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CAPÍTULO VI – Caso de Estudo: RTL Belgium

2. Análise dos Dados Primários

2.1 Análise e reflexões às variáveis em estudo

2.1.12 Apoio ambiental (recursos materiais e apoio social)

O apoio ambiental, ou seja, os recursos materiais e tecnológicos e o apoio da organização são essenciais para que os colaboradores possam desempenhar o seu papel nas organizações

(Paz, 2004). Cabe à organização fornecer todos os meios necessários aos colaboradores para a realização do seu trabalho e apoiá-los, se e quando for necessário.

O que podemos claramente retirar das entrevistas sobre o apoio ambiental dos colaboradores na RTL Belgium é que existem diferenças notórias em relação aos recursos materiais e técnicos e o apoio social disponibilizados, dependendo do departamento em que os colaboradores trabalham na organização.

Pascal Tran (entrevista, Anexo V, questão nº 12), agente comercial na IP Belgium, afirma que dispõe de todo o material necessário para o desempenho das suas funções, um computador portátil com os programas devidamente atualizados e, se precisar, pode contar com o apoio do seu superior. “Por exemplo, anteriormente tinha um computador de maior dimensão e pedi um mais pequeno, porque venho trabalhar de bicicleta. E obtive-o, sem problema!” Melissa Pasaoglu (entrevista, Anexo IV, questão nº 12) assegura que também dispõe de tudo o que precisa e que, para além disso, não se lembra “de ter tido necessidade de algo que precisasse de pedir” ao seu superior.

O mesmo acontece com Bruno Seronvalle (entrevista, Anexo IX, questão nº 12), responsável das dotações na rádio Bel RTL, que assegura dispor de tudo o que necessita e, quando não é caso, “basta solicitá-lo”. Tudo o que pede costuma ser aceite, quer seja uma nota de encomenda ou um computador novo. Bruno Seronvalle indica que nunca teve qualquer problema de logística ou falta de um recurso material. Sempre obteve “o que foi solicitado, uma vez que isso se justificava efetivamente.” Por fim, Bruno Seronvalle garante que pode absolutamente contar com o apoio de seu superior, se for necessário.

Todavia, há certos departamentos onde a falta de recursos materiais e técnicos se faz mais sentir, assim como a falta de apoio por parte dos respetivos superiores. É o caso do departamento de comunicação e dos estúdios de rádio, em particular.

Céline Lombaerts (entrevista, Anexo II, questão nº 12) é categórica ao afirmar que não dispõe nem dos “recursos materiais necessários a um departamento de comunicação”, nem do apoio dos seus superiores. Os colaboradores que trabalham no departamento de

comunicação e na imprensa não dispõem de telefones de serviço e nem todos têm computadores portáteis. Dispor de um telefone de serviço, de um computador, de um tablet ou doutro equipamento, e ter acesso às redes de comunicação social “é o básico” quando se trabalha na área da comunicação. Para além disso, Céline Lombaerts aponta ainda que os colaboradores de comunicação têm de partilhar certas assinaturas de revistas especializadas nos meios de comunicação, marketing ou publicidade, o que lhe parece ser “verdadeiramente o limite do aceitável!” Quanto ao apoio dos seus superiores, parece-lhe complicado contar com eles, pois Céline Lombaerts refere que tem a “impressão que têm dificuldade em negociar as coisas com os recursos humanos”.

Quanto à rádio, Valentino Palumbo (entrevista, Anexo VI, questão nº 12) e Michaël de Nardis (entrevista, Anexo III, questão nº 12) mencionam o exemplo dos estúdios de rádio que têm um equipamento muito antigo. Michaël de Nardis, chefe de equipa do serviço de burótica, explica que devido à falta de orçamento para substituir o equipamento, “é necessário fazer biscatagens para que funcione”. Por outro lado, quando há orçamento, “a peça problemática é substituída num prazo de 48 horas”. Tudo depende dos meios disponíveis.

O setor do digital também ainda não está devidamente equipado, segundo Valentino Palumbo que aponta que foi “uma grande batalha” a este nível. Ao início, os colaboradores que trabalhavam no setor digital das rádios apenas dispunham de dois IPhones. Hoje em dia, já têm à sua disposição câmaras, IPhones, iluminação, decoração e uma sala reservada para a realização de entrevistas a artistas. Contudo, Valentino Palumbo garante que ainda faltam recursos, e não apenas recursos técnicos. Em certos eventos em que apenas está uma pessoa presente, seria útil dispor da presença de uma segunda pessoa. Quanto ao equipamento de base, Valentino Palumbo considera ter tudo o que necessita, mas confessa que utiliza o seu telemóvel e computador pessoais.

Estas diferentes situações em matéria de recursos materiais na RTL Belgium são claramente uma questão de orçamento que também se manifesta, por vezes, na atitude dos superiores quando os colaboradores procuram o seu apoio. Tal como aponta Valentino Palumbo, “quando precisamos de algo, é aos nossos superiores que nos dirigimos pois são eles que

têm o dinheiro, mas é necessário ser lúcido (...), por vezes, é sim, e muitas vezes é não também.” Isto deve-se ao facto de o orçamento ser limitado e, por vezes, o dinheiro ter de ser investido num departamento ao detrimento de outro.

Vanessa Polo Friz (entrevista, Anexo VIII, questão nº 12) afirma que dispõe de quase tudo o que necessita para o seu trabalho, quer seja em termos de recursos humanos, quer seja em termos de recursos materiais para o quotidiano. No entanto, “em termos de recursos puros (...) a situação não é perfeita”. O exemplo que aponta é o do site web destinado e reservado à imprensa que devia ser mais desenvolvido e devia corresponder mais ao caderno de encargos previamente redijido. Para alcançar este objetivo, é preciso “tempo e é necessário dispor de um orçamento, de uma organização e de um sistema informático”. Vanessa Polo Friz relativiza e afirma que “em geral, (...), não temos razões de queixa”, sublinhando igualmente o apoio do seu superior, se necessário.

Através destes diferentes testemunhos, compreendemos que a maior parte dos colaboradores dispõe dos recursos materiais básicos para trabalhar, mesmo se, em certos departamentos, haja margem para melhorias a realizar ou equipamento a adquirir ou a substituir. Trata-se de uma questão de recursos financeiros. A RTL Belgium faz escolhas e orienta o orçamento para um ou outro departamento que considera ser prioritário em relação aos outros. Quanto ao apoio social, os colaboradores podem, no geral, contar com o apoio dos seus superiores. Nem sempre é possível resolver todas as situações, mas eles apoiam os seus colaboradores sempre que podem e que o orçamento o permite.