadas se toda a unidade familiar for tomada por alvo do processo de cuidados, sobretudo quando as intervenções visam a alteração de comportamentos ou a vigilância do estado de saúde do doente (OE, 2012). Também Benner (2001, p.90), no domínio de competências que definiu como Função de

Ajuda, considerou fazer parte das competências do enfermeiro, “proporcionar apoio

afetivo e informar as famílias dos doentes”, devendo este apoiar e otimizar o papel positivo dos membros da família no tratamento do doente, fornecendo-lhes as informações necessárias para que possam providenciar um apoio efetivo.

Deste modo, após a capacitação da equipa de enfermagem com a sessão de formação onde foi abordada a importância da intervenção do enfermeiro na consulta de enfermagem de acolhimento relativamente à abordagem das RHTA ao nível da prevenção e da educação, foi elaborada uma check-list para ser utilizada nesta consulta com intuito de sistematizar e orientar o enfermeiro na colheita de dados realizada ao doente, bem como os ensinos específicos que devem ser efetuados (Apêndice XXII). Com o intuito de perceber se a check-list passou a ser utilizada após a realização da sessão de formação, foram observadas oito consultas de

enfermagem a doentes oncológicos que iam iniciar ou reiniciar tratamentos endovenosos. Verificou-se que a check-list foi utilizada em todas as consultas observadas, assim como todos os seus itens foram cumpridos. Todos os doentes fizeram-se acompanhar pelos seus familiares, que foram integrados na consulta pelo enfermeiro. Com base no modelo do CCP (McCormack & McCance, 2006), considera-se que, no âmbito da consulta de enfermagem, as competências interpessoais e ao nível da comunicação revelam-se requisitos importantes para o enfermeiro obter resultados positivos na prevenção das RHTA. A adoção de uma atitude empática e o estabelecimento de parcerias com o doente são factores fundamentais na promoção da satisfação do cliente (OE, 2012) e contribuem para garantir o sucesso das intervenções do enfermeiro neste âmbito.

Como referido no capítulo anterior, a articulação eficiente entre as especialidades de oncologia e de imunoalergologia têm um valor preponderante no sucesso dos cuidados ao doente oncológico com RHS e para a própria melhoria da qualidade dos cuidados, sendo que o enfermeiro tem um papel de dinamizador, essencial no sucesso desta articulação. A OE (2012, p.6) assume que “a qualidade em saúde é uma tarefa multiprofissional” que se obtém a partir da reunião de esforços entre os exercícios pluriprofissionais. Para um efetivo CCP, o ambiente em que são prestados os cuidados devem incluir, entre outros, uma conjunto de competências adequadas, sistemas facilitadores da tomada de decisão partilhada, relações eficazes entre todos os membros da equipa e sistemas de organização de suporte que promovam a partilha de poder e o potencial para a inovação (McCormack & McCance, 2006).

Na Unidade Hospitalar D a relação multidisciplinar entre ambas as especialidades é bastante positiva, no entanto, não existe uma sistematização de procedimentos neste âmbito. Em Janeiro deste ano, já no decorrer do estágio, foi formalizada a consulta de imunoalergologia – oncologia que passou a decorrer uma vez por semana, com duas vagas disponíveis para os doentes oncológicos. Este foi um passo importante para estes doentes uma vez que, a partir deste momento, esta consulta pode ser rapidamente agilizada, minimizando consideravelmente os tempos de espera, aspeto bastante importante para o doente oncológico em regime de tratamento antineoplásico. Ainda assim, considerou-se necessária a realização de uma proposta de protocolo de articulação entre os enfermeiros e oncologistas do HDO e os médicos do serviço de imunoalergologia desta Unidade Hospitalar, no

sentido de sistematizar o encaminhamento e a gestão das reações destes doentes, nomeadamente em situações em que sejam identificados possíveis factores de risco ou doentes que tenham desenvolvido uma suspeita de RHTA. Esta proposta de norma de articulação foi elaborada e apresentada à enfermeira responsável do serviço, bem como aos clínicos de ambas as especialidades que colaboram no serviço, que deram alguns contributos e sugestões de melhoria relativamente ao seu conteúdo, encontrando-se atualmente o documento em fase de aprovação a nível institucional (Apêndice XXIII).

Para Benner (2001, p.161), uma vez que os enfermeiros “(…) estão sempre presentes e coordenam as relações entre o doente e os diferentes membros da equipa de cuidados, (…) têm a possibilidade de prevenir e detectar erros (…)”. A prevenção de complicações é um dos enunciados descritivos dos padrões de qualidade da OE (2012), cujas intervenções vão de encontro às sugeridas na prevenção das RHTA, fazendo referência ao facto de que o enfermeiro deve assumir um papel importante na identificação rápida de problemas potenciais para o doente, sobre os quais tem competência para prescrever, implementar e avaliar intervenções que contribuam para evitar ou minimizar os seus efeitos, para além de assegurar o rigor técnico/científico na implementação das intervenções, a referenciação das situações problemáticas identificadas para outros profissionais de saúde, a supervisão das suas atividades e a responsabilização pelos suas tomadas de decisão, nos atos que pratica e que delega.

3.2.4. Implementar intervenções de enfermagem no âmbito do diagnóstico das