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COMPARAÇÃO DAS SÍNTESES COM O ZONEAMENTO DO MUNICÍPIO DE OURO PRETO

a) Zoneamento do município de Ouro Preto x Síntese de Interesse Urbano

A comparação visou analisar se o zoneamento proposto pelo Plano Diretor em vigência está de acordo com as indicações do grau de necessidade de preservação ambiental ou com a Síntese de Identificação de áreas propícias para a ocupação e o crescimento urbano.

De acordo com o disposto no Plano Diretor do Município, as áreas urbanas são subdivididas em Zonas (Figura 101), definidas a partir de condicionantes geoambientais, da capacidade de adensamento, da infraestrutura existente e potencial, das demandas de preservação e proteção do patrimônio cultural, natural e ambiental e da localização de usos. (OURO PRETO, 2011, p. 2 ).

A comparação da Síntese de Interesse Urbano com o Zoneamento do município de Ouro Preto (Figura 102) permitiu identificar as áreas que estão de acordo ou que apresentam conflitos. A análise dessa identificação permite auxiliar no processo de compreensão da realidade atual e sugerir possíveis adequações.

As Zonas de Adensamento (ZA) são regiões que devem apresentar características favoráveis ao adensamento e observa-se que elas se encontram de acordo com a Síntese de Interesse de Ocupação urbana gerada. As áreas classificadas como ZA são extremamente pequenas, principalmente quando se observa o município como um todo. Essas áreas só existem na sede do município e nos distritos de Antônio Pereira e Cachoeira do Campo (Figura 103). Diante dessa realidade, existe demanda por maiores estudos, visando a ampliação desse tipo de zona de ocupação.

Zona de Adensamento Restrito (ZAR) compreende as áreas em que a ocupação e o uso do solo são controlados, em razão da ausência ou deficiência de infraestrutura de drenagem, de abastecimento de água ou de esgotamento sanitário; da precariedade ou saturação da articulação viária externa ou interna; de condições topográficas, hidrográficas e geológicas desfavoráveis; da interferência sobre o patrimônio cultural ou natural; além das áreas que, por suas características geoambientais, incluindo o seu entorno, devem ser preservadas, podendo ser parceladas e/ou ocupadas mediante condições especiais, observando a tendência ou a forma de ocupação existente. (OURO PRETO, 2011, p. 3).

A maior parte das áreas propícias à urbanização pela análise realizada encontra classificada como ZAR, de adensamento restrito, o que significa conflito com a Síntese de Interesse Urbano (Figura 104). Cabe investigar os motivos desta designação pelo Plano Diretor, para verificar se há características que não foram identificadas neste trabalho e que tornam estas áreas como não favoráveis à ocupação. Considerando que existe uma demanda por novos territórios para a ocupação, cabe verificar se a implantação de investimentos, principalmente de infraestrutura, pode tornar a área mais apta e aumentar as Zonas de Adensamento.

Algumas das áreas já ocupadas pela urbanização apresentam demandas por maiores investimentos em infraestrutura, bem como algumas das novas áreas destinadas à ocupação. Pode-se citar como exemplo, conforme já apresentado anteriormente, a presença de algumas ruas que apesar de serem de mão dupla, comportam em determinados trechos a passagem de um único veículo, sendo estas vias de grande fluxo local. Outro exemplo é a inexistência de coleta de lixo no condomínio Campo Grande Vila Rica, em que os moradores necessitam transportar o lixo mais de um quilômetro para depositá-lo em local onde ocorre a coleta seletiva. A ampliação dos serviços públicos devem acompanhar a expansão urbana, devendo ser uma prioridades por parte do poder público municipal.

Considerando que o município apresenta demanda por novas áreas voltadas à ocupação urbana, a inexistência de infraestrutura adequada em determinadas áreas não impede o processo, pois ocorre pressão por ocupação, resultando numa má qualidade de vida para os habitantes. O município necessita fazer significativos investimentos em infraestrutura nessas áreas o mais breve possível, sejam elas áreas já urbanizadas ou áreas que serão destinadas à expansão urbana.

A Zona de Desenvolvimento Educacional (ZDE) é composta por áreas destinadas à implantação de campi de instituições de ensino técnico e ou superior. Elas se encontram de acordo com a Síntese de Interesse Urbano e Ambiental.

A Zona de Especial Interesse Social (ZEIS), corresponde às áreas nas quais há interesse público em: 1. ordenar a ocupação de assentamentos urbanos precários, por meio de urbanização e regularização fundiária; 2. implantar empreendimentos habitacionais de interesse social; 3. promover a requalificação ambiental, através da recuperação urbanística e/ou regularização fundiária; 4. promover a regularização de loteamentos clandestinos ou ilegais anteriores à Lei Complementar n° 30/06 e que não atendem às condições de uso e ocupação do solo previstas na Lei, buscando a sua recuperação urbanística e/ou a regularização fundiária. (OURO PRETO, 2011, p. 4).

As áreas classificadas como ZEIS nos distritos de Cachoeira do Campo, Santa Rita e Antônio Pereira estão de acordo com a Síntese de Interesse Urbano e Ambiental. Essas áreas encontram-se diretamente relacionadas a demanda por recuperação urbanística, regularização fundiária, produção e manutenção de Habitações de Interesse Social – HIS-, visando melhorar as condições habitacionais da população local.

A Zona de Intervenção Especial (ZIE) corresponde às áreas degradadas por processos naturais ou antrópicas que demandam recuperação ambiental definida por plano específico aprovado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental – CODEMA, ou ainda às áreas destinadas à urbanização de assentamentos informais ou à remoção de moradores de

áreas de risco, ou de interesse ambiental, paisagístico ou cultural. (OURO PRETO, 2011, p. 4).

A Zona de Intervenção Especial (ZIE) está presente na sede do município (Figura 105) e nos distritos de Cachoeira do Campo, Santo Antônio do Leite (Figura 106.) Antônio Pereira (Figura 107.) e Glaura (Figura 108). Elas correspondem às áreas de Médio-Alto ou Alto interesse de expansão urbana, o que resulta num conflito de interesse.

FIGURA 105 - Áreas de ocorrência de Zonas de Intervenção Especial, distrito sede.

FIGURA 106 - Áreas de ocorrência de Zonas de Intervenção Especial, distrito Cachoeira do Campo e Santo Antonio do Leite.

FIGURA107 - Áreas de ocorrência de Zonas de Intervenção Especial, distrito de Antonio Pereira.

FIGURA 108 - Áreas de ocorrência de Zonas de Intervenção Especial, distrito de Glaura.

Considera-se Zona de Interesse Mineral (ZIM), aquela em que predomina a atividade mineral como geradora de emprego e renda, que se caracteriza pela rigidez locacional, além de estar condicionada aos ditames da natureza. A atividade mineradora se sobrepõe aos demais interesses, mesmo estando estas nas proximidades das áreas urbanas. ( OURO PRETO, 2011, p. 4).

Ao realizar a comparação, observou-se que nas áreas que se encontram próximas a manchas urbanas, como em Miguel Burnier (Figura 109), existe um conflito de interesse.

FIGURA 109 - Zonas de Interesse Mineral no distrito de Miguel Burnier

A Zona de Proteção Ambiental (ZPAM) compreende as áreas que devem ser preservadas ou recuperadas em função de suas características topográficas, geológicas e ambientais de flora, fauna e recursos hídricos, e/ou pela necessidade de preservação do patrimônio arqueológico ou paisagístico. (OURO PRETO, 2011, p. 2- 3).

Ao considerar as áreas classificadas como ZPAM constata-se que, na sede do município, grande parte delas está classificada como de Médio-Alto interesse urbano, o que se explica pela proximidade dessas localidades com áreas já urbanizadas, sendo assim, áreas que sofrem grande pressão antrópica. Outras áreas menores são classificadas como de Alto interesse ambiental, o que significa que o Plano Diretor realmente recorta áreas que se destacam como de valor ambiental.

Ao realizar a comparação, algumas áreas de ZPAM encontram-se classificadas como “Conflito”. A sede do município apresenta algumas dessas áreas conflitantes (Figura 110), realidade resultante do fato de estarem inseridas na área urbana do município. Esse cenário enfatiza a importância de fiscalização contínua das referidas áreas, evitando a ocupação desordenada.

FIGURA 110 - Zonas De Proteção Ambiental Na Sede Do Município

Em Cachoeira do Campo, Amarantina, Glaura e Santo Antônio do Leite e Engenheiro Nogueira, existem áreas classificadas como ZPAM que são Médio-Alto a Alto interesse urbano, resultando em áreas de conflitos (Figura 111). Essas áreas requerem atenção por parte do poder público, pois podem ocorrer pressões por ocupação ou invasão. Em Lavras Novas, Santo Antônio do Salto e Santa Rita de Ouro Preto as áreas classificadas como ZPAM encontram-se, em grande parte, classificadas como de Médio, Médio-Baixo e Baixo interesse urbano (Figura 112), apresentando um contexto mais adequado.

FIGURA 111 - Zonas de Proteção Ambiental nos distritos de Cachoeira do Campo, Amarantina, Glaura e Santo Antônio do Leite e Engenheiro Nogueira

FIGURA 112 - Zonas de Proteção Ambiental nos distritos de Lavras Novas, Santo Antônio do Salto e Santa Rita de Ouro Preto

A comparação da Síntese de Interesse Urbano com o Zoneamento do município de Ouro Preto segundo o empreendedor (Figura 113) apresentou resultado muito próximo ao da comparação da Síntese de Interesse Urbano com o Zoneamento do município de Ouro Preto. Isto dá credibilidade ao Plano Diretor, ao selecionar suas tipologias de zoneamento e distribuí-las no território, seguiu a lógica de materializar valores e pressões já presentes no mercado.

Em comparação com o estudo anterior - que avaliou a adequabilidade do Plano Diretor com a síntese que identifica áreas ótimas para a ocupação e que identifica áreas de interesse ambiental - nesta nova comparação, que coteja Plano Diretor com interesse empresarial, observou-se que ocorreram pequenas alterações, reduzindo as áreas classificadas como “de acordo” e aumentando as áreas de “conflito”, principalmente nos distritos de Lavras Novas, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Salto e Antônio Pereira (Figuras 114, 115, 116 e 117). Esse aumento de conflitos ocorreu devido a ampliação da abrangência da área de interesse urbano com a redução da importância de variáveis como “influência urbana” e “acesso/capilaridade” e a retirada das variáveis Geologia/Geotecnia e Saneamento da análise gerada.