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No final de 1990, a FDC foi procurada por alguns dirigentes de empresas de Minas Gerais que

5 As informações sobre o PAEX estão disponíveis nos sites <http://lanic.utexas.edu/pyme> e <http://www.fdc.org.br/parcerias>. Foram também obtidas em entrevistas com dirigentes das empresas, professores e diretores da FDC, além da experiência do próprio pesquisador com a parceria.

manifestaram sua preocupação diante do cenário a ser enfrentado por suas empresas. Por um lado, havia uma ameaça de abertura da economia pelo governo do Presidente Fernando Collor de Melo e, por outro, um movimento sindicalista ativo e com um forte poder de pressão sobre as empresas. Os dirigentes manifestaram sua perplexidade diante da situação e solicitaram à FDC, como instituição de formação de executivos e empresas, apoio para a compreensão e a superação desse desafio.

No início, a FDC, em resposta a essa demanda, propôs um programa de desenvolvimento, com cursos e seminários de formação. A idéia foi prontamente rechaçada. Os dirigentes estavam em busca de algo menos tradicional e que gerasse impacto e transformação efetiva em suas empresas e no ambiente geral em que atuavam.

A FDC optou, então, por realizar um seminário com esses dirigentes para, juntamente com eles, definir a forma, pressupostos, objetivos, critérios e regras de funcionamento de uma parceria.

Naquele seminário foram inicialmente consensados os Fatores-Chave de Sucesso (FCS) para tornar as empresas competitivas. Esses fatores são apresentados no Quadro 16.

Fatores-chave de sucesso

(FCS) Especificação

Tecnologia Processo, produtos, serviços, gerenciamento, gestão Qualidade Produto, serviço

Capacitação e qualificação

da mão-de-obra Técnica e gerencial

Visão estratégica Mercado, concorrência, fornecedores, negócio, objetivos, avaliação e resultados Conhecimento de mercado Monitoramento da concorrência

Confiabilidade Produto e serviço

Imagem Opinião pública

Orientação para o cliente Satisfação do cliente, rapidez de comunicação, assistência técnica Preço Competitivo no mercado nacional e internacional

Pontualidade Entrega, atendimento

Agilidade Decisões, negociações, soluções

Flexibilidade Processo produtivo, normas não rígidas, parcerias, adaptação, inovação Produtividade Aumento da capacidade produtiva

Parceria Fornecedores, clientes, consumidores Equipe Mobilização, comp rometimento, recompensa Custo competitivo Produtos e serviços

Quadro 16 - Fatores-chave de sucesso para a competitividade Fonte: SILVA JR., 1995, p.10.

Com base nesses FCS, os participantes do seminário definiram a formatação inicial do PAEX, com um conjunto de campos de resultados e mecanismos de implementação, conforme mostra

o Quadro 17.

Campos de Resultados

Pessoas Tecnologias Negócios/Recursos Empresa/ Sociedade Intercâmbio X X X Desenvolvimento de Metodologias X X X Treinamento/ Desenvolvimento X X M E C A N I S M O S Ações conjuntas X X X

Quadro 17 - Campos de resultados e mecanismos do PAEX Fonte: SILVA JR., 1995, p.10.

Do lado dos mecanismos, intercâmbio ficou definido como a troca de experiências entre as empresas parceiras, buscando o aperfeiçoamento da gestão da empresa pela incorporação de tecnologias já utilizadas em outras, na perspectiva de que toda empresa possui algo a ensinar para outra. Desenvolvimento de metodologias significava a busca conjunta de novas técnicas e processos de gestão que, gerados coletivamente, acumulam conhecimento com recursos compartilhados. Treinamento e desenvolvimento, por sua vez, significava a formação qualitativa do quadro gerencial das empresas, gerando motivação, reciclagem e atualização de conceitos. Por último, ações conjuntas indicavam a possibilidade de, coletivamente, duas ou mais empresas viabilizarem uma ação integrada no desenvolvimento de interesses comuns, ligados ao negócio ou à operação da empresa.

Com base nesses mecanismos, estabeleceu-se que a rede procuraria gerar resultados para as empresas nos campos de pessoas (em termos de disponibilização de pessoal mais qualificado e comprometido com o processo de gestão), tecnologias (oferecendo conteúdos e processos relativos às modernas práticas de gestão), negócios/recursos (com a viabilização de parcerias tecnológicas) e empresa/sociedade (na difusão dos resultados da parceria para a sociedade e o sistema empresarial).

Como pressupostos, foram estabelecidos: foco no aprendizado em grupo; introdução de um processo de intercâmbio de experiências; ajuda mútua e reflexão sobre as melhores práticas empresariais; desenvolvimento, adaptação conjunta e implementação de tecnologias de gestão em cada empresa; capacitação do grupo de executivos nos conceitos e práticas da gestão

empresarial; e, desenvolvimento de projetos aplicativos voltados para a realidade específica de cada empresa. Esses aspectos serão detalhados no item 4.4 em que os fundamentos da PAEX são apresentados.

Como critério para a participação, definiu-se que a parceria seria destinada preponderantemente, mas não exclusivamente, a empresas de médio porte7, que desejassem melhorar sua gestão, garantindo competências empresarial e gerencial e cujos empresários estivessem abertos para a mudança e comprometidos com a proposta do PAEX. Além disso, decidiu-se que seria necessário buscar empresários com disposição para dedicar seu tempo e o de seus colaboradores nas atividades da parceria e que acreditassem no intercâmbio e na sinergia com dirigentes de outras empresas como forma de promover o desenvolvimento da sua própria organização.

O principal benefício a ser obtido, definido pelas empresas parceiras do PAEX, era o da melhoria da competitividade e dos resultados empresariais. Para isso, foram estabelecidas metas em campos de resultado da empresa (econômico-financeiro; mercado e imagem; patrimônio humano; tecnologia e processos; qualidade para o cliente). A idéia era a de que a FDC asseguraria às parceiras a qualidade do processo de aprendizagem que, se adotado por elas, levaria ao alcance das metas contratadas.

Adicionalmente, as empresas do PAEX8 receberiam outros benefícios, tais como:

? aprendizagem proporcionada pelas condições privilegiadas do intercâmbio;

? ordenamento dos esforços internos para melhorar a gestão;

? desenvolvimento e atualização permanente do presidente e dos dirigentes;

? ampliação dos horizontes da empresa através do contato com o “estado de arte” da gestão empresarial;

? desenvolvimento de projetos aplicativos adequados à realidade da empresa;

? criação de oportunidades de negócios através da Rede.

7 Considerando-se como empresas de médio porte aquelas cuja faixa de faturamento anual apresenta-se entre R$ 5 milhões e R$ 200 milhões, em valores de janeiro de 2002.

8 RELATÓRIO final do Programa Parceiros para a Excelência (PAEX). Projeto ATN/MH-5418-RG(BR). Disponível em: <http://lanic.utexas.edu/pyme/esp/socio/fdc/paexfinal.htm>.

A partir da experiência acumulada nos primeiros cinco anos de implantação do primeiro grupo, em que a dinâmica e estrutura da parceria foram evoluindo com as sugestões das empresas, foram formados, a partir de 1997, novos grupos em regiões distintas, baseados nos mesmos pressupostos. No momento em que se realiza a presente pesquisa, a parceria reúne sete grupos distribuídos em cinco estados brasileiros e um grupo no Paraguai, totalizando 65 empresas dos segmentos da indústria, comércio e serviço.