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Apresentação e análise dos resultados

No documento Atas ICICSE_IIIESE_Vol I (páginas 175-178)

Os jovens estudantes e as atividades de animação artística no concelho de Nelas

4. Apresentação e análise dos resultados

A pesquisa realizada permitiu recolher informações quanto às políticas implementadas pelas entidades culturais de Nelas e conhecer os hábitos, interesses e necessidades dos jovens estudantes.

Assim, relativamente às práticas culturais e artísticas que os jovens têm na ocupação de tempos livres, podemos referir que:

- A maioria dos jovens passa os seus tempos livres com os amigos (50,6%) e a família (39,2%);

- As atividades mais praticadas pelos jovens nos seus tempos livres são, por ordem de preferência, ver televisão (77,3%), utilizar a internet (65,9%), ouvir música (54,5%) e sair com os amigos (40%).

- Menos de metade dos inquiridos (45%) afirma ser membro de uma associação ou grupo informal.

Quanto às atividades que os jovens mais gostariam de ver concretizadas em Nelas, destacamos que:

- A generalidade dos inquiridos considera que as iniciativas promovidas pela Câmara Municipal de Nelas para a juventude são pouco ou nada interessantes (65,9%);

- A maioria dos jovens gostaria de participar, essencialmente, em atividades de música (61,4%), artes plásticas (53,6%) e teatro (52,3%).

Através de conversas informais com os jovens estudantes foi possível constatar que estes revelam bastante interesse e curiosidade pelas várias áreas da arte, nomeadamente pelas artes visuais ou plásticas, pelo teatro e música.

As manifestações a este propósito são diversas, por exemplo: “curto mesmo é cantar e ouvir música”; “adorava fazer algo em que a minha opinião conta”; “gosto bué de pintar e fazer cenas novas”; “adorava esgalhar telas”; “eu gosto é de representar”; “curtia fazer algo criativo e diferente”; “aqui não há nada de jeito para o pessoal fazer nos tempos livres”.

Percebemos que a atividade artística tem interesse para a juventude, não como uma consciência dos benefícios concretos que estes desempenham no seu processo de desenvolvimento, mas como o “gosto de” e “prefiro”.

De uma forma global, os jovens manifestaram interesse em fazer parte de um programa que tenha em consideração as suas ideias e propostas. Referem que existem poucas atividades no concelho direcionadas para a criação e participação ativa, uma vez que as entidades apenas promovem programas em que os jovens são meros espetadores. Sentem falta, principalmente, de intervir, de agir e de criar.

5. Conclusão

A análise da informação obtida permite constatar que a dinâmica cultural do concelho, mais especificamente, da vila de Nelas, não é do total agrado dos jovens estudantes, considerando a sua maioria que as atividades têm pouco ou nenhum interesse. Deve, por isso, incluir-se na sua ação diversas possibilidades, no sentido de criar uma estrutura sustentada e polivalente que abranja as especificidades do público-alvo enquanto espectadores mas, sobretudo, enquanto criadores, através de um programa que corresponda às suas necessidades culturais e artísticas.

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Entendemos ser possível generalizar os dados obtidos a esta população, uma vez que selecionámos uma amostra aleatória de sujeitos, representativa dos jovens estudantes deste concelho. Contudo, não podemos generalizar os resultados a “todos” os jovens desta área geográfica, nem aos dos outros concelhos do país, dadas as circunstâncias particulares de Nelas. Sendo este um concelho rural, do interior, os resultados têm uma particular singularidade quando comparados, por exemplo, com zonas urbanas como Lisboa ou Porto.

Os dados obtidos na investigação têm claras implicações no delineamento do projeto, uma vez que é de grande relevância conhecer a comunidade, o contexto e a realidade que envolve a população alvo e, sobretudo, entender os destinatários do programa, pois só assim podemos ter noção das lacunas existentes e, em consonância, fomentar a participação dos jovens e mantê-los interessados.

Consideramos que a maioria das atividades existentes não permite aos jovens o protagonismo no seu processo de desenvolvimento e, por isso, propomos um plano em que estes têm a possibilidade de ser agentes ativos e criadores, através de uma metodologia participativa, modificando a visão de si mesmos e dos outros, contribuindo, ainda, para a democracia e democratização das atividades e dos equipamentos culturais.

O projeto a realizar deverá, pois, promover iniciativas e dinâmicas de desenvolvimento comunitário, centradas na participação ativa e na capacitação dos jovens, comunidade e organizações, no sentido da apropriação sustentada dos processos de mudança em que estão envolvidas, com base na mobilização e expansão das suas aptidões. Através do exercício que este projeto pressupõe, resultarão pessoas mais integradas, participativas, motivadas, críticas e conhecedoras da realidade em que se inserem, acabando por se comprometer na produção, promoção, preservação e difusão da cultura local.

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Jovens Experiências e Aprendizagens | ISBN: 978-989-8525-27-7

Do dia-a-dia aos ambientes recreativos noturnos: Consumo de

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