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Incorporar as TIC no processo educativo, é reaprender a ensinar para ensinar a aprender e ser um promotor de aprendizagens significativas para os alunos. A par do apetrechamento das escolas, a formação de docentes em TIC é uma necessidade e uma preocupação constante para vários organismos que ao longo dos últimos anos, através de vários projectos e programas, tentam combater esta deficiência provocada por uma dicotomia de gerações e de tecnologias. No projecto

Docente”, as Nações Unidas através dos objectivos do milénio para o desenvolvimento (OMD), da

Educação para todos (EPT) da UNESCO, da Cimeira Mundial da Sociedade da Informação (CMSI) e da Década das Nações Unidas para a alfabetização, fizeram da “melhoria da educação

no mundo” um dos seus objectivos altamente prioritários. Os chefes de estado dos países do G8

reconhecem o papel das TIC para a contribuição das melhorias na aprendizagem. Este projecto tem por objectivo a melhoria das práticas de ensino. Aliando as competências em TIC a novas abordagens pedagógicas, programas curriculares e organização escolar, os standards podem vir a contribuir para o aperfeiçoamento dos docentes que pretendem usar as competências e os recursos TIC para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, colaborar com os seus colegas de trabalho e até ser pioneiros da “inovação” dentro do próprio meio escolar a que pertencem.

Objectivos concretos do Projecto Standard de Competências em TIC para o corpo docente da UNESCO

Constituir um suporte comum, definindo um conjunto de competências TIC para os professores, que servirá de referência para os formadores de formação contínua de Professores na preparação de recursos de formação disponíveis para o mundo.

Apresentar uma base fundamental de qualificações permitindo aos docentes a integração das TIC nas suas práticas lectivas.

Estender o aperfeiçoamento profissional dos docentes afim de desenvolver as competências pedagógicas, a colaboração e as práticas inovativas com recurso às TIC. Harmonizar as diferentes aproximações e o vocabulário da utilização das TIC na formação de docentes.

Tabela 1 – Objectivos concretos do Projecto Standard da UNESCO para as competências em TIC do corpo docente. [UNESCO, 2006]

O investimento na formação de professores em competências TIC tem vindo a aumentar nos últimos anos, uma vez que a sua necessidade é real. No entanto, e como em todos os projectos, também estes tiveram altos e baixos, sucessos e fracassos. Nem sempre as formações acabam por surtir o efeito desejado e muitas vezes as aprendizagens não são integradas na prática da sala de aula talvez porque, perante a acção de formação, os docentes consideram válido o que ouvem mas utópico e impossível na prática. Para além das dificuldades de apreensão, aprendizagem e manuseamento do equipamento, as atitudes dos docentes, nomeadamente a indiferença, resistência ou até rejeição destes novos meios e ferramentas de trabalho têm justificado o fracasso do processo de integração das TIC nas escolas, inicialmente movidos pelo receio de virem a ser dispensados e substituídos pelos computadores. Hoje muitos têm receio de vir a ser ultrapassados até pelos próprios alunos que têm acesso à informação fora das escolas, ou até de serem dispensados e substituídos por outros professores melhor preparados, sem complexos e

[Loveless, 1996], numa tentativa de expor o problema associado à fraca utilização dos computadores nas escolas, relata a frustração sentida pelos promotores da Tecnologia, que desde

Silicon Valley a Washington D.C, não concebiam a hesitação dos “educadores” em dar o primeiro

passo na “Sociedade da Informação”. As próprias indústrias esqueceram a importância e a figura do docente focando as suas pesquisas e desenvolvendo esforços apenas no sentido de verificar como é que um sujeito/aluno interage com a tecnologia. Sentiam-se certos de ter encontrado a melhor forma de aprendizagem. Confrontados com isto, os docentes começaram a protestar e recuaram perante as novas tecnologias que lhes era oferecida com o propósito de alterar radicalmente as características da sua arte. A aceitação pacífica das novas tecnologias da informação num domínio que até à data pertencia exclusivamente aos docentes parecia estar condicionada. A situação prolonga-se e agrava-se num certo sentido quando associadas às TIC surgem modelos de aprendizagem que os dispensa como o “ensino à distância” ou “auto-ensino”, mais conhecido sobre a designação de “e-learning” ou ainda “self learning” em que o aluno aprende por si só através dos recursos disponíveis online. Apesar de, um pouco por todo o mundo, em várias culturas, se sucederem projectos de ensino de sucesso, estas novas formas de aprendizagem não têm conseguido penetrar no mercado das escolas básicas e secundárias onde o papel do professor e o processo de interacção humana é ainda fundamental no processo de ensino-aprendizagem e construção do jovem adolescente.

Este vector é, a par do apetrechamento das escolas com equipamento informático, fundamental para que este possa efectiva e adequadamente ser aceite e utilizado como ferramenta de trabalho por alunos e professores. Identificar os entraves e as dificuldades que impediam a aproximação dos docentes com a tecnologia é importante para conseguir dar o próximo passo através dos vários projectos que objectivam a associação desses dois actores, humano e tecnológico, para enriquecer a aprendizagem dos alunos.

No reverso da medalha, estão os que ultrapassaram todas estas dificuldades e adoptaram as Tecnologias de Informação e Comunicação no seu dia a dia, nomeadamente os docentes do ensino superior, como ferramenta de trabalho. Estes têm-se deparado com um novo problema. Ao integrarem as TIC, que permitem estar sempre disponíveis para os seus alunos e demais cibernautas, o docente que dantes redigia os seus conteúdos, sem se preocupar com a sua forma de distribuição, tem hoje para além de os escrever, a necessidade de os estruturar de acordo com os modelos (Templates) para os oferecer online, numa aplicação de carácter educativo onde é necessário manter os links actualizados e gerir uma série de elementos que permitem o bom funcionamento de toda a estrutura em causa. Tudo isto, aliado ao facto de se encontrar sempre contactável por email, assumindo perante isso um real compromisso de resposta efectiva, implica um grande investimento de tempo e esforço despendido na realização destas tarefas.

A necessidade de formação e certificação de competências TIC é fundamental. Motivado pela introdução da informática nas escolas, o ensino mudou. No entanto a tecnologia não veio para substituir o docente, uma vez que a ele cabe o papel social de transmitir informações, desenvolver conhecimentos e atitudes específicas da interacção humana com influência directa sobre os

alunos. O papel do docente é o de quem prepara as melhores condições para o desenvolvimento de competências, não se limitando apenas a transmitir informações isoladas, mas recorrendo à sua apresentação contextualizada, utilizando estratégias para o desenvolvimento de competências específicas, através de uma linguagem adequada, que respeite valores culturais/sociais e ajude a

maximizar a componente emocional do discente [Trigo, 2006], fomentando o contacto pessoa-

pessoa, que existe entre o indivíduo que ensina e aquele que aprende, e ainda fazendo uso da linguagem verbal que, aliada à expressão gestual, influencia o sistema de comunicação e atribui

um significado específico ao produzido oralmente [Casey, 1998]. As TIC vieram auxiliar o docente

no processo educativo, motivando os alunos para uma aprendizagem mais dinâmica. Mas para que tal seja possível e para que as TIC sejam utilizadas correctamente, tirando todo o partido delas, é necessário investir e apelar à formação efectiva de docentes em TIC. No caso de Portugal, e à semelhança do apetrechamento das escolas, enunciar-se-ão na secção II-4, algumas das acções levadas a cabo em Portugal.