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2.3 USOS DAS GEOTECNOLOGIAS PARA O PLANEJAMENTO E GESTÃO MUNICIPAL

2.3.1 Aplicação das geotecnologias

O uso das geotecnologias permitiu uma ampliação do referido campo de visada com relação às paisagens, resultando na observação de áreas muito maiores que aquelas observadas a partir de um determinado ponto na superfície terrestre. A variação das

resoluções espaciais das imagens orbitais permite trabalhar a paisagem em diferentes escalas, cujos recortes vão variar de acordo com a análise proposta, permitindo uma visão ampla e ao mesmo tempo detalhada de uma determinada área. Dependendo do nível de ampliação utilizada e considerando-se as limitações da resolução espacial utilizada, podem-se identificar elementos presentes na paisagem ou o conjunto dos elementos dela.

O uso dos Sistemas de Informações Geográficas – SIGs desempenha um papel importante no estudo da paisagem, permitindo criar uma base de dados espaciais, trabalhar com informações de variadas fontes e integrar dados que apresentam diferentes escalas (TURNER, 1990). Ao especificar a extensão da área de interesse e usar adequadamente a escala, obtêm-se como resultado a delimitação de padrões de paisagem.

Portanto, a escala a ser utilizada deve ser definida e especificada de acordo com a extensão da área a ser trabalhada, devendo ela encontrar-se de acordo com o objetivo do trabalho proposto. A principal dificuldade encontrada reside na disponibilidade de informações detalhadas da área a ser estudada, pois estas não se encontram disponíveis para muitas regiões (ANTROP, 1997).

O uso das imagens de satélite para estudos da paisagem contam com as observações em campo para validar as interpretações realizadas em laboratório, permitindo assim trabalhar em vastas áreas com um alto nível de confiabilidade dos resultados.

A mudança na paisagem na maioria das vezes é proveniente da ação antrópica e ocorre de forma diferenciada, influenciada diretamente pelos interesses econômicos, sociais e políticos, portanto, essas transformações não são uniformes no território. O uso das geotecnologias permite quantificar as áreas que se encontram em transformação ao longo do tempo de forma rápida e precisa.

Dentre as geotecnologias, o sensoriamento remoto se destaca por ser uma importante ferramenta no estudo das transformações da paisagem. O uso de imagens de satélite permite a caracterização dos padrões de paisagem e as mudanças que ocorrem nelas ao longo do tempo. A compreensão dessas mudanças, de suas causas e consequências, permite planejar e estabelecer diretrizes e ações para o gerenciamento local (KIENAST, 1993; SMALL, 2001).

As técnicas de geoprocessamento vêm sendo utilizadas no planejamento ambiental e nos estudos da paisagem há muitos anos. Os primeiros trabalhos ocorreram com a sobreposição de camadas (layers) contendo informações espaciais, como, por exemplo, nos trabalhos desenvolvidos por McHarg (1967). Dentre as técnicas mais utilizadas na atualidade, destaca-se o uso dos Sistemas de Informações Geográficas, que permitem a aquisição, atribuição de pesos, interação e análise de grandes quantidades de dados contextualizados no

espaço geográfico, cuja interação permite gerar novas informações espaciais e cujos resultados permitem classificar as tipologias da paisagem.

Segundo Ferreira et al. (2010, p. 13):

A difusão da cultura e do uso das geotecnologias, em especial dos SIGs irá permitir em um breve futuro que não apenas o Brasil, mas também os demais países, tenha um retrato mais preciso das condições e questões municipais a partir de um mosaico de informações de diferentes escalas e sobre diferentes aspectos do mesmo

O software livre SPRING (Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), desde 1991, se destaca como um dos principais Sistemas de Informações Geográficas.

Em 1986, a DPI (Divisão de Processamento de Imagens que é, atualmente, parte da Coordenação Geral de Observação da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) lançou o sistema SITIM (Sistema de Tratamento de Imagens) para o sistema operacional MS-DOS rodando em um microcomputador pessoal, compatível com IBM-PC. Com o objetivo de integrar as imagens digitais com mapas e com outras medições feitas diretamente no terreno, a DPI desenvolveu paralelamente, também para o ambiente MS-DOS, um sistema de informações geográficas denominado SGI. Os dois sistemas passaram a operar de forma integrada, dando origem ao que veio a ser conhecido como sistema SITIM/SGI. O SITIM/SGI foi utilizado por 150 universidades e institutos de pesquisa até 1994 (DPI-INPE 2010, p.1).

Com relação aos softwares comerciais utilizados no mundo, destaca-se o pacote da Environmental Systems Research Institute (ESRI), fundado em 1969, em Redlands/Califórnia (EUA), por Jack Dangermond, tornando o SIG o mais utilizado no mundo (ESRI, 2012).

Atualmente, observa-se um alto nível no desenvolvimento das tecnologias, resultando em imagens orbitais de excelente qualidade, apresentando grande evolução quanto à resolução espacial, espectral, radiométrica e temporal. Os softwares também apresentaram grande evolução tanto os gratuitos quanto comerciais, com uma série de inovações com relação às análises espaciais.

A inserção do universo computacional no estudo e planejamento das cidades trouxe novos paradigmas sobre a forma de entender, pensar e, sobretudo, agir sobre o espaço urbano. A plataforma virtual expande as possibilidades de ação do planejador, pois ele interage com a sociedade, bem como simula, inventa, imagina e recria o meio urbano em ambiente digital sem as restrições impostas pelas limitações de formas analógicas de abstração. As decisões e intervenções concretas sobre o mundo real são, antes de tudo, tomadas na esfera virtual (ALMEIDA, 2009, p. 29).

As geotecnologias permitem utilizar uma gama de conhecimentos com relação à realidade física e antrópica dos municípios, contribuindo para uma administração eficiente. As

ações antrópicas ocorrem sobre a paisagem e devem ter conhecimento das características e da localização das atuações, bem como dos possíveis problemas gerados, que facilitam a ação do poder público quanto ao planejamento e à gestão, tornando-as mais eficaz. Segundo JANNUZZI et al. (2009), a aplicação das técnicas de geoprocessamento permite à administração pública, o gerenciamento das inúmeras informações necessárias de forma rápida e precisa, permitindo uma visão abrangente da dinâmica municipal, bem como realizar relações espaciais ou lógicas.

Segundo Moura (2008, p. 5)

Os Sistemas de Informações Geográficas, ao buscarem formas de trabalhar com as relações espaciais ou lógicas, tendem a evoluir do descritivo para o prognóstico. Como um sistema, é um conjunto de partes que interagem; que não estão somente agregadas, mas sim correlacionadas. Em lugar de simplesmente descrever elementos ou fatos, podem traçar cenários, simulações de fenômenos, com base em tendências observadas ou julgamentos de condições estabelecidas, de modo a produzir informações espacializadas antes não perceptíveis.

Os Sistemas de Informações Geográficas permitem armazenar uma grande quantidade de dados contextualizados no espaço geográfico, o tratamento dos referidos dados resulta em análises de informações espaciais. O contínuo desenvolvimento e ensaio de novos métodos para análise espacial e temporal contribuirá para um entendimento geral da dinâmica da paisagem, sendo o SIG uma poderosa ferramenta que permite a análise de padrões da paisagem ao relacionar diferentes variáveis (TURNER, 1990).

Dentre as técnicas de análises de informações espaciais, destaca-se a análise de multicritérios que utiliza variáveis que compõem a superfície terrestre e que somadas representam as unidades paisagísticas, essas variáveis apresentam variações, mesmo aquelas pertencentes a uma mesma unidade de paisagem, permitindo assim identificar subunidades com base nas características das variáveis, de acordo com os pesos estabelecidos no processo de geração delas.

2.3.2 Uso dos sistemas de informações geográficas pelo poder público municipal como