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II 4.1 TIC: ACÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO EM PORTUGAL

Em Portugal, ao longo dos últimos anos, foram diversas as acções implementadas pelo Ministério da Educação e da Ciência e Tecnologia com o objectivo de integrar as TIC no ensino. Em 2006, era possível observar algumas metas delineadas pelo Ministério da Educação, através da Equipa de Missão Computadores, Redes e Internet nas Escolas (CRIE), apresentadas na tabela 2, que

objectivavam dar resposta a este desafio, colocado a alunos e professores [ME, 2006]:

Metas Medidas

Publicação na Internet de dossiers com trabalhos dos alunos (portfólios), no qual vão sendo compilados os trabalhos práticos realizados ao longo do ano. Integrar as TIC no

processo de ensino-

aprendizagem Elaboração de orientações curriculares e produção de materiais de apoio para a disciplina TIC nos 9.º e 10º anos. Desenvolvimento de um programa de acompanhamento do uso das TIC destinados a alunos e professores do 1.º ciclo.

Aumentar as competências TIC dos professores

Desenvolvimento de programas específicos de formação de professores para o uso no ensino/aprendizagem de todas as disciplinas e anos de escolaridade, para coordenação de projectos TIC nas escolas, para as disciplinas TIC dos 9.º e 10.º anos e para os órgãos directivos das escolas. Lançamento de um concurso de projectos de escola para atribuição de computadores portáteis destinados aos professores.

Lançamento de um concurso para desenvolvimento de projectos de produção de conteúdos educativos digitais.

Promover a utilização de computadores, redes e Internet

nas escolas Participação em iniciativas europeias de dinamização do uso educativo das

TIC – por exemplo, eTwinning, de geminação electrónica, SeguraNet e de promoção de uso seguro da Internet.

Instalação de redes locais (fio ou sem fio) de forma a generalizar em toda a escola o acesso à rede escolar e à Internet.

Criação da figura do coordenador TIC nas escolas do 5º ao 12º ano e nos agrupamentos, com funções técnicas e pedagógicas para a articulação das TIC na escola e dinamização de projectos nesta área.

Criar condições de

apetrechamento, manutenção e apoio para as

escolas Criação de um centro de apoio técnico, disponível telefonicamente e por

correio electrónico e portal na Internet, para resolução de problemas técnicos de TIC na escola.

Tabela 2 – Metas e medidas para a melhoria das condições de ensino e aprendizagem nas escolas com as TIC [ME, 2006]

O Programa Educação e Formação 2010 consagra hoje à Educação um papel fundamental e insubstituível na preparação das novas gerações para a sociedade do conhecimento e reconhece

nas TIC uma ferramenta chave para aprender nesta nova era [PTE, 2007]. Listam-se, de seguida,

No mês de Novembro do ano 1985 arranca em Portugal a grande aventura colectiva de um programa de disseminação das Novas Tecnologias de Informação nas escolas do ensino básico e secundário e de formação e apoio aos professores para o seu uso educativo com os alunos – Projecto MINERVA. Várias equipas interdisciplinares de todos

os níveis de ensino leccionaram e aprenderam a cruzar pedagogia com tecnologia [NONIO,

2005]. Este foi o momento de intensas experiências para as escolas onde a inovação e a

ideia de projecto percorreram o dia a dia profissional de muitos membros da comunidade escolar.

Em 1997 surge o “Programa de Tecnologias da Informação e da Comunicação na

Educação – NÓNIO SECULO XXI”. Este projecto veio apoiar o desenvolvimento e

acompanhamento de projectos de escolas baseados nas TIC. Acreditou um conjunto de Centros de Competências e permitiu um novo re-equipamento das escolas a par do desenvolvimento de alguma formação e apoio que, a partir desse momento, passou a integrar a dimensão da Internet. A par dos Centros de Competência são criados os Centros de Formação de Professores, financiados pelo Programa FOCO (Formação Contínua de Professores) através do terceiro quadro comunitário de apoio, 2000-2006, apostando fortemente na formação do corpo docente através de diversas acções em TIC,

indo ao encontro das necessidades das escolas [Gil, 2001].

Em 2000, sustentado nas linhas de financiamento do “Programa de Desenvolvimento

Educativo para Portugal – PRODEP III”, foram implementadas, no âmbito do terceiro

quadro comunitário de apoio 2000-2006, importantes medidas na formação de docentes e sobretudo em apetrechamento informático das redes dos ensinos básicos e secundários. “O programa Internet nas escolas” do Ministério da Ciência e Tecnologia, lançado há dez anos, 1997, encaminhando Portugal para a Sociedade da Informação, tem vindo a colocar, em todas as escolas do ensino não superior, um computador com capacidades multimédia e ligação à Internet promovendo e mobilizando o uso da Internet nas escolas e

incentivando a produção de materiais [Gil, 2001]. A Agência para a Sociedade do

Conhecimento confirma que em Janeiro de 2006, todas as escolas públicas do 1º ao 12º ano ficaram ligadas em banda larga à Internet à excepção das que iriam deixar de

funcionar no final desse mesmo ano lectivo [UMIC, 2006].

Desde há seis anos, e segundo dados de um estudo realizado pela UMIC [SIP, 2006], o número de

alunos nas escolas tem vindo progressivamente a decrescer passando, nas instituições públicas de 1.202.229 para 1.152.779. No ano lectivo de 2001-2002 existia, no 3º ciclo do ensino básico, cerca de 1 computador por cada 17,6 alunos e 1 por cada 13,43 alunos no secundário. Pouco tempo depois, no ano lectivo de 2004-2005, uma forte aposta no apetrechamento das escolas em equipamento informático, permitiu observar que já existia 1 computador por cada 10,3 aluno do 3º ciclo do ensino básico e 1 por cada 8,6 aluno do secundário dos quais 77% têm acesso à Internet. Até 2006 o PRODEP assegurou a aquisição de mais de 100 000 computadores e material

informático de apoio que permitiram a introdução da disciplina de ITIC e TIC como disciplina obrigatória do currículo nas escolas do 3º ciclo do ensino básico e secundárias. Hoje todas as escolas secundárias têm pelo menos um “laboratório” – sala TIC – equipada graças aos fundos do PRODEP em parceria com empresas fornecedoras de software como a Microsoft. Acredita-se que esta disciplina foi a porta de entrada deste equipamento nas escolas e o primeiro passo para uma aproximação efectiva das tecnologias com o mundo escolar. No entanto, e apesar de poderem ser utilizados por outras disciplinas e alunos, os laboratórios, continuam restritos às disciplinas /aulas de informática. 1 - A formação contínua de professores na área das TIC a desenvolver no ano de 2007, resultado do Programa "Ligar Portugal" e das orientações do ME para esta área deverá incorporar os seguintes princípios:

Ter como primeiro objectivo a utilização das TIC pelos alunos nas escolas;

Integrar modalidades mistas ("blended"), com uma componente presencial e outra a distância e com o apoio de plataformas de aprendizagem “online”;

Estar contextualizada com o trabalho quotidiano do professor, prevendo uma componente prática de trabalho na escola; Prever a criação de produtos e publicação "online" resultantes do trabalho concreto dos alunos com TIC (ex: portfolios);

Incluir momentos de auto-formação e proporcionar formação inter pares ("peer-coaching");

Realizar-se em modalidades activas de formação acreditadas pelo Conselho Científico – Pedagógico da Formação Contínua (CCPFC); Enquadrar-se no projecto educativo das escolas a que os

professores/formandos pertencerem, nomeadamente no Plano TIC de cada escola/agrupamento;

Apoiar iniciativas nacionais na área das TIC, nomeadamente a “Iniciativa Escolas, Professores e Computadores Portáteis”; Prever a avaliação do processo e do impacto da formação; … 3 - Áreas de intervenção e destinatários; A formação contínua de professores deverá realizar-se nas seguintes áreas de intervenção:

Animação e dinamização de projectos TIC nas Escolas para

professores e educadores de todos os níveis de ensino e de todas as áreas curriculares, envolvidos em projectos TIC e Coordenadores TIC de escola/agrupamento

A utilização das TIC nos processos de ensino e aprendizagem para professores de todas as áreas e níveis de ensino

Factores de liderança na integração das TIC nas escolas para os elementos dos Órgãos de Gestão da Escola

Utilização das TIC em contextos inter e transdisciplinares para professores da disciplina TIC do 9º e 10º ano;

Os novos programas na área da Informática (acções de formação já acreditas pela DGIDC) para professores do grupo 550 – Informática. Tabela 3 – Algumas linhas do Quadro de Referência para a Formação Contínua de Professores no domínio das TIC – desafios 2007 [CRIE, 2007]

Em 2005-2006, a aposta passou pela integração das TIC nos processos de ensino e aprendizagem com a iniciativa “Escolas, Professores e Computadores Portáteis”.

Configurado como um concurso, todas as escolas puderam apresentar um projecto para a utilização de equipamentos informático no processo de ensino-aprendizagem. Foram adquiridos cerca de 26 000 laptop mais de 1000 projectores de vídeo e outros tantos pontos de acesso à rede sem fio. Apesar de nem todas as escolas terem sidas premiadas pelas ideias apresentadas a concurso, muitas das que conseguiram portáteis optaram por

utilizá-los, por exemplo, para trabalhar com o Moodle [MOODLE, 2004] ou ainda

desenvolver Webquest [Carvalho, 2002] para as várias disciplinas.

No início de 2006 todas as escolas públicas do 1º ao 12º ano estavam ligadas em banda larga à

Internet [SIP, 2006]. As forças governativas pretendem que em 2010 exista um computador por

cada 2 alunos [PTE, 2007].

Relativamente à formação de docentes, para 2007, o Quadro de Referência para a Formação Contínua de Professores no domínio das TIC 2007 – QRFormProfTIC –, em articulação com os

organismos CRIE e PRODEP, tem um renovado desafio [CRIE, 2007] especificado na tabela 3.

Recentemente, o Conselho de Ministros aprovou, no passado dia 16 de Agosto de 2007, o Plano Tecnológico da Educação, que pretende colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados ao nível da modernização tecnológica das escolas dos 2º e 3º ciclos do ensino básico

e do secundário. Este plano [PTE, 2007] estrutura-se de acordo com os três eixos identificados na

secção II-3 – Tecnologia, Conteúdos e Formação – como se apresenta na tabela 4.

Tecnologia Conteúdos Formação

“Kit tecnológico escola”2 Internet em Banda larga de alta velocidade Redes locais – Internet nas salas de aula Cartão electrónico do aluno Sistemas de alarme e Videovigilância Mais-Escola.pt: visa promover a produção, distribuição e utilização de conteúdos informáticos nos métodos de ensino. Ex: sebenta electrónica Escola Simplex: Desburocratização dos serviços administrativos Formação e certificação de competências TIC Avaliação electrónica (ex: testes, exercícios)

Tabela 4 – Os três eixos de actuação do Plano Tecnológico para a Educação

O ano lectivo 2006-2007, arranca com o projecto “e-escola”, com a parceria de empresas de telecomunicações móveis, possibilitando a aquisição de portáteis e o acesso à Internet a baixo custo. Este projecto destina-se, para já, aos alunos do secundário, professores e formandos dos cursos “Novas Oportunidades.” Com isso pretende-se massificar o acesso às TIC e à Internet para todos.

2 Visa dotar todas as escolas de um número adequado de computadores, impressoras, videoprojectores e quadros

Na gestão escolar, foram também feitos progressos notáveis, com a desmaterialização e agilização de processos de secretaria pondo assim um fim aos procedimentos arcaicos. Em dez anos a escola em Portugal mudou e de acordo com os projectos dos governos irá continuar a mudar a par da Europa. Algumas escolas integram já as TIC no seu quotidiano, dentro e fora das salas de aulas com, por exemplo, quadros interactivos nas salas, videoconferências, quiosques electrónicos, sumários electrónicos, sistemas de faltas com envio de sms por telemóvel para os Encarregados de Educação, cartões electrónicos dos alunos, desenvolvimento de sites e

Webquests para as disciplinas.

As escolas irão continuar a mudar e a evoluir continuando a integrar cada vez mais as TIC, que se vão multiplicando em formas e feitios, tentando reduzir as desigualdades que ainda existem de escola para escola, para que o ensino e os estabelecimentos em Portugal se tornem cada vez mais interactivos e interessantes para alunos, professores e funcionários.

Tudo isto tem contribuído para que, segundo um estudo recentemente divulgado pelo Eurostat com dados referente ao ano de 2006, Portugal se situe na sétima posição dos países da União Europeia em termos de competências na utilização de computadores considerando jovens entre os 16 e os 24 anos. Foi com entusiasmo que se verificou ainda, através do mesmo estudo, que 68% dos jovens portugueses utilizam a Internet pelo menos uma vez por semana colocando

Portugal ao mesmo nível de países como a Espanha ou a França. [PTPI, 2007]