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ANEXO K ARTIGO ENCAMINHADO PARA A A REVISTA: PSICOLOGIA: TEORIA E PESQUISA

No documento Louise Guimarães de Araújo (páginas 67-74)

Pain Locus of Control Scale: adaptação e confiabilidade para idosos

Pain Locus of Control

Pain Locus of Control Scale: adaptação e confiabilidade para idosos

Pain Locus of Control

Pain Locus of Control Scale: adaptation and reliabilty for elderly

1

Leani Souza Máximo Pereira 1, Louise Guimarães de Araújo 2, Débora Mara Ferreira Lima 3, Rosana Ferreira Sampaio1

11

Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.

2

Departamento de Fisioterapia, Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, Brasil.

3

Fisioterapeuta.

Autor para correspondências: Profa Leani Souza Máximo Pereira

Endereço para correspondência: Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais. Avenida Presidente Antônio Carlos 6627, Campus Pampulha. Belo Horizonte, Minas Gerais. 31.270.901, Brasil.

Informamos que este trabalho é parte de dissertação de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais. A coleta de dados foi efetuada na Clínica de Dor do Hospital das Clínicas da

Universidade Federal de Minas Gerais e na Clínica Escola de Fisioterapia do Centro Universitário de Belo Horizonte. 2

Resumo

Realizou-se a adaptação transcultural para o Brasil do instrumento Pain Locus of Control Scale e avaliou-se sua confiabilidade intra e interexaminadores em uma amostra de 68 idosos, comunitários, com dor crônica não oncológica. A adaptação transcultural da escala foi feita conforme metodologia padronizada por Beaton e cols. (2000). Para análise estatística foram usados os coeficientes de correlação de Pearson (CCP) e intraclasse (CCI) (p0.05). A média de idade dos idosos foi 69,6  5,5 anos, predominando as mulheres, de baixa renda e escolaridade. O tempo médio de evolução da dor foi 10,2 anos e o principal diagnóstico clínico foi a osteoartrite. A confiabilidade da escala mostrou-se adequada com correlação regular a muito forte com CCP (0,60 a 0,93) e moderada a quase perfeita com CCI (0,60 a 0,93), principalmente nas subescalas de controle ao acaso e médicos e profissionais de saúde. Verificou-se a aplicabilidade da escala na amostra estudada.

Palavras chaves: dor crônica, locus de controle, confiabilidade, adaptação transcultural, idosos.

Abstract

The present study performed the cross-cultural adaptation of the Pain Locus of Control Scale for Brazil and assessed its intra and inter-examiner reliability among a sample of 68 elderly individuals with non-oncological pain living in the community. The cultural adaptation of the scale was performed using the methodology standardized by Beaton et al. (2000). Pearson’s correlation coefficient (PCC) and the intraclass correlation coefficient (ICC) were used for the statistical analysis (p0.05). Average age of the subjects was 69.6  5.5 years; most were women, with low levels of income and schooling. The average evolution time of pain was 10.2 years and the main clinical diagnosis was osteoarthritis. The reliability of the scale proved adequate, with a regular to very strong PCC (0.60 to 0.93) and a moderate to nearly perfect ICC (0.60 to 0.93), principally in the chance control and medical and

healthcare professionals subscales. The applicability of the scale was verified with the sample studied.

Key words: chronic pain, locus of control, reliability, cross-cultural adaptation, elderly.

A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) tem considerado o ano de 2007 como o ano de combate a dor crônica no idoso. Estimativas indicam que 80 a 85% dos idosos apresenta um problema de saúde que os predispõe ao desenvolvimento de dor crônica (Moosey, Gallagher e Tirumalasetti, 2000 e Rossetto, Dellaroza, Kreling e Cruz, 1999). As repercussões da dor crônica na qualidade de vida do idoso envolvem sua associação com depressão, incapacidade e mortalidade (Andersson, 2003; Schuler, Hestermannn, Oster e Hauer, 2004). Inquéritos populacionais brasileiros mostraram que mais de 60% dos idosos, referiram apresentar doenças crônicas potencialmente causadoras de dor (Almeida, Barata, Montero e Silva, 2002; Ramos, 1998). A alta prevalência de dor crônica demanda a utilização

de maiores recursos financeiros e de saúde refletindo negativamente nos sistemas de saúde, no indivíduo e na sociedade (Geertzen, Van Wilgen, Schrier e Dijkstra, 2006).

Estudos relacionados à experiência de dor persistente apontam para a necessidade de considerar a sua avaliação e tratamento em uma perspectiva baseada no modelo

biopsicossocial preconizado pela Organização Mundial de Saúde (Ustun Chatterji,

Bickenbach e Kostanjsek, 2003). Nesta proposta, são considerados os fatores psicológicos, sociais, de atitude pessoal e o ambiente físico no qual o indivíduo vive bem como suas conseqüências, juntamente com os fatores somáticos (Geertzen e cols., 2006; Moosey e cols., 2000, Ustun e cols., 2003).

A dor é conceituada como uma experiência multidimensional que envolve aspectos neurofisiológicos, bioquímicos, psicológicos, emocionais, étnico-culturais, religiosos, cognitivos, afetivos e ambientais que juntos, determinam o comportamento do indivíduo, individual e subjetivo, diante da dor (Geertzen e cols., 2006; Perez, 2006). A literatura aponta também, que os fatores psicológicos, sociais e demográficos exercem um papel relevante no início e na perpetuação dos sintomas de dor, na predisposição à transição de dor aguda para crônica e parecem ser importantes para predizer a duração da dor crônica e os

comprometimentos funcionais advindos desta (Andersson, 2003; Schuler e cols., 2004). Neste contexto, associada à tendência atual de traçar abordagens e medir os resultados de

intervenção focados nas expectativas de cada paciente, surge a necessidade de estudar os aspectos emocionais, cognitivos e sócio-culturais relacionados com a experiência de dor persistente.

Entre os fatores relacionados à percepção da dor destaca-se a percepção do local (locus) de controle da dor do indivíduo. O locus de controle é baseado em um construto criado para explicar a percepção ou crença das pessoas sobre quem ou o que detém o controle sobre sua vida. O locus de controle teve seu construto baseado na teoria do aprendizado social proposta por Albert Bandura (1940) e Jullian Rotter (1954) e tem se tornado fundamental para entender como as expectativas e crenças, se relacionam aos comportamentos e atitudes, frente às condições de saúde (Dela Coleta, 2004, p. 199). A teoria postula que, baseado nas experiências pessoais previamente vividas de sucesso ou fracasso, e nas causas atribuídas a estes acontecimentos, as pessoas adquirem uma percepção da fonte de origem e controle de suas condições de saúde (Dela Coleta, 2004). Atualmente, há relatos da existência de duas fontes nas quais o indivíduo pode perceber predominantemente quem ou o quê detém o controle da sua saúde: internamente (o indivíduo percebe que os eventos relacionados à sua saúde são controlados por ele mesmo) ou externamente, que subdividi-se em: controle ao acaso (o indivíduo percebe que os eventos relacionados à sua saúde são controlados por fatores tais como: azar, sorte ou destino) ou por pessoas poderosas (profissionais de saúde, familiares e outras pessoas) (Wallston e Wallston, 1978).

Embasados nesta teoria Wallston e Wallston (1978), formularam a escala Multidimensional Heath Locus of Control (MHCL) (formas A e B) desenvolvidas para avaliar o locus de controle da saúde. As formas A e B desta escala já foram traduzidas e adaptadas para o Brasile suas propriedades psicométricas já foram observadas na população brasileira (Pasquali, São Paulo, Bianchi e Solha, 1994; Rosero, Ferriani e Dela Coleta, 2002). Os autores da escala e outros pesquisadores defendem que as formas A e B são baseadas em uma expectativa generalizada dos estados de saúde e apontam que a percepção do locus de controle será diferente em condições e situações específicas de saúde. (Luszczynska e Schwarzer, 2005; Wallston, 2005). A partir desta observação, os autores da escala original propuseram o desenvolvimento de uma escala para avaliar a percepção do locus de controle em condições específicas de saúde tais como a dor. Essa escala foi denominada: forma C.

A análise fatorial de componentes principais da forma C revelou quatro dimensões nas quais o indivíduo pode acreditar: no locus de controle interno, no acaso, nas outras pessoas e nos médicos e profissionais de saúde (Wallston, Stein e Emiyh, 1994). Dentro do construto de locus de controle referente à dor, estudos têm demonstrado que os indivíduos que percebem o controle da dor predominantemente externo (por outras pessoas poderosas ou ao acaso) possuem menor habilidade para controlar e diminuir os sintomas álgicos, maior incapacidade funcional, exibem mais alterações psicológicas, utilizam mais dos serviços de saúde e das estratégias de enfrentamento baseadas no repouso, preces e catastrofismo (Gibson e Helme, 2000; Kurita e Pimenta, 2004; Rosero e cols., 2002). Em contra partida, indivíduos que possuem uma percepção de controle preferencialmente interno descrevem a dor com menor freqüência e intensidade, possuem limiar de dor mais alto, maior habilidade para controlar a dor, melhorar a funcionalidade e utilizar estratégias de enfrentamento focadas no problema. Estes indivíduos apresentam também menor incapacidade funcional e psicológica, maior

integração social e melhores condições de saúde (Couglin, Bandura, Fleisher e Guck, 2000; Toomey, Mann, Abashian, Carnirike e Hernandez, 1993)

Apesar do locus de controle ser um fator identificado como relevante e bastante estudado, no Brasil, na revisão de literatura realizada para o presente estudo, foram encontrados poucos estudos utilizando o construto de locus de controle da saúde e da dor. Não foi encontrado nenhum estudo publicado, metodologicamente padronizado de tradução, adaptação transcultural e análise das propriedades psicométricas da forma C da escala para a avaliação do locus de controle da dor para os idosos brasileiros.

O objetivo do presente estudo foi realizar o processo de tradução e adaptação transcultural do instrumento Pain Locus of Control Scale (forma C) para idosos brasileiros com dor crônica residentes na comunidade e testar a confiabilidade intra e interexaminadores da versão brasileira do instrumento nesta população.

Método

No documento Louise Guimarães de Araújo (páginas 67-74)