• Nenhum resultado encontrado

Apresentação de informação orçamental nas demonstrações financeiras

No documento Rui Miguel Lopes Ferreira (páginas 128-132)

Parte III – Projecto NCRFP

38. Apresentação de informação orçamental nas demonstrações financeiras

38.1. Enquadramento

Esta Norma exige uma comparação de quantias orçamentais e de quantias reais provenientes da execução do orçamento a serem incluídas nas demonstrações financeiras de entidades às quais é exigido, ou que pretendam, tornar publicamente disponíveis o(s) seus(s) orçamento(s) aprovado(s) e face aos quais as entidades são publicamente responsáveis.

No decorrer da análise a esta norma, vão ser efectuadas comparações com o POCP e com a lei do enquadramento orçamental.

38.2. Apresentação de uma comparação de quantias

orçamentadas e quantias reais

A norma prescreve que uma entidade deve apresentar uma comparação entre as quantias orçamentadas, pelas quais é publicamente responsável e as quantias reais. A comparação das quantias orçamentadas e reais deve apresentar-se separadamente para cada nível de supervisão legislativo, como se segue:

a) As quantias dos orçamentos original e final;

b) As quantias reais numa base comparável; e

c) Por meio de divulgações em nota, uma explicação das diferenças materiais entre o orçamento pelo qual a entidade é publicamente responsável e as quantias reais, sendo feita nas notas uma referência cruzada a esses documentos.

Os mapas do “Controlo do orçamental da despesa e da receita” e das “Alterações orçamentais da despesa e da receita” do POCP discriminam a informação requisitada pela IPSAS.

Os mapas do POCP têm a vantagem de ter um modelo uniforme e previamente definido, ao contrário da IPSAS.

Assim, nada obsta, em caso de adopção da IPSAS que os mapas do POCP continuem a ser utilizados, pois contêm a informação exigida pelas IPSAS.

Nos mapas das alterações orçamentais do POCP consta informação desagregada por tipo de alteração orçamental, ou seja, discriminado os valores que permitiram chegar da dotação inicial à dotação corrigida.

Nos mapas do “Controlo Orçamental” constam as quantias reais, ou, os gastos e os recebimentos efectuados em cada rubrica económica, sendo possível verificar as diferenças entre o orçamentado (Corrigido das alterações orçamentais) e o executado.

No entanto, não existe no POCP uma nota a requerer a explicação entre as diferenças materiais entre o orçamentado e o real.

Refere, ainda, a IPSAS que em muitos casos, o orçamento final e a quantia real serão os mesmos. Isto acontece porque a execução do orçamento é monitorizada ao longo do período de relato e o orçamento original progressivamente revisto para reflectir as condições em alteração.

Esta situação verifica-se igualmente no POCP, pois, o orçamento é alvo de várias alterações orçamentais que se reflectem das dotações corrigidas (despesa) ou previsões corrigidas (receita).

38.3. Alterações do Orçamento Original para o Final

A norma indica que uma entidade deve apresentar uma explicação sobre se as alterações entre o orçamento original e final são uma consequência de reimputações dentro de um orçamento, ou de outros factores.

Conforme referido anteriormente, o POCP apenas exige que se apresentem os mapas da execução orçamental e das alterações orçamentais, não sendo exigidas notas explicativas que justifiquem as diferenças.

Os mapas das alterações orçamentais permite analisar as reimputações ao orçamento através das alterações orçamentais efectuadas, nomeadamente entre a dotação inicial e a dotação corrigida, pelo que parte do requisito da IPSAS já é cumprido pelo POCP.

efectuadas notas adicionais, o que não se encontra previsto no POCP.

38.4. Base Comparável

Todas as comparações de quantias orçamentadas e reais devem ser apresentadas numa base comparável com o orçamento, que será apresentada na mesma base de contabilidade (acréscimo, caixa ou outra base) e na mesma base de classificação, relata a norma.

No POCP as comparações entre o orçamentado e o real são, também, apresentadas numa base comparável, pois, têm a mesma base contabilística, ou seja, a base de caixa registada através de uma contabilidade digráfica, reflectida nas contas da classe 0 (zero) e na conta 25 – Devedores e credores pela execução do orçamento, desagregadas pelas classificações orgânica, funcional e económica73, sendo os dados da prestação de contas ilustrados nos mapas de execução orçamental.

A IPSAS permite que as entidades possam também adoptar diferentes regimes de contabilidade, o que sucede no POCP.

38.5. Orçamentos Plurianuais

A IPSAS expõe que alguns governos e outras entidades aprovem e tornem publicamente disponíveis orçamentos plurianuais, em vez de orçamentos anuais separados. Convencionalmente, os orçamentos plurianuais compreendem uma série de orçamentos anuais ou de metas orçamentais anuais.

O orçamento aprovado para cada período anual do componente reflecte a aplicação das políticas orçamentais associadas ao orçamento plurianual para esse período do componente. Nalguns casos, o orçamento plurianual proporciona uma situação das cativações não usadas em qualquer único ano.

A Lei n.º 91/2001, Lei do enquadramento orçamental, refere no seu artº. 4 que:

“1-Os orçamentos dos organismos do sector público administrativo são anuais.

2-A elaboração dos orçamentos é enquadrada num quadro plurianual de programação orçamental...”

Quer isto dizer que, embora o orçamento seja anual, deve o mesmo estar enquadrado e articulado com o programa orçamental de natureza plurianual, ou seja, com o programa de governo.

38.6. Reconciliação de Quantias Reais numa Base

Comparável e de Quantias Reais nas Demonstrações

Financeiras

De acordo com a norma, as quantias reais apresentadas numa base comparável com o orçamento devem, sempre que as demonstrações financeiras e o orçamento não sejam preparados numa base comparável, ser reconciliadas com as quantias reais que se seguem apresentadas nas demonstrações financeiras, identificando separadamente quaisquer diferenças de base, temporais e da entidade:

• Se for adoptado o regime do acréscimo, os réditos totais, os gastos totais e os fluxos líquidos de caixa provenientes das actividades operacionais, de investimento e de financiamento; ou

• Se for adoptada uma base que não a do acréscimo para o orçamento, quaisquer fluxos líquidos de caixa provenientes das actividades operacionais, de investimento e de financiamento.

A reconciliação deve ser divulgada na face da demonstração da comparação do orçamento com quantias reais ou nas notas às demonstrações financeiras.

A prestação de contas na vertente da contabilidade orçamental no POCP é apresentada numa base comparável entre o orçamento e a sua execução.

Contudo, esta informação não é comparável com as DF`s elaboradas na óptica da contabilidade patrimonial.

Na eventualidade de se fazer a reconciliação prevista na IPSAS, no caso do POCP, será necessário efectuar uma comparação entre os valores das rubricas económicas e os valores da contas da contabilidade patrimonial, ou seja, no caso das despesas, será

preciso efectuar, por exemplo, comparações entre as rubricas económicas e as contas de custos, imobilizado, existências e acréscimos e diferimentos.

Como tal, seria necessário criar uma tabela de equivalências entre as contas do POCP e as rubricas económicas, por forma a que se possa comparar os dados orçamentais com os dados do POCP.

De referir que a Resolução do Tribunal de Contas nº1/93, já previa os mapas com a reconciliação entre a execução orçamental e a contabilidade patrimonial.

Será, também, necessário reconciliar as diferenças temporais derivadas do período complementar, que difere da data do fecho de contas da contabilidade patrimonial.

No documento Rui Miguel Lopes Ferreira (páginas 128-132)