Validação das unidades de paisagem

a) Morfologia da Paisagem x Sínteses de Interesse Ambiental e de Interesse Urbano Inicialmente identificaram-se as morfologias específicas de paisagem, sendo elas: “encosta íngreme”, “encosta suave”, “topo de morro”, “vale encaixado” e “vale espraiado”. Em seguida, procurou-se avaliar se a distribuição das áreas de interesse de preservação ambiental e se as áreas em condições de crescimento urbano estavam relacionadas a alguma dessas morfologias específicas de paisagem.

Para realizar essa avaliação, utilizou-se do processo de assinatura dos pontos referentes à morfologia em relação à Síntese de Interesse Ambiental (Figura 71) e em relação à Síntese de Interesse Urbano (Figura 72), o que demonstrou que as feições “encosta íngreme”, “encosta suave”, “topo de morro”, “vale encaixado” e “vale espraiado” encontram- se presentes em todas as áreas de interesse, tanto ambiental, quanto urbano, em função da grande variabilidade de morfologias de paisagem no município. A lista dos pontos coletados e as fotos de cada ponto coletado encontram-se nos Apêndices 3 e 4.

Constatou-se que não há predomínio de uma tipologia de morfologia de paisagem específica em alguma faixa de interesse de preservação ambiental ou de crescimento urbano.

b) Paisagens Especiais x Sínteses de Interesse Ambiental e de Interesse Urbano

Foram consideradas como paisagens especiais aquelas de singular beleza e que traduzem a essência do que caracteriza o município. As comparações entre as localizações das principais paisagens especiais com a Síntese de Interesse Ambiental e com a Síntese de Interesse de Expansão Urbana permitiram analisar se as áreas consideradas notáveis e de interesse de preservação estão em risco ou preservadas.

A partir da comparação, se constatou a concordância entre a presença de paisagens especiais e as áreas de interesse ambiental, bem como a presença de paisagens especiais em áreas urbana ou em seu entorno. Os processos de assinatura dos pontos referentes a paisagens especiais, junto à Síntese de Interesse Ambiental (Figura 73) e à Síntese de Interesse Urbano (Figura 74), demonstraram que há um predomínio das feições “campo rupestre”, “proximidade a afloramentos rochosos”, “proximidade a recursos hídricos” e “vegetação expressiva” nas áreas classificadas como de Médio, Médio-Alto e Alto interesse ambiental, assim como de Médio, Médio-Baixo e Baixo interesse urbano.

É importante salientar que apesar de haver o citado predomínio, constatou-se a presença de paisagens especiais nas áreas urbanizadas e em suas proximidades, áreas classificadas como de Médio-Alto e alto interesse urbano e, da mesma forma, existem paisagens especiais nas áreas de Médio-Baixo e Baixo interesse ambiental.

Em determinadas áreas urbanizadas, a paisagem encontra-se em constante processo de construção e reconstrução, o que pode fragilizar determinadas paisagens especiais, demandando uma maior atenção junto aquelas paisagens que se encontram preservadas. É necessário por em prática políticas de preservação que sejam capazes de equacionar os interesses divergentes existentes entre os produtores do espaço urbano, sejam eles públicos ou privados, com a preservação das paisagens especiais. A título de exemplo, constatou-se a realização de obras na sede do município voltadas à conservação de construções consideradas parte da paisagem notável do município (Figuras 75 e 76).

FIGURAS 75 e 76 - Obras na sede do município de Ouro Preto-MG.

c) Condição de preservação x Sínteses de Interesse Ambiental e de Interesse Urbano A identificação de tipologias de condição de preservação identifica representantes de áreas degradadas com voçorocamento, degradadas com área desmatada, degradadas com áreas de solo exposto, preservada com alterações na cobertura vegetal, preservadas com alterações antrópicas (urbano) e preservadas com cobertura vegetal.

Os processos de assinatura dos pontos referentes à condição de preservação, junto à Síntese de Interesse Ambiental (Figura 77) e à Síntese de Interesse Urbano (Figura 78), demonstraram que há uma concordância nos resultados obtidos. As áreas mais preservadas coincidem com áreas que foram indicadas como as mais importantes para a preservação, ao passo que as áreas que sofreram maior atuação da ação antrópica ao longo do tempo, apresentam um maior interesse para o processo de urbanização. A resposta sustenta as sínteses realizadas, pois o que se observa na realidade, ainda que de forma amostral, é realmente o que foi indicado nos mapas.

Ao realizar o processo de assinatura, considerando a condição de preservação nos distritos, percebeu-se que grande parte das áreas urbanizadas ou propícias à urbanização é caracterizada como urbano preservado (Figuras 79 e 80).

FIGURAS 79 e 80 - Área Urbana de Amarantina e de Lavras Novas caracterizadas como urbano preservado.

Em alguns pontos específicos constatou-se a presença de áreas degradadas, em alguns casos com a ocorrência de processos erosivos (Figura 81), demandando maior atenção com relação à ocupação dessas áreas.

FIGURA 81- Voçorocamento nas proximidades de Glaura

Em áreas de Médio interesse constataram-se alguns pontos específicos de ocorrência de áreas de pastagem e áreas desmatadas (Figura 82), o que demonstra uma tendência à redução do interesse ambiental futuro nas respectivas áreas.

FIGURA 82- Área de desmatamento entre a sede do município e São Bartolomeu

Conforme já esperado, a partir da análise da síntese gerada, conjuntamente com as observações realizadas "in loco", identificou-se que na sede do município, em alguns bairros é comum a identificação de área de ocupação localizadas em declive acentuado (Figura 83), ocupação em áreas de risco (Figura 84), com inúmeras ruas de difícil circulação (Figuras 85, 86, 87 e 88), apresentando locais com opções limitadas de acesso. Por outro lado, alguns bairros apresentam boa infraestrutura, com instalações urbanas nas áreas mais adequadas (Figuras 89 e 90).

FIGURA 84- Presença de casas próximas a áreas de risco na sede do município

FIGURAS 85, 86, 87 e 88- Trechos de vias urbanas da sede do município que apesar de serem de mão dupla permitem a passagem de um único veiculo por vez.

FIGURA 89 e 90 - Áreas urbanas que apresentam boa infraestrutura localizadas na sede do município.

Nas áreas de interesse ambiental, uma parcela das amostras coletadas corresponde a áreas “preservadas com alteração da cobertura vegetal” (Figura 91), estando presentes nas classes correspondentes a Baixo, Médio-Baixo, Médio e Médio-Alto interesse ambiental.

FIGURA 91 - Área classificadas com preservada com alteração da cobertura vegetal localizada entre a sede do município e São Bartolomeu

A classe “preservado com cobertura vegetal” encontra-se principalmente nas áreas de interesse ambiental (Figura 92), sendo que pode-se constatar a presença dessas áreas nas proximidades das áreas urbanizadas (Figura 93), com destaque para a sede do município e os distritos de Lavras Novas, Santo Antonio do Salto e São Bartolomeu.

FIGURA 93 - Área preservada com cobertura vegetal, localizada nas proximidades de Lavras Novas.

d) Uso e cobertura da terra x Síntese de Interesse Ambiental e de Interesse Urbano

O processo de assinatura dos pontos referentes ao uso e cobertura da terra junto à Síntese de Interesse Ambiental e à Síntese de Interesse Urbano vem comprovar a concordância entre as respostas obtidas. Algumas feições apresentaram maior variabilidade, principalmente ao considerar o fator proximidade das áreas urbanas ou das áreas ambientais.

O resultado foi sustentado pelas comparações, ao observar que as classes de uso e cobertura da terra que despertam maior interesse ambiental, tais como campo rupestre, cerrado, cerrado em regeneração e mata, correspondem principalmente às áreas classificadas como de Médio, Médio-Alto Alto interesse ambiental. Com relação à Síntese de Interesse Urbano, as respectivas classes de uso e cobertura estão classificadas principalmente como de Médio, Médio-Baixo e Baixo potencial para a ocupação urbana.

Por outro lado, as classes de uso e cobertura da terra que despertam maior interesse para a ocupação urbano, tais como desmatamento, sem cobertura vegetal, pastagem e a própria mancha urbana, correspondem principalmente às áreas classificadas como de Médio, Médio-Baixo e Baixo interesse ambiental. Estas mesmas tipologias de uso e cobertura da terra ocorrem em faixas de Médio, Médio-Alto e Alto interesse na síntese de potencial para a ocupação urbana.

Ao considerar a assinatura dos pontos referentes ao uso e cobertura da terra junto à Síntese de Interesse Ambiental (Figura 94), observa-se que as feições “campo rupestre”, “cerrado” e “mata”, apresentaram elevados graus de pertinência (Médio, Médio-Alto e Alto), sendo caracterizados como aqueles mais propícios à preservação. Por outro lado, as feições “pastagem”, “sem cobertura vegetal” e “área urbana” apresentaram na maioria das suas amostras baixos graus de pertinência (Médio-Baixo ou Baixo), ou seja, aqueles cujos interesses em preservação são pequenos ou não existem.

Ao considerar a assinatura dos pontos referentes ao uso e cobertura da terra junto à Síntese de Interesse Urbano (Figura 95), observa-se que as feições “campo rupestre”, “cerrado”, “mata”, “pastagem”, “sem cobertura vegetal” e “área urbana”, apresentaram em grande parte de suas amostras relações opostas de pertinência quando comparados à Síntese de Interesse Ambiental.

A partir do processo de assinatura, foram verificadas a morfologia, as ocorrências das paisagens especiais, o uso e a cobertura da terra e as condições de preservação e, posteriormente, foram cotejadas com as sínteses geradas, o que permitiu comparar os resultados com os dados coletados em campo. De maneira geral, as correspondências encontradas validam os resultados das sínteses de interesse ambiental e de interesse para a ocupação urbana.