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3.2 ENSAIO 2 “PAPOS DE ANJO”: CONVERSAS SOBRE ALEGRIAS POLÍTICAS, LITERATURA E ESCOLA

3.2.1 Antes de chegar ao céu

No tecer das palavras “antes da chegada ao céu”, necessito retomar dois conceitos já abordados na seção Ponto de tecer pesquisa: o de família estética e o de afeto. Começarei pelo conceito de família estética e, na sequência, abordarei os conceitos de afeto.

Construir uma família estética é algo curioso e muito semelhante à constituição de uma família que compartilha laços sanguíneos. Affonso Romanno de Sant’Anna, ao escrever sobre a família estética, na crônica Iniciação Estética, presente no livro Mistérios Gozosos, registra:

Às vezes, uma casa nem tem livros exatamente, e um dia um filho ou filha aparece com um Kafka ou um Brecht nos braços,e os pais nem sabem direito o que é aquilo. Ninguém na casa toca algum instrumento, e de repente o filho começa pela flauta e chega ao oboé. Ninguém na casa pinta, e de repente a filha começa a encher a sua vida de cores e volumes. Neste caso, o adolescente está descobrindo a terceira dimensão de si mesmo. Os pais percebem que o filho ou a filha está construindo um grupo de amigos imaginários, possivelmente uma outra família, a sua família estética, que às vezes sobrevive à própria família natural. (SANT’ANNA, 1994, p.68)

Dialogam com o conceito de “família estética”, as ponderações feitas por Luciana di Leone acerca do afeto na poesia contemporânea brasileira e argentina, no livro Poesia e Escolhas Afetivas: edição e escrita na poesia contemporânea. Leone (2014,

p. 1384)44, na citação já referida, escreve que “o afeto, ao mesmo tempo, ancora e mobiliza, inscreve e endereça, identifica e propicia o devir, estabelece genealogias e tira os filhos de casa”.

Acredito que a formação de uma família estética começa com uma matriarca, ou um patriarca, seja uma escritora, um artista plástico, uma compositora, alguém que motivou uma alegria primeira, ou uma alegria cultural. Alegria da descoberta de algo que agrada, que embeleza, que provoca leituras, que fomenta inquietações, que afeta. Quando a alegria desse encontro se dá na escola, temos a alegria cultural escolar.

Foi afetada pela literatura de Sylvia Orthof que comecei a minha família estética e, ao começar a estabelecer genealogias, para usar o termo de Leone, reencontrei as produções de Fanny Abramovich. Uso o verbo “reencontrar”, pois na constituição da minha família estética, aconteceu algo peculiar. Sylvia Orthof, cujo livro Fada Fofa, Onça-Fada (1998a) eu conheci e me encantei durante a infância, é a escritora que considero como matriarca da minha família estética, mas a leitura de sua obra ficou adormecida durante os primeiros anos da minha adolescência.

Pelos idos dos meus treze anos, no período das férias escolares, descobri o livro Cruzando caminhos (1998a), de Fanny Abramovich. Recordo de me deliciar com as histórias de quatro adolescentes - Nelson, Cléa, David e Leila - durante um feriado na praia. O texto de Fanny Abramovich aborda as descobertas da juventude, como: a primeira relação sexual, e a afinidade com uma turma que compartilha os mesmos interesses. O mesmo final de semana é narrado sob quatro óticas distintas e é curioso observar como situações podem ser alteradas, conforme se altera o narrador. Após a leitura de Cruzando Caminhos, tal como a nossa relação com aquela tia que vive viajando, passei uma temporada sem encontrar os escritos de Fanny Abramovich.

Antes de continuar, parênteses para explicações: na seção introdutória Ponto de tecer pesquisa, peço licença para me referir a Sylvia Orthof pelo primeiro nome, me valendo de uma intimidade familiar, posto que Sylvia faz parte da minha família estética. Se Sylvia faz parte da minha família estética, como a matriarca, visto a minha relação com a sua obra ter me marcado logo na infância, Fanny Abramovich também integra essa família. É por essa intimidade familiar que também peço licença para me referir à Fanny Abramovich pelo primeiro nome. Penso em Fanny de dois modos.

44 Na citação “p.” corresponde à “posição”, visto que o texto foi lido em um leitor digital cujas páginas não são numeradas.

Primeiro, como aquela tia que gosta de contar histórias sobre a família, pois foi através de sua obra que eu conheci algumas facetas de Sylvia. Segundo, como aquela prima que compartilha comigo a mesma profissão pois, foi através da leitura de textos de Fanny que eu aprendi muitas lições sobre o fazer pedagógico. Discorrerei de forma mais ampliada nos próximos parágrafos.

Ao entrar no curso de licenciatura em Pedagogia, interessada nos diálogos entre a literatura e a educação, conheci a professora Fanny Abramovich através dos livros Literatura infantil: gostosuras e bobices(1991a) e O estranho mundo que se mostra às crianças(1983a). Não a reconheci como a escritora cujo livro havia marcado a minha adolescência, mas me encantei com a faceta educadora de Fanny Abramovich.

Nos meados do curso de licenciatura em Pedagogia, eu comecei a me dedicar à leitura e estudo da obra literária de Sylvia Orthof e foi, a partir desse estudo, que eu reencontrei a Fanny Abramovich escritora. Ao ler Livro Aberto: confissões de uma inventadeira de palco e escrita(1996), a dedicatória do livro Ervilina e o Princês ou Deu a Louca em Ervilina (1986), ambos de Sylvia Orthof, e também Sylvia Sempre Surpreendente(2007), de Fanny Abramovich, descobri sobre a amizade entre Sylvia e Fanny Abramovich. Segui pistas deixadas nas obras de ambas, tentando descobrir mais sobre essa amizade entre as escritoras.

Hoje, após o início da minha aproximação das reflexões sobre o afeto a partir de Spinoza e do afeto na literatura contemporânea, pelos escritos de Leoni, concluo que o encontrado, na produção literária de Sylvia Orthof e Fanny Abramovich, foram marcas não só de amizade, mas marcas de afeto através da amizade. Afeto que pode ser lido através de referências implícitas e explícitas a uma ou outra, como sujeitos, ou às suas produções literárias. Como exemplificação, cito excertos dos livros O fantasma travesti e Ervilina e o Princês, ambos de Sylvia Orthof.

Em O Fantasma travesti, romance escrito por Sylvia Orthof que não é destinado, a priori, ao público infantil, podermos ler:

De repente, surgiu na minha cabeça a minha amiga ruiva de São Paulo. Será que ela vai ler o livro?

Estamos cercados de opiniões. A opinião dela, posso imaginar: estará retorcida sobre uma almofada de cetim, fumando, o telefone ao lado. Num canto da casa, seu retrato, abraçada ao Fidel Castro. Não é montagem. Gosto desta amiga. Se ela não gostar do livro, nem vou ligar? Claro que vou ligar! [...] (ORTHOF, 1988, p. 67)

É preciso ressaltar, quem assina a orelha do livro é a própria Fanny Abramovich, que, entre outras impressões provocadas pela leitura de “O Fantasma Travesti”, enfatiza:

é descobrir uma Sylvia Orthof também triste, melancólica, dilacerada, terna, que encara os sofrimentos (tantos... tantos), as angústias, as dúvidas... Que duma forma linda, linda, nos causa assombramentos vitais. Não nos conta dos “Bichos que tive” (seu melhor livro infantil) mas dos bichos que somos... Arrepiante!!! (ABRAMOVICH, 1988)

É importante registrar que sabemos que “a amiga ruiva de São Paulo” é Fanny Abramovich, pela leitura de livros biográficos e autobiográficos, como os já referidos Sylvia Sempre Surpreendente, de Fanny Abramovich - livro que narra histórias da amizade entre ambas - e Livro aberto: confissões de uma inventadeira de palco e escrita, de Sylvia Orthof, além da dedicatória do livro Ervilina e o Princês, de Sylvia Orthof, cuja página segue copiada.

Figura 23 – Dedicatória do livro Ervilina e o Princês

(ORTHOF, 1986)

A ilustração da dedicatória corresponde à descrição da “amiga ruiva de São Paulo”, feita por Sylvia Orthof no livro O Fantasma Travesti.

Foi seguindo as marcas de afeto espalhadas pelas publicações das autoras que posso contar: Fanny e Sylvia se conheceram, quando ambas eram juradas de um concurso de dramaturgia infantil. Sylvia convidou Fanny para assistir à apresentação do espetáculo A viagem de um barquinho, escrito e dirigido por ela, no qual, a Fada

Carioca ainda atuou como lavadeira. Depois do espetáculo, as escritoras foram tomar um suco de frutas, conversaram e, desde então, engataram amizade. Esse fato e outros episódios relatados no presente texto acerca da amizade entre Sylvia e Fanny podem ser lidos no livro já mencionado: Sylvia Sempre Surpreendente.

A Fada Carioca e a Cigarra Ruiva, como Sylvia costumava se referir à Fanny, não compartilhavam somente o grande apreço pelas histórias e pelas crianças, compartilhavam também a descendência judia, muito embora Sylvia só descobrisse sua descendência aos doze anos. Fanny conta:

Como os pais viviam cochichando, falando baixinho pelos cantos, ficando longe das janelas, sempre achou que eram nazistas. Mais que isso, espiões nazistas!

Boquiabertei! Caímos na gargalhada. Pais judeus como espiões nazistas no Rio de Janeiro! Só numa cabeça fora de qualquer parâmetro conhecido. Irrompeu ali a minha admiração incondicional pela Sylvia. Nunca mais diminuiu. Só cresceu e se agigantou! Ela no Rio, eu em São Paulo, começamos a nos corresponder. (ABRAMOVICH, 2007, p. 31)45

A amizade, à distância, entre as autoras rendeu muitas cartas, telegramas, telefonemas demorados, trocas de presentes.

Por anos recebi cartas e cartinhas da Sylvia, me chamando de cigarra desvairada ou cigarra ruiva. Desenhos especialmente feitos, paninhos colados sobre bois-bumbás, estrelas e luas em adesivos prateados, dizeres em português com letras pseudo-hebraicas. Hilários; Um desenho da minha ilustre pessoa, cercada de anjinhos sexy acenando prum papo pouco angelical, rabinos barbudos anunciando que ela – uma judia – recebeu encomenda da Telerj pra escrever vinte histórias natalinas. Aceitou e escreveu! [...] Cartões e cartinhas abraçantes por qualquer pretexto. Sempre diferentes, sempre divertidos, sempre únicos. Marca digital da Sylvia. [...] Ficávamos horas batendo papo por telefone. Em geral, no final da tarde. Sobre qualquer assunto. Desimportâncias e importâncias. Assunto puxando assunto, fofocas pululando, contação de idéias, de quebra-paus, de descobertas, de vexames vexaminosos. (ABRAMOVICH, 2007, p. 33)

Ao ler sobre a troca de cartas entre Sylvia e Fanny, recorro aos estudos de Lícia Beltrão em sua tese, A escrita do outro: anúncios de uma alegria possível. Inspirada na carta a Lobato que Mary Arapiraca escreve para concluir a sua tese, Prólogo de uma paidéia lobatiana fundada no fazer especulativo: a chave do tamanho, Beltrão escreve Cartas a uma orientadora cúmplice. Na segunda carta, a pesquisadora tece

45No livro “Se a memória não me falha” e também em “Livro Aberto: confissões de uma inventadeira de palco e escrita”, podemos conhecer um pouco mais sobre a história familiar de Sylvia Orthof e sobre o episódio em que descobriu a sua descendência judia.

considerações sobre os usos da carta de foro íntimo, no fazer literário e no contexto educacional.

Ao visitar as correspondências trocadas entre Fernando Sabino, Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, presentes no livro Carta para mim, de Paulo Mendes Campos, a pesquisadora captura nos textos o aspecto da amizade e o lê em diálogo com as considerações de Jorge Larrosa no texto Sobre a lição ou do ensinar e do aprender na amizade e na liberdade: a amizade seria uma unidade que suporta e preserva a diferença: “um nós que não é senão a amizade de singularidades possíveis” (LARROSA, 2009, apud BELTRÃO, 2006, p. 237).

O estudo de Beltrão (2006) desperta a minha curiosidade para visitar os escritos de Larrosa, nos quais eu capturo um excerto que me remete à amizade entre Sylvia e Fanny: “[...] a amizade de ler com implica-se na amizade de aprender com, no se en- con-trar do aprender.” (LARROSA, 2017, p. 2922)46 Penso que, mesmo distantes fisicamente, Sylvia e Fanny, através das correspondências, dos textos de literatura e de crítica literária trocados, liam uma com a outra, aprendiam uma com a outra, se encontravam no aprender.

Sylvia, no Rio de Janeiro, se aventurando pela literatura, escrevendo e ilustrando os mais de cento e vinte livros publicados. Livros sobre fadas e bruxas fora dos padrões, anjinhos pouco angelicais, bichos-do-pé de estimação, luas apaixonadas e indignadas, galinhas revolucionárias, ovelhas que gostavam de feijoada, chaleiras que são mães, velhotas atrapalhadas, meninas que descobrem o encanto do teatro e até fantasmas travestis. Sylvia também se aventurando pelos palcos, nunca esquecendo sua paixão primeira. A Fada Carioca coordenou muitos grupos de teatro, entre eles o Teatro do Livro aberto, em que adaptam para o teatro os livros de literatura infantil escritos por Sylvia.

Enquanto isso, em São Paulo, Fanny dedicando-se a fazer palestras, ministrando cursos, escrevendo livros, sempre pensando a educação em contexto macro, o ensino de artes plásticas, a formação de professores, as práticas pedagógicas, a cultura da infância e a literatura infantil. Fanny também se dedicou à crítica literária e, mais tarde, à escrita de textos literários. Entre os livros publicados por ela, podemos citar: Quem educa quem? (1985), Que raio de professora sou

46Na citação “p.” corresponde à “posição”, visto que o texto foi lido em um leitor digital cujas páginas não são numeradas.

eu?(1991b), Professor não duvida! Duvida?(1998b), ambos voltados para o trabalho docente. Entre os literários, podemos citar: Cruzando caminhos(1998a), Quem manda em mim sou eu(2004), De surpresa em surpresa(2008) e Dias difíceis(2002). A escritora também publicou o livro autobiográfico Ziguezagues: andanças de uma educadora e escritora (1996).

Ao lermos os livros escritos por Fanny e Sylvia, podemos encontrar algumas das facetas das autoras como as suas concepções educacionais, suas concepções de criança, suas relações pessoais e profissionais e seus posicionamentos políticos e ideológicos. Somados a esse aspecto estão as marcas de amizade e afeto entre as escritoras que podem ser lidas em diálogo com a alegria cultural. O lugar da amizade na alegria cultural está em aprender com o outro, em se aproximar da cultura com a ajuda do outro ou junto ao outro. Pelos escritos de Fanny e Sylvia, podemos perceber o quanto uma aprendia com a outra.

Sylvia e eu fomos amigas de sempre. De cara. Sem possibilidade de recuar no afeto. Encantamento total. Primeiro como companheiras de ofício, centradas em crianças. Ela como escritora, eu como crítica. Falei da importância da literatura dela em jornais, televisão e livros para professores. Mais tarde, fiz várias orelhas e prefácios para seus livros. Li muitos de seus escritos, antes dela enviar para alguma editora publicar... quando estancava, duvidando da qualidade deles. Aplaudi muitos, sugeri reescrever uma ou outra parte de vários. Uma vez bronqueei. Achei a tal escrevinhação preguicenta, muitos pontos abaixo do seu talento. Ela nem pestanejou. Reescreveu inteirinha. Contou isso no seu livro-depoimento Livro Aberto. Continuamos superpróximas quando eu engatinhava numa iniciante ficção. [...] Sempre tive a maior admiração pela cabeça dela. Queria que ela me emprestasse aquela cabeça, por uns quinze minutos. Pra eu também ver o que não percebia, misturar o imisturável, enxergando o mundo com aquele olhar que só ela tinha. ( ABRAMOVICH, 2007, p. 37-38)

A potência afetiva dessa amizade, na qual havia espaço para aprendizagens, que me inspira a escrever este ensaio no qual discorrerei sobre o diálogo entre a produção literária de Sylvia Orthof e as “as alegrias políticas” ou “alegrias da ação”, categoria que integra o conceito macro de “alegria cultural escolar”, e a potência para a criação de proposições pedagógicas a partir desse diálogo.

Da obra de Sylvia Orthof, a pesquisa foi realizada nos livros que compõem o mote “Sylvia Othof e a Política”, são eles: Papos de anjo (2014), Quem roubou meu futuro? (2004), Mudanças no galinheiro mudam as coisas por inteiro (2015), Ervilina e o Princês ou Deu a louca em Ervilina (1986) e O fantasma travesti(1988).Da obra de Georges Snyders, foram valorizados os escritos que tratam da alegria que o autor

denomina de “alegrias da ação”, presentes nos livros Alegria na escola(1988), Feliz na universidade: estudo a partir de algumas biografias(1995) e Alunos felizes: reflexão sobre a alegria na escola a partir de textos literários(1993). Somam-se a esses dois acervos, as palavras dos pesquisadores Antonio Campos, Jonas Medeiros e Marcio Ribeiro sobre a ocupação estudantil das escolas públicas em São Paulo no ano de 2016. Esse fato foi capturado, pois o compreendo como relevante no cenário educacional brasileiro e, principalmente, por se apresentar como possibilidade para o tecer de reflexões acerca das alegrias políticas.

Conforme explicitado em Pontos de tecer pesquisa, para a escrita do presente ensaio, optei pela simulação de um diálogo entre as autoras, fundamentado na “filosofia do como se”, de Hans Vaihinger (2011), que ressalta a contribuição dos constructos ficcionais para a produção científica. A estratégia utilizada foi motivada pela leitura de três textos: Literatura infantil: reflexões sobre o termo atrelado – infantil (2012), escrito por Lícia Maria Freire Beltrão, em que a pesquisadora desloca os dizeres de teóricos sobre leitura e literatura infantil e os entrega aos integrantes do Sítio do Picapau Amarelo, para que eles dialoguem acerca de concepções, da história da literatura infantil e dos seus usos pedagógicos; Senhor da Linguagem e Invencionices pela Paz: Entrevistando Monteiro Lobato(2002), de autoria de Mary de Andrade Arapiraca, texto em que a pesquisadora estabelece um diálogo ficcional com o pai da literatura infantil brasileira; e por fim, o livro Sylvia Sempre Surpreendente (2007), de Fanny Abramovich. Nele, a autora textualiza, conforme imagina, a chegada de Sylvia ao céu. Inspirada nesses textos, no ensaio ora iniciado, eu textualizo, como imagino, a chegada de Fanny ao céu, o que também se configura como uma forma de homenagear postumamente Fanny, cujo falecimento aconteceu no mês de novembro de 2017, enquanto a minha pesquisa se encontrava em curso.

Não posso deixar de ratificar, conforme já exposto na seção Ponto de tecer pesquisa, que as proposições pedagógicas do presente ensaio não foram registradas em seções específicas, como no ensaio Dos trilhos às trilhas da invenção, da música e das artes visuais: Sylvia Orthof e Tato Gost em diálogos intertextuais, mas aparecem distribuídas ao longo do texto.

Feitas essas considerações, vamos “saracotear no céu”47 com Sylvia, Fanny e conferir os diálogos entre a produção literária de Sylvia Orthof e as alegrias políticas.