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II 3.4 APLICAÇÕES/RECURSOS EDUCATIVOS

Falar de aplicações educativas é referir-se aos programas, ao software que é passível de ter uma utilização como recurso educativo. Qualquer programa pode ter esse carácter, pois na sua maioria, todos têm um potencial educativo, sejam eles programas utilitários como o processador de texto ou a folha de cálculo, ou programas abertos, distribuídos em CD-ROM ou difundidos na

Internet. A Internet veio trazer um novo e variadíssimo conjunto de recursos e aplicações educativas. Nestes últimos anos o seu desenvolvimento tem sido alvo de um investimento significativo. Cada vez é mais aceite a construção do conhecimento com auxílio e recurso a estas ferramentas presentes na Internet. Este investimento no âmbito da produção do chamado software educativo hipermédia tem sido feito através dos vários programas oficiais com incentivos ao desenvolvimento de projectos como também a nível das editoras privadas que têm feito chegar junto das escolas e dos alunos aplicações nas mais variadas áreas do saber. Fortemente interactivas e multimédia tentam ocupar um lugar no ranking dos recursos a utilizar. O caso das editoras é cada vez mais flagrante. É com grande energia que tentam penetrar no mercado dos recursos alternativos e online, através da oferta dos manuais em formato electrónico, com materiais complementares em formato digital, oferta de softwares, actividades práticas, jogos etc. Olhando para a disciplina em causa, que integrou os currículos no ano lectivo de 2004-2005, verificou-se que todos os manuais da disciplina, de todas as editoras, se fizeram acompanhar por um CD-ROM e/ou ainda detinham por detrás um site, acessível às escolas e alunos que adoptassem o respectivo manual, com ofertas especiais, recursos indispensáveis para alunos e docentes e até parcerias com empresas fornecedoras de equipamentos informáticos (como por exemplo as dos quadros interactivos). Tal como na formação de docentes, nem sempre esses recursos conseguem atingir o fim a que se propõem, muitas das vezes porque são difíceis de utilizar. Em situação real de aula, ocorrem vários problemas que nem sempre foram previstos, por exemplo: quantas vezes os CD não ficaram retidos dentro dos computadores, ou não puderam ser lidos, devido à falta de programas ou ainda à fraca capacidade de memória dos recursos disponíveis. Traduzindo este esforço em tempo, é desperdiçado em cada aula uma elevada percentagem do tempo de aula que acaba por desvalorizar esse recurso não lhe conferindo a “mais valia inicial” do intuito em que foi concebido.

As aplicações educativas disponíveis online podem por sua vez conseguir ultrapassar algumas dessas dificuldades. Sabendo que hoje todas as escolas têm ligação à Internet de Banda Larga, e partindo do pressuposto que essa ligação raramente poderá falhar, torna-se muito mais eficiente abrir o browser, digitar o URL e entrar numa aplicação para adquirir conteúdos através de jogos, tirar dúvidas ou ainda descarregar fichas de trabalho. É hoje consensual o interesse que os sistemas hipermédia e multimédia têm a nível educativo. Com isso o professor passa a ter uma outra tarefa: a de avaliar o valor da aplicação educativa em si e de fornecer pistas e sugestões de utilização pedagógicas das mesmas junto dos seus alunos. Esta aprendizagem deverá ser

transmitida aos docentes aquando da sua formação em TIC. Como refere Costa [Costa, 1999],

torna-se importante formar e apoiar professores não apenas para usarem e tirarem partido, para o processo de ensino-aprendizagem, deste tipo de recursos mas também a serem utilizadores informados, críticos e com maior exigência de qualidade relativamente aos produtos disponíveis no mercado. Foi nesse âmbito que foram desenvolvidos vários projectos um dos quais o projecto europeu de avaliação de software educativo PEDACTICE (project educational multimedia in

compulsory school: from pedagogical assessment to product assessment)1. A introdução dos computadores portáteis, através do Projecto Portáteis nas escolas, veio permitir aos docentes de todas as áreas de ensino desenvolver projectos que apostaram sobretudo no desenvolvimento de

Webquests [Carvalho, 2002], numa alternativa ao comum formato dos sites. Esta metodologia, criada por Bernie Dodge, apresenta-se como investigação orientada que parte da definição de um tema e objectivos por parte do docente, para uma pesquisa na qual algumas ou todas as informações com as quais os alunos interagem têm origem em recursos Internet. Um outro

software que tem vindo a ser adoptado pelas escolas e com cada vez mais seguidores é o

MOODLE [MOODLE, 2004], um programa para a gestão da aprendizagem e de trabalho

colaborativo, que permite a criação de cursos online, páginas de disciplinas, grupos de trabalhos e comunidades de aprendizagem.

Estes vários projectos caminham no sentido de continuar a promover a integração das TIC na

educação como por exemplo o de LigarPortugal [LP, 2005], a Escola do futuro patrocinada pela

Portugal Telecom, as Escolas Navegadoras [PEN, 2006], o Projecto Portáteis nas escolas, GPTIC –

Gestão de Projectos de Aplicação das TIC à Educação [GPTIC, sd], SMART@Escolas, entre

muitos outros que vão surgindo à medida que estes terminam.

II - 4. AS TIC E O ENSINO EM PORTUGAL

Como se referiu no início deste capítulo, o surgimento das TIC trouxe consigo a necessidade de adaptação da educação e do ensino português a uma nova realidade na qual a informática e a Internet são objectos e agentes educativos. Nesta era, não basta saber ler, escrever e contar, é ainda necessário saber manipular e trabalhar com as TIC. Esta é a condição imposta hoje pela informática e pela sociedade que já não sobrevive sem recorrer à tecnologia.

Reconhecida a necessidade de leccionar as TIC no ensino – secção II, 1 – e justificada por razões de várias ordens o seu valor e o valor educativo da Internet – secção II, 2 – descreveram-se na secção II, 3 os vários vectores e estratégias que permitem a sua plena utilização no ensino. Neste último ponto do capítulo II, abordam-se as várias acções implementadas em Portugal, desde o apetrechamento das escolas, à criação da disciplina de TIC e à sua transdisciplinariedade, questionando ainda a sua natureza enquanto objecto ou instrumento pedagógico.

Posto isto, entreabre-se uma porta para o futuro, nomeadamente através de futuras acções financiadas pelo PRODEP ou de experiências em curso no Reino Unido que perspectivam, por exemplo, uma nova forma de utilizar as TIC no ensino. Enquanto esse modelo se desenvolve, propõe-se o “AntarTIC” cuja intenção é a de contribuir para uma nova educação que utilize as TIC enquanto objecto e instrumento pedagógico.

1 O site oficial foi retirado em Setembro de 2006