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Conformidades e conflitos ambientais no município de Ouro Preto como apoio à gestão e planejamento municipal

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Academic year: 2017

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(1)

Universidade Federal de Minas Gerais

Instituto de Geociências

Departamento de Geografia

Jairo Rodrigues Silva

CONFORMIDADES E CONFLITOS AMBIENTAIS NO

MUNICÍPIO DE OURO PRETO COMO APOIO À GESTÃO E

PLANEJAMENTO MUNICIPAL

(2)

Jairo Rodrigues Silva

CONFORMIDADES E CONFLITOS AMBIENTAIS NO

MUNICÍPIO DE OURO PRETO COMO APOIO À GESTÃO E

PLANEJAMENTO MUNICIPAL

Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção ao título de Doutor em Geografia.

Área de concentração: Análise Ambiental

Orientadora: Profa. Dra. Ana Clara Mourão Moura

Departamento de Geografia da UFMG

Belo Horizonte

(3)

Tese intitulada Conformidades e conflitos ambientais no município de ouro preto como apoio à gestão e planejamento municipal, de autoria do doutorando Jairo Rodrigues Silva, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geociências da UFMG como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Geografia.

Área de Concentração: Análise Ambiental.

Aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:

_______________________________________________________ Profa. Dra. Ana Clara Mourão Moura – Escola de Arquitetura /UFMG

Orientadora

______________________________________________________ Profa. Dra. Cristiane Valéria de Oliveira - IGC/UFMG

______________________________________________________ Prof. Dr. Roberto Célio Valadão - IGC/UFMG

______________________________________________________ Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha – Faculdade de Engenharia – UFJF

______________________________________________________ Prof. Dr. Lauro Luiz Francisco Filho - Faculdade de Eng Civil, Arquitetura e

Urbanismo - UNICAMP

(4)

Dedico a Deus por ter me dado forças e saúde para concluir este trabalho.

A minha mãe, Hilda e meu pai Antonio, pela minha formação moral, exemplos de uma vida digna e honesta.

A minha esposa Cecília, a flor mais bela, um verdadeiro presente divino, pelo amor, apoio, incentivo e convivência. A minha filha, Maria, que está para vir ao mundo, mas desde já é a musa inspiradora da minha vida.

Aos meus professores e a minha orientadora, responsáveis pelo meu crescimento pessoal e acadêmico.

(5)

AGRADECIMENTOS

A minha orientadora, Profa. Dra. Ana Clara Mourão Moura, pela orientação segura e atenciosa que permitiu o desenvolvimento deste trabalho. Pela amizade, apoio, paciência e confiança demonstrada, meus sinceros agradecimentos.

A profa. Dra. Cristiane Valéria de Oliveira, pela amizade, confiança, incentivo, e conhecimentos transmitidos durante o processo de elaboração deste trabalho, minha gratidão.

Ao amigo prof. Dr. Edgar, pela amizade, apoio e companheirismo.

Aos companheiros de trabalho, professores Bruno, Fábio, Flávio, Fernando, Maria da Gloria e Venilson pela convivência e crescimento profissional.

Aos colegas de turma: Arthur, Elizêne, Marcio, Vanessa, Valdemir e Walace, pelo convívio harmonioso durante esta fase da vida e união demonstrada.

Aos funcionários do Instituto de Geociências da UFMG, pela atenção e colaborações recebidas durante o curso.

Ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a prefeitura municipal de Ouro Preto pelas contribuições e materiais cedidos.

(6)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 18

1.1 TEMA ... 18

1.2 ÁREA DE ESTUDO ... 20

1.3 OBJETIVOS ... 22

1.3.1 Objetivo geral ... 22

1.3.2 Objetivos específicos... 23

2 BASE CONCEITUAL DO DESENVOLVIMENTO DO TEMA ... 24

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM ... 24

2.1.1 Crescimento urbano desordenado e suas consequências ... 24

2.1.2 Paisagem e as unidades de paisagem ... 26

2.1.3 A Geografia e o conceito de paisagem cultural ... 36

2.1.4 A chancela da paisagem segundo o IPHAN ... 39

2.2 IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA PAISAGEM ... 43

2.2.1 Planejamento e gestão urbana e ambiental ... 45

2.2.2 Planejamento Urbano – o papel do Plano Diretor municipal e o Plano Diretor de Ouro Preto ... 47

2.3 USOS DAS GEOTECNOLOGIAS PARA O PLANEJAMENTO E GESTÃO MUNICIPAL ... 49

2.3.1 Aplicação das geotecnologias ... 49

2.3.2 Uso dos sistemas de informações geográficas pelo poder público municipal como auxílio à tomada de decisões ... 52

2.3.3 As técnicas de geoprocessamento e a análise de multicritérios ... 58

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 64

3.1 ROTEIRO METODOLÓGICO ... 64

3.2 DOCUMENTAÇÃO ... 65

3.3 GERAÇÃO DE UM BANCO DE DADOS DIGITAL... 66

3.3.1 Classificação do uso e cobertura da terra no município de Ouro Preto–MG (2010) ... 66

3.3.1.1 Mapa de cobertura vegetal e mapa de áreas de mineração ... 70

3.3.2 Geração e individualização das categorias de APPs ... 74

3.3.2.1 APP Cursos d’Água ... 76

(7)

3.3.2.3 APP nascentes ... 80

3.3.2.4 APP com altitude superior a 1.800 Metros ... 80

3.3.2.5 APP de áreas com declividade superior a 45º ... 80

3.3.2.6 APP topo de morro ... 80

3.3.2.6.1 Geração automática de bacias hidrográficas ... 83

3.3.3 Modelo digital de elevação ... 88

3.3.4 Geração da carta de declividade ... 91

3.3.5 Mapa de potencial de uso do solo a partir de dados geológicos ... 93

3.3.6 Mapa de acessibilidade e capilaridade ... 96

3.3.7 Influência urbana segundo a proximidade da mancha urbana ... 101

3.3.8 Saneamento ... 103

3.3.9 Mapa de Unidades de Conservação... 109

3.4 ANÁLISE DE MULTICRITÉRIOS E ASSINATURA DOS DADOS ... 111

3.4.1 Síntese de Interesse Ambiental ... 112

3.4.2 Síntese de Interesse Urbano ... 115

3.4.3 Síntese de Interesse Urbano segundo o empreendedor ... 119

3.4.4 Conflitos de interesse ... 123

3.4.5 Comparação das sínteses com o zoneamento do município de Ouro Preto ... 124

3.4.6 Trabalho de campo ... 126

3.4.7 Cruzamento dos resultados obtidos e a importância da metodologia para os resultados alcançados ... 127

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 128

4.1 ANÁLISE DAS SÍNTESES GERADAS ... 128

4.2 VALIDAÇÃO DAS UNIDADES DE PAISAGEM, COMPARAÇÃO DAS SÍNTESES E ANÁLISE DOS CONFLITOS. ... 162

4.2.1 Validação das unidades de paisagem ... 162

4.3 CONFLITOS DE INTERESSE ... 179

4.4 COMPARAÇÃO DAS SÍNTESES COM O ZONEAMENTO DO MUNICÍPIO DE OURO PRETO. ... 187

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 207

REFERÊNCIAS ... 213

(8)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Área de estudo: município de Ouro Preto–MG. ... 21

FIGURA 2 - Mosaico das Imagens RapidEye da área de estudo – Composição 3R-2G-1B ... 68

FIGURA 3 - Mosaico das imagens Ikonos da área de estudo – composição 5R-4G-3B ... 68

FIGURA 4 - Mapa de uso e cobertura da terra – 2010 ... 71

FIGURA 5 - Mapa da Cobertura Vegetal ... 72

FIGURA 6 - Mapa das áreas de mineração ... 73

FIGURA 7 - Mapa APP Hidrografia ... 75

FIGURA 8 - Fluxograma metodológico da delimitação da APP Hidrografia. ... 76

FIGURA 9 - Limites das Cartas Topográficas presentes na área de estudo ... 77

FIGURA 10 - Rede de drenagem gerada a partir de dados do satélite ASTER e com base nos dados do IBGE. ... 79

FIGURA 11 - Delimitação das APPs topo de Morro ... 81

FIGURA 12 - APP topo de morro ... 82

FIGURA 13 - Imagem ASTER da área de estudo ... 83

FIGURA 14 - Direção de Fluxo ... 84

FIGURA 15 - Fluxo acumulado ... 85

FIGURA 16 - Rede de drenagem com limiar 0,5... 86

FIGURA 17 - Segmentos da rede de drenagem ... 87

FIGURA 18 - Área das microbacias ... 87

FIGURA 19 - Sub-Bacias hidrográficas ... 88

FIGURA 20 - Modelo Digital de Elevação a partir de dados do satélite ASTER ... 89

FIGURA 21 - Modelo Digital de Elevação a partir de dados das cartas topográficas do IBGE na escala de 1:50.000. 90 FIGURA 22 - Declividade gerada a partir de dados do satélite ASTER. ... 92

FIGURA 23 - Potencial de Ocupação Urbana conforme o Risco Geológico segundo PARIZZI et al. (2010). ... 94

FIGURA 24 - Unidades Geológicas conforme suas características segundo PARIZZI et al. (2010). ... 95

FIGURA 25 - Mapa das vias existentes no município de Ouro Preto. ... 97

FIGURA 26 - Mapa de Acessibilidade (Kernel Simples) ... 99

FIGURA 27 - Mapa de Acessibilidade e Capilaridade (Kernel Ponderado) ... 100

FIGURA 28 - Mapa de Influência Urbana segundo o nível de Interesse. ... 102

FIGURA 29 - Índice de Cobertura de Água (ICA) – Base dos dados: IBGE 2000 ... 104

FIGURA 30 - Índice de Coleta de Lixo (ICL) – Base dos dados: IBGE 2000 ... 105

FIGURA 31 - Índice de Coleta de Esgoto (ICE) – Base dos dados: IBGE 2000 ... 106

FIGURA 32 - Saneamento - IBGE 2000 ... 108

(9)

FIGURA 34 - Árvore de Decisões da Síntese de Interesse Ambiental ... 115

FIGURA 35 - Árvore de Decisões da Síntese de Interesse Urbano ... 119

FIGURA 36 - Árvore de Decisões da Síntese de Interesse Urbano segundo os empreendedores ... 121

FIGURA 37 - Localização dos perímetros urbanos, rede de drenagem e limite distrital. ... 129

FIGURA 38 - Localização dos perímetros urbanos, rede de drenagem e os arruamentos. ... 130

FIGURA 39 - Síntese de Interesse Ambiental ... 132

FIGURA 40 - Zoom da Síntese de Interesse Ambiental no entorno dos distritos de Cachoeira do Campo, Amarantina, Glaura, Santo Antonio do Leite e Engenheiro Nogueira ... 135

FIGURA 41 - Zoom das pequenas áreas classificadas como de médio ou médio-alto interesse ambiental no distrito de Cachoeira do Campo. ... 136

FIGURA 42 - Zoom das áreas de maior e menor interesse ambiental próximas a sede do município. ... 137

FIGURA 43 - Zoom das áreas de interesse ambiental próximas ao distrito de São Bartolomeu ... 138

FIGURA 44 - Zoom das áreas de interesse ambiental próximas ao distrito de Lavras Novas ... 138

FIGURA 45 - Zoom das áreas de interesse ambiental próximas ao distrito de Santo Antônio do Salto ... 139

FIGURA 46 - Zoom das áreas de interesse ambiental nos distritos de Santa Rita de Ouro Preto. ... 140

FIGURA 47 - Zoom das áreas de interesse ambiental nos distritos de Rodrigo Silva... 140

FIGURA 48 - Zoom das áreas de interesse ambiental nos distritos de Santa Rita de Ouro Preto, Antonio Pereira e Rodrigo Silva. ... 141

FIGURA 49 - Zoom das áreas de interesse ambiental e das áreas de mineração (manchas em contorno preto) no distrito de Miguel Burnier ... 142

FIGURA 50 - Zoom do Parque Natural Municipal das Andorinhas ... 143

FIGURA 51- Síntese de Interesse Urbano ... 146

FIGURA 52 - Zoom da Síntese de Interesse Urbano dos distritos de Cachoeira do Campo, Amarantina,Santo Antônio do Leite, Engenheiro Nogueira e Glaura. ... 148

FIGURA 53 - Zoom das áreas indicadas para a expansão urbana... 149

FIGURAS 54 e 55- Paisagens notáveis em Lavras Novas, no entorno da área urbana ... 150

FIGURAS 56 e 57 - Paisagens notáveis em Santo Antônio do Salto, no entorno da área urbana ... 151

FIGURA 58 - Área de Interesse paisagístico de Lavras Novas junto a Síntese de Interesse Urbano ... 151

FIGURA 59 - Área de Interesse paisagístico de Lavras Novas junto a Síntese de Interesse Ambiental ... 152

FIGURA 60 - Área de interesse paisagístico de Santo Antônio do Salto, a Síntese de Interesse Urbano ... 153

FIGURA 61 - Área de Interesse paisagístico de Santo Antônio do Salto junto à Síntese de Interesse Ambiental ... 153

FIGURA 62 - Localização do Condomínio Campo Grande Vila Rica ... 154

FIGURAS 63 e 64 - Áreas sem coberura vegetal ou com pastagens no distrito de São Bartolomeu ... 155

FIGURA 65 - Visualização em Imagem RapidEye da presença de áreas sem coberura vegetal ou com pastagens (áreas com a cor branca ou ciano) no Distrito de São Bartolomeu ... 155

FIGURA 66 - Síntese de Interesse Urbano segundo o empreendedor ... 158

(10)

FIGURA 68 - Zoom da Síntese de Interesse Urbano segundo o empreendedor ... 160

FIGURA 69 - Zoom da Síntese de Interesse Urbano – Sede do município ... 161

FIGURA 70 - Zoom da Síntese de Interesse Urbano segundo o empreendedor - Sede do município ... 161

FIGURA 71 - Morfologia x Síntese de Interesse Ambiental ... 163

FIGURA 72 - Morfologia x Síntese de Interesse Urbano ... 164

FIGURA 73 - Paisagens Especiais x Síntese de Interesse Ambiental ... 166

FIGURA 74 - Paisagens Especiais x Síntese de Interesse Urbano ... 167

FIGURAS 75 e 76 - Obras na sede do município de Ouro Preto-MG. ... 168

FIGURA 77- Condição de preservação x Sínteses de Interesse Ambiental... 169

FIGURA 78 - Condição de Preservação x Sínteses de Interesse Urbano ... 170

FIGURAS 79 e 80 - Área Urbana de Amarantina e de Lavras Novas caracterizadas como urbano preservado. ... 171

FIGURA 81- Voçorocamento nas proximidades de Glaura ... 171

FIGURA 82 - Área de desmatamento entre a sede do município e São Bartolomeu ... 172

FIGURA 83 - Presença de casas em áreas com declive acentuado na sede do município. ... 172

FIGURA 84 - Presença de casas próximas a áreas de risco na sede do município ... 173

FIGURAS 85, 86, 87 e 88 - Trechos de vias urbanas da sede do município que apesar de serem de mão dupla permitem a passagem de um único veiculo por vez. ... 173

FIGURA 89 e 90 - Áreas urbanas que apresentam boa infraestrutura localizadas na sede do município. ... 174

FIGURA 91 - Área classificadas com preservada com alteração da cobertura vegetal localizada entre a sede do município e São Bartolomeu ... 174

FIGURA 92 - Área preservada com cobertura vegetal, localizada entre a sede do município e Antonio Pereira. ... 174

FIGURA 93 - Área preservada com cobertura vegetal, localizada nas proximidades de Lavras Novas. ... 175

FIGURA 94 - Uso e Cobertura da Terra x Síntese de Interesse Ambiental ... 176

FIGURA 95 - Uso e cobertura da terra x Síntese de Interesse Urbano ... 178

FIGURA 96 - Síntese de Interesse ambiental x Síntese de Interesse Urbano ... 180

FIGURA 97 - Zoom nas áreas de conflito na sede do município ... 182

FIGURA 98 - Zoom nas áreas de conflito na sede do município ... 184

FIGURA 99 - Síntese de Interesse ambiental x Síntese de Interesse Urbano segundo o empreendedor ... 185

FIGURA 100 - Comparação entre as análises de conflito considerando a Síntese de Interesse Urbano e a Síntese de Interesse Urbano segundo o empreendedor ... 186

FIGURA 101 - Zoneamento do município de Ouro Preto ... 188

FIGURA 102 - Comparação da Síntese de Interesse Urbano com o Zoneamento do município de Ouro Preto ... 189

FIGURA 103 - Zonas de Adensamento. ... 191

FIGURA 104 - Zonas de Adensamento Restrito. ... 192

FIGURA 105 - Áreas de ocorrência de Zonas de Intervenção Especial, distrito sede... 194

(11)

FIGURA 107 - Áreas de ocorrência de Zonas de Intervenção Especial, distrito de Antonio Pereira. ... 195

FIGURA 108 - Áreas de ocorrência de Zonas de Intervenção Especial, distrito de Glaura. ... 195

FIGURA 109 - Zonas de Interesse Mineral no distrito de Miguel Burnier ... 196

FIGURA 110 - Zonas De Proteção Ambiental Na Sede Do Município ... 197

FIGURA 111 - Zonas de Proteção Ambiental nos distritos de Cachoeira do Campo, Amarantina, Glaura e Santo Antônio do Leite e Engenheiro Nogueira ... 198

FIGURA 112 - Zonas de Proteção Ambiental nos distritos de Lavras Novas, Santo Antônio do Salto e Santa Rita de Ouro Preto ... 198

FIGURA 113 - Comparação da Síntese de Interesse Urbano com o Zoneamento do município de Ouro Preto segundo o empreendedor ... 200

FIGURAS 114, 115, 116 e 117 - Redução das áreas classificadas como “de acordo” ao comparar a Síntese de Interesse Urbano com a Síntese de Interesse Urbano segundo o Empreendedor. ... 200

FIGURA 118 - Aumento das áreas classificadas como “de acordo” na sede do município de Ouro Preto ao comparar a Síntese de Interesse Urbano com a Síntese de Interesse Urbano segundo o Empreendedor. ... 202

FIGURA 119 - Comparação da Síntese de Interesse Ambiental com o Zoneamento do município de Ouro Preto ... 204

(12)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Características do sensor REIS (RapidEye Earth Imaging System) ... 67

TABELA 2 - Classes de declividade da área de estudo, considerando-se a legislação brasileira. ... 93

TABELA 3 - Valores e distâncias para a sede do município e os distritos de Cachoeira do Campo e Amarantina .... 103

TABELA 4 - Valores e distâncias para os demais distritos ... 103

TABELA 5 - Síntese de Interesse Ambiental: variáveis, classes e suas respectivas notas ... 113

TABELA 6 - Peso das variáveis para Síntese de Interesse Ambiental ... 114

TABELA 7 - Síntese de Interesse Urbano: variáveis, classes e suas respectivas notas ... 116

TABELA 8 - Peso das variáveis para Síntese de Interesse Urbano ... 118

TABELA 9 - Importância das variáveis segundo os empreendedores ... 121

TABELA 10 - Comparação do Peso das variáveis para as Sínteses de Interesse Ambiental, urbano e Urbano segundo o empreendedor ... 122

TABELA 11 - Valores da análise combinatória das matrizes da Síntese de Interesse Ambiental e da Síntese de Interesse Urbano. ... 124

TABELA 12 - Classes e valores do mapa de conflitos ... 124

TABELA 13 - Valores da análise combinatória das matrizes da Síntese de Interesse Ambiental e zoneamento do município de Ouro Preto ... 125

TABELA 14 - Valores da análise combinatória das matrizes da Síntese de Interesse Urbano e zoneamento do município de Ouro Preto ... 125

(13)

LISTA DE SIGLAS

AMD - Apoio Multicritério à Decisão APPs - Áreas de Preservação Permanentes

ASTER - Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer CEM - Centro de Estudos da Metrópole

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente DPI - Divisão de Processamento de Imagens ESRI - Environmental Systems Research Institute EUA - Estados Unidos da América

GPS - Global Positioning System

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICA - Índice de Cobertura de Água

ICL - Índice de Coleta de Lixo ICE - Índice de Coleta de Esgoto IEF - Instituto Estadual de Florestas IFMG - Instituto Federal de Minas Gerais INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPPUC - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano

ISS - Imposto Sobre Serviços MDE - Modelo Digital de Elevação MG – Minas Gerais

MUBDG - Mapa Urbano Básico Digital de Goiânia PC - Personal Computer

PDDI - Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado

PRODABEL - Cia. de Processamento de Dados do Município de BH (Atualmente: Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte S/A)

RMBH - Região Metropolitana de Belo Horizonte SAD - South American Datum

SEADE - Sistema Estadual de Análise de dados SIG - Sistema de Informação Geográfica

SIGGO - Sistema de Informação Geográfica de Goiânia SITIM - Sistema de Tratamento de Imagens

(14)

UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UTM - Universal Transverso de MercatZA - Zonas de Adensamento

ZAR - Zoneamento de Adensamento Restrito ZDE - Zona de Desenvolvimento Educacional ZEIS - Zona Especial de Interesse Social ZIE - Zona de Intervenção Especial ZIM - Zona de Interesse Mineral

(15)

RESUMO

(16)

utilização de softwares já existentes no mercado em processos que não são inéditos, mas atende à expectativa de comprovar que as geotecnologias são ferramentas de significativo apoio para a gestão e planejamento territorial. Apresenta um ganho metodológico, em que os caminhos escolhidos comprovam a eficácia dos esforços de outros pesquisadores que nos antecederam e que foram nossas referências. Traz como ineditismo a realização de uma análise de interesse urbano segundo os empreendedores, que considerou os investimentos realizados pelos mesmos na área de estudo, identificando o nível de importância das variáveis presentes na área de estudo. Contudo, ao aplicar a metodologia a uma realidade bastante complexa e construir as adaptações necessárias para se atender às várias nuances desta realidade, demonstra-se a capacidade de lidar com os Sistemas de Informação Geográficos para se realizar análise sistêmica da realidade para o município de Ouro Preto–MG.

(17)

ABSTRACT

(18)

support territorial administration and planning. It comes with a methodological advantage, in which the chosen paths prove the efficacy of other researchers’ efforts, those who preceded us and who were our references. It’s originality is the performing of an analysis of urban interested according to the entrepreneurs, which considered the investments they made on the area of study, thus identifying the level of importance of the area of study’s variables. Nevertheless, by applying this methodology on such a complex reality and by doing the necessary adaptations to better comply with the various nuances of this reality, one demonstrates the capacity of dealing with the Geographic Information Systems to perform a systemic analysis of Ouro Preto’s reality.

(19)

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

O planejamento e a gestão dos municípios brasileiros concentram-se na adoção de ações e posturas adequadas, sendo a caracterização da paisagem um elemento de fundamental importância durante o processo de tomada de decisões. Muitos são os esforços para ajustar as políticas públicas às demandas sociais, incorporando em suas diretrizes a questão ambiental, a qualidade de vida, o uso adequado dos recursos financeiros e a escolha das ações prioritárias.

As ações realizadas pelo poder público ou pela população local apresentam um contraponto importante, pois ao mesmo tempo que devem identificar, investir e proporcionar a ocupação de novas áreas – haja vista a demanda social –, provocam mudanças consideráveis na paisagem. Logo, necessitam que se leve em consideração as demais variáveis presentes na área de estudo, entre elas a legislação vigente. Devem ser consideradas também as áreas já urbanizadas, as quais demandam ações voltadas a sanar os problemas existentes.

Portanto, a compreensão da paisagem é o ponto-chave para o planejamento e gestão territorial. Mas para isso é necessário ter uma visão lógica e sistemática, embasada em valores pautados nas questões culturais, ambientais e sociais, identificando o que se tem de melhor e de pior na referida paisagem, visando identificar áreas passíveis de alterações – e cujas ações propostas contemplem o que vem a ser o melhor em termos sociais e não meramente econômicos.

Sendo assim, planejar e projetar paisagens para o futuro exige compreender que as paisagens urbanizadas são altamente dinâmicas, complexas e multifuncionais e que as paisagens rurais são passíveis de transformação, cuja intensidade e abrangência varia de acordo com interesses sociais e econômicos. Assim, o inventário detalhado das condições de paisagem e o acompanhamento das alterações são urgentemente necessários para a obtenção de dados confiáveis voltados para a tomada de decisão.

(20)

Logo, a caracterização da paisagem requer uma compreensão precisa da superfície terrestre e, atualmente, conta com o apoio do uso dos Sistemas de Informações Geográficas e das técnicas de Sensoriamento Remoto para se fazer uma análise espacial. Como ferramentas de apoio à gestão e planejamento territorial, as geotecnologias permitem a caracterização da área de estudo quanto a seus aspectos ambientais e legais, segundo a aplicação da legislação ambiental vigente; quanto a seus aspectos sociais, a partir do mapeamento das características da ocupação antrópica do território; e quanto a seus aspectos temporais, com análise de imagens de satélites ao longo de vários anos.

A partir da elaboração do conjunto de informações sobre a paisagem geográfica e das relações entre as suas variáveis componentes é possível interpretar, analisar, atribuir valores e conjugar as referidas informações com o fim de promover uma visão sistêmica acerca da realidade, classificando a paisagem em unidades paisagísticas. As metodologias de análises espaciais pautadas em uma interação entre as variáveis, de forma sistêmica, consideram que a realidade é resultante da interação entre as variáveis segundo níveis diferenciados de importância.

A busca por novas ferramentas e metodologias que sejam capazes de realizar a análise espacial dos municípios quanto à caracterização das unidades paisagísticas, segundo o uso mais adequado, tem nas geotecnologias a ferramenta que satisfaz a atual demanda do processo de geração de sínteses voltadas à análise espacial, sendo assim, instrumento de caráter estratégico ao utilizar-se de parâmetros pré-estabelecidos.

Em geral, o uso das geotecnologias vem apresentando resultados importantes junto ao planejamento e gestão municipal, sendo que muitos municípios que utilizam as técnicas de geoprocessamento vêm se tornando referência no país. Entretanto, apesar dos avanços, a dificuldade de acesso ou a inexistência de bancos de dados digitais, o custo no processo de montagem da infraestrutura e a especialização da mão-de-obra são as principais fragilidades em relação a sua utilização.

(21)

Especificamente, a importância deste trabalho se dá por permitir uma classificação da paisagem do município de Ouro Preto segundo uma abordagem sistêmica, com a devida organização de um banco de dados digitais, composto pelas variáveis presentes na área de estudo.

A classificação da paisagem se guiou pela interação entre as variáveis presentes na área de estudo. Para cada uma das sínteses geradas utilizou-se um determinado conjunto de variáveis, considerando a relevância delas para a síntese proposta. Entretanto, caso alguma variável venha a sofrer alterações, com destaque para o homem como agente de transformação, poderá ocorrer mudanças na configuração espacial apresentada.

Além disso, frente à demanda crescente por novas áreas de ocupação, a pesquisa traz a possibilidade de apontar as áreas mais adequadas e compará-las com as atuais áreas destinadas para tal fim. A identificação dessas áreas vai ao encontro das demandas por conhecimento do território para poder planejar e geri-lo. Trata-se, portanto, de uma oportunidade para apresentar contribuições que possam ser de conhecimento da sociedade local e do poder público.

A abordagem sistêmica adotada pode ser aplicada não só ao município de Ouro Preto, como também a quaisquer outros municípios que queiram desenvolver tais análises voltadas para a compreensão da sua paisagem local, devendo haver a devida atenção ao processo de atribuição de pesos e notas, os quais se encontram diretamente relacionados à realidade local e à identificação das principais variáveis presentes, cujos valores atribuídos tendem a mudar.

1.2 ÁREA DE ESTUDO

(22)

FIGURA 1 - Área de estudo: município de Ouro Preto–MG.

O município de Ouro Preto foi escolhido devido à complexidade espacial, caracterizado por apresentar grande riqueza de informações para as análises ambientais e urbanas, destacando-se a interação entre o passado e o presente. Apresenta geomorfologia complexa, com áreas de urbanização em declives acentuados e áreas com solos frágeis, além de ser um município que se destaca por possuir inúmeras paisagens notáveis, cheias de peculiaridades, classificadas como patrimônio histórico e ambiental.

O sítio urbano de Ouro Preto se desenvolveu em um relevo bastante acidentado, típico das áreas de mares de morros, o que resultou em uma expansão urbana em áreas consideradas impróprias para a ocupação. Facilmente se observa na paisagem a ocupação de encostas bastante íngremes, realidade essa constatada em vários bairros da cidade. O crescimento inadequado se deu devido à necessidade de moradia da população e grande demanda do mercado em expansão, sem a preocupação apropriada quanto às reais potencialidades das áreas a serem ocupadas.

(23)

Ciência e a Cultura (UNESCO), por ser considerada como uma área cultural “valiosa” para a humanidade.

Visando uma harmonia da paisagem a ser construída com a paisagem atual, a prefeitura, por meio da Lei complementar nº 93 de 20 de janeiro de 2011, estabeleceu normas e condições para o parcelamento, a ocupação e o uso do solo urbano no município de Ouro Preto, não permitindo a construção de prédios altos, mesmo nos bairros cujas residências apresentam estrutura arquitetônica mais atual – como, por exemplo, o bairro Bauxita –, restringindo as edificações da área urbana a uma altura máxima de quatorze metros nas Zonas de Adensamento e de doze metros nas demais zonas, aumentando a especulação imobiliária nessas áreas.

O processo de expansão urbano da cidade de Ouro Preto é inevitável. A demanda por novas áreas destinadas à moradia é grande, pois o aumento do número de vagas no nível superior, ao longo dos últimos anos, na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a implantação dos novos cursos de graduação no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) (os cursos de graduação em Restauro, Geografia, Física e Gastronomia) e a instalação de novas empresas na região, entre outros atrativos, aumentam o número de pessoas que tendem a se mudar para o município. A população local acaba tornando-se vítima de um duplo processo de especulação imobiliária, resultando em alugueis de imóveis em condições inadequadas, por preços exorbitantes.

É importante planejar, acompanhar e analisar as áreas de expansão, bem como as áreas destinadas à preservação. As áreas de expansão cujo loteamento abrange mais de um município requerem a realização de ações compartilhadas. A título de exemplo, pode-se citar o condomínio Campo Grande Vila Rica, que apresenta uma parcela dos lotes situados no município de Ouro Preto e outra parcela dos lotes situados no município de Mariana, sendo, assim, necessário um planejamento e gestão com a participação em comum acordo entre os dois municípios.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

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1.3.2 Objetivos específicos

• Classificação da paisagem do município de Ouro Preto-MG segundo uma abordagem sistêmica a partir de técnicas de geoprocessamento, visando o apoio à gestão e ao planejamento territorial.

• Reconhecer, caracterizar, analisar e mapear as variáveis presentes na área de estudo que servem de base para as sínteses de interesse urbano e ambiental, utilizando técnicas de geoprocessamento.

• Realizar uma análise segundo diferentes atores (academia, empreendedores e poder público) que produzem a paisagem, identificando e classificando as áreas de interesse ambiental, urbano e urbano segundo o empreendedor por meio de análises espaciais, utilizando os Sistemas de Informações Geográficas.

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2 BASE CONCEITUAL DO DESENVOLVIMENTO DO TEMA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM

A paisagem é resultante da interação entre os elementos naturais e a ação antrópica ao longo do tempo, sendo assim, a caracterização da paisagem requer a compreensão das variáveis e das interações entre elas. Visando caracterizar a paisagem, é importante compreender o conceito de paisagem, o processo de ocupação da paisagem e o crescimento urbano desordenado, a caracterização de unidades de paisagem, o conceito de paisagem cultural e as discussões sobre a chancela da paisagem cultural.

2.1.1 Crescimento urbano desordenado e suas consequências

Na atual estrutura urbana de muitas cidades brasileiras constata-se que o processo de crescimento urbano ocorreu de forma desordenada, resultante de um planejamento urbano insatisfatório ou inexistente. Muitas cidades apresentaram um crescimento acelerado, com um processo de desenvolvimento restrito, principalmente com relação às condições de habitabilidade e adequação da ocupação quanto às condições do sítio urbano.

Como exemplo desta dinâmica não planejada de transformação territorial, pode-se citar como principal elemento a relação entre o número de habitantes e a promoção de infraestrutura. O crescimento urbano brasileiro ocorreu num ritmo acelerado e o planejamento passou a ser empregado de acordo com interesses pautados no muro da desigualdade social. Segundo Souza e Santos (2006), o espaço das cidades configura-se como um reflexo da estrutura social que o modela, sendo esta dividida em classes, resultando em um espaço urbano também dividido, marcado pelos diferentes usos e funções do solo e pela segregação socioespacial.

Portanto, em muitas cidades brasileiras se constata a referida segregação espacial, com porções da cidade com bairros bem estruturados, com excelente infraestrutura e os devidos investimentos públicos e, em outras porções da cidade, encontram-se bairros sem nenhuma infraestrutura, na maioria das vezes com construções em áreas impróprias, consideradas áreas de risco.

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meio físico, resultando assim na ocupação de locais com severas restrições ao uso urbano (VIEIRA; KURKDJIAN, 1993).

Assim, a urbanização brasileira ocorreu de forma desordenada, incompatível com as características ambientais e culturais, e foi economicamente segregadora, excluindo milhões de pessoas do acesso a moradias dignas. O Estado negligencia o fornecimento de infraestrutura à população que incha as periferias e municípios periféricos de regiões metropolitanas em todo o Brasil (ALMEIDA, 2005).

Essa realidade, muitas vezes é resultante da implantação de processos de ocupação irregular, uma vez que, a Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências, enfatiza que ao estabelecer um novo loteamento, é de responsabilidade do empreendedor a implantação da infraestrutura básica (equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação). Assim, não cabe ao Estado investir em infraestrutura nos loteamentos novos, mas, sim, realizar sua regulamentação e fiscalização.

O atual processo de uso e ocupação do solo resulta em impactos ambientais de maior ou menor proporção, variando o nível de degradação ambiental. A ocupação planejada minimiza os impactos, permitindo o uso mais adequado do solo; ao passo que, quando a ocupação é desordenada, os problemas ambientais ocorrem em maior número e proporção.

O crescimento urbano é inevitável e repercute em inúmeras transformações na paisagem, que apresentam mudanças morfológicas e fisiográficas conforme os desejos e necessidades da sociedade. Os investimentos públicos e/ou privados e a clientela da respectiva área de ocupação vão ditar as respectivas transformações, destacando-se a abertura de vias de acesso, a construção de moradias, a geração e destinação de dejetos líquidos e sólidos.

O crescimento urbano intensificou a degradação ambiental nas áreas de expansão urbana que se encontram no entorno. Geralmente essas áreas apresentam características que as classificam como inadequadas à ocupação, como as encostas, taludes e região de várzea, que têm alteradas sua realidade paisagística. Quando a infraestrutura não acompanha o crescimento urbano, surgem ou são acentuadas as desigualdades sociais (CORREIA, 1997).

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impactos ambientais negativos e conciliar os interesses sociais, econômicos e ambientais por meio de uma organização territorial.

2.1.2 Paisagem e as unidades de paisagem

O estudo da geografia não se limita à observação e descrição do visível – ainda que parta delas –, mas busca também compreender a natureza do conjunto dos elementos constitutivos no âmbito dos fenômenos espaciais, materiais e perceptíveis, com suas dimensões, forma, estrutura e organização interna que, com certa impropriedade, se denomina superfície terrestre (BOBEK; SCHMITBUSEN, 1998). Sendo assim, a geografia conta com uma série de conceitos fundamentais, dentre eles se destaca o conceito de paisagem.

O processo de evolução do conceito de paisagem passou por inúmeras discussões em diversas áreas do conhecimento científico, resultando em várias abordagens, definições e interpretações, variando de acordo com os interesses e objetivos de cada uma das discussões desenvolvidas. Segundo Salgueiro (2001), na geografia a paisagem assumiu um papel de grande importância, resultando em uma interação entre a geografia física e a geografia humana, sendo considerada como o produto das interações entre o meio físico e as ações antrópicas, contextualizando-as no espaço geográfico.

Ao estudar as paisagens, a compreensão de suas transformações é de grande importância. A busca pelo aumento do lucro demandou o aumento da produtividade e do consumo, contribuindo para o desenvolvimento técnico-científico a partir do século 18, levando a um aumento da produção industrial; consequentemente, um maior consumo de matérias-primas. A formação de um grande número de centros urbanos em escala mundial, acentuou a constituição de novas paisagens movidas pelo poder do modelo de desenvolvimento econômico vigente.

No final do século 19, destacou-se o estudo da relação do homem com a natureza, e no início do século 20, a escola francesa apresentou um conceito de paisagem pautado na caracterização das regiões geográficas a partir de observações em campo, pesquisando a realidade dos fatores ambientais que compõem a paisagem. Após 1950, as grandes mudanças na paisagem, provenientes do crescimento das cidades – onde ocorreu a substituição das áreas naturais por áreas urbanizadas –, resultaram no início de programas e projetos visando a preservação de paisagens naturais e culturais (BERTRAND, 1984).

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intitulada Cosmos, ele utiliza o termo paisagem (Landschaft) e afirma que a associação entre os elementos da natureza e a ação humana constituem as diferentes paisagens existentes (HUMBOLDT, 1848-1862).

As paisagens foram apresentadas nos relatos de viagem de Alexandre Von Humboldt por vários países do mundo ao descrever a terra e as suas respectivas diferenças. Ao fazer a descrição, o autor afirma que os contrastes mais notáveis presentes no globo terrestre se manifestam na paisagem, cujas principais características estão vinculadas à atuação do homem e a sua fisionomia (HUMBOLDT, 1799-1804).

Ao estudar as paisagens, é de grande importância a vegetação, pois ela apresenta uma variação em função das características locais. Para compreender a distribuição geográfica da vegetação sobre a superfície terrestre, considera-se principalmente a latitude, a topografia, a temperatura e o clima, os quais apresentam uma conexão e dependência mútua. A distribuição da vida animal sobre a superfície está diretamente ligada à configuração da superfície, ao passo que o homem se adapta à superfície e atua sobre ela de acordo com sua cultura e política (HUMBOLDT, 1858).

Através de suas descrições, Humboldt mostrou de forma precisa a interação entre os solos, o clima, a vegetação, e como esta é função dos fenômenos físicos e que estes dependem uns dos outros. Provou que, a partir da descrição baseada na observação e análise dos fatos e fenômenos presentes na paisagem, considerando suas causas de distribuição e as relações locais entre eles, é possível explicá-la (GODINHO, 1953).

A ideia do passado está presente na paisagem. As individualidades locais são resultantes da conexão entre os fenômenos ali presentes. A definição da geografia como estudo da paisagem e a visão do homem como um elemento ativo desta são argumentações que foram desenvolvidas na obra de Humboldt (MORAIS, 2002).

Paul Vidal de La Blache, no início do século 20, desenvolveu estudos da paisagem enfatizando a ação antrópica na constituição da mesma, cuja relação “Homem x Natureza” resultam em marcas impressas no espaço geográfico. A paisagem é um conjunto de elementos, cuja vegetação se organiza de acordo com as características físicas da área em que se encontra, onde a ação do homem sobre ela, direta ou indiretamente por meio da sua presença e ações, é um poderoso agente transformador (LA BLACHE, 1913).

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assim um espaço vivido. Cada paisagem possui suas especificidades, apresentando similaridades com as outras, e ao observá-la procura-se construir uma contextualização, através da comparação com outras paisagens e essa vivência, junto às diversas paisagens é denominada “geograficidade”, podendo ser positivas e agradáveis ou negativas e desagradáveis.

Os objetos que se apresentam juntos na paisagem existem em inter-relação, constituindo uma realidade como um todo, que não é expressa por uma consideração das partes componentes separadamente, pois apresenta forma, estrutura e função passível de desenvolvimento, mudança e fim (SAUER, 1998). A partir dessa concepção, a paisagem é tida como objeto geográfico que está em toda parte, cuja compreensão perpassa pela morfologia, considerando-se os elementos e fenômenos que a compõe como associados e interdependentes.

O termo paisagem passa a ser profundamente utilizado na geografia e, em geral, se concebe como o conjunto de forma que caracteriza um setor determinado da superfície terrestre, distinguindo a heterogeneidade da homogeneidade, de forma que se podem analisar os elementos em função de sua forma e magnitude e, assim, obter uma classificação de paisagens morfológicas, vegetais, agrárias, etc. (PASSOS, 2003).

No final dos anos sessenta, a paisagem passou a ser considerada como um complexo sistêmico. A análise de sistemas busca relacionar as partes de um conjunto de elementos que si interagem, em vez de analisar isoladamente cada fator que causa problemas na sociedade. Muitas vezes o seu uso é realizado por setores, como: setor de transporte, setor de fornecimento de elementos básicos como água, luz e esgoto (CÂNDIDO FILHO, 1989).

Conceitos fundamentais como "diagnóstico da paisagem" e "funções paisagem" foram elaborados na Europa Central, contribuindo para a evolução do conceito de paisagem, que antes era classificada como uma Ciência Natural passou a ser também uma Ciência Humana, passando assim a ser uma ciência transdisciplinar. As funções da paisagem são resultantes da relação direta da paisagem com a sociedade humana, sendo seus exemplos a produtividade biótica, resistência à erosão do solo, capacidade de retenção de água, recarga de aquíferos, proteção das águas subterrâneas, habitat e potencial para a recreação (BASTIAN, 2001).

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conservação biológica, e a outra geográfica, que privilegia o estudo da influência antrópica sobre a paisagem e a gestão do território (METZGER, 2001).

Muitos trabalhos sobre a ecologia da paisagem a apresentam como uma área heterogênea do território, com vários ecossistemas em interação, resultando em um mosaico composto por processos ecológicos e organismos que interagem com o meio físico, sendo considerada como um sistema vivo que apresenta um fluxo de animais, plantas, água, vento, materiais e energia (FORMAN; GODRON, 1986; ONEILL 1988; TURNER, 1989; TURNER, 1990).

A ecologia da paisagem visa estudar a estrutura, função e dinâmica da paisagem, permitindo uma padronização dos ecossistemas no espaço. Métodos são necessários para quantificar aspectos de padrão espacial, que podem ser correlacionados com processos ecológicos. Assim, procura entender a função ecológica de grandes áreas e a hipótese de que o arranjo espacial dos ecossistemas, habitats ou comunidades tem implicações ecológicas. A ecologia da paisagem é uma ciência importante para o desenvolvimento, manejo, conservação e planejamento da paisagem, pois permite avaliar a paisagem sob variados pontos de vista, em que pode-se considerar diferentes escalas temporais e espaciais (FORMAN; GODRON, 1986; ONEILL 1988; TURNER, 1989; TURNER, 1990).

Assim, a paisagem é uma integração entre relevo, solo, água, clima, flora, fauna, seres humanos e ações antrópicas que formam o complexo geográfico, aproximando-se em um aspecto estrutural, funcional e visual. Ela é composta por diferentes esferas: inorgânicas (atmosfera, litosfera, hidrosfera e pedosfera), biosfera e sociosfera; sendo tratada em conjunto com o homem e os efeitos de sua atividade (BASTIAN, 2001).

Ainda nessa linha de pensamento, a paisagem é o estudo integrado sobre os ambientes naturais e construídos, é uma área de terra heterogênea composta de um conjunto de ecossistemas que interagem, que se repete em forma semelhante em um todo (BERTRAND, 1984; FORMAN e GODRON, 1986).

Segundo Forman (1995), a paisagem é composta por mosaicos constituídos de elementos espaciais, o tamanho dos mosaicos vão variar de acordo com a análise a ser desenvolvida, tendo como pressuposto o resultado esperado. Sendo assim, a compreensão da escala é fundamental, uma vez que em uma escala mais detalhada tem-se os elementos que a compõe , enquanto que em uma escala menos detalhada tem-se a paisagem propriamente dita.

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é possível identificar diferentes paisagens, em que cada uma é referente a uma parte definida e delimitada de terra. Portanto, a paisagem é tida como uma área percebida pelas pessoas, resultante da ação e interação dos fatores naturais e/ou humanos (ANTROP, 2000; CONSELHO EUROPEU, 2000).

A paisagem apresenta uma gama de características resultantes das inúmeras relações de reciprocidade entre os elementos físicos e sociais que as compões, permitindo classificá-las em unidades de paisagem devido às especificidades existentes, sendo visíveis os limites entre uma paisagem e outra. De acordo com Forman (1995), o limite entre essas tipologias é proveniente da percepção da diferença na aparência das paisagens adjacentes, fornecendo um padrão de contraste entre elas.

Visando identificar e separar as unidades de paisagem surgiu o conceito de unidade-área. Esta representa uma porção do espaço geográfico, definida a partir do objeto de estudo e da escala desejada, cujas características individuais permitem a classificação do espaço geográfico, em que cada uma das classes delimitadas apresenta características específicas que a diferencia das demais unidades existentes. Essa diferenciação se dá devido à heterogeneidade das características físicas e bióticas existentes na superfície terrestre, as quais requerem trabalhos de campo para a identificação e classificação delas (HARTSHORNE, 1978).

Em meados do século 20, desenvolveu-se a cartografia das unidades da paisagem na qual se inclui elementos diversos, especialmente o solo e a vegetação (PASSOS, 2003). Para a identificação das unidades de paisagem é fundamental o reconhecimento dos padrões espaciais, observados, resultantes das interações complexas entre as características físicas, forças biológicas e sociais.

A maioria das paisagens são influenciadas pelo uso da terra proveniente das ações do ser humano, compostas por mosaicos provenientes da mistura de manchas naturais e culturais, variando em tamanho, forma e arranjo (TURNER, 1989). O uso de um conjunto de índices de paisagem permite capturar aspectos significativos de padrões espaciais, permitindo identificar aspectos e o grau de intervenção humana na mesma (O’NEILLR et al., 1988).

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apoio do trabalho de campo. Posteriormente, realizou-se a generalização para as demais áreas com características semelhantes.

Os trabalhos realizados por Ab’Saber (1998), no Brasil, visando à compreensão das paisagens naturais, baseiam-se nos estudos geomorfológicos, fitogeográficos e climáticos, onde a paisagem é o resultado da relação dos processos passados e atuais, sendo que os processos passados foram responsáveis pela compartimentação regional da superfície e os processos atuais pela dinâmica presente das paisagens.

Com a evolução do conceito de paisagem, passou a utilizar-se conceitos como

paisagem natural, paisagem antrópica, bem como considerar as paisagens que se destacam (paisagens notáveis) com relação as demais paisagens que se encontram ao seu entorno, muitas dessas paisagens são únicas por ocorrerem em lugares específicos.

Os diferentes tipos de paisagens podem ser reconhecidos no sentido tipológico e no sentido corológico. No sentido tipológico, um tipo de paisagem pode ocorrer em diferentes locais. No sentido corológico, uma paisagem (unidade) é especifica e ocorre em um determinado local, sendo assim geralmente única, devido a sua localização e composição única a qual relaciona-se com as paisagens circundantes, recebendo um nome exclusivo (ANTROP, 2000a).

A paisagem é sintética e integrada, pois apresenta uma contínua interação dinâmica entre os processos naturais e a atividade humana, bem como, apresenta valores imateriais relacionados à existência humana (ANTROP, 2006)

Considerando a paisagem como uma entidade global, admite-se implicitamente que os elementos que a constituem participam de uma dinâmica comum que não corresponde obrigatoriamente à evolução de cada um dentre eles tomados separadamente. Visando a compreensão da paisagem nesse contexto, procura-se os mecanismos gerais da paisagem, em particular no nível do geosistema e dos geofácies (BERTRAND, 2004).

O geosistema corresponde a dados ecológicos relativamente estáveis, resultante da combinação de fatores geomorfológicos, climáticos e hidrológicos. No interior de um geosistema, o geofáces corresponde a um setor fisionomicamente homogêneo onde se desenvolve uma mesma fase de evolução geral do geosistema (BERTRAND, 2004).

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sociedade imprime sua marca no espaço e esta fica registrada na paisagem. Assim, a paisagem é uma representação do espaço.

Outros autores, como Frank Press et al. (2006), afirmam que as paisagens evoluem por meio de lentas transformações, à medida que processos como soerguimento, intemperismo, erosão, transporte e deposição combinam-se para esculpir a superfície terrestre. A análise da paisagem encontra-se diretamente vinculada ao observador, que irá generalizar os fatos e fenômenos individuais de uma determinada área de acordo com o objetivo do trabalho que desenvolverá. Posteriormente, o observador utiliza-se dessa generalização para observar parâmetros de comparação com a generalização de outras paisagens, estas apresentam um determinado padrão baseado nas características que se repetem, permitindo a equivalência ou não a outras paisagens ao descrevê-la.

Determinadas paisagens apresentam, na sua configuração, marcas culturais e recebem, assim, uma identidade típica. A problemática ambiental moderna está ligada à questão cultural e leva em consideração a ação diferenciada do homem na paisagem. Desta forma, a transformação da paisagem pelo homem representa um dos elementos principais na sua formação. Logo, o homem se destaca como o principal agente de transformação da paisagem (BOUCHARD et al., 1997; SCHIER, 2003).

A paisagem natural é o não trabalho e a paisagem artificial é aquela resultante do trabalho, composta por um conjunto de objetos que tem idades diferentes. A formação da paisagem antrópica se dá pela sobreposição, acréscimos e substituições, sendo assim, considerada como uma herança de muitos momentos, formando um conjunto de formas heterogêneas (SANTOS, 1997).

Segundo Dollfus (1978), as paisagens podem ser divididas em três grupos: a paisagem natural, aquela que não foi submetida, pelo menos em data recente, à ação do homem, encontradas em áreas inadequadas à agricultura ou pecuária; a paisagem modificada, aquela que foi alterada pelo homem de forma irreversível, intensificada principalmente pela prática de atividades agrícolas ou pastoris; e a paisagem organizada, aquela pautada em uma relação consciente, também pautada na organização do espaço com base no setor econômico, combinação proveniente de uma sociedade e que continua a ser realizada durante um certo tempo. O autor chama de paisagem modificada e paisagem organizada o que atualmente denomina-se de paisagem cultural.

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conteúdo técnico especifico, que coexistem no momento atual. Paisagem é uma espécie de palimpsesto, mediante acumulações e substituições, onde a ação das diferentes gerações se sobrepõe (SANTOS, 1999).

Harvey (1993) apresenta o conceito de palimpsesto para afirmar que as cidades apresentam “camadas” que representam formas passadas superpostas umas as outras, algo necessariamente fragmentado. Na Conferência proferida no Primeiro Congresso Pan-Americano de Arquitetura, David Harvey afirma que:

A cidade contemporânea tem muitas camadas. Forma o que poderíamos chamar de palimpsesto, uma paisagem composta de várias formas construídas, sobrepostas umas às outras ao longo do tempo. Em alguns casos, as camadas anteriores são de origem realmente antiga, enraizadas nas civilizações mais velhas, cujas marcas ainda podem ser percebidas por trás do tecido urbano de hoje. Mas mesmo cidades relativamente recentes contêm camadas distintas acumuladas em fases diversas no tumulto do crescimento urbano caótico gerado pela industrialização, pela conquista colonial e pelo domínio neocolonial, em ondas de mudança especulativa e modernização. Nos últimos duzentos anos, as camadas parecem ter se acumulado de forma ainda mais compacta e rápida, como reação ao crescimento da população, ao forte desenvolvimento econômico e a consideráveis mudanças tecnológicas (HARVEY, 1992, p. 1).

A paisagem pode apresentar mudanças estruturais ou funcionais. As mudanças estruturais ocorrem pelas modificações das formas, muitas vezes visando substituir formas velhas que apresentam desgastes estruturais ou desuso e desvalorização pela preferência da sociedade às formas mais modernas. As mudanças funcionais podem ser observadas nas cidades quando ruas, avenidas, praças, etc. apresentam paisagem diferente quando se realiza a comparação do seu movimento funcional durante o dia e a noite (SANTOS, 1997).

Ao considerar que a paisagem está diretamente vinculada à dimensão da percepção que chega aos sentidos, sendo esta um processo seletivo de apreensão em que cada indivíduo observa segundo os seus interesses, a amplitude da área a ser observada, encontra-se diretamente relacionada ao ponto de observação, podendo assim abranger uma área maior ou menor, variando a escala de trabalho. As técnicas de geoprocessamento não se encontram atreladas ao ponto de observação, permitindo observar a paisagem em escalas variadas, bem como, definir parâmetros e desenvolver metodologia pautada na valorização dos elementos da paisagem.

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A paisagem, como a soma de todos os fatos e fenômenos presentes na superfície terrestre, os quais se encontram em constante combinação, apresenta uma interação dinâmica em constante evolução ao longo do tempo e do espaço, cujo grau de intervenção humana é extremamente variável, podendo ou não ser imponente. A paisagem pode apresentar aspectos homogêneos ou heterogêneos, podendo assim ter uma ou várias características em comum com outras paisagens.

As variáveis que compõem uma tipologia de paisagem apresentam valores diferenciados dependendo da realidade em que encontra-se inserida, devendo considerar a realidade circundante, pois ao mudar a realidade local, muda-se o contexto, logo pode ocorrer uma mudança dos valores a serem utilizados, portanto a percepção da realidade pode variar devido às peculiaridades locais.

Tipos de paisagem podem ser provenientes de diferentes maneiras de combinar os elementos presentes na paisagem, resultando em diferentes arranjos espaciais ou regionais, variando também em relação à escala e ao objetivo em que os referidos elementos paisagísticos são trabalhados (ANTROP, 2000a).

As alterações nas paisagens permitem compreender os fatores do seu processo evolutivo, considerando-se a realidade local, as pressões sociais e a valorização de áreas ou dos elementos paisagísticos que se destacam com relação ao entorno. As paisagens são definidas de acordo com os interesses sociais e econômicos predominantes, sendo assim um fenômeno complexo que pode ser analisado de muitas maneiras.

A paisagem apresenta em sua estrutura e em seus efeitos características homogêneas, o que permite classificá-la como uma unidade uniforme, apresentando padrões semelhantes, até mesmo aquelas alteradas pelas ações antrópicas as quais apresentam uma realidade semelhante, apresentando inúmeras relações recíprocas entre as esferas do meio físico e as ações antrópicas.

A utilização das análises espaciais para a caracterização e classificação das tipologias de paisagem são adequadas para o planejamento e gestão da paisagem. O mapeamento das unidades paisagísticas resultante de uma combinação de elementos organizada no espaço geográfico, dentre os quais se destaca as potencialidades naturais e as funções da paisagem, pode desempenhar um papel importante ao fornecer unidades de referência para o planejamento (BASTIAN, 2000).

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como se considera a paisagem ao observar o ambiente, assim a visão holística e relativa permite perceber que o todo é mais do que a soma das partes que o compõe (ANTROP, 1997). Portanto, a percepção humana é um processo complexo resultante da soma das observações in loco com o conhecimento individual, resultante da experiência vivida, permitindo comparar e identificar as diferentes unidades paisagísticas existentes, o que a torna essencialmente subjetiva.

A visão holística significa que cada elemento recebe a sua significância apenas pela sua posição e relacionamento com os elementos circundantes. Alterar um elemento sempre significa também mudar o todo de alguma forma (ANTROP, 1997). Assim, a paisagem é dinâmica, uma vez que os elementos que a compõe, bem como as suas interações, variam de um lugar para outro, permitindo afirmar que o funcionamento e a estrutura de uma paisagem estão intimamente relacionados.

A análise integrada da paisagem baseada no holismo é pautada na percepção e evolução, permitindo explicar a interação entre a estrutura e o funcionamento da mesma, bem como, a importância da escala nos estudos da paisagem. A percepção está ligada à estrutura de reconhecimento e compreensão de padrões, portanto, diretamente ligada ao comportamento e aos resultados práticos dos processos de planejamento. A evolução da paisagem é baseada na interação dinâmica entre estrutura e funcionamento e também sobre a história, o que torna cada paisagem única (ANTROP, 2000a).

A visão sistêmica dos elementos que compõem a paisagem, com base nos critérios utilizados para a sua detecção, avaliação e classificação resultam em uma compreensão da multiplicidade existente. Ao identificar as particularidades paisagísticas, é possível caracterizar as várias tipologias da paisagem.

Segundo Moura (2005, p. 49)

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2.1.3 A Geografia e o conceito de paisagem cultural

O termo cultura foi difundido a partir do livro Antropogeografia, publicado em 1882 por Friedrich Ratzel, que abordava os fundamentos culturais a partir de uma análise etnográfica e política e que insere o conceito de paisagem (Landschaft) ao descrever a superfície terrestre (CLAVAL, 1999).

A princípio, a cultura era vista segundo o senso comum, dotada de poder explicativo, mas com o passar do tempo a cultura passou a ser vista como um reflexo, uma mediação e uma condição social, onde passaram a ser consideradas as dimensões material e não material da cultura, o presente e o passado, objetos e ações em escalas variadas, o espontâneo e o planejado. O que os une em torno da geografia cultural é o fato desses aspectos serem vistos em termos de significados e como parte integrada da espacialidade humana (CORREIA; ROSENDAHL, 2003).

Os estudos voltados à definição de patrimônio segundo a UNESCO contribuíram para o uso do termo paisagem cultural. A UNESCO adotou, inicialmente, uma lógica dicotômica para definir o patrimônio, subdividindo-o em patrimônio cultural e patrimônio natural. De certa forma, pode-se afirmar que tudo o que é cultural tem como fonte de inspiração ou como matéria prima, o mundo natural e, reciprocamente, tudo o que é natural só tem sentido graças à capacidade que tem o homem de conferir-lhe significados que são sempre uma acepção cultural (DELPHIM; TELLES, 2008).

Segundo a UNESCO (1972), o patrimônio cultural é composto pelos monumentos, conjuntos e locais de interesse; o patrimônio natural é composto pelos monumentos naturais, as formações geológicas e fisiográficas e os locais de interesse naturais ou zonas naturais; o patrimônio misto cultural e natural é composto por bens que respondem a uma parte ou à totalidade das definições de patrimônio cultural e natural.

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As discussões sobre paisagem cultural pela UNESCO, como associação entre os aspectos culturais e naturais iniciaram na década de 1980, no Comitê do Patrimônio Mundial. Em 1992, os especialistas, reunidos na França, a convite do ICOMOS (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) e do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, discutiram a valorização das relações entre o homem e o meio ambiente, entre o natural e o cultural. A partir de então foi incluída na lista de patrimônio da humanidade a categoria paisagem cultural (RIBEIRO, 2007).

Segundo a Carta de Bagé, redigida no seminário: Semana do Patrimônio – Cultura e Memória na fronteira, paisagem cultural é:

O meio natural ao qual o ser humano imprimiu as marcas de suas ações e formas de expressão, resultando em uma soma de todos os testemunhos resultantes da interação do homem com a natureza e, reciprocamente, da natureza com homem, passíveis de leituras espaciais e temporais. (BAGÉ, 2007, p. 2).

As inter-relações entre os atributos físicos e humanos ao longo do tempo resultaram na incorporação das ideias humanas no ambiente, com uma individualização das paisagens culturais face às paisagens naturais, por meio de uma integração mútua, resultando em novas paisagens extremamente dinâmicas, as quais encontram-se em constante processo de construção e reconstrução.

Os espaços humanizados superpõem múltiplas lógicas que são em parte funcionais e em parte simbólicas. A cultura modela-os através das tecnologias empregadas para explorar as terras ou construir os equipamentos e as habitações, moldando-os através das preferências e dos valores que dão às sociedades suas capacidades de estruturarem espaços mais ou menos extensos, ajudando a concebê-los através das representações que dão um sentido ao grupo, ao meio em que vive e ao destino de cada um (CLAVAL, 1999).

Os bens culturais que compõem a paisagem apresentam elementos constitutivos, cuja valorização pela sociedade local contribui para a preservação da paisagem. Os valores atribuídos aos elementos da paisagem podem facilitar ou dificultar o processo de transformação dela ao longo do tempo. Para muitos autores, a paisagem cultural é resultante da ação do homem, o qual modela a paisagem natural ao longo do tempo, tornando-a um conjunto de formas físicas e culturais associadas a uma determinada área.

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antiga. A construção da paisagem de forma harmoniosa é resultante da ação humana de forma adequada (SAUER, 1925).

Considerando as paisagens naturais como aquelas áreas que não tiveram atividades humanas sobre elas e as paisagens culturais como resultantes das ações humanas modificando a paisagem natural, Correia e Rosndahl (2003) afirmam que Sauer (1924) definiu paisagem geográfica como o resultado da ação da cultura ao longo do tempo sobre a paisagem natural; assim, a cultura é o agente, a área natural é o meio e a paisagem cultural é o resultado.

Segundo Ribeiro (2007), as paisagens culturais caracterizam-se do ponto de vista geográfico, topográfico e funcional, representadas pelas montanhas, áreas urbanas e paisagens agrícolas, sendo estas ligadas à cultura da população local.

Considerando a dimensão geográfica, o homem foi recolocado no centro das preocupações dos geógrafos culturais, como produtor e produto de seu próprio mundo. Da mesma forma, foram resgatados da Geografia do século XIX elementos que possibilitaram estabelecer a ligação entre a abordagem cultural clássica da geografia e as atuais perspectivas de análise da cultura (ZANATTA, 2007, p. 7).

A geografia cultural se interessa pelas obras humanas que se inscrevem na superfície terrestre e imprimem uma expressão característica, registram o uso humano da superfície, deixando marcas visíveis, extensivas e expressivas. A área cultural constitui assim um conjunto de formas interdependentes e se diferencia funcionalmente de outras áreas (SAUER, 2003).

A Geografia Cultural Tradicional teve como precursores os geógrafos alemães Otto Schuter e Passarge que analisaram as transformações da paisagem oriundas da ação do homem, introduzindo na geografia o conceito de paisagem cultural, que se refere às paisagens transformadas pela ação humana, em oposição ao conceito de paisagem natural. Seus estudos se detiveram apenas aos aspectos morfológicos da paisagem. (VASCONCELOS, 2011/2012, p. 54).

Diante do exposto, pode-se afirmar que a geografia cultural utiliza-se da compreensão da paisagem com relação aos seus aspectos físicos e antrópicos, considerando o tempo e a intensidade das ações humanas, que por sua vez encontram-se diretamente relacionadas às questões econômicas e sociais.

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Um exemplo marcante da interação das características físicas e culturais é a atuação do homem na zona rural. As terras cultivadas que aparecem tão marcantemente em muitas paisagens testemunham não são apenas uma mudança radical na cobertura vegetal, mas também a presença de elementos artificiais como pomares, jardins, campos arados, muros e cercas, caminhos e estradas, celeiros, estábulos, habitações e núcleos de povoamentos, todos em disposição regular. Em qualquer paisagem cultural, a disposição, o estilo e os materiais tendem a refletir a presença de um modo de vida distinto, interagindo com um determinado quadro natural (WAGNER; MIKESELL, 2003).

A disposição dos elementos constituintes da paisagem sobre a superfície terrestre e os diferentes usos e ocupações da terra, considerando desde uma área com vegetação densa e preservada até uma grande cidade, encontram-se inseridas e atreladas a uma cultura correspondente, apresentando uma relação direta entre as áreas culturais e as unidades espaciais, entre uma determinada cultura e a sua paisagem, portanto a ação antrópica na paisagem implica em uma cultura.

A definição de paisagem cultural baseia-se num constante processo interativo de interdependência entre os aspectos culturais e naturais, cujo ser humano é atuante e modelador ao longo do tempo, deixando suas marcas. Tais marcas representam as características da época em que as paisagens estão sendo construídas, mas não apresentam um padrão, pois são resultantes de diversificadas manifestações culturais aplicadas a cada fração de espaço e tempo.

2.1.4 A chancela da paisagem segundo o IPHAN

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) foi criado em 1937 com o objetivo de proteger e valorizar o patrimônio cultural brasileiro e atua em conjunto com a sociedade para preservar realizações materiais e imateriais representativas da criatividade, diversidade, expressividade e excepcionalidade produzidas em todas as épocas e em todas as regiões do Brasil (WEISSHEIMER, 2009).

Imagem

FIGURA 1 - Área de estudo: município de Ouro Preto–MG.
FIGURA 3 – Mosaico das imagens Ikonos da área de estudo – composição 5R-4G-3B
FIGURA 10 - Rede de drenagem gerada a partir de dados do satélite ASTER e com base nos dados do IBGE
FIGURA 20 - Modelo Digital de Elevação a partir de dados do satélite ASTER
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Referências

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